terça-feira, novembro 29, 2005

Vida de Médico

Médico dorme. Pode parecer mentira, mas médico precisa dormir como qualquer outra pessoa. Não o acorde sem necessidade!
Médico come. Inacreditável, não? Mas é verdade. Médico também se alimenta, e tem hora para isso.
Médico pode ter família.
Essa é a mais incrível de todas: mesmo sendo Médico a pessoa precisa descansar no final de semana e precisa de um tempo com a família.

Pergunta: Nas situações acima o médico atende? Resposta: Sim. Pode atender, desde que seja pago por isso. Desnecessário dizer que nesses casos o atendimento tem custo adicional. Por favor não pechinche.
Ah. E cara feia na hora de assinar cheque não diminui o que você tem que pagar. O combinado não é caro. Médico precisa de dinheiro.

Por essa você não esperava, né? É surpreendente, mas Médico também paga impostos, alimentação, combustível, vestuário, etc. E uma coisa bizarra: Os livros, o consultório e as coisas que ele tem, não chegam até ele gratuitamente. Impressionante, não? Entendeu agora o motivo dele cobrar uma consulta? Ler, estudar é trabalho. E trabalho sério. Pode parar de rir. Não é piada.
Não é possível examinar pessoas pelo telefone. Essa nem vou comentar. De uma vez por todas, para reforçar: Médico não é vidente. Ele precisa examinar a pessoa e muitas vezes precisa reexaminá-lo. Quer-se milagre, tente uma macumba e deixe o Médico em paz.

Diante desses tópicos inconcebíveis a uma boa parte da população, algumas dicas para tornar a vida do Médico mais suportável:
O uso do celular: Celular é ferramenta de trabalho. Por favor, ligue apenas quando necessário. Fora do horário de trabalho, mesmo que você ainda não tenha acreditado, o Médico pode estar faze ndo alguma daquelas coisas que você pensou que ele não fazia como dormir, por exemplo.
Antes da consulta: Por favor, marque hora. Se não marcar, não fique andando de um lado para o outro na sala de espera e nem pressionando a secretária. Ela não tem culpa do seu estado de espírito. Ah! E não espere que o Médico vá te colocar no horário de quem já marcou. Se tiver fila, você vai ficar por último. Na próxima vez ligue antes. Só venha sem marcar em caso de emergência (que seja realmente emergência).
Se quer ser reconhecido no telefone, diga alguma coisa consistente. Um "oi, lembra de mim?" está na cara que o Médico reconhece a voz de cada uma das milhares de pessoas que já passaram por ele, se já faz mais de um ano que você não aparece, fica ainda mais difícil. Ah! E existe mais de uma "Maria" no mundo.
Repetir a mesma pergunta mais de cinco vezes não vai mudar a resposta. Por favor, repita no máximo três. O Médico não está sob investigação policial .
Quando se diz que o horário de atendimento é até meio dia, não significa que você pode chegar 11h55min. Se chegar, volte depois do almoço. O mesmo vale na hora do fim do expediente. Emergência? Claro que o Médico atende, mas se estiver fora do horário normal, está fora do preço normal.
Na hora da consulta: Basta um membro da família para acompanhar o cliente e responder às perguntas do Médico. Por favor, deixe os amigos do cunhado e seus vizinhos com os respectivos filhos nas casas deles.
Não fique bombardeando o Médico com milhares de perguntas durante o atendimento. Isso tira a concentração, além de torrar a paciência.
Evite perguntas que não tenham relação com o caso. Não é pq vc está pagando uma consulta que pode resolver todas as dúvidas de seus familiares, amigos e vizinhos...
Paciência você já sabia que Médico tem, não é? Mas aposto que foi uma surpresa descobrir que ela tem limites. Falando em limite... uma conversinha pessoal pode até dar um tempero ao atendimento, mas a vida sexual da sua amiga definitivamente não interessa ao Médico. Principalmente se você resolver confidenciar isso na hora em que ele estiver estudando o seu caso.
Dificilmente um exame se altera em menos de cinco minutos, portanto, Não adianta ficar ligando a todo instante para saber do resultado deste.
Se o seu Médico examinou voce, estudou o caso e te disse que é necessário fazer um exame, não tente dissuadi-lo disso só porque o seu amigo também tinha um problema e não fez. Cada caso é um caso, e não existe só um motivo para que ações sejam idênticas.

O Médico não deixará de cobrar honorários só porque você já gastou demais nos exames e hospital. Não foram os Médicos que inventaram o ditado "O barato sai caro".

Fonte: Luiz C. Salama (drocio.multiply.com)

A maldição de Eva

Deus amaldiçou Eva com uma cólica menstrual, eu tenho certeza. Ele disse "sangrarás todos os meses com dor", porque parir é só a cada nove, dez meses.
Cólica mentstrual é um saco. Não, é uma tortura. Hoje em dia, minhas cólicas melhoraram muito, mas já cheguei a ser socorrida, fazer ultra-som de urgência porque o médico acreditava que era um abortamento. Toda mulher que vem pra mim com cólica é tratada como a rainha da Inglaterra. Tive crises tão fortes que implorava pra minha ginecologista tirar meu útero. Infelizmente, histerectomia não é jamais indicada, segundo o tratado de Medicina Interna. Claro, quem escreveu foi um homem.
Cá estou eu com o dia perdido. Minhas faltas na escola começaram aos 12 anos, quando minha menstruação chegou. Daí em diante, uma falta por mês. Pra fazer vestibular tive que tomar pílula pra atrasar a data da menstruação. Para o cúmulo do meu azar, não posso tomar essas medicações para interromper a menstruação porque meu colesterol é alto, mais uma herança familiar.

