terça-feira, setembro 30, 2008

Brincando de médica

Pois então, o tal recém-nascido ainda está internado. Complicações comuns de recém-nascido, mas que não aconselham uma alta pra quem mora em outro município, sem hospital, mãe morando num sítio, sem transporte disponível numa emergência.

E eu, que nasci com algum parafuso faltando (ou com todos os parafusos de quem nasceu sem nenhum) não tenho coragem de passar o caso pra outro colega. O único Pediatra que mora na cidade não trabalha no hospital. A cada dia, vem um médico diferente de Recife para dar plantão e eu acho que paciente internado deve ser visto sempre pela mesma pessoa. As diferenças do estado geral do paciente podem ser sutis de um dia para outro, nem todo profissional médico descreve tudo no prontuário (isso quando dá pra entender a letra) e eu me sinto responsável pela vida da criança.

Já deu pra imaginar o tanto de vezes por dia que eu telefono para saber como vão os sinais vitais, os exames, se está aceitando a dieta, etc, etc. E eu, que mal saía de casa, vou diariamente por lá. E fico aqui, pensando, pensando. 'Será que não seria uma infecção?', 'Será que eu desaprendi a conduzir esse tipo de caso depois de tantos meses afastada?'. E abro livros, compêndios de Pediatria, leio, leio, leio sobre assuntos que jurei a mim mesma que nunca mais estudaria.

Eu perco o sono por meus pacientes. Eu rezo por meus pacientes. Eu choro por meus pacientes. Mas preciso aprender o limite e é isso que me assusta. Talvez eu não tenha essa habilidade e não consiga aprender nunca a me desligar. Talvez eu tenha que ser médica, mas de outra forma. Decididamente, nada de hospitais para mim (não dou plantão há muito tempo). Eu trabalhava num posto de saúde de zona rural, mas nunca fui como a maioria dos colegas que determinam um número 'x' de fichas, atendem todo mundo em duas horas e vão embora. Gosto de conversar com as pessoas, de visitá-las em casa quando não podem vir ao posto, de fazer palestras educativas para a comunidade, de participar de campanhas de vacinação... Eu acho que fiz a faculdade errada.

Enquanto isso, eu perdi um quilo em quatro dias, estou dormindo mal e voltei a sentir aquele peso nos ombros que demorou meses para desaparecer quando fui afastada do trabalho.

sábado, setembro 27, 2008

Uma vez médica...

Você tiraria um engenheiro civil, amigo seu de infância, de uma licença-médica para ajudar na reforma de sua casa? Bateria na porta do seu dentista, operado de vesícula, porque está com dor de dente? Telefonaria pro seu professor de faculdade, que está numa crise de pedra nos rins, pra discutir um ponto obscuro de um texto da disciplina que ele ministra? Acho que não.


Mas ninguém, repito, ninguém entende médico doente. Pessoa alguma concebe que médico é um ser vivo, humano e passível de adoecer como o resto de nós. Ainda mais numa situação incomum como a minha. Explico: há uns dois anos, eu comecei a ter enxaqueca. Não eram grandes dores de cabeça, mas enxaquecas mesmo. Crises tão horrorosas que me levaram à emergência mais de uma vez e foram piorando de tal maneira que comecei a faltar ao trabalho. O cúmulo foi passar dez dias ininterruptos de crise.


Eu não sou dessas pacientes ruins, que se recusam a fazer exames, tomar remédios e ir a médico só porque sou médica também. Tudo que me mandavam fazer, eu, obedientemente fazia. E nada de melhorar. Finalmente, eu fui afastada por meus superiores e o médico do INSS me colocou de molho por sete (sete!) meses para tratamento.


E, eis-me 'em tratamento'. Sendo uma pessoa incomum (eu sou alguém muito simples, mas sou incomum, se você me entende), meu tratamento também é incomum. Nem vou tentar explicar aqui, mas basta dizer que está dando certo. O problema é: se as pessoas não veêm uma ferida, um machucado ou você numa cadeira de rodas, elas não percebem que você está doente. E toda vez que eu encontro alguém conhecido, eis-me explicando que ainda estou de licença. Isso não se aplica a todos, claro. Meus pacientes, que me viram no auge do sofrimento, ficam felicíssimos em me ver melhorando e asseguram que me esperam quando eu estiver realmente bem.


Mas... não parece que estou em processo de recuperação. Eu mesma me mantenho ocupada de dia a noite dentro de casa, mas com nada que se relacione a Medicina, pois descobri que essa é (ou era) a causa da enxaqueca: meu compromisso extremo com qualquer paciente. Isso não causava apenas enxaqueca, mas inúmeros outros sintomas, incluindo gravíssimas crises de ansiedade, semelhantes à Síndrome do Pânico (não me importa se não é exatamente a mesma coisa, quem ficava passando mal era eu, ora bolas!). No entanto, ontem telefonam pra mim da maternidade pois a pediatra do plantão não se encontrava lá e precisavam de um neonatologista para três cesárias de algum risco. Eu não sou Pediatra com P maiúsculo, mas sem modéstia, me viro muito bem, principalmente com recém-nascidos. E só um Pediatra mora na cidade (e estava fora, num plantão).


Depois de alguma hesitação, eu fui. 'Eu tenho que enfrentar isso alguma hora', pensei eu. E nada melhor que numa situação controlada- centro cirúrgico (número específico de pacientes e sem ninguém em sofrimento), neonatologia (eu já falei que não quero ser mãe, mas adoro crianças?), equipe conhecida. Não direi que foi exatamente fácil entrar no hospital, ouvir a cada cinco minutos 'como a senhora está bem!', sem estar nada bem, mas eu sobrevivi. E voltei mais tarde para reavaliar um dos pequenos que não nasceu 100%, telefonei à noite, hoje pela manhã e estou saindo daqui a pouco para checar tudo pessoalmente.


Não, nada de enxaqueca até agora. Porém, às seis da noite de ontem o obstetra queria que eu entrasse novamente no centro cirúrgico porque havia uma paciente... Eu interroguei sobre os sinais vitais da paciente e do feto e firmemente indiquei que transferisse. Se alguém quebrou uma perna, passou meses engessado e ainda está em fisioterapia para voltar à antiga forma, é compreensível que não esteja pronto para correr uma maratona, pois não? Quando é que as pessoas vão entender?

