terça-feira, junho 30, 2009

'I will be chasing a starlight until the end of my life'

Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando não percebi 'Starlight' quando ouvi 'Black Holes ans Revelations' do Muse. Teclando com Vicky, ela contou que quando Mathew Belami (é assim que se escreve, Vi?) começar a tocar 'Starlight' no show, ela não responde por si. Assino embaixo!

Far away/ This ship has taken me far away/ Far away from the memories/ Of the people who care if I live or die

THE Starlight/ I will be chasing a starlight/ Until the end of my life/ I don't know if it's worth it anymore

Hold you in my arms/ I just wanted to hold you in my arms

My life/ You electrify my life/ Let's conspire to ignite/ All the souls that would die just to feel alive

I'll never let you go/ If you promise not to fade away/ Never fade away

Our hopes and expectations/ Black holes and revelations/ Our hopes and expectations/ Black holes and revelations

Hold you in my arms/ I just wanted to hold you in my arms

Far away/ This ship has taken me far away/ Far away from the memories/ Of the people who care if I live or die

I'll never let you go/ If you promise not to fade away/ Never fade away

Our hopes and expectations/ Black holes and revelations/ Our hopes and expectations
Black holes and revelations

Hold you in my arms/ I just wanted to hold you in my arms/ I just wanted to hold


A propósito, passei a gostar do CD inteiro. Como gosto pode mudar de um mês pra outro! Eu respeitei quando soube que a série 'Crepúsculo' foi escrita ao som de Muse, mas só gostava de 'Unintended' naquela época porque é A canção GSR perfeita. Depois 'Invicible' entrou na lista (também por causa de Grissom e Sara), Vicky falou de 'Butterflies e Hurricanes' e eis mais uma fã do Muse. Vejamos se eu fico rica como Meyer escrevendo ao som deles.

***
Na verdade, anônimo leitor, eu não estou me importando muito se terei um público fiel. Veja que eu não tenho contador de acessos aqui. Sei que quase ninguém comenta, mas muita gente poderia acessar, certo? Não quero saber. Não escrevo nem faço mais nada esperando a opinião alheia favorável à minha pessoa. Muito Fal, eu sei.

Falar em Fal é lembrar de Suzi, que citou Picasso muito propriamente um dia desses: "Nunca fiz nada pra agradar ao público, não vou começar depois de velho". Coisa de artista? talvez, mas eu lembro que Fal é uma escritora bem sucedida, Suzi é uma designer fantástica de bijoux e nem vou dizer quem era Picasso (embora não seja meu estilo de pintura)


'I will be chasing a starlight/ Until the end of my life...'

domingo, junho 21, 2009

No WMP

Segundo Paula Toller, 'Nerds gostam de ficção científica e quadrinhos porque não se relacionam com o mundo real, e sim com o futuro que projetam'. Tá, e os geeks dever ser ainda piores, certo?

(Falar em geek me dá um aperto no coração. Saudade de Grissom. *suspiro*)

Recomendadíssimo: 'Nosso', da Paula Toller. Ainda não escolhi minha faixa predileta, mas no espírito do dia, aí vai:

'Eu quero ir pra rua'

Eu vou à cidade hoje à tarde
Tomar um chá de realidade e aventura
Porque eu quero ir pra rua
Eu quero ir pra rua
Tomar a rua

Não mais
Não mais aquela paúra
De ser encarcerada pra ficar segura

Já cansei de me trancar
Vou me atirar
Já cansei de me prender
Quero aparecer
Aparecer, aparecer

Eu sou da cidade e a cidade é minha
Na contramão do surto de agorafobia
Agora eu quero ir pra rua
Porque eu quero, quero ir pra rua

Levar
A dura de cada dia
Sair da minha laia, chegar na sua

Eu vou à cidade sem compromisso
Tomar um chá, um chá de sumiço no olho da rua
Porque eu quero ir pra rua
Eu só quero ir pra rua
Olhar a rua

Tomar, bem que se podia, ar fresco
Topar Banksy a pintar afrescos

Já cansei de me trancar
Vou me atirar
Já cansei de me prender
Quero aparecer
Aparecer, aparecer, desaparecer ...


