sábado, dezembro 20, 2008

Porque não há descrição melhor

Segundo Vicky: 2008 terminou de forma bem diferente do que eu imaginava no começo. Pra ver que nem sempre o que a gente planeja é o melhor, não é? E só tenho a agradecer, muito. Muito mesmo.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Minúsculos

Então, eu terminei de ler ‘Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite’, de Fal Azevedo. E antes que você me pergunte que raios de título é esse, deixa eu comentar sobre o último livro com título aparentemente sem noção que eu me dispus a ler. Chamava-se ‘Vastas emoções e pensamentos imperfeitos’, de Rubem Braga. Estava na casa do meu pai e eu não tinha mais idade para censura, na visão de minha mãe. Lá se vão 20 anos, nessa brincadeira.

(Interessante é que eu mesma me censurava. Nada de evitar pornografia. Meu problema era com cenas intensas para a imaginação. ‘Tubarão’ só foi lido até os restos da primeira vítima serem encontrados. Até hoje lembro da descrição da moça percebendo que a própria perna não estava mais lá, a sensibilidade diminuída pela baixa temperatura da água a fez pensar que havia apenas batido numa pedra, mas o tubarão já havia feito ‘nhoc’, se vocês me entendem. Ainda fico enjoada quando lembro. E de lá pra cá o que eu vi e li de coisa assustadora não tem comparação, mas a sensação persistiu. Nunca mais procurei o livro.)

Detestei. Absolutamente detestei ‘Vastas emoções e pensamentos imperfeitos’. E gosto das crônicas do Rubem Braga. O livro é uma salada sobre uma viagem ao Velho Mundo, jóias, um milionário suspeito e fiz questão de esquecer o resto da história, além de gravar o nome de um dos piores livros que já li. Pra não correr o risco de ler de novo por engano.

Com esse histórico, eu deveria ter começado ‘Minúsculos Assassinatos’ mais ressabiada. O problema é que eu adoro a autora (e ela sabe disso). Não, a Fal não é uma amiga minha. Eu a conheci (e ao trabalho dela) devido à internet e a uma amiga que indicou o blog dela e de mais algumas escritoras. Há quatro anos, eu leio o ‘Drops da Fal’ e recomendo a todos que conheço. Com uma ressalva: esvazie a bexiga e não leia de boca cheia. Acidentes são altamente prováveis.

Às vezes, tenho absoluta certeza que meus vizinhos vão chamar a polícia. Em cada local que morei, quem estava por perto deve ter ouvido gargalhadas histéricas no meio da madrugada. A polícia nunca veio, mas eu continuo aguardando. Devidamente munida das receitas dos controlados, os telefones da psiquiatra e o mais recente atestado de doença sob controle.

(Alguém me apelidou na infância de ‘traça de livro’. Acho que foi minha mãe. É um termo bem preciso para o que costumo fazer com tudo que esteja escrito, seja livro ou rótulo de lata de leite em pó. Veríssimo certa vez escreveu que deve haver um nome para essa compulsão pela palavra escrita, mas ele ignora qual seja. Se alguém souber, por favor se pronuncie.

Poucas vezes eu soube ler algo devagar. Sempre me atirei tão sofregamente às publicações que invariavelmente preciso reler uma história várias vezes até absorvê-la por completo. Eu costumava dizer que terminava o livro sabendo quem era o assassino, mas sem saber como haviam descoberto o culpado, de tão ansiosa para chegar à última página. Ler em outras línguas me ajudou nesse processo de autodisciplina. Hoje em dia, eu leio menos e melhor. Mais devagar. Ou seja, quase na velocidade que os outros lêem.)

Recebi meu ‘Minúsculos’ na semana do meu aniversário. Na verdade, ganhei da mesma amiga que me indicou o blog da Fal. Completamente fora do meu modo habitual, eu demorei alguns dias para abrir o livro. A última vez que fiz isso foi com ‘Por um Fio’, do Dr. Dráuzio e quando comecei, terminei de me apaixonar pelo colega de profissão. Fiquei eternamente grata a quem me deu o livro de presente.

A dedicatória do livro me tirou a fala. O tema do livro me deixou perplexa. E a minha massagista sem entender nada, ela que virou admiradora de Fal de tanto me ouvir falar do blog, comentar sobre os posts e ler as crônicas dos outros livros durante as massagens. Deixei pra começar a leitura durante a massagem e não conseguia falar nada. Com a voz embargada. Precisei de mais dois dias pra passar da dedicatória.

(Eu não conheci Alexandre pessoalmente, mas lembro dele respondendo aos recados do LV no trabalho dele quando o PC de Fal pegou fogo ou coisa que o valha. Acho que Fal falava tanto de todo mundo que lia o blog dela, que ele respondia como se também conhecesse todo mundo. Essa semana, montando a árvore de Natal, encontrei um cartão do Natal de 2005, de ‘Fal e Alexandre’. Lá se foi a voz de novo.)

Pensei num livro de crônicas e veio um romance. Pensei em algo pra me fazer rir e esquecer os últimos seis meses. Veio uma história que me fez reordenar o rumo do pensamento e colocou tudo nos eixos. Precisei de duas semanas inteiras para ler tudo. Não tive coragem ainda de reler. A história está assentando, ‘decantando’ como diria meu professor de Ciências no primário. Quis comentá-la primeiro com a autora e só agora posso emitir uma opinião sobre o que li.

Alma não é Fal, não sou eu, mas poderia ser. Ainda que eu não seja alcoólatra, não tenha perdido uma filha, não tenha tido aqueles pais, aquela irmã, nada. É tão diferente e tão igual a cada uma de nós que chegar a assustar. Porque todos somos potencialmente solitários, potencialmente indiferentes aos presentes que a vida oferece até ser tarde demais, potencialmente sobreviventes, potencialmente vencedores tardios.

(Eu prefiro Fal escrevendo crônicas leves e cômicas sobre os ridículos que todo mundo passa, mas ela é como meu ortopedista: toda vez que algo dói, eu marco uma consulta. Ele mexe e remexe a articulação do momento, aperta aqui e ali, me faz reclamar que está doendo mais depois do exame físico. Então, dá o nome de uma doença que eu nunca ouvi falar nas aulas de ortopedia, explica detalhadamente a fisiopatologia, a terapêutica, e acrescenta que vai pedir um exame complementar por via das dúvidas. Eu nunca precisei de exame pra confirmar. Ele sempre acerta o diagnóstico e o tratamento. Assim com a Fal.)

Encontrei Fal no MSN e não resisti: ‘Fal, você tinha que escrever um livro tão parecido com todas nós?’

Lei de Murphy

Eu passo o ano inteiro com um baú na sala servindo de arquivo. Ele nunca é aberto, logo é perfeito para colocar a árvore de Natal em cima, cheia de penduricalhos, os cartões de Natal que recebo, os anjinhos de porcelana que combinam com os que estão na citada árvore, o CD de músicas natalinas.
Então, eu preciso dos papéis de carta, envelopes e papéis de embrulho, arquivados numa pasta, dentro do baú. E dezembro é época de renovar o contrato de aluguel, arquivado com os comprovantes de água, luz, IPTU, em pastas. Dentro do baú. Subitamente, meus pacientes resolveram todos adoecer e as fichas em branco são guardadas onde? Dentro do baú.
Ano passado, eu guardava dois sacos de dormir dentro do tal móvel. Claro que precisei deles na confraternização de Natal com o pessoal do trabalho (as filhas de uma funcionária estavam caindo de sono, etc). Por via das dúvidas, mantive os sacos de dormir mais acessíveis. Durante o ano inteiro não precisei deles.
Ano que vem, o que quer que esteja dentro do baú vai ser necessário justamente quando a árvore de Natal estiver montada. Quer apostar?

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Saudade

Pois estava eu aqui com meus botões, com saudades antecipadas do meu personagem predileto de minha série de TV predileta e me lembrei desse texto antiiiigo, já postado em alguma ocasião prévia.




SAUDADE (23.07.02)
Saudade é aquilo que a gente sente depois das dez da noite, quando o silêncio aumenta e podemos ouvir nossos pensamentos, aqueles aos quais nos fizemos de surdos durante todo o dia.
É aquela sensação de vazio que bate quando a luz apaga, quando se repassa o dia, a semana, a vida, e falta algo, alguma coisa, alguém; sem o qual não somos completos, não somos verdadeiramente felizes, sem o qual dá pra viver, sim (mas a vida não tem o mesmo brilho, o mesmo colorido).
Saudade, só entende quem sente, e talvez, o objeto amado, quando é merecedor da saudade. Saudade não tem equivalente, não tem comparação possível à altura.
Feliz sou eu, que tenho de quem sentir saudade.


Ai que saudade do Dr Grissom! Ele só vai embora em 15 de Janeiro de 2009, mas há dois meses que estou com saudade. Deve ser pra me desapegar aos pouquinhos.

Bem dizia Castro Alves

(...)
Filhos do sec’lo das luzes!/ Filhos da Grande nação!/ Quando ante Deus vos mostrardes,/ Tereis um livro na mão:/ O livro — esse audaz guerreiro/ Que conquista o mundo inteiro/ Sem nunca ter Waterloo.../ Eólo de pensamentos,/ Que abrira a gruta dos ventos/ Donde a Igualdade vooul...
(...)
Por isso na impaciência/ Desta sede de saber,/ Como as aves do deserto/ As almas buscam beber.../ Oh! Bendito o que semeia Livros.../ livros à mão cheia.../ E manda o povo pensar!/ O livro caindo n'alma/ É germe — que faz a palma,/ É chuva — que faz o mar.
(...)

Texto integral aqui.

Sonhando com liberdade

O bom da internet é que, com paciência e algum conhecimento de línguas, você descobre o que quiser. Passei quinze anos lembrando de uma música que ouvi em 'Dirty Dancing' e eis que a internet me fornece nome, letra e até o download! Desde então, venho me divertindo com isso. Tentando saber por que falam tanto de ópera e o que estão cantando naquelas árias, por exemplo. A Wikipédia ajuda (e muito) mesmo quando a pessoa só fala português.


Há catorze anos, eu assisti à entrega do Oscar e lembro perfeitamente que 'Um Sonho de Liberdade' (“The Shawshank redemption”) foi indicado como 'Melhor Filme'. A cena exibida para apresentar a história foi a de Dufresne colocando um disco de ópera para tocar através do alto-falante da prisão. Eu precisei de 14 exatos anos, mas agora sei 'o que aquelas italianas cantavam'.


A cena é de 'As bodas de Fígaro', uma ópera de enredo intricado (e cheio de subentendidos no dialeto original), onde Fígaro é noivo de Susanna e ambos são servos de um conde que deseja exercer seu 'direito de senhor' na noite de núpcias. A condessa e Susanna armam um plano onde Susanna marcará um encontro com o conde para essa noite, através de uma carta. E quem comparecerá é a própria esposa do conde, vestida como Susanna. 'Canzonnetta sull'aria', também conhecida como 'o dueto da carta' é cantada por duas vozes femininas onde a condessa dita a carta e Susanna repete a frase que está escrevendo.


Eu (muitas vezes) me perguntei se Dufresne chegou a explicar o enredo da ópera para os colegas da prisão, ou pelo menos para Red, que era seu amigo. Durante muito tempo eu procurei a tradução de 'Rita Rayworth and the Shawshank redemption', a short novel de Shephen King que deu origem ao filme, mas nunca encontrei. Talvez eu tivesse a vaga esperança de entender melhor uma cena que não precisa ser entendida, mas sentida intensamente.



Acho que Red tinha razão:


“Não faço idéia do que aquelas italianas cantavam. Na verdade, eu nem quero saber. Há coisas que é melhor deixar sem ser dito. Acho que era algo tão belo que não pode ser expresso em palavras e faz o seu coração se apertar por causa da música. Aquelas vozes voaram mais alto e mais longe do que qualquer homem pode imaginar num lugar cinzento. Era como um belo pássaro que voou para nossa gaiola e fez os muros desaparecerem. E pelo mais breve momento, cada homem de Shawshank se sentiu livre”.


Mas, se você, anônimo leitor, é curioso como eu, aí vai:


Condessa: Oh, escreve, eu digo a você
(Susanna senta para escrever)
Condessa: ‘Uma cançãozinha na brisa...’ ("Canzonetta sull'aria ... " )
Susanna: ‘Na brisa...’ ("Sull'aria ... ")
Condessa: ‘Que suave angra...’ (Che soave zeffiretto ... ")
Susanna: ‘Angra...’ ("Zeffiretto ... ")
Condessa: ‘Irá sussurrar esta noite...’ ("Questa sera spirerà ... ")
Susanna: ‘Irá sussurrar esta noite...’ ("Questa sera spirerà ... ")
Condessa: ‘Entre os pinheiros do bosque...’ ("Sotto i pini del boschetto.")
Susanna: ‘Entre os pinheiros...’ ("Sotto i pini ... ")
Condessa: ‘Entre os pinheiros do bosque...’ ("Sotto i pini del boschetto...")
Susanna: ‘Entre os pinheiros... do bosque...’ ("Sotto i pini... del boschetto...")
Condessa: E ele entenderá o resto. (Ei già il resto capirà.)
Susanna: Oh, sim, certamente ele entenderá o resto. (Certo, certo il capirà.)


Para quem não conhece o blog: eu não sei italiano, mas estudei francês e inglês e conheço espanhol. Essa tradução é desta página, que exibe o texto original (em italiano) e a tradução em inglês. Eu sei que 'tradução da tradução' é quase um crime, mas se nem na Wikipédia eu encontrei, pelo menos dá pra ter uma idéia. Crime mesmo é não encontrar uma única ária da ópera mais famosa de Mozart com tradução para o português.


P.S.: Coincidentemente, meus dois filmes prediletos 'de prisão' são do 'Mestre do Terror': 'The Green Mille' e 'The Shawshank redemption'. Eu não gosto de terror, mas a-do-rei 'The Green Mille' ('À Espera de um milagre'), filme E livro. E se você é aficcionado por cinema, eis o script de The Shanwshank Redemption.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Pra manter a forma

Eu, por muito tempo, fui uma andarilha. Deixava de pegar ônibus pra andar a pé. Economizava o suficiente pra comprar minha maquiagem e meus brincos (e estudante é uma criatura sem dinheeeeiro!) e era bem magrinha. Quase desnutrida (segundo os cálculos do Índice de Massa Corpórea).

Então, eu comecei a ganhar dinheiro e engordar. Terminei a faculdade com exatos 10 quilos acima do peso que tinha quando passei no Vestibular (é certo que eu parecia uma morta-viva depois daquela maratona), mas ainda dentro do peso indicado pra minha altura.

Tudo descambou de vez 'por causa do carro'. Eu tive três carros ao longo de 10 anos e ganhei... 37 quilos desde o Vestibular. Isso mesmo, anônimo leitor: trinta e sete. Claro que não foi só 'o carro'. A auto-disciplina de 25 anos que minha consciente e paciente mãe incutiu na minha cabecinha teimosa desapareceu quando fui morar sozinha. Some erro alimentar com sedentarismo e você terá os 37 quilos.

Eu tentei, de verdade. E nada dessas dietas ridículas onde a pessoa segue os passos religiosamente e depois de perder o peso desejado, volta a fazer tudo errado. Como profissional da área, sempre tive consciência que é preciso comer certo e pronto. Sem falar que minha família sofre de obesidade, diabetes, hipertensão arterial e outras tantas doenças que colocaram minha mãe de sobreaviso desde meus 4 meses de idade.

Passei 25 anos comendo certo (não era ' fazer dieta', mas alimentação saudável) com direito a todas essas porcarias de refrigerante, chocolate, sorvete, pizza, frituras... O problema foi quando eu transformei 'as porcarias' em hábito ao invés de exceção. Nunca parei de comer os ditos 'alimentos saudáveis' porque minha mãe conseguiu me fazer uma apaixonada por verduras e frutas (com uma ou duas exceções). Se é resultado da persistência dela, gosto herdado (ela é outra viciada em folhas e correlatos) ou do meu olho grande pra tudo que é comida, nunca saberei. O fato é: eu não parei de comer o que era certo, só aumentei a quantidade dos alimentos errados na minha dieta.

Imagine a situação de uma médica que fazia palestras pra hipertensos e diabéticos, orientando hábitos saudáveis e sem praticar um único exercício físico! Eu comecei academia mais de uma vez, natação, mas vivia me mudando de uma cidade pra outra por causa dos empregos e até me reorganizar, havia recuperado o peso anterior e mais alguns quilos. A real prova é que quando passei quase um ano no mesmo emprego, perdi 12 quilos (devidamente recuperados quando a emergência da tal clínica fechou).

Quem está de fora não imagina o estresse vivido pelos profissionais de saúde. Entre a remuneração indigna do SUS e dos planos de saúde que transformaram 'a nobre arte' num negócio, médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos e outros colegas vivem na incerteza do emprego. Não conheço nenhum médico com carteira assinada. Trabalhamos por 'contrato de excepcional interesse público'. Ou seja, no dia que o interesse do gestor (prefeito, governador ou secretário de saúde) acabar, rua. Sem direito a ter 'direitos' como férias e 13o salário. Não é que eu ficasse escolhendo emprego, simplesmente as condições de trabalho eram insustentáveis. Quem lê esses textos desde o antigo blog conhece a situação. Acrescente a tal 'Psicose Maníaco-Depressiva' (e justamente os anti-depressivos que ajudam no ganho de peso são os que dão certo comigo) e uma tendência familiar a obesidade e você terá a trágica dimensão dos fatos.

Então... a tal enxaqueca veio com tudo há um ano e quem vive com enxaqueca não quer saber de comida por causa do enjôo. Como eu fui afastada, não pude manter a prestação do carro e comecei a andar pela cidadezinha onde estou morando há quase três anos. Só então me dei conta que com o carro à disposição, tudo é motivo pra tirá-lo da garagem. E a ida à locadora, à padaria, à casa de um colega se tornou motivo pra passeio! Eu nunca fui preguiçosa pra fazer exercício desde que seja algo que eu goste, ainda que eu deteste sair de casa. Nenhuma atividade onde a pessoa fica parada entra em minha cabeça como exercício físico (musculação e ioga). Nada com som nas alturas ou de ficar pulando (aeróbica, hidroginástica, etc). Exercício físico regular tem que ser algo associado a prazer e não a sacrifício. E eu gosto de 'curtir' o tempo que gasto me exercitando.

Se meu labirinto permitisse, eu teria uma bicicleta. Uma de verdade. A tal que fica parada quase enferrujou aqui em casa porque, a meu ver, a graça de uma bicicleta está em ver a paisagem ( o mesmo raciocínio vale pra essas 'esteiras'). Se a grana desse, eu teria uma piscina em casa. Garanto que só sairia dela pra trabalhar e olhe lá. Poderia até inaugurar uma moda nova: atendimento pediátrico dentro d'água. Como nem tudo é possível, eu fico andando pela cidade ao invés de pegar táxi e... dançando dentro de casa!

Eu me achava (e me condenava) como uma total sedentária até que percebi que no último ano, morando em outra casa e sem vizinhos justamente do lado do escritório, eu aumentei a frequência com que fico dançando dentro de casa e madrugada adentro. E cantando. Não é nada que incomode o resto da vizinhança (me dei ao trabalho de perguntar antes que a polícia viesse me autuar por pertubação da ordem pública) e acredite-me: eu danço! Que o Carlinhos de Jesus não me veja ou Patrick Swaze (dançarino profissional, filho de uma professora de dança e com ex-esposa dançarina) sequer sonhe com os crimes que cometos com as coreografias de 'Dirty Dancing' maaaas, não é um desses concursos de dança e ninguém vê mesmo. Dá uma saudade enorme do tempo em que eu fiz um ano de dança na Escola pra melhorar minha coordenação motora (todo adolescente é desajeitado, não é? Dança ajuda). Sem falar que é melhor que academia com todo mundo olhando. Eu sei a postura e os movimentos corretos para evitar lesões musculares e articulares, por que não aproveitar?

Eu retomei meus hábitos corretos de alimentação. Continuo comendo de tudo, só mudei a proporção dos alimentos. Aquela conversinha dos professores de Ciências funciona, viu? Alimentação equilibrada deve ter alimentos construtores, reguladores E energéticos. Nada de cortar todas as gorduras e carboidratos. Ou você se esqueceu que algumas vitaminas são lipossolúveis? Que a gordura melhora o sabor dos alimentos? Que os 10 aminoácidos essenciais (não fabricados pelo organismo) aumentam a resistência física? É por isso que essas dietas malucas não dão certo. Eu nunca fiz nenhuma assim. Diminuía a quantidade de comida, mas nunca cortei totalmente algo.

Portanto, indicação: Trilha sonora de 'Dirty Dancing' (incluindo o álbum 'More Dirty Dancing'), 'Pulp Fiction', 'Coyote Ugly' e 'Chicago', flamenco e música cigana ('The Best of Gipsy Kings' é irretocável) e o que mais der vontade. Sem carro, seis meses sem Medicina (por causa da licença-médica) e com música: 21 quilos a menos e contando.

Eu sei, eu estou voltando a trabalhar esse mês. Mas, ei! Tem um clube com uma piscina enooorme literalmente aqui na esquina.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Trilha Sonora

Eu sei. Vicky adora o guitarrista do 'Muse'. Eu conhecia uma música apenas ('Unintended', mais GSR impossível) da banda e me apaixonei por 'butterflies and hurricanes'. Não, eu não gosto de tudo que o pessoal toca, mas a gente descobre muita coisa boa quando procura. O CD (ou ainda se diz 'álbum'?) 'Black Holes and Revelations' (2006) certamente terá alguma canção que casa com 'aquele' momento que você toma uma decisão vital. Essa é uma:

"Invincible"
Follow through/Make your dreams come true/Don't give up the fight/You will be alright/'Cause there's no one like you in the universe/Don't be afraid/What your mind conceives/You should make a stand/Stand up for what you believe/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/During the struggle/They will pull us down/But please, please/Let's use this chance/To turn things around/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/Do it on your own/It makes no difference to me/What you leave behind/What you choose to be/And whatever they say/Your souls unbreakable/During the struggleT/hey will pull us down/But please, please/Let's use this chance/To turn things around/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/Together we're invincible/During the struggle/They will pull us down/Please, please/Let's use this chance/To turn things around/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/Together we're invincible

Tradução aqui.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Se as pessoas entendessem isso...

Relacionamentos
(Arnaldo Jabor)

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah, terminei o namoro... '
- 'Nossa, quanto tempo?'
- 'Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... E se o beijo bate... Se joga... Senão bate... Mais um Martini, por favor... E vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa ta com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim... Quem disse que ser adulto é fácil?

Pois é, anônimo leitor. Eu nem tento mais explicar que meu quase casamento deu certo. Durante seis excelentes anos, é verdade. Mas deu.