Eu sou médica, mas também sou gente!

quarta-feira, setembro 24, 2008

Sobre todas as coisas:

Alguém quer me explicar por que raios a conexão tinha que cair às 11 da noite? Para loucas mortais (Vicky, Fal, Grissom’s Girl, eu...) isso é meio da tarde. E, como aqui tudo fecha às seis da noite, só amanhã pra falar com o suporte! Mas nem assim eu voltaria a morar na capital.
* * *
Então, Vicky, sobre o guitarrista do Muse:
Algumas suspiram por astros de rock, outras por 'Williams'. Cada qual com seu cada qual. E os últimos três foi você quem me apresentou.
* * *
Enquanto a Fal tem ‘aquela ruma’ (como dizem onde eu cresci) de gatos e o Baco, eu ando criando grilos. Calma fãs GSR, eu explico. Aqui tem muito mato e os grilos (insetos) acham que entrar em casa é o maior barato. Problema é quando eu finalmente resolvo dormir e eles querem cantar. Então, essa fã de Entomologia (desde pequenininha, viu? CSI é consequência) fica pulando pela casa tão logo percebe um grilo pulando dentro de casa. Além do barulho, eles roem roupas e livros (crime!). É, eu pego com a mão, por quê?

E ontem, duas da madrugada, havia uma rãzinha no banheiro. Eu particularmente desenvolvi uma técnica excelente com um copo e uma folha de papel, mas depois de morar um mês num quarto de hospital, numa cidadezinha no interior do Rio Grande do Norte... Gente, a enfermeira que dividia o quarto comigo tinha pavor às rãs. Eu fiquei craque na apreensão e busca.

E... tem sempre algum sapo na área de serviço. Eu desisti de explicar pra eles que ali não tem muita comida, mas... Eles devem gostar do Batman (a coleção de revistas ultrapassou o limite possível do escritório e migrou, com suas estantes e caixas-arquivo, para a área de serviço, que é imensa). Quem quer que seja o sapo da vez, ele é carinhosamente chamado de ‘Grissom’ (outro incompreendido que faz o bem). Vai que aparece um escorpião, o sapo está lá no ‘turno do cemitério’. Sapos e escorpiões são inimigos mortais vos ensina essa instrutora do curso ‘Acidentes com Animais Peçonhentos’.

Agora... não me apresentem aranhas. Eu sou como o Rony Weasley. Ok, ok, elas não têm culpa, mas adivinha por que eu caí de amores pelo William Petersen? Segurar uma caranguejeira na mão ‘incorporando o personagem’ é coisa pra um Homem.
* * *
Eu nem vou tentar explicar. Quem lê isso aqui entende, quem não lê... como foi que chegou aqui mesmo?
* * *
A conexão voltou...

Lendo o Alta Fidelidade

Eu tinha que responder:

Gente 'que nem nóis' que devora livros no café da manhã e entra pela madrugada 'agarrada com Harry Potter' (como dizia o ex)...
Gente 'que nem nóis' deveria ter desconto especial em livraria e sebos.

Gente 'que nem eu' que li "O expresso da Meia-Noite" na Livro 7, "A Câmara Secreta na Siciliano...
Gente assim deveria ter direito a mais tempo na vida pra ler, porque nós valorizamos o que lemos. O coração chora quando escuto alguém dizer que não sabe ler. E eu quase fui às lágrimas hoje porque o rapaz do moto-táxi foi me contando da alegria que tem sido descobrir como é bom ler. E ele estava falando de "Ali Babá e os 40 ladrões"...

P. S.: meu pai aprendeu a ler aos 18 anos e se formou aos 36 em Medicina. Eu rezo pelos professores do Exército (cujos nomes ignoro), onde ele serviu e aprendeu a juntar as letras (que uma tia havia ensinado). Também rezo pela tia, que mora na UTI e visita a própria casa, de tão grave que é a asma.
P.S.2: Meus Deuses! Cometi uma injustiça sem tamanho. Eu conheço outra escritora, sim. É a filha dessa tia asmática. Poetisa, fumante e asmática. Professora de zona rural (todo mundo da minha idade que sabe ler por ali aprendeu com ela, numa casinha de taipa) aposentada, não ganha o suficiente pra ler o que gostaria. Às vezes me dá uma revolta...

Do Drops da Fal

Contradição – Escrever toma tempo; ler, outrossim. Vai daí que o philosopho, quanto mais escreve, menos lê – e vice-versa ao contrário. (...)

Eduardo Almeida Reis, no jornal Estado de Minas

Finalmente entendi esses dez volumes espalhados da mesa de cabeceira 1 (cama), mesa de cabeceira 2 (ao lado do colchão onde assisto TV), mesa da cozinha, mesa da sala... e que não consigo terminar de ler. Eu! Que lia um livro por dia.

Sinta-se privilegiado(a), querido(a) autor(a) de blog/fic/post de fórum/e-mail, cujos textos eu leio regularmente e quase sempre comento. J.K. Rowling, Robert A. Johnson, Herman Melville, Alexandre Dumas (pai), Morris West estão na fila, lutando por uma vaga na minha lotadíssima agenda, que inclui paradas obrigatórias apenas para a terapia, massagem (lucro ainda da profissão anterior, a massagista tem três filhos e me paga as consultas com trabalho) e ensaios da banda.

A julgar pelo tanto de livro espalhado, isso está começando a parecer com o apartamento de William (mais um!) Forrester, de "Finding Forrester". Não havia uma superfície onde não houvesse uma publicação ou uma obra por publicar. Filme maravilhoso e muito recomendado, a propósito.

Então...

Eu terminei um dos capítulos! Só outra pessoa como eu pode entender o que é começar a escrever às 9:30 da manhã e parar às duas da madrugada (com ocasionais idas ao banheiro e esquecendo de comer) apenas para acordar às quatro da mesma madrugada e continuar a escrever. Por que, você se pergunta, alguém faria isso por histórias (eu escrevo vários textos ao mesmo tempo) que provavelmente nem serão publicadas?

Você já amou alguém sem ser correspondido? E continuou amando mesmo sabendo que o amor era impossível? Pois é: eu amo escrever. Não importa se alguém um dia vai ler. Aliás, alguém tentou, com boa vontade, me ensinar a colocar um contador de visitas neste blog. Assim, eu saberia se mais alguém (além de quem comenta) passa por aqui.

