quarta-feira, janeiro 04, 2023

Há três semanas, eu me sentia "efervescente como um copo de Coca-cola". Não estou mais assim, deprimi um pouco e só percebi porque estou usando um aplicativo brasileiro, gratuito, para monitorar os sintomas do transtorno bipolar chamado Estabiliza. Você consegue monitorar as variações de humor dia a dia, além de ser avisado da hora das medicações, dia de consulta, o que está comendo, quantas horas dormiu, a qualidsde do sono, o ciclo menstrual, atividades físicas, quanto de luz do sol você tomou por dia e suas atividades sociais. Recomendo!

sábado, dezembro 31, 2022

quarta-feira, dezembro 28, 2022

Saudades daqui

Eu sei: sumi por cinco anos. Muita coisa aconteceu desde então. Adoeci mais uma vez por causa do trabalho, pedi demissão novamente. Resolvi não trabalhar mais para os Mais Médicos porque, quando adoeci, me disseram que eu me desligasse ou eles fariam isso por mim. Isso mesmo: o contratado do Mais Médicos não pode se afastar por motivo de doença. Se eles lhe desligarem, você não pode voltar ao programa depois. Eu não queria mais aquilo pra minha vida. O problema é que as prefeituras em Pernambuco não contratavam mais, só queriam médicos pelo Mais Médicos para não pagarem salário. Eu coloquei meu currículo em uma agência de empregos e esperei, esperei. Finalmente, alguém de Santa Catarina me respondeu. Sem outras possibilidades, eu aceitei cruzar o país com duas malas e uma mochila, sem casa alugada, para uma cidadezinha chamada Irani, de dez mil habitantes. Aimée ficou com mamãe. Fui muito bem recebida e me avisaram que, em três meses, haveria concurso. O lugar é um sonho: medicamentos à vontade, equipe motivada, etc, etc. Fiz o concurso e estou aqui desde então. Passei três anos sem descompensar! Esse ano, recomeçou. Ficou tão sério que a secretária de saúde interveio e resolveram me internar. Um absoluto pesadelo, ficar internada, mas melhorei. Agora estou de volta, muito melhor. Essa na foto é Maitê.

segunda-feira, outubro 02, 2017

Casa nova!

Finalmente consegui me mudar pra minha casinha. Tem exatamente um mês que durmo num colchão no chão, não tenho armário nenhum e Aimée descobriu que existem outros cachorros e aprendeu a latir pra todos que passam. Nada de tanque pra lavar roupa (acidentes de reforma), sem varal, as plantas ainda esperando lugar definitivo por falta de grana, roupas nas malas, mas agora posso fazer tudo em definitivo!!!

Quem pinta uma casa de bege pra vender?

Agora, com personalidade (nem que seja a da Barbie)

O número mais bonito da quadra

E as novas moradoras!

Obrigada aos vizinhos que fizeram a mudança por mim e me receberam na casa nova!!!!

sexta-feira, maio 26, 2017

FINALMENTE!

Desde os seis anos que eu sonho em ter meu canto. Há até bem pouco tempo, eu não sabia se esse sonho significava sair da casa da minha mãe, ter minha casa ou ambos. O fato é que eu demorei a sair de casa porque prometi a mim mesma que só sairia pra nunca mais voltar e a faculdade de Medicina não permitia ter um emprego estável. Saí assim que consegui colar grau. Depois de me mudar nove vezes desde então, entre apartamentos e casas, dei-me conta que, sim, queria uma casa minha. Quem lê esse blog sabe que eu gosto de cuidar de onde moro. Esta semana descobri que isso tem nome: 'nesting' (do inglês, fazer ninho). O curioso é que eu havia escolhido justamente esse nome pra minha futura casa, em francês: 'Nestlé'. Achei que seria apropriado quando encontrei a casa, há alguns meses. Fiz questão de algo pequeno, afinal, sou eu quem limpa e somos apenas eu e Aimée. Hora de encaixotar as coisas. Pela última vez.

Lá e de volta outra vez

Claro, eu tentei. Mas, depois que o Governo Federal lançou o 'Mais Médicos', as prefeituras não querem mais pagar aos médicos (ou pagam a metade do que antes). Passei um ano desempregada quando deixei o 'Mais Médicos'. Primeiro, porque estava descompensada devido àquela secretária de saúde que, como existe justiça, perdeu o emprego. A prefeita não foi reeleita, diga-se de passagem. Quando eu consegui emprego, numa cidade a 96 Km de casa, só passei 2 meses porque preferiram colocar alguém do 'Mais Médicos' 'apesar do excelente trabalho que a senhora está fazendo aqui, doutora...'. Palavra, foi a melhor equipe com a qual trabalhei. Ou talvez, porque não deu tempo de descobrir os defeitos.

Eu me rendi e me reinscrevi no programa. De cara, fui grossa com a secretária de saúde na entrevista inicial e tive que contar o meu problema. Ela saiu da sala por um tempão, depois me aprovou. Descobri tempos depois que ela falou com a supervisora chefe 'mas ela é bipolar!' e a chefe 'e daí?'. De lá pra cá, eu descompensei gravemente uma vez. Tão gravemente que chamei minha mãe. Eu, que nunca chamo ninguém. Três semanas em mania. O Inferno na terra. Acho que me vinguei por todos os anos da minha mãe, que também tem depressão, gritando comigo. E ela não respondeu nenhuma vez, graças às medicações dela. Coitada. A secretária de saúde só ligava pra saber quando eu voltava ao trabalho. Nunca perguntou se eu estava melhor.

Agora estou no outro extremo, mas sempre lidei melhor com a depressão. A maioria dos bipolares prefere a mania. Eu detesto. Geralmente tenho hipomania, fico 'alegrinha', acelerada e isso já me deixa agoniada. Parece que estou dirigindo em alta velocidade. Eu quero diminuir e não consigo. A mania é pura irritação. Horrível. Ainda bem que tive pouquíssimas crises ao longo da vida. Sou capaz de lembrar de todas, incluindo cada vexame. Sei, inclusive, a causa dessa última crise: a psiquiatra tirou o lítio do esquema a meu pedido. Minha acne piorou muito e isso estava acabando com minha auto-estima, e olha que eu não sou vaidosa. Achei que a causa fosse o lítio e ela concordou em suspender, iniciando outra medicação, que me deixa pra lá de lenta de raciocínio. A pele melhorou, a cabeça não. O jeito é voltar ao esquema antigo. Aliás, quem faz parte do esquema terapêutico há algum tempo é Aimée, muito prazer:


Por alguma razão, ela adora alface e coentro.

domingo, setembro 27, 2015

terça-feira, setembro 15, 2015

Devaneio


'New Summer in the Country', MICHAEL & INESSA GARMASH.

sexta-feira, setembro 11, 2015

Coisas Belas


"New The Allure", MICHAEL & INESSA GARMASH.

Nessas horas, e só nessas horas, eu queria saber pintar, fotografar, ou ter o dinheiro pra arrematar o quadro.

sábado, setembro 05, 2015

Do Facebook



(art by Michael and Inessa Garmach)

Não nasci para ser adequada,
coerente, adorável, nasci para ser gente,
para sentir de verdade.
Tenho vocação para transparências
e não preciso ser interessante o tempo todo.

Marla de Queiroz


sexta-feira, setembro 04, 2015

String Plants

Adeus, 'Mais Médicos'

No dia 22.07.15, a secretária de saúde do município onde eu estava lotada apareceu no posto, acompanhada da prefeita. Eu estava atendendo a portas fechadas e não vi o escândalo que armaram lá fora, humilhando a enfermeira e o resto da equipe. Depois vieram atrás de mim, cobrar pelas faltas dos dias da pós (que foram autorizadas pela própria secretaria!) e outras coisas que nem vale a pena explicar. Mesmo porque eu não consegui abrir a boca, porque era sempre interrompida e ainda fui taxada de insubordinada com a hierarquia. 'Quer saber de uma coisa? Eu estou saindo. Neste instante. Antes que eu me suicide'. Aí vem a prefeita, supostamente enfermeira, me dizer que eu pense direito.

Ainda passou-se um mês, comigo pedindo ao supervisor que me desligasse, e ele insistindo em me transferir. Eu sem conseguir o formulário de desligamento e lidando com a lentidão da burocracia em Brasília, até saber o que e pra onde enviar pra me ver livre. Espero que o pesadelo tenha terminado. Mesmo sem emprego, sem ter tido um paciente na clínica no mês de Agosto, ainda constando como 'ativa' naquela secretaria de saúde pavorosa, minha gastrite se foi. Um monte de coisas se foi. E não vão voltar.

sexta-feira, julho 24, 2015

Keep Calm

Ainda sem chorar

Ontem, voltei ao posto pra fechar a produção. A dor de ler a história de cada pessoa que atendi nos três últimos dias, de ver escrito 'retorno em...' e saber que essa pessoa não vai ter um médico para reavaliá-la quase acabou comigo. E eu não chorei, e meu estômago não doeu. Dessa vez, eu fiz meu trabalho, recolhi meu calendário pintado por pés e bocas, peguei o lanche que tinha esquecido no dia anterior e fui-me embora.

Hoje, eu limpei o mato da entrada que crescia há meses, pensando em alternativas de suicídio, investimento na clínica particular ou transferência pra outro município. Varri a casa. Troquei os lençóis da cama, tentei falar com o marceneiro pra instalar a porta do corredor que espera há meses, arquivei as contas, inaugurei a colcha de sofá que meu irmão comprou de encomenda pra mim, molhei as orquídeas, coloquei o lixo pra fora. Dormi, dormi, dormi. Organizei o fichário eletrônico dos pacientes da clínica, fiz a lista de tarefas pra amanhã, tomei meus remédios. Nada que indique uma descompensação.

Tudo que eu queria era ficar atendendo num sítio perto de casa. Outros querem ser grandes e famosos. É crime querer tão pouco?

quarta-feira, julho 22, 2015

Sem lágrimas

Hoje eu recolhi tudo e pedi transferência do município. Deixei bem claro à gestora do porquê, consegui ignorar a maioria das ironias, apesar de ficar tremendo, é só voltarei lá porque tenho que fechar a produção. Sem produção não tem salário. Depois, ocorreu-me que ambas foram propositalmente me interrogar sobre os dias que faltei por motivo de doença pra puxar assunto após assunto até acontecer o que aconteceu. Quem sabe é o que eu preciso pra enfrentar a clínica de uma vez.

O interessante é que eu não chorei nem uma vez.

segunda-feira, julho 13, 2015

Repita comigo


Já se foram oito quilos. Faltam...