sábado, dezembro 20, 2008

Porque não há descrição melhor

Segundo Vicky: 2008 terminou de forma bem diferente do que eu imaginava no começo. Pra ver que nem sempre o que a gente planeja é o melhor, não é? E só tenho a agradecer, muito. Muito mesmo.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Minúsculos

Então, eu terminei de ler ‘Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite’, de Fal Azevedo. E antes que você me pergunte que raios de título é esse, deixa eu comentar sobre o último livro com título aparentemente sem noção que eu me dispus a ler. Chamava-se ‘Vastas emoções e pensamentos imperfeitos’, de Rubem Braga. Estava na casa do meu pai e eu não tinha mais idade para censura, na visão de minha mãe. Lá se vão 20 anos, nessa brincadeira.

(Interessante é que eu mesma me censurava. Nada de evitar pornografia. Meu problema era com cenas intensas para a imaginação. ‘Tubarão’ só foi lido até os restos da primeira vítima serem encontrados. Até hoje lembro da descrição da moça percebendo que a própria perna não estava mais lá, a sensibilidade diminuída pela baixa temperatura da água a fez pensar que havia apenas batido numa pedra, mas o tubarão já havia feito ‘nhoc’, se vocês me entendem. Ainda fico enjoada quando lembro. E de lá pra cá o que eu vi e li de coisa assustadora não tem comparação, mas a sensação persistiu. Nunca mais procurei o livro.)

Detestei. Absolutamente detestei ‘Vastas emoções e pensamentos imperfeitos’. E gosto das crônicas do Rubem Braga. O livro é uma salada sobre uma viagem ao Velho Mundo, jóias, um milionário suspeito e fiz questão de esquecer o resto da história, além de gravar o nome de um dos piores livros que já li. Pra não correr o risco de ler de novo por engano.

Com esse histórico, eu deveria ter começado ‘Minúsculos Assassinatos’ mais ressabiada. O problema é que eu adoro a autora (e ela sabe disso). Não, a Fal não é uma amiga minha. Eu a conheci (e ao trabalho dela) devido à internet e a uma amiga que indicou o blog dela e de mais algumas escritoras. Há quatro anos, eu leio o ‘Drops da Fal’ e recomendo a todos que conheço. Com uma ressalva: esvazie a bexiga e não leia de boca cheia. Acidentes são altamente prováveis.

Às vezes, tenho absoluta certeza que meus vizinhos vão chamar a polícia. Em cada local que morei, quem estava por perto deve ter ouvido gargalhadas histéricas no meio da madrugada. A polícia nunca veio, mas eu continuo aguardando. Devidamente munida das receitas dos controlados, os telefones da psiquiatra e o mais recente atestado de doença sob controle.

(Alguém me apelidou na infância de ‘traça de livro’