Por qualquer razão, eu me atrapalhei toda e decidi que não quero saber. Seja você quem for, anônimo leitor (ou anônima leitora), seja muito bem-vindo (a) à minha jornada rumo à felicidade. Saiba que o caminho inclui dias difíceis (mas educativos), a remoção ocasional de alguém da minha convivência habitual (mas que não respeita o processo), o perdão irrestrito a quem não consegue entender o que estou fazendo e outras pequenas surpresas.

Acredite (como eu descobri a duras penas) que ninguém possui o controle total da própria vida e que aceitar essa verdade é a coisa mais difícil que alguém pode fazer por si. Literalmente, escute a si mesmo(a). Se algo faz você feliz, não prejudica ninguém (incluindo a saúde do planeta) e não lhe trará consequências ruins, esse é o verdadeiro prazer. Um cara chamado Epicuro descobriu isso há milhares de anos e ainda tem gente que não entendeu...

Nem só de amor...

... são feitos versos. Neruda era um ativista político e, como o mundo sempre luta pelos mesmos motivos, essa poesia é tão adequada hoje quanto há algumas décadas. Se você é o tipo de pessoa curiosa (como eu), aproveite e veja "O carteiro e O Poeta". E entenda como a política não impede o amor e vice-versa.


Talvez tenhamos tempo
Pablo Neruda

Talvez ainda tenhamos tempo
para ser e para ser justos.
De uma maneira transitória
ontem a verdade morreu
e embora o saiba todo mundo
o mundo todo dissimula:
nenhum de nós lhe mandou flores:
já morreu e não chora ninguém.

Talvez entre o olvido e o apuro
pouco antes de ser enterrada
teremos a oportunidade
de nossa morte e nossa vida
para sair por rua e mais rua,
de mar em mar, de porto em porto,
de cordilheira em cordilheira,
e sobretudo, de homem em homem,
perguntando se a matamos
ou foram outros que a mataram,
se foram nossos inimigos
ou nosso amor cometeu o crime,
porque já morreu a verdade
e agora podemos ser justos.

Antes deveríamos lutar
com armas de obscuro calibre
e por ferir-nos esquecemos
o porquê de estarmos lutando.
Nunca se soube de quem era
o sangue que nos envolvia,
nós acusávamos sem parar,
sem parar fomos acusados,
eles sofreram, e sofremos,
e quando já ganharam ele
se também nós quando ganhamos
a verdade tinha morrido
de antigüidade ou violência.
Agora não há o que fazer:
todos perdemos a batalha.

É por isso que eu penso, talvez,
por fim pudéssemos ser justos
ou por fim pudéssemos ser:
temos este último minuto
e logo mil anos de glória
para não ser e pra não voltar.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Sim, você solitário leitor (ou solitária leitora) deve andar se perguntando o que aconteceu nos últimos dias. Por que eu ando assim tão 'down'. Como eu só descobri hoje, só agora posso contar: é minha história. Estou escrevendo dois capítulos tão difíceis, tão dolorosos que isso está me abalando. Não, eu não escrevo minha autobiografia. É 'só' uma fic, mas como eu já disse anteriormente, os personagens são reais pra mim e os problemas deles me atingem.

Então você deve se perguntar por que alguém aceita viver assim, vivendo o sofrimento alheio além do seu próprio. A resposta sincera? A minha 'vida errada' é menos dolorosa e me traz mais alegrias. Esses capítulos são só uma fase ruim e eu sei que eles vão ser concluídos. Já na 'vida real', como eu posso saber?

Não, eu não vou publicar minha fic, embora uma ou duas pessoas tenham insistido nisso por causa daquele e-mail do David. É só um exercício literário (e emocional também, como deu pra perceber). Eu realmente não estou pronta pra isso. Nem sei se estarei algum dia.

Bom, deixa eu volta pra tradução de uma história de verdade.

domingo, setembro 21, 2008

Não, eu não sou uma fortaleza

E sim, eu tenho meus dias bons, meus dias ruins e tenho mesmo dias terríveis. Já houve dias em que sair da cama exigiu mais que sair de casa. Há dias de que sinto falta de pessoas (e músicas e livros) que perdi, quer por minha culpa ou só porque tinha que ser. E há dias, como os últimos dois, em que a saudade atrapalha a respiração, o sono e o rumo do pensamento. Resta saber viver com isso.

Ne Me Quitte Pas

Ne me quitte pas, il faut oublier/ Tout peut s’oublier qui s’enfuit déjà/ Oublier le temps des malentendus/ Et le temps perdu à savoir comment/ Oublier ces heures qui tuaient parfois/ A coups de pourquoi le coeur du bonheur/ Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas


Moi, je t’offrirai des perles de pluie/ Venues de pays où il ne pleut pas/ Je creuserai la terre, jusqu’ après ma mort/ Pour couvrir ton corps d’or et de lumière/ Je ferai un domaine où l’amour sera roi/ Où l’amour sera loi, où tu seras reine/ Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas

Ne me quitte pas, je t’inventerai/ Des mots insensés que tu comprendras/ Je te parlerai de ces amants là/ Qui ont vu deux fois leurs coeurs s’embraser/ Je te raconterai l’histoire de ce roi/ Mort de n’avoir pas pu te rencontrer/ Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas

On a vu souvent rejaillir le feu/ De l’ancien volcan qu’on croyait trop vieux/ Il est parait-il des terres brûlées/ Donnant plus de blé qu’un meilleur avril/ Et quand vient le soir pour qu’un ciel flamboie/ Le rouge et le noir ne s’épousent-ils pas?/ Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas

Ne me quitte pas je ne vais plus pleurer/ Je ne vais plus parler, je me cacherai là/ A te regarder danser et sourire/ Et à t’écouter chanter et puis rire/ Laisse-moi devenir l’ombre de ton ombre/ L’ombre de ta main, l’ombre de ton chien/ Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas

Porque você precisa entender:

Não me Deixes

Não me deixes, é preciso esquecer/ Tudo se pode esquecer que já para trás ficou./ Esquecer o tempo dos mal-entendidos/ E o tempo perdido a querer saber como/ Esquecer essas horas,/ Que de tantos porquês,/ Por vezes matavam a última felicidade./ Não me deixes, não me deixes, não me deixes.

