terça-feira, março 28, 2006

27.03.06
Podre de gripe. Fui me arrastando pro posto. Rezando pra ter pouca gente, e tinha. Depois dos 48 da última sexta, nada mais me surpreenderia. Agora eu tenho motivo pra limitar o número de fichas. As pessoas viram que não dá pra manter aquele número, mas se eu simplesmente dissesse que não dava, ninguém teria aceitado. Eles precisam ver.
Na verdade, o Ministério da Saúde limita 16 atendimentos por turno de 4 horas, o que justifica o limite de 32 fichas por dia.
Atendi 22, encaminhei três crianças pra emergência pra fazerem raio-x e internar, se necessário. À tarde, fui no hospital e só um teve que permanecer.
Uma gestante, vomitando sem parar há vários dias, foi atendida a emergência ontem e reiniciou os vômitos tão logo saiu. Apenas conversando (eu não queria chegar muito perto pra não passar gripe) descobri que ela está com uma infecção urinária, o que tem com freqüência. Isto pode causar abortamento, mas parece que os meus colegas não se importam ou não sabem, uma vez que o clínico de ontem a liberou e o obstetra de hoje nem olhou pra ela. Fui ao hospital expressamente para interná-la, iniciar soro e antibiótico. Faço questão de acompanhá-la durante o internamento. Sabe-se lá se vão mesmo evoluí-la ou apenas escrever a ficha sem olhá-la. Ainda mais depois de sábado.
Mamãe reencontrou todos os irmãos no velório e enterro. Meu avô teve 28 filhos e alguns já morreram, uns cinco. Esse era o único irmão que mamãe tinha por parte de mãe
26.03.06
Depois de 24 horas sem dormir, ainda fiquei zanzando a manhã inteira em casa sem conseguir dormir. Quando finalmente comecei a cochilar depois do almoço, me telefonam porque um tio meu estava gravíssimo na capital. Não conseguia dirigir de tanto sono. Coloquei mamãe num ônibus e apaguei. A prometida gripe veio com tudo.
Não sei como, mamãe conseguiu ver meu tio fora do horário de visitas. Ele faleceu à noite.
25.03.06
O primeiro paciente já era uma bronca. Teve uma convulsão e caiu num açude cheio de lama, que foi para os pulmões. Cinco pessoas para contê-lo e três injeções para sossegá-lo e fazer um raio-x. Seguiu direto pra capital, junto com outro que caiu da escada e deslocou o cotovelo.
Um paciente hipertenso controlado, ao ter alta após um internamento por diarréia, parou de falar antes de sair do hospital. Um AVC (derrame). Um velhinho da ala dos crônicos piorou da falta de ar. Internado há mais de um mês com infecção respiratória, só faz piorar. Deixei claro à filha dele que não havia mais o que fazer, ele estava morrendo, poderia ser a qualquer hora.
Avisei que só fizessem fichas de urgência mesmo. Muitas pessoas com gripe forte, suspeita de dengue e diarréia. Uma senhora caiu da escada e fraturou o braço. Como o senhor do AVC não melhorava, ambos foram encaminhados.
Uma moça com pedras na vesícula ficou amarela na sexta e acabou internada. Poderia ser uma infecção ou uma obstrução. Como ela já estava fazendo os exames pré-operatórios, internei-a para investigar e fazer a cirurgia logo.
O velhinho dos crônicos continuava com falta de ar. O município viznho estava sem médico. Suturei o joelho de um rapaz que caiu da bicicleta, o calcanhar de outro que caiu da moto. Uma moça entrou segurando o braço de tanta dor e acabou sendo um tumor no pulmão, provavelmente um abscesso, pois havia sinais de infecção pulmonar: febre, tosse, expectoração. Espero que não seja nada mais.
Uma senhora foi fazer um ultra-som do abdome e a médica percebeu um derrame na pleura (que reveste o pulmão). Havia falta de ar, tosse, sinais de insuficiência cardíca. O raio-x mostrou o coração dilatado. Estabilizei-a e a família conseguiu uma consulta pro cardiologista no mesmo dia numa cidade próxima.