Quem encontrar o texto em francês lido pelo backvocal, eu agradeço! Não está nem no site oficial. :(

Ah, porque...



'The temptress', by Jack Vettriano

(Precisa por quê? Tá, em homenagem a 'Glass', que música tão linda!)

terça-feira, junho 16, 2009

Idéia Genial

Eu me lembro da primeira vez que li sobre como conviver com deficientes. Era um cartaz, afixado na parede de uma clínica pública onde fui fazer um exame. Explicava que a cadeira de rodas é uma extensão da pessoa, que dizer 'ver' e 'enxergar' diante de um deficiente visual não é ofensa, que quem não escuta precisa ver seus lábios, etc. Eu tinha uns onze ou doze anos e não me ensinaram isso na escola.

Eu sei que muita coisa não se aprende na escola, mas a minha escola tem um curso técnico de Economia Doméstica e 'Etiqueta' é matéria obrigatória. Na minha época de aluna, o máximo de atenção que se deu ao assunto foi avisar que não é deselegante um canhoto inverter o uso dos talheres e a posição dos copos. Talvez tenham falado mais que isso e eu não prestei atenção, mas acho improvável. Minha nota foi alta na matéria. Posso ter esquecido desde então e lembrar justamente disso porque sou canhota.

De lá pra cá, eu convivi com muitos deficientes e aquele cartaz me ajudou (muito!). Trabalhei num colégio que dá aulas de diversos esportes para deficientes e era referência no Estado de Pernambuco. Eles faziam piadas incríveis como na vez em que examinei toda a equipe de natação (composta de deficiente visuais): 'Doutora, pode examinar todo mundo ao mesmo tempo. Ninguém vai olhar'. Era um exame dermatológico e eu ri durante toda a consulta. Até hoje me lembro de como esses deficientes físicos e mentais se mostravam à vontade com suas limitações.

O que eu não conseguia achar era literatura ensinando COMO conviver com eles. Comecei a estudar LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais) há pouco por causa de três pacientes meus, irmãos, que dependem de uma intérprete para consultas. Na faculdade, vi um paciente cardíaco que não sabia ler nem escrever, nem sabia LIBRAS. A própria família não se comunicava adequadamente com ele. Imagine colher uma história médica assim!

Numa outra ocasião, atendi uma deficiente auditiva, grávida e abortando após uma queda. A mãe saiu pra conseguir um transporte, a emergência estava um caos e só depois da expulsão do feto eu percebi os desenhos na camisa dela, indicando palavras com mãozinhas. Na época, eu sabia um pouco (muito pouco) da LIBRAS e sinalizei 'Você fala?'. Ela disse 'Sim'. Saí correndo atrás do cartão com o alfabeto manual e pedi pra batizar a criança, que estava morrendo. Foi minha máxima comunicação com um deficiente auditivo. A mãe dela voltou e comentou 'É, ela sabe fazer uns sinais pra falar com a professora'.

Onde moro, há um colégio que dá aula da LIBRAS. Estou esperando abrir uma turma e enquanto isso, encontrei algumas apostilas nas bancas pro caso de aparecer outro paciente (aqueles irmãos moram na antiga área que eu trabalhava). Sei que a maioria das pessoas não convive rotineiramente com deficientes, mas todo mundo conhece alguém, já viu alguém ou sabe de alguém que conhece um deficiente. Se você vai receber um deficiente em casa, agora existe um livro em português orientando como fazê-los sem gafes: “Vai Encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com deficiência”, de Cláudia Matarazzo. Não li ainda, mas já estou indicando.

P.S.: Sim, tem o marcador 'Economia Doméstica' porque na minha escola técnica dão aula de etiqueta. Você nem imagina o quanto economiza ser educado.

segunda-feira, junho 15, 2009

'Existo porque insisto'

Li isso no Balaio Porreta, em 'Frases de caminhão'. Eu poderia parafrasear o gênio que escreveu isso e o filósofo Descartes na seguinte frase: 'Insisto, logo existo'. A recíproca também é verdadeira.