Eu te oferecerei/ Pérolas de chuva/ Vindas de países/ Onde nunca chove;/ Escavarei a terra, até depois da minha morte,/ Para cobrir teu corpo de ouro e de luz./ Criarei um país onde o amor será rei,/ Onde o amor será lei, onde você será a rainha./ Não me deixes, não me deixes, não me deixes.

Não me deixes, te inventarei/ Palavras absurdas que você compreenderá;/ Eu te falarei daqueles amantes/ Que viram de novo seus corações ateados;/ Eu te contarei a história daquele rei,/ Que morreu por não ter podido te conhecer./ Não me deixes, não me deixes, não me deixes.

Quantas vezes não se reacendeu o fogo/ Do antigo vulcão que julgávamos velho?/ Até há quem fale de terras queimadas/ A produzir mais trigo;/ E quando vem a noite para que o céu se inflame/ O vermelho e o negro não se casam?/ Não me deixes, não me deixes, não me deixes.

Não me deixes eu não vou mais chorar,/ Não vou mais falar, eu me escondo ali/ A te ver dançar e sorrir,/ A te ouvir cantar e rir./ Deixa-me ser a sombra da tua sombra,/ A sombra da tua mão, a sombra do teu cão./ Não me deixes, não me deixes, não me deixes.

E não, eu não estou falando aqui do meu ex.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Pra quem vive assim

Tenho tanto sentimento que...
Fernando Pessoa

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Pelo menos uma pessoa que lê esse blog sabe do que essa poesia fala exatamente. Finalmente, alguém para compartilhar minha vida 'errada'. Obrigada, leitora querida!

Precisa dizer mais?

A Idade de Ser Feliz
Mário Quintana

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realiza-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.Uma só idade para a gente se encontrar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Fases douradas em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.

terça-feira, setembro 16, 2008

Quem escreve, entende

XLVIII

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade.

E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvores, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.


Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)

Textos são como filhos: crescem e tomam vida própria. Vão aonde nunca nós (que o criamos) poderíamos supor, nos trazem grandes dores e insuspeitas alegrias. Só quem escreve, entende exatamente isso. Mães e pais têm uma pálida idéia, porque um filho tem metade de outro que não você. Um texto é só seu, e nada se compara à alegria de tê-lo diante de si. Ainda que ninguém jamais leia, que você nunca se resolva a compartilhá-lo, mesmo que ninguém publique. Ele é seu. Seu, e de cada um que o ame tanto (ou mais) que você.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Início de Semana

Hoje é segunda-feira, e há tanto a fazer... tanto a registrar, tanto a dizer, tanto a escrever e a produzir que o tempo parece não ser jamais suficiente. São uma da tarde e eu já li um livro (é, eu sou uma traça) e já cantei em cinco línguas (ainda que não fale nenhuma direito, incluindo o português) em alto e bom som. Se considerarmos que adormeci às quatro da manhã, já escrevi o suficiente por um dia (sete incríveis páginas que ninguém precisa ler) e dormi o bastante para essa existência.

Hoje é segunda-feira e, não, você não precisa aparecer ou mandar notícias, mas será bem-vindo se o fizer. É segunda-feira e há roupa para lavar e pilhas de roupa para passar, algo que vivo adiando, e odeio procrastinação (se você não sabe o que é isso, aproveite a aprenda uma palavra nova). É segunda e tenho que comprar mais um caderninho de espiral, porque tenho que registrar meus pensamentos, meus pressentimentos, o que tenho pra fazer, pra comprar e pra aprender. É tanta coisa que me sinto sem tempo pra voltar a trabalhar.

Hoje é segunda-feira e eu nasci de novo. Eu, que renasço a cada dia, de cada dor de cabeça, de cada noite de insônia e a cada frase escrita.

É segunda-feira e eu preciso viver.

domingo, setembro 14, 2008

Chutando o balde

Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsenqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei um burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’agua
Pra me contar as histórias
Que no tempo de seu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Quem me conhece sabe onde fica Pasárgada. E tem o endereço de minha casa lá. Fui.

sábado, setembro 13, 2008

Respondendo à Fal

Sim, eu estou ok, e estou sempre aqui. Pra variar, eu estou traduzindo (ainda que não ganhe um centavo com isso, e adoro fazer isso, só por saber que sou capaz), e não, meus olhos não ardem. Não, eu não consigo escrever de bruços na casa, nem ler muito tempo nessa posição e, definitivamente eu sou uma ‘dog person’, nada de gatos em minha cama. Claro, eu estou de saco cheio com este trabalho, porque nunca traduzi nada com mais de dez páginas e este tem quase trezentas, mas estou gratíssima (e honrada) por traduzir o maior best-seller do mundo das fics GSR, e com autorização (em inglês e francês) da autora. E não, eu não volto atrás por nada nesse mundo, esse trabalho vai ser concluído, ainda que no Natal do ano que vem. Meu dicionário tem manchas de tinta, mas não fui eu, já herdei assim do ex, que herdou da ex dele, que é uma das minhas melhores amigas. Se eu tenho cheiro de pêssego? Não. De morango, às vezes, de canela, quase sempre. Eu costumava namorar fotos de tudo e tinha arquivo enorme de fotos de flores (que outros fotografaram, pos sou péssima fotografando), mas o bug do HD levou isso.

Claro, que sinto saudade de você, Fal. Sempre. Ainda que a gente nunca tenha se visto. Os e-mails que recebo, ultimamente, são práticos, não bonitos. Ando passando os cremes que eu mesma prescrevo, não os que a Carla San manda, baby. Aqueles anos todos de faculdade tinham que servir pra algo prático! Quando eu sinto vontade de chorar, eu não ligo a TV, mas o Windows Media Player. Eu nunca dei aula particular na minha vida, Fal, mas ando fazendo tanta coisa nova que, por que não? Eu ainda não jantei, mas certamente vai ter alguma folha no meio. Graças a minha mãe, verduras não são um hábito ou uma obrigação, mas um deleite para mim. Eu falo com a Shirley, enquanto trabalho, e com o Media Player ligado. Não, eu não estou só (meus personagens são a melhor companhia do mundo), nunca morei num oitavo andar (ainda que pessoas significativas em minha vida morem ou tenham morado num) e tenho, sim, um segredo. Sim, eu ainda estou aqui. E, não, nada de queijo quente pra mim. Muito obrigadinha.