Um senhor chegou cheio de espinhos nas costas e na cebeça. Nunca vi tanto espinho, nem tão grande e pequenos e tão difíceis de remover. Alguns tinhas mais de 1 cm. No final, ele queria pagar a mim e à auxiliar de enfermagem. Recusamos, explicamos o que era o SUS, que a gente já estava sendo paga. Então, ele mandou um lanche pra gente.
A filha de um paciente internado veio pedir que desse uma olhada nele. Desde o internamento não melhorava nada e a família queria uma definição pro caso. Não havia piorado, mas o médico da semana queria que eu explicasse o que ele tinha. Eu não tinha tempo nem pra pensar. Expliquei que não era uma urgência e, se pudesse, iria lá. Quando finalmente tive tempo, a ficha do paciente estava incompleta porque o médico da semana levou uma parte pra casa pra escrever, o que é ilegal, além de, se o paciente piora, ninguém sabe como ele estava. Liguei pro médico, comecei a perguntar como o paciente estava nos últimos dias, por que não se havia feito tal exame pra descartar tal diagnóstico. Ele foi engrossando e acabou desligando o telefone na minha cara. Depois disso, eu tenho sérias dúvidas se esse paciente foi mesmo examinado desde que foi admitido ou se os pacientes são mesmos examinados todo dia. Sem falar que eu não tinha a mínima obrigação de examinar um paciente que não apresentou intercorrência. O médico não queria sair de casa num final de semana pra justificar por que não havia feito nada pelo paciente durante a semana e jogou o serviço pra mim, que não poderia fazer nada sem a ficha completa.
Um paciente com dor de cabeça e uma hérnia foi medicado com buscopam e esqueceu que era alérgico a dipirona, apesar de interrogado por mim e pela enfermeira. Começou a inchar, a ficar rouco e sem ar. O que deveria ser uma permanência de uma hora, virou uma noite inteira e ele só não morreu sabe-se se lá porquê. Fizemos corticóide, adrenalina, oxigênio, enquanto dávamos um monte de carão nele.
Até meia-noite, não parei de trabalhar um instante. Até três da manhã era minha folga, mas uma criança com dor de cabeça há uma semana deu entrada convulsionado e me chamaram pra ajudar a colega. A menina já havia parado de respirar quando cheguei. O coração ainda batia. As pupilas dilatadas, apesar do oxigênio e do ambu indicavam lesão cerebral. Intubei-a, de máscara (havia uma forte suspeita de meningite), fizemos adrenalina, mas ela morreu. Até conter a mãe, que não aceitava que a doença tinha uma semana e não havia dado tempo nem de fazer um exame pra descartar meningite naquela noite (entre a admissão e a morte não se passaram 30 minutos), convencer o pai a fazer o exame em si mesmo, já que estava com febre no momento, fazer um calmante na mãe (que queria bater na equipe) com a ajuda da políca, acabou meu horário de folga.
Uma gripe começou a se anunciar, horrososa.
Gente com dor. Criança vomitando sem parar, e perdendo parar até que desisti e orientei reidratação oral, que deve ter durado umas seis horas ou mais. Um velhinho com asma grave e uma provável infecção respiratória. Um chato com uma crise de hérnia de disco que queria me convencer que o problema não era na coluna vertebral mas na perna onde havia tomado injeção há três dias pra dor nas costas, até que disse que procurasse um orotopedista urgente ou ficaria aleijado. O homem da alergia a dipirona havia voltado ao normal às seis da manhã.
Não preguei o olho.
24.03.06
Depois de atender Q-U-A-R-E-N-T-A-E-O-I-T-O pacientes, das oito da manhã às quatro da tarde, sem almoço, eu não estou com saco pra nada.