Trinta anos

Eu tinha cinco metas na vida: casa, cachorro, computador, carro e carreira. Aos 30 anos deveria tê-las alcançado. Continuo vivendo de aluguel, mas consegui sair da casa da minha mãe. Meu carro foi roubado. Não tenho mais cachorro. Não chamaria isso de carreira, sem especialidade. O computador está aí.
Aos 30, eu não costuro nada além de gente, faço uma peça de crochê a cada cinco anos, tenho 20 quilos acima de meu peso ideal e parei de me exercitar há muito. Continuo sem entender nada de música internacional, continuo achando que não nasci pra ser casada, nem ser mãe. Ainda sonho em ter (e saber tocar) um teclado, sou apaixonada por violão e Kid Abelha. Não aprendi a cuidar de plantas, sei tirar manchas de quase tudo em roupas, acho que arear panelas é uma perda de tempo e que lavar roupa é a melhor terapia já inventada. Aos trinta, eu fiz dois cursos de línguas e mal sei se estão me xingando, continuo esperando que as cólicas menstruais desapareçam e as espinhas também (quem disse que acne é coisa de adolescente?). Com trinta eu devia estar belíssima como minha mãe era nessa idade, mas estou a cara e o corpo dela agora aos 59. Leio os livros que gostaria de ter escrito e fujo dos encontros com antigos conhecidos para não mostrar o quanto falhei.
E eu era a melhor aluna de minha turma.
O diretor do hospital onde trabalho aos domingos me ligou há três semanas:
"Por que você não evoluiu os paciente internos?".
"Porque cabe ao hospital (na verdade ao diretor, mas eu não ia dizer isso)providenciar alguém pra evoluir os internos. Eu não posso sair da emergência".
"Mas um plantão tão calmo como esse".
"Eu não tenho como adivinhar se vai ser calmo ou não. No meu primeiro plantão aqui, tive uns cinco acidentes, dois mortos e diversas transferências. Se houver qualquer intercorrência com os internos, eu vejo, mas não vou evoluir de qualquer jeito, sem mal ver o paciente."

No último plantão, me mandam a ficha de uma paciente que teve alta por óbito, pra preencher a evolução do domingo anterior. Eu anexei a primeira (e única, até o momento) resolução do Conselho Regional de Medicina que trouxe algum benefício para mim, detacando o seguinte artigo:
É de responsabilidade do Gestor, Diretor Técnico e/ou administrador dos serviços de saúde, o provimento dos profissionais médicos para assegurar a devida evolução dos pacientes em finais de semanas e feriados garantindo a qualidade do atendimento, sendo função do plantonista apenas o atendimento de intercorrências.

Devo ter perdido o emprego, mas não vou perder o direito de não ser explorada.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Fim da cena de auto-piedade

Tudo bem que a música é bonita, mas ando mais interessada em trabalhar, ganhar dinheiro e estudar. Ponto final.

Adoro ficar em casa. Não se trata de preguiça, entenda bem, não é ficar sem fazer nada. Sou capaz de passar o dia em casa ocupada. Sei que tem gente que adora sair, eu não sairia de casa se pudesse, ainda mais agora com internet, filme em casa, telefone, pizza, farmácia, com entrega em casa, etc. Por mim, eu só saía pra trabalhar. Aliás, ultimamente, eu só tenho saído pra trabalhar e aproveito pra resolver o que tiver pra fazer na rua.

E quem disse que seria?

Não é Fácil

Não é fácil
Não pensar em você
Não é fácil
É estranho...
Não te contar meus planos
Não te encontrar
Todo dia de manhã
Enquanto eu
tomo meu café amargo
É ainda boto fé
De um dia
te ter ao meu lado
Na verdade
Eu preciso aprender
Não é fácil, não é fácil
Onde você anda
Onde está você
Toda vez que saio
Me preparo
Para talvez te ver
Na verdade
Eu preciso esquecer
Não é fácil, não é fácil
Todo dia de manhã
Enquanto eu tomo
Meu café amargo
Eu ainda boto fé
De um dia
Ter você ao meu lado
O que eu faço
O que posso fazer?
Não é fácil, Não é fácil
Se você quisesse
ia ser tão legal
Acho que eu seria mais feliz
Do que qualquer mortal
Na verdade
Não consigo esquecer
Não é fácil
É estranho...!!!

quinta-feira, novembro 24, 2005

De volta

Depois de 21 dias sem internet, voltei ao mundo (virtual). Vá confiar na Telemar, que promete fazer a transferência em até 3 dias úteis! Em meio à mudança, fiquei sem TV e sem o blog da Fal. Ou seja: alguém me conte como acabou a novela!

Com o acúmulo de e-mails, descobri uma maneira eficiente de ler tudo rapidamente: não baixo mais os aquivos de powerpoint com aquelas mensagens melosas que entulham minha caixa postal. Tem gente que repassa tudo que recebe. E nada de clicar naqueles animaizinhos e figurinhas do scrapbook do Orkut. Sabe o que me dei conta? Que andava basicamente lendo esse tipo de coisa e deixando de ler literatura de qualidade. Desde que comecei a fazer isso, li cinco livros novos, e faz apenas uma semana.

A saber, foram dois livros de Raymond Chandler, "Sete anos no Tibet", "Tomates Verdes Fritos" e "Detetives por acaso", de novo. Aliás, vc também lê o mesmo livro dezenas de vezes? Eu sim.