Objeto de Desejo


Tá, você não conhece a Fal. A senhora Fal Azevedo é a segunda escritora de livros com quem tenho contato nesta existência (a primeira era professora do meu irmão) e uma de minhas escritoras prediletas. Se considerarmos que: 1)eu sou uma verdadeira traça, 2)embora não escolha tanto o que ler, mas sou muito criteriosa com o que reler, 3) eu leio e releio o blog dela e os dois livros já publicados e 4) depois de quase 30 anos lendo de tudo, eu posso dizer o que é bom, o que é ruim e o que é excelente...

... a Fal é maravilhosa! Poucos escritores (vivos e mortos) conseguem captar essas sutilezas do cotidiano como ela. Se reeditarem aquela coleção de crônicas do cotidiano 'Pra gostar de Ler', eu farei petição no Congresso para incluí-la, ao lado de Drummond, Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabino e afins.

Louca, eu? Eu tomo lítio há mais de dez anos, babe, justamente pra não ficar doida!

Escutando minha voz interior...

... e aprendendo a confiar nela.

Fora do tempo, por causa do HD, perdi o lançamento do livro da Fal (mesmo de longe, eu mandaria pensamento positivo). Mas, por causa de Vicky, encontrei mais um blog para amar. Aliás, se eu ler todos os blogs que amo, escutar todas as músicas que gosto, escrever tudo que me passa pela cabeça, traduzir tudo de bom que encontro, não sobrará tempo sequer pra comer, que dirá pra voltar a exercer a antiga e nobre arte da Medicina. Então, do Alta Fidelidade, que cita o Sandices ou San disse?

"I think I get the message

Da Carla San:
no caso dos amores impossíveis eu tenho como plano A: Torná-los possíveis.Planejar, estudar, viabilizar e principalmente se esforçar para fazer dar certo, pq muita gente fala que faria tudo pra ter tal coisa e não consegue sequer dar o primeiro passo que é parar pra pensar em como-isso-pode-virar-realidade, afinal é tão mais fácil ficar suspirando e pensando: Ah, se eu pudesse! Só que na maioria das vezes, vc pode. Mas tem que se mexer pra isso. Mas não será fácil, mas isso já sabemos.

E do Muse:
change,everything you are
and everything you were
your number has been called
fights and battles have begun
revenge will surely come
your hard times are ahead
best,you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now
don't,let yourself down
don't let yourself go
your last chance has arrived

Ok, ok, já entendi."

A música é 'Butterflies and Hurricanes', do Muse. E, não, eu ainda não conheço. Mas se Vicky citou, deve ser boa. E a letra está parecendo muito comigo hoje...

Não é coisa da minha cabeça


Astraptes gilberth





Sara longwing
São, ou não, parecidas? GSR rules!

Presente de Namorado

life is too short

Music: rudolf schenker
Lyrics: klaus meine


Have you ever seen the morning?
When the sun comes up the shore
And the silence teach the beauty for the sound

Have you ever set there waiting?
For the time to stand still
For all the worlds and stars
From turning around
And you run
'cause life is too short
And you run
'cause life is too short

Have you ever seen the glory?
When the moon is on the rise
And the dreams are close
To the ones that we love

Have you ever set there waiting?
For heaven to give a sign
So we could find the place
Where angels come from

And you run (and you run)
'cause life is too short
And you run (and you run)
'cause life is too short

There's a time that turns
Turn back time
But i don't see i can
It only works
If you believe in the truth

But there's a time to live
And a time to cry
But if you're by my side
I will try to catch a star
I'll try to catch a star
Just for you

And i run
'cause life is too short
And i run (and i run)
'cause life is too short

And i run and i run and i run and i run and i run ¡­


Quem já namorou, sabe o que é isso. Quem não namorou, provavelmente sabe o que é também. Alguém ouve uma músice e te dá, porque parece com você. Alguém muito, muito amado ( e que me amou de volta) me deu esta. Eu realmente queria ter assistido 'Scorpions' ao vivo, no último 7 de Setembro, mas entendi que ouvir isso sem ele não teria sentido. Anyway, eu preciso correr, pra alcançar minhas estrelas eu mesma.

Se seu inglês é capenga como o meu, a tradução está aqui.

Então...

... esse projeto bem-acabado de pessoa adormeceu ontem e esqueceu o MSN aberto. Hoje, havia até janela de conversação do ex (que pode ter pensado que eu não queria falar com o ele), sem contar gente do fórum GSR e por aí vai. Sorry, people. Eu estava no 13o sono, como diz minha mãe. Simplesmente desliguei o monitor e deixei a mulinha trabalhando, tentando encher o HD 'novo' de algo pra meus ouvidos. Afinal, só de repertório da banda que eu tenho que aprender, são umas duzentas músicas. Ainda bem, ainda bem, que meu ex me apresentou música internacional. Então, eu pude ficar devidamente emocionada com o arranjo que a banda canta de 'Dust in the Wind'. Muito obrigada, meu irmão, pelo CD do Rod (a gente ficou íntimo, eu e o Rod Stewart). Foi por saber cantar a primeira faixa que tive coragem de chegar perto daquele violão, naquele domingo ímpar. Por essas e outras, eis-me, aqui, realizando o último sonho de emprego que tinha na vida!

sexta-feira, setembro 12, 2008

Só porque deu vontade

Perdidamente
Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens!
Morder como quem beija! É
ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Um dos melhores presentes de Natal de minha vida foram dois livros de Florbela Espanca. Espero que quem os deu tenha a real dimensão da importância do gesto.

Conversa pelo MSN

Resolvi que Medicina vai pagar minhas contas e minhas atividades artísticas pagarão meus sonhos! Acabo de resolver isso, nesse exato instante. Eu serei médica pra poder ser escritora, tradutora, cantora e o que mais me der na telha. A partir de agora, eu vou me empenhar em ser feliz.

quinta-feira, setembro 11, 2008

No meio do caminho...

... havia incontáveis bandas marciais, no dia de hoje. Enquanto o resto do mundo lamenta o atentado do 11 de Setembro, aqui, nesta cidadezinha, comemora-se a emancipação política do município. Com toda pompa e circunstância, como eu jamais vi. E eu cresci numa escola chiquérrima, me apresentei até no Palácio do Governo na minha época de coral, e assim vai.