22.03.06
As quartas começam mais cedo. Como é dia de visita, quanto mais cedo começo, menos calor. Era dia dos velhinhos. A melhor do dia foi uma senhora de quase 102 anos, fazendo faxina, morando sozinha, que teve peste bubônica e viu um eclipse solar. Parece ter setenta.
Teve o casal de velhinhos, ele quase surdo, ela quase cega, criando cabras, com a casa imunda (acho que as cabras moram dentro da casa) com cocô de cabra até no sofá onde sentei. E a velhinha desbocada que jamais vai largar o cachimbo e teve 19 filhos, a maioria embaixo de árvores, no roçado, na beira do rio. Só teve um na cama. Todos sozinha.
Reunião com a equipe, interrompida pra verificar a pressão do pintor da comunidade e seu ajudante. Um ACS ainda não entregou a lista de hipertensos e diabéticos. O enfermeiro não estava na reunião e o mesmo ACS não veio, de novo, pra reunião.
Almoço no hospital, depois da evolução do berçário e da pediatria. Lavagem de roupa, arranquei mais um tanto do mato do jardim. Depois do jantar, comemoração do aniversário da nutricionista do hospital, com a assistente social, a fonoaudióloga e o fisioterapeuta. Tão bom que deveríamos marcar sempre.
22.03.06
Ontem foi um dia tão cheio que nem escrevi. Era dia de atendimento de Pediatria, mas o que apareceu de idoso não foi brincadeira. Tive que mandar gente voltar porque havia palestra à tarde e não ia dar tempo mesmo. Quando finalmente acabei, fui fazer a produção. Quantos atendimentos de 1 a 4 anos, de 5 a 9, de 10 a 14, quantos hipertensos e diabéticos, quantos exames solicitados, nome, data de nascimento, peso, altura, cintura, pressão arterial de cada diabético e hipertenso, qual o remédio que toma, quantos comprimidos por dia, se teve derrame, infarto... Era hora do almoço e eu fazendo esse trabalho infeliz, sem ele o município não recebe o dinheiro do Governo. Então uma mãe chega na porta e quer que eu atenda a filha que estava com febre desde a madrugada. Expliquei que era hora de almoço e que eu ainda estava trabalhando, que ia sair em quinze minutos pra palestra e nem tinha comido ainda. “Mas a senhora não está fazendo nada”. “Isso, minha senhora, é trabalho, se a sua filha teve febre desde cedo, por que não veio de manhã? Tem gente do posto me esperando na associação de moradores. Outras crianças tiveram febre esta noite e foram atendidas.” As pessoas acham que papelada não é trabalho, e que estou à disposição a qualquer momento pra atender. SE a febre tivesse começado agora tudo bem, mas foi por comodismo. A menina foi pra emergência. Ou vcs acham justo deixar os velhinhos esperando no sol quente de uma da tarde porque a mãe preferiu arrumar a casa, fazer almoço e ir ao posto na hora em que estava vazio pra não ter que esperar?
A palestra, repeteco da semana passada prum outro público, começou com pouca gente, mas terminou com 40 pessoas. O local é mais ventilado. De fato, a maioria das pressões arteriais elevadas da última reunião foram devido ao calor. Na sexta-feira seguinte àquela palestra todas as pessoas com PA elevada foram ao posto e apenas duas estavam mesmo com a PA elevada.
A pediatra da terça-feira foi pra um congresso e me deixou no lugar dela. Depois da palestra, fui pro hospital. Atendi os pacientes particulares dela e fiquei de sobreaviso pra urgências no SUS até nove da noite. Nada muito anormal. Uma paciente querida chegou com um edema angioneurótico. Tenho uma foto desta crianaça e o inchaço deixou-a irreconhecível. Depois de uma injeção de corticóide, descobrimos que o avô lhe dera um comprimido pra dor de cabeça e ela já é alérgica a aspirina. Resta saber que o comprimido continha.