De fato, a insistência e a persistência andam de mãos dadas. É certo que existe uma linha muito tênue entre persistência e teimosia, mas fazer o quê? Cada dia me traz uma revelação, um sinal que não estou tão só nesse mundo. Acabo de descobrir William Faulkner e a vida ficou maior. Não era só Sidney Sheldon que falava com os personagens, sabe? Charles Dickens também. Faulkner baseou-se em pessoas e lugares reais para criar seu mundo imaginário e ganhou um Nobel de Literatura com isso.

Acho que está na hora de começar algo pro resto do mundo ler.

***
Eu indico: Ofício Literário. Para aspirantes a escritores, solitários que escrevem para si e autores publicados (nem que seja na internet). Eis um exemplo:

Decálogo do perfeito contista
In Conto on 27/11/2007 at 19:56
De Horacio Quiroga

I – Crê em um mestre – Poe, Maupassant, Kipling, Tchecov – como em Deus.

II – Crê que tua arte é um cume inacessível. Não sonhes alcançá-la. Quando puderes fazê-lo, conseguirás sem ao menos perceber.

III – Resiste o quando puderes à imitação, mas imite se a demanda for demasiado forte. Mais que nenhuma outra coisa, o desenvolvimento da personalidade requer muita paciência.

IV – Tem fé cega não em tua capacidade para o triunfo, mas no ardor com que o desejas. Ama tua arte como à tua namorada, de todo o coração.

V – Não comeces a escrever sem saber desde a primeira linha aonde queres chegar. Em um conto bem-feito, as três primeiras linhas têm quase a mesma importância das três últimas.

VI – Se quiseres expressar com exatidão esta circunstância: “Desde o rio soprava o vento frio”, não há na língua humana mais palavras que as apontadas para expressá-la. Uma vez dono de tuas palavras, não te preocupes em observar se apresentam consonância ou dissonância entre si.

VII – Não adjetives sem necessidade. Inúteis serão quantos apêndices coloridos aderires a um substantivo fraco. Se encontrares o perfeito, somente ele terá uma cor incomparável. Mas é preciso encontrá-lo.

VIII – Pega teus personagens pela mão e conduza-os firmemente até o fim, sem ver nada além do caminho que traçastes para eles. Não te distraias vendo o que a eles não importa ver. Não abuses do leitor. Um conto é um romance do qual se retirou as aparas. Tenha isso como uma verdade absoluta, ainda que não o seja.

IX – Não escrevas sob domínio da emoção. Deixe-a morrer e evoque-a em seguida. Se fores então capaz de revivê-la tal qual a sentiu, terás alcançado na arte a metade do caminho.

X – Não penses em teus amigos ao escrever, nem na impressão que causará tua história. Escreva como se teu relato não interessasse a mais ninguém senão ao pequeno mundo de teus personagens, dos quais poderias ter sido um. Não há outro modo de dar vida ao conto.

Este decálogo foi publicado em julho de 1927, na revista argentina Babel. No Brasil foi reproduzido num belo livrinho (Horacio Quiroga: decálogo do perfeito contista. São Leopoldo: UNISINOS, 1999), em que dez contistas brasileiros renomados se arriscam a comentar e decifrar as intenções do mestre, entre os quais Charles Kiefer, Hélio Pólvora, Roberto Gomes e Sônia Coutinho.

terça-feira, junho 09, 2009

Por e-mail

Leia o que Oprah Winfrey tem a dizer sobre os homens:

-Se um homem quer você, nada pode mantê-lo longe.
-Se ele não te quer, nada pode faze-lo ficar.
-Pare de dar desculpas (de arranjar justificativas) para um homem e seu comportamento.
-Permita que sua intuição (ou espírito) te proteja das mágoas.
- Para de tentar se modificar para uma relação que não tem que acontecer.
-Mais devagar é melhor. Nunca dedique sua vida a um homem antes que você encontre o que realmente te faz feliz.
-Se uma relação terminar porque o homem não te tratou como você merecia, "foda-se, mande pro inferno, esquece!", vocês não podem "ser amigos". Um amigo não destrataria outro amigo.
-Não conserte.
-Se você sente que ele está te enrolando, provavelmente é porque ele está mesmo. Não continue (a relação) porque você acha que "ela vai melhorar"
-Você vai se chatear daqui um ano por continuar a relação quando as coisas ainda não estiverem melhores.
-A única pessoa que você pode controlar em uma relação é você mesma.
-Evite homens que têm um monte de filhos, e de um monte de mulheres diferentes. Ele não casou com elas quando elas ficaram grávidas, então, porque ele te trataria diferente?
-Sempre tenha seu próprio círculo de amizade, separadamente do dele.
-Coloque limites no modo como um homem te trata. Se algo te irritar, faça um escândalo.
-Nunca deixe um homem saber de tudo. Mais tarde ele usará isso contra você.
-Você não pode mudar o comportamento de um homem. A mudança vem de dentro.
-Nunca o deixe sentir que ele é mais importante que você... mesmo se ele tiver um maior grau de escolaridade ou um emprego melhor.
-Não o torne um semi-deus.
-Ele é um homem, nada além ou aquém disso.
-Nunca deixe um homem definir quem você é.
-Nunca pegue o homem de alguém emprestado..
-Se ele traiu alguém com você, ele te trairá.
-Um homem vai te tratar do jeito que você permita que ele te trate.
-Todos os homens NÃO são cachorros.
-Você não deve ser a única a fazer tudo... compromisso é uma via de mão dupla.
-Você precisa de tempo para se cuidar entre as relações. não há nada precioso quanto viajar. veja as suas questões antes de um novo relacionamento.
-Você nunca deve olhar para alguém sentindo que a pessoa irá te completar... uma relação consiste de dois indivíduos completos.. procure alguém que irá te complementar.. não suplementar.
-Namorar é bacana. mesmo se ele não for o esperado Sr. Correto.
-Faça-o sentir falta de você algumas vezes... quando um homem sempre sabe que você está lá, e que você está sempre disponível para ele - ele se acha...
-Nunca se mude para a casa da mãe dele. Nunca seja cúmplice (co-assine) de um homem.
-Não se comprometa completamente com um homem que não te dá tudo o que você precisa. Mantenha-o em seu radar, mas conheça outros...
-Compartilhe isso com outras mulheres e homens (de modo que eles saibam). você fará alguém sorrir, outros repensarem sobre as escolhas, e outras mulheres se prepararem.
-Dizem que se gasta um minuto para encontrar alguém especial, uma hora para apreciar esse alguém, um dia para amá-lo e uma vida inteira para esquecê-lo.
-O medo de ficar sozinha faz que várias mulheres permaneçam em relações que são abusivas e lesivas: Dr. Phill
-Você deve saber que você é a melhor coisa que pode acontecer para alguém e se um homem te destrata, é ele que vai perder uma coisa boa.
-Se ele ficou atraído por você à primeira vista, saiba que ele não foi o único.
-Todos eles estão te olhando, então você tem várias opções. Faça a escolha certa.

Ladies, cuidem bem de seus corações... "



'Long time Gone', by Jack Vettriano.

Do Balaio Porreta

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS UNIVERSAIS DA MULHER
Ilma Fontes
[ in Saciedade dos Poetas Vivos/VIII & Blocos ]