Aqui não há desfile de 7 de Setembro, mas de 11 de Setembro. Apresentam-se as Forças Armadas (vinda da capital, especialmente para 'O Desfile'), TODOS os segmentos da sociedade local e TODAS as escolas municipais (com suas respectivas bandas marciais), incluindo as particulares e O colégio estadual (ganhador de prêmio nacional de integração entre deficientes e sociedade), além de escolas dos municípios vizinhos (com mais bandas marciais!). A Igreja, a Maçonaria, a Ordem das Freiras, os Hospitais... todos estão representados.

Eu nunca gostei de desfile. É sinônimo de horas em pé com o sol na cabeça, com um monte de gente que eu não conheço passando na minha frente (eu só gostava de ver a minha escola e da divisão canina da Polícia). Ou era. Aqui, o desfile começou às cinco da tarde e ainda está rolando, embora eu já tenha visto-o todo. Como? Aqui é diferente. Quem quer ficar parado, espera o desfile passar. Quem é dinâmico (pra não dizer agoniado) como a companheira de desfile, passa pelo desfile.

Aqui não tem corda de segurança. Até porque deve ter mais gente no desfile que vendo o desfile. Essa minha conhecida tem duas filhas pequenas, que desfilaram logo cedo e quiseram ir pra casa. Ela voltou pra lan house e me avisou das bandas marciais. Eu, doida por música, não lembro de ter ouvido uma banda dessas ao vivo antes, sem contar o ensaio de uma, antes de ontem, diante da Prefeitura do município. Eu larguei tudo e a segui. Através do desfile.

Todo mundo que quer pode seguir o desfile, pelo lado da calçada, não pelo meio de quem desfila (se bem, que, se você quiser atravessar a rua, não é proibido). Não, não é uma bagunça. É lindo!
A cidade é pequena, mas não minúscula. Tem de tudo (tirando cinema) e, sendo pequena, a Secretaria de Saúde é do lado do Fórum e em frente ao INSS. O Ministério Público é em frente ao Hospital, que fica bem pertinho dos Correios. A Prefeitura está na rua do Bradesco, do Banco do Brasil e da Caixa. ‘A Praça’ (até uns meses havia só uma praça de verdade aqui, tirando aquelas pequeninas) tem lanchonete, lan house, joalheira e loja religiosa e fica ao lado da Igreja, com um coreto. Dá pra andar a cidade inteira em algumas horas, porque só sobra a enorme zona rural. Os moradores dos sítios vêm à cidade para ‘A Feira’, principal acontecimento da semana. É quando tem flores pra vender (em dias como o de hoje, as flores são vendidas na funerária), barracas de frutas, plantas e toda sorte de buginganga. Nunca vi uma feira tão limpa e um povo tão educado.

Então, há mais de uma grande rua na cidade, e existe uma avenida principal onde todo esse povo vai se posicionando. Tem desfile da entrada da cidade até a Prefeitura, onde é montado um palco, com uma mesa de autoridades. Não há área de concentração. Eu simplesmente comecei da Igreja e fui até a entrada da cidade. Os soldados já haviam desfilado, e eu não fazia muita questão, a não ser que eles tivessem uma banda melhor que todas as outras que eu vi (e ouvi), juntas. Ouvi música o passeio inteiro! Quem desfilou fui eu. Comecei pelas instituições religiosas e de saúde e segui pelas escolas, que ficam andando (e se apresentando) lentamente porque... quando cada segmento da Sociedade local chega à Prefeitura (como palco) faz uma apresentação em regra, com narração de sua História, seus participantes, etc, para o prefeito e demais componentes da mesa. Então, dá tempo de andar a avenida inteira em hora e meia, ver tudo, sem ficar de castigo, esperando tudo passar diante de você. O pobrezinho do prefeito ainda está lá e eu já vi o desfile inteiro há mais de hora. Deu pra entender que coisa legal?

Cada escola (não eram menos de trinta) estava tão caprichosamente arrumada, cada banda tão elegante, que dava vontade de chorar. A cidade não é rica, mas esse é o segundo maior evento do ano (o primeiro é ‘A Vaquejada’) e as pessoas colocam as bandeiras do Brasil e do município (além dos times de futebol) nas janelas, além de estarem chiquérrimas. Cada uma das mulheres da organização do desfile estava de terninho risca de giz (e não havia menos de cem delas, com certeza) e salto alto. E eu, de tênis e jeans! Nunca imaginei que a coisa era tão formal. O povo tem um orgulho medonho de tudo que é daqui, sem ser arrogante. Eles homenageiam o Natal, o carnaval fora de época, os capoeiristas, a história da cidade, a inclusão social (como os alunos homossexuais na comissão de frente, de salto, maquiagem e peruca) e, claro, a maior vaquejada que existe.

Eu poderia morrer uma pessoa feliz, justo agora.

Há 15 exatos anos...

... eu realmente falava francês e lembro nitidamente do instante em que ouvi essa canção. E ela continua em meu coração (assim como a amiga que me apresentou a mesma), ainda que eu atravesse a letra, pela falta de prática com a língua. E daí?

"Je te promets"
Johnny Halliday,

"Je te promets le sel au baiser de ma bouche.
Je te promets le miel à ma main qui te touche.
Je te promets le ciel au dessus de ta couche,
Des fleurs et des dentelles pour que tes nuits soient douces.

Je te promets la clé des secrets de mon âme.
Je te promets ma vie de mes rires à mes larmes.
Je te promets le feu à la place des armes,
Et jamais des adieux, rien que des au revoir.

J'y crois comme à la terre, j'y crois comme au soleil.
J'y crois comme à l'enfant, comme on peut croire au ciel.
J'y crois comme à ta peau, à tes bras qui me serrent.
Je te promets une histoire différentes des autres,
Si tu m'aides à y croire encore.

Je te promets des jours tous bleus comme tes veines.
Je te promets des nuits rouges comme tes rêves,
Des heures incandescentes et des minutes blanches,
Des secondes insouciantes au rythme de tes hanches.

Je te promets mes bras pour porter tes angoisses.
Je te promets mes mains pour que tu les embrasses.
Je te promets mes yeux si tu ne peux plus voir,
Je te promets d'être heureux, si tu n'as plus d'espoir.

J'y crois comme à la terre, j'y crois comme au soleil.
J'y crois comme à l'enfant, comme on peut croire au ciel.
J'y crois comme à ta peau, à tes bras qui me serrent.
Je te promets une histoire différentes des autres,
J'ai tant besoin d'y croire encore.

Et même si c'est pas vrai, si on te la trop fait,
Si les mots sont usés comme écrits à la craie.
On fait bien des grands feux en frottant des cailloux,
Peut-être avec le temps et à force d'y croire,
On peut juste essayer pour voir.

Et même si c'est pas vrai, même si je ments,
Si les mots sont usés, légers comme du vent.
Et même si notre histoire se termine au matin,
Je te promets un moment de fiévre et de douceur,
Pas toute la nuit mais quelques heures.

Je te promets le sel au baiser de ma bouche.
Je te promets le miel à ma main qui te touche.
Je te promets le ciel au dessus de ta couche,
Des fleurs et des dentelles pour que tes nuits soient douces."

Aos curiosos:
"Prometo-te o sal no beijo da minha boca.
Prometo-te o mel na minha mão que te toca.
Prometo-te o céu por cima da tua cama,
Flores e rendas para que as tuas noites sejam doces.

Prometo-te a chave dos segredos da minha alma.
Prometo-te a minha vida dos meus risos às minhas lágrimas.
Prometo-te o fogo em vez das armas,
E nunca adeus, apenas até breve.

Acredito nisso como acredito na terra, acredito nisso como acredito no sol.
Acredito nisso como acredito na criança, como podemos acreditar no céu.
Acredito nisso como acredito na tua pele, nos teus braços que me abraçam.
Prometo-te uma história diferente das outras,
se me ajudares a acreditar ainda.

Prometo-te dias tão azuis como as tuas veias.
Prometo-te noites vermelhas como os teus sonhos,
Horas incandescentes e minutos brancos,
Segundos insaciados ao ritmo das tuas ancas.
Prometo-te os meus braços para levar as tuas angústias.
Prometo-te as minhas mãos para tu as beijares.
Prometo-te os meus olhos se já não podes ver,
Prometo-te ser feliz, se já não tens esperança.

Acredito nisso como acredito na terra, acredito nisso como acredito no sol.
Acredito nisso como acredito na criança, como podemos acreditar no céu.
Acredito nisso como acredito na tua pele, nos teus braços que me abraçam.
Prometo-te uma história diferente das outras,
Preciso tanto de acreditar ainda.

E mesmo se não for verdade, se te fizeram demais,
Se as palavras são usadas como escritas com giz.
Fazem-se grandes fogos esfregando pedras,
Talvez com o tempo e de tanto acreditar,
Podemos experimentar para ver.
E mesmo se não for verdade, mesmo se minto,
Se as palavras são usadas, leves como o vento.
E mesmo se a nossa história termina de manhã,
Prometo-te um momento de febre e de doçura,
Não toda a noite mas algumas horas.

Prometo-te o sal no beijo da minha boca.
Prometo-te o mel na minha mão que te toca.
Prometo-te o céu por cima da tua cama,
Flores e rendas para que as tuas noites sejam doces."

Filosofia de vida

TODA MULHER DEVERIA TER...
Um velho amor que ela pudesse recordar e alguém que se lembrasse dela como uma pessoa especial.
Dinheiro próprio para poder ter um lugar só dela mesmo se ela nunca quiser ou precisar ir até lá.
Uma roupa perfeita para usar se o chefe ou o namorado pedir que ela esteja pronta em uma hora.
Uma juventude que ela tenha deixado pra trás com satisfação, um passado interessante que a permita revivê-lo quando for mais velha.
A percepção de que ela realmente terá uma velhice com algum dinheiro guardado.
Um jogo de chaves de fenda, uma furadeira sem fio e um sutiã preto de renda.
Uma amiga que sempre a faça sorrir e outra que a permita chorar.
Um lindo móvel que não tenha sido herdado de ninguém da família, oito pratos iguais, copos altos de vinho e uma receita que faça com que seus convidados sintam-se honrados.
Um recomeço que não seja desrespeitado, uma sensação de controle sobre seu destino, cuidado com a pele e com o corpo para contrabalançar outros poucos aspectos da vida que Não melhoram após os 30.
Uma carreira sólida, um bom relacionamento e tantos outros aspectos que melhoram após os 30.

TODA MULHER DEVERIA SABER...
Como se apaixonar sem se perder.
Como ela se sente com filhos.
Como sair de um emprego, terminar um romance e discutir com uma amiga, sem destruir o relacionamento.
Quando insistir e quando desistir.
Como divertir-se numa festa onde não queria estar.
Como pedir o que quer de maneira que sinta que irá conseguir.
Que ela não pode mudar o comprimento de suas panturrilhas, a largura de seus quadris e nem o temperamento de seus pais.
Que sua infância pode não ter sido perfeita, mas já passou.
O que ela faria ou não por um amor.

Como viver sozinha, mesmo que não goste.
Em quem pode confiar, em quem não confiar e por que ela não poderia resolver pessoalmente.
Onde ir.
Ficar com sua melhor amiga na mesa da cozinha ou em uma pousada na floresta, quando sua alma precisa se acalmar.
O que ela pode ou não pode realizar em um dia, um mês e um ano.


Se todo mau emprego que tive em minha vida tivesse me rendido um texto desse, eu seria uma sábia. O colégio que me empregou por dois meses (e onde recebi o material acima) já não existe mais. E, sim, foi praga minha.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Talvez assim, todos entendam...

...por que tudo precisava virar de ponta-cabeça. Mesmo porque, não explico pra mais ninguém.

Morre Lentamente

Pablo Neruda
Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Três grandes amores da minha vida: azul, estrelas e borboletas.


Passa Uma Borboleta

Fernando Pessoa
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

Só porque tem que ser

Por Enquanto

Renato Russo

Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa
Aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre
Sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar
O que ficou
Quando penso em alguém
só penso em você
E aí, então
Estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa

terça-feira, setembro 09, 2008

Da Cláudia Letti.

"Sempre penso que amor, tal perfume, depende da pele onde se espalha e do temperamento de quem usa."

Texto integral aqui.

Como é alguém adormece às quatro da madrugada...

...acorda às oito por solicitações de ‘clientes’ (não é nada disso que você está pensando, e, só por isso, eu não conto o que é) e se sente assim?

O QUE É O QUE É?
Gonzaga Júnior (Gonzaguinha)

E a vida?
E a vida o que é diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é o que é , meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
é uma gota, é um tempo que nem dá num segundo.
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
é o sopro do Criador, numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer, ele diz que a vida é viver,
ela diz que o melhor é morrer pois amada não é e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça e na moça eu ponho a força da fé,
somos nós que fazemos da vida, como der ou puder ou quiser,
sempre desejada,
por mais que seja errada,
ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
e a pergunta rola, e a cabeça agita,
fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita.
Viver e não a vergonha de ser feliz.
Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz.
Eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita.


Ai que saudade do coral da Universidade! Que bom que há uma banda no meio do caminho.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Melhores amigos...

...não precisam de muitas palavras para se entender. A minha amiga K., há muitos e muitos anos, previu exatamente minha trajetória de vida. Como? Ela simplesmente me disse que essa era a minha música:

Bandolins

Como fosse um par que nessa valsa triste se desenvolvesse ao som dos bandolins

e como não
E por que não dizer
que o mundo respirava mais se ela apertava assim seu colo
e como se não fosse um tempo
em que já fosse impróprio se dançar assim
ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando ao som dos bandolins

Como fosse um lar seu corpo a valsa triste iluminava e a noite caminhava assim
e como um par
o vento e a madrugada iluminavam a fada do meu botequim
valsando como valsa uma criança que entra na roda a noite tá no fim,
e ela valsando só na madrugada se julgando amada ao som dos bandolins

Amor, ninguém explica


Dirty Dancing OST

Big Girls Don't Cry

Big girls don't cry
Big girls don't cry

Big girls don't cry-yi-yi (they don't cry)
Big girls don't cry (who said they don't cry?)
My girl said goodbye-yi-yi (my oh my)
My girl didn't cry (I wonder why)

(Silly boy) told my girl we had to break up
(Silly boy) hoped that she would call my bluff
(Silly boy) then she said to my surprise

"Big girls don't cry"

Big girls don't cry-yi-yi (they don't cry)
Big girls don't cry (who said they don't cry?)

(Maybe) I was cru-u-uel (I was cruel)
Baby I'm a fool (I'm such a fool)

(Silly girl) "Shame on you" your mama said
(Silly girl) "Shame on you, you're cryin' in bed"
(Silly girl) "Shame on you, you told me lies"

Big girls do cry

Big girls don't cry-yi-yi (they don't cry)
Big girls don't cry (that's just an alibi)
Big girls don't cry
Big girls don't cry

Big girls don't cry
Big girls don't cry
Big girls don't cry


Essa foi a primeira OST que voltei a procurar. Não se vive sem o som batida do próprio coração.

domingo, setembro 07, 2008

Nada pessoal

Do fundo do meu coração

Eu, cada vez que vi você chegar,
Me fazer sorrir e me deixar
Decidido, eu disse nunca mais
Mas, novamente estúpido provei
Desse doce amargo quando eu sei
Cada volta sua o que me faz
Vi todo o meu orgulho em sua mão
Deslizar, se espatifar no chão
Vi o meu amor tratado assim
Mas, basta agora o que você me fez
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca pra mim
Mais uma vez aqui
Olhando as cicatrizes desse amor
Eu vou ficar aqui
E sei que vou chorar a mesma dor
Agora eu tenho que saber
O que é viver sem você
Eu, toda vez que vi você voltar,
Eu pensei que fosse pra ficar
E mais uma vez falei que sim
Mas, já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim
Mais uma vez aqui
Olhando as cicatrizes desse amor
Eu vou ficar aqui
E sei que vou chorar a mesma dor

Se você me perguntar se ainda é seu
Todo o meu amor, eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim
Mas, já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim


Eu, ao contrário de minha mãe, nunca fui grande fã de Roberto. Mas hoje, no meu batismo de fogo, certas músicas começaram a fazer um certo sentido. Lembro nitidamente do quanto a letra dessa música me impressionou, quando foi lançada, há muito, muito tempo.

sábado, setembro 06, 2008

Ruminando

Interessantes as estranhas companhias que escolhemos para partilharem a estrada conosco. Dos últimos dez anos, certas variáveis permaneceram. Harry Potter está aqui ao meu lado, nesse exato instante, embaixo dos 'Sonetos' de Shakespeare, ao lado das oito temporadas de CSI, próximo a uma agenda do Batman.
É o que sobra. Tudo passa em minha vida. Meus personagens permanecem. Sempre.

Certo. Ninguém entendeu nada. E daí? Ninguém mesmo lê isso aqui. Quem lê, entende.

E terminei assim!

I feel fine and I feel good
I feel like I never should

Whenever I get this way, I just don’t know what to say
Why cant we be ourselves like we were yesterday
I’m not sure what this could mean
I don’t think you’re what you seem
I do admit to myself
That if I hurt someone else
Then wed never see just what were meant to be
Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I’m waiting for that final moment
You’ll say the words that I can’t say
(Bizarre Love Triangle)

Deus abençoe o momento em que eu resolvi sair de casa hoje! Tchau que eu tenho que descansar a voz pra amanhã (e aprender umas três letras do repertório).

Comecei a tarde assim...

Porto Solidão

Se um veleiro repousasse na palma da minha mão
Sopraria com sentimento e deixaria seguir sempre
Rumo ao meu coração, meu coração
A calma de um mar que guarda pra amanhã ossegredos
De versos naufragados e sem tempo
Rimas, de ventos e velas vida que vem e que vai
A solidão que fica e entra
Me arremessando contra o cais
Tentando sobreviver à minha perda final. Em seis meses eu perdi 15 quilos, um emprego, a profissão, um casamento de sete anos, toda (eu disse toda) minha família e meu HD (com todas as fotos de minha vida, minhas músicas e muitos, muitos textos). Não me peçam detalhes. Ouvindo a trilha sonora de um episódio de CSI (claro, os episódios mais raros também se foram com o HD), encontrei isso.

"And if I only could,
Make a deal with God,
And get him to swap our places,
Be running up that road,
Be running up that hill,
With no problems."
(Running up that hill, Placebo)

Estou encerrando isto. Não que ache que vá fazer falta. That's all.