PS: 'Cibalena' era o nome do comprimido, que contém claro, aspirina. Esse povo é doido ou o quê? Eu dei UMA LISTA das medicações, inclusive explicando que AAS e aspirina são a mesma coisa. OUTRA lista com tudo que é analgésico que a menina pode tomar, etc, etc.

segunda-feira, março 20, 2006

20.03.06
Nada ainda da mudança grande. O caminhão foi pra revisão e só estará pronto amanhã. Na sexta, trouxe mamãe e Jolie pra verem como a casa ficou excelente depois de pintada. Claro que Jolie fez xixi na cozinha e quartos, cheirou a casa toda e adorou tanto espaço pra correr. Acho que ela nunca teve tanto espaço.
A louça extra de mamãe veio, mais livros (o resto da biblioteca médica, todos os romances médicos e de autores médicos, “Os reis malditos”, claro). A coleção do Batman já está com meu irmão. A gente coleciona Batman há uns quinze anos e resolvi dar-lhe a coleção de presente de formatura.
Ontem trouxe a TV, o vídeos e alguns filmes. Não sei se tenho mais livros ou filmes. Vou catalogar depois eu digo. Lavei tanta roupa ontem que a corda encheu. Só agora me dou conta da dificuldade que era lavar roupa num apartamento. Num instante a roupa seca aqui.
Comecei a arrancar o mato do jardim. A terra está tão seca que desisti. Molhei os canteiros e vou tentar hoje de novo.
Trouxe parte da louça e os vidros da cozinha. A única coisa que não se substitui eu já quebrei: minha placa de formatura. É a segunda placa que quebra.
Deixa eu ir trabalhar. Tenho que postar isso. Meus parcos leitores devem pensar que morri.
16.03.06
Uma enxaqueca atrapalhou-me a vida hoje. Pensei seriamente se dava pra trabalhar, mas não gosto de deixar as pessoas esperando e fui-me embora, com as mais horrorosas olheiras que jamais tive. Esqueci a bata e passei o dia de camiseta de malha, sandália rasteira e saia cigana. O pessoal não deve ter entendido nada.
Das crianças com diarréia, só um piorou. Pude dar alta a alguns e suspender o soro de outros. No berçário, dois recém-nascidos tiveram alta e outro saiu da incubadora. Deve ser uma alegria pra mãe ver o filho, que estava com um capacete pra oxigênio, uma sonda pra alimentação, soro e em fototerapia numa incubadora, ir saindo desses aparelhos e finalmente ir pro alojamento conjunto pra mamar no peito.
Por R$ 14,00 tenho água na torneira da cozinha, que eu mesma troquei, claro. Descobri que encher a caixa d’água dá manchas no teto do banheiro e da cozinha. Apareceu outra barata.
Ao falar ao telefone dentro de casa, o som reverbera nas salas e quartos vazios. Sei lá por quê, não me sinto sozinha ou solitária. Deve ser o computador.
15.03.06
Minha perna parou de doer depois de andar duas horas no sol quente, fazendo visitas domiciliares. Tecnicamente, só deveríamos visitar acamados, mas na prática, qualquer comunitário que não consegue se locomover sozinho até o posto é visto em casa. Geralmente, são hipertensos sequelados de AVC (derrame) e idosos. Hoje vi muitas crianças, vítimas de infecções congênitas como rubéola e paralisia cerebral, prova de partos mal assistidos.
Tivemos reunião com a equipe, orientações pros agentes de saúde e depois fui ver os recém-nascidos e crianças internadas no hospital da cidade.
A enfermaria estava cheia de crianças com diarréia e vômitos, típicos de rotavírus, a diarréia mais comum em crianças. Com a quantidade de moscas que tem havido, não me surpreendo.
Um garotinho de 9 anos, que já havia sido atendido por mim há uns meses, ‘esqueceu’ que era alérgico a paracetamol e ibuprofeno, além de dipirona e teve um edema angioneurótico. Parecia um camarão. O problema é se tiver dor ou febre. Não há nada a fazer, exceto morfina.
Finalmente lavei roupa. Tenho tanto espaço pra estender roupa que fiquei namorando a corda de roupa. Só quem vive em apartamento pode entender a sensação.
14.03.06
Minha perna direita ainda dói. Sei lá o que é isso.
Muitos atendimentos de Pediatria, meninos com perebas, asma, gripe, diarréia. Gente grande com vacina atrasada. Desde que vi tétano ao vivo (e vi muito) jurei nunca deixar alguém passar por mim com a vacina atrasada. Pode chiar, nem ligo. Se perceber que vai sair de fininho, faço questão de entregar nas mãos da técnica de enfermagem.