Toda mulher tem o direito de pensar por si mesma
sem precisar concordar com tudo que já foi dito.
Toda mulher tem o direito de menstruar em paz
sem precisar dar explicações a ninguém.
Toda mulher tem o direito de ser alguém, com idéias próprias
e ser dona do seu destino e do seu silêncio.
Toda mulher tem o direito de dizer bobagens e cometer erros
sucessivos até acertar, na poesia ou na vida.
Toda mulher tem o direito a comer o pão que o diabo amassou
desde que seja por amor.
Toda mulher tem o direito de ser querida, ao menos uma vez na vida
e de ouvir “eu te amo”, mesmo que seja mentira.
Toda mulher tem o direito de tentar e realizar, querer e fazer,
casar e descasar, experimentar e ousar.
Toda mulher tem o direito de decidir se tem ou não um filho
Principalmente antes de fazê-lo.
Toda mulher tem o direito pleno e absoluto do seu corpo
podendo inclusive envelhecer com ou sem cirurgia plástica.
Toda mulher tem o direito aos seus cabelos brancos,
mesmo que os pinte.
Toda mulher tem direito a ter medo de cobra, aranha,
barata, rato e fotógrafos.
Toda mulher tem direito ao recato de não precisar
expor seus segredos.
Toda mulher tem direito a ter segredos.
Toda mulher tem o direito de dizer Não, seja ao marido,
à amiga ou ao patrão.
Toda mulher tem direito a ter um caso de amor,
seja lá com quem for.
Toda mulher tem direito a gostar de seda e cetim,
de vinho, whisky, vodka ou gim.
Toda mulher tem direito a uns quilinhos a mais nos quadris.
Toda mulher tem direito a “fechar” o trânsito,
desde que seja funcionária do Detran.
Toda mulher tem direito a gastar mais do que pode, uma vez por ano.
Toda mulher tem direito a férias de si mesma, para o seu próprio bem
e dos outros também.
Toda mulher tem direito a uma cama macia, em boa companhia,
seja de noite ou de dia.
Toda mulher tem o direito de sonhar.
Toda mulher tem o direito de ser única.
Revogam-se as disposições em contrário.

sexta-feira, junho 05, 2009

Honestidade

Finalmente eu assinei meu contrato de prestação de serviços com a prefeitura do município onde estou trabalhando. Pela primeira vez, em oito anos de PSF, eu vi escrito que o contrato não me dá direito a nada e que eu posso sair quando quiser, sem pegar uma multa. Preto no branco. Sem direito a direitos trabalhistas e mantida com aquele salário por causa do Governo Federal que repassa a verba.

Eu já sabia disso, mas muitos dos meus colegas não sabem. As pessoas ainda não acreditam quando eu digo que minha carteira de trabalho nunca foi assinada e que u não tenho direitos. Aquele deputado descobriu a América ao constatar que 80% dos vínculos empregatícios na área médica são assim. Pelo menos esse município avisa claramente, não faz como certa prefeitura onde trabalhei quando recém-formada. 'Poderão ser atribuídos ao contratado os mesmos direitos dos funcionários concursados em cargo igual ou equivalente' significou receber os direitos enquano a secretária de saúde era uma profissional de saúde decente. Quando ela foi demitida e colocaram alguém da família do prefeito, deixamos de ter os mesmos direitos.

Não, anônimo leitor, não tente entender. Meu sindicato começou a se mexer no ano passado porque chegamos ao limite. Se você tem alguém que pensa em fazer Medicina, eu recomendo que a pessoa leia o antigo blog e os posts desse aqui, com o marcador 'ser médica'. Não pretendo desestimular, mas não quero que ninguém quebre a cara, imaginando que as pessoas ainda respeitam a nobre arte. Bom, algumas ainda respeitam, mas são poucas.

(Quando o sindicato resolver a questão dos vínculos empregatícios, eu acerto as contas com eles. Na época do contrato onde estava escrito 'poderão', eles nem se mexeram.)

Saudades

“Em última análise, parece-me que deviamos ler apenas livros que nos mordam e firam. Se o livro que estamos a ler não nos desperta violentamente como uma pancada na cabeça para que nós havemos de nos dar o trabalho de o ler? Um livro tem que ser como a picareta para o mar gelado dentro de nós. É isto que penso.”

(Franz Kafka em Carta a Pollak)

***
Fal citou este comentário e eu assino embaixo! Meu querido e muito amado 'O Leitor' não durou duas semanas em minha mão. Foi o segundo livro que eu perdi na vida e estou louca de saudades dele. Gostei tanto que não tive temo de arranjar lugar na estante para ele: morou em minha bolsa até o dia de nossa separação.

Preciso desesperadamente de outro (e já ia comprar um pra quem me indicou o filme), porque é um livro que morde e fere, e certamente me despertou violentamente. De lembrança, ficou o marcador de Suzi, que espera paciente minha próxima ida ao Recife para se aninhar nas páginas do irmão gêmeo do livro amado.

Espero que esteja alegrando a vida de quem o encontrou ou que tenham entregue em alguma biblioteca. Aquele livro merece.

***
Aliás, adorei esse outro blog da Fal.

(Onde essa mulher arranja tempo, Deus? onde ela compra tempo aceitam aquele cartão de crédito que eu só uso em situações especiais?)

Citando a mesma (o grifo é meu):
'Acho sim, que a gente paga um preço alto demais (hahaha, olha eu me botando na sua turma, como se à sua altura estivesse), acho mesmo, mas a consciência, Lyrão e eu chegamos a esta conclusão, é um caminho sem volta. Talvez seja arrogância falar isso. Tudo bem, é arrogância. Mas quer saber? Dane-se. Eu não vou nunca mais pedir desculpa pelas minhas qualidades, só pelos meus defeitos (o que, convenhamos, ocupa boa parte das minhas escassas horas de vida). E sugiro aos chatinhos de plantão que, em vez de se cutucarem no msn pra dizer “Ih, lá vem a Fal de novo”, pura e simplesmente parem todos, por favor, todos, de falar comigo e de, principalmente, ouvir o que eu tenho a dizer'.

Sem mais.

quinta-feira, junho 04, 2009

Continuação da novela

A tal idosa? Estava doente há DOIS dias antes das filhas exigirem minha presença. Só foi levanda à emergência do município no sábado. Isso prova que a enfermeira estava correta e eu também. Era um caso para internamento e não era uma emergência ('urgência' significa 'o mais brevemente possível', 'emergência' é 'IMEDIAMENTE'). A recém-nascida com 'possível pneumonia', a última que eu atendi naquele dia, estava mesmo com pneumonia e encontra-se internada num serviço de referência.

Na segunda-feira, fiquei sem enfermeira (que resolvia uma problemão de saúde na família) e claro que apareceu um menino com dor de ouvido às duas em ponto! Enquanto eu o atendia e orientava a mãe que quando isso acontecesse viesse mais cedo (elas terminam de fazer o almoço, arrumar a casa e, 'ah, o menino não melhorou, vou no posto'), chegou um casal com uma criança de braço que estava com febre desde a madrugada!!!! Eu avisei que atenderia porque não deixo ninguém com dor ou febre voltar sem atendimento, mas que nem deveria estar ali àquela hora (o motorista do carro está tão acostumado aos atrasos que era só eu naquele dia e ele só apareceu às quinze pras três). Pois o pai da criança disse que se eu estava ali era pra atender. Avisei que estava examinando outro paciente, que a técnica de enfermagem ia medicar logo a criança pra ir baixando a febre. Quando terminei a consulta, cadê o povo?

'A mãe disse que dipirona oral não baixa a febre da menina e foram embora', disse a técnica. OK, escrevi tudo isso na ficha e fui-me embora. A secretária de saúde havia conversado comigo nesta segunda-feira (de manhã cedo), concordado que a situação de sexta-feira precisava de solução e conseguiu alguém pra fazer meu transporte todas as sextas-feiras de agora por diante. O motorista regular só trabalha quatro dias, a enfermeira e a dentista vão comigo na sexta-feira mas pegam uma carona mais cedo, por isso eu fico (ou ficava)dependendo do ônibus dos estudantes.

Como eu argumentei, daquela vez não era uma emergência, mas se fosse, eu TERIA que ficar com o paciente. Nunca me omiti a socorrer alguém. Só me recuso a ser explorada.

Em tempo: peguei o livro de ponto e contei. Foram 13 horas extras em um mês. Tenha certeza, anônimo leitor, que eu quero essas horas. Se não vão me pagar (e não vão mesmo), eu tenho direito a duas folgas. E vou tirá-las. Posso aproveitar para ver Vicky antes que ela vá embora e eu fique aqui, curtindo CSI só com Grissom's Girl. À distância, bem entendido.