Gente, bastante gente na primeira palestra de hipertensos e diabéticos. Pra variar, numa Igreja. Quando não tem outro lugar, se faz na Igreja e acho que Deus fica muito feliz com o exercício de livre-arbítrio. Quem quiser seguir os conselhos pra viver melhor, segue. Quem não quiser, morre, ou fica em cima de uma cama.
Um calor de matar. Aposto que metade das pressões alteradas eram devido à sacristia onde verifiquei as pressões. Uma verdadeira sauna.
Finalmente quando chego em casa, descubro que o vizinho colocou seu caminhão de 300 metros trancando minha garagem e deixando a dele livre(!). Depois de tocar na campainha, fazer um buzinaço e não encontrar o infeliz, deixei um bilhete no pára-brisa:”é favor não me trancar novamente”.
Meu fisioterapeuta me ensinou pôquer. Ou tentou, e eu é que preciso jogar mais. Cansei de não entender aqueles filmes como Maverick, com gente fazendo ‘ohs’ e ‘ahs’ diante de um Royal Street Flush, ou qualquer coisa que o valha. Por via das dúvidas, continuo jogando paciência no computador.
Deixa eu ir lavar minha bata, a louça e estudar o controle farmacológico da hipertensão.
13.03.06
Por incrível que pareça meus pés estão imundos, andando pela casa que lavei ontem. Lavei mesmo, num raríssimo desperdício de água. Vai entender.
Também não entendo por que minhas pernas doem, se foram meus braços que esfregaram o chão, arrastaram a água e torceram panos de chão. Desaprendi anatomia.
Segundo dia no posto. Trinta atendimentos, livre demanda. Continuo fiel à minha promessa de não deixar passar ninguém com a vacina de tétano atrasada. Aviso ás mães que só atendo a criança na próxima vez com o cartão de vacina. Criança com brotoejas por causa do calor. Fazer o quê se até eu tive brotoeja esse ano? Eu, que nasci em pleno novembro e nunca tinha tido?
Calor. Calor. Os agentes de saúde começaram a entregar as listagens de acamados, hipertensos e diabéticos para eu me planejar. Faltou água no posto e atendi uma porção de gente com escabiose (sarna) e um caso de conjuntivite, sem poder lavar as mãos.
Devagar estou me apresentando à casa nova. Falta limpar o jardim, o quintal, os quartos de despejo, o banheiro externo. Há muito tempo que não tinha uma casa tão grande pra limpar, mais de dez anos pra falar a verdade. E estou adorando.
Hoje não deu tempo pra postar. Faço isso amanhã.
12.03.06
Hoje foi um misto de ‘Um dia a casa cai’ e ‘Sob o sol da Toscana’. Desde sexta-feira que viajo a Recife e volto com o carro cheio de coisas. Hoje vim para ficar. A mudança mesmo só vem no próximo final de semana, mas não agüento mais ficar incomodando na casa dos outros.
Então hoje vim lavar a casa e tenho o essencial pra me sentir em casa, incluindo o PC, minha caixa de chá e alguns (oito!) livros novos, que comprei no meio da rua, com um homem que Fernanda descobriu lá na Várzea.
Claro que o computador ainda não está num lugar próprio e escrever demais dá dor nas costas. A TV não me faz falta, falta faz o vídeo. Eu amaria assistir ‘O casamento do meu melhor amigo’ agora. Depois de uma overdose de filmes tratando de racismo (‘crash’, ‘duelo de titãs’ e ‘Rosewood’) eu só queria algo leve.
Depois de muitos baldes d’água a casa começa a se fazer sociável. Vou arranjar alguém pra dar uma geral nas janelas e armários antes dos móveis chegarem, eu até faria isso, mas ando sem disposição. Deve ser a idade.
Agora que lavei tudo, vi as teias de aranha nos spots e apareceu uma barata. Já percebeu que barata adora aparecer depois de faxina? Por que será?
Só depois que a gente assina o contrato me se muda é que percebe que a torneira da cozinha não presta, que a porta da sala emperra, que tem um vidro trincado na janela da cozinha. Na verdade, essa é a segunda vez que recebo um imóvel em perfeitas condições de uso. É a primeira vez que recebo em excelentes condições. Tudo pintado, consertado, exceto por esses detalhes pequenos acima. Como eu vi o estado anterior da casa, acho que fizeram até demais.

sábado, março 04, 2006

Direito

Lembra desse diálogo? E dessa atitude?

Fui despedida por exercer um direito assegurado por lei. Como pessoa negra, descendente de africanos, tenho que reconhecer como verdade uma piada que ouvi certa vez. "O negro tem dois direitos: não ter direito a nada e não abusar dos direitos que tem".

sexta-feira, março 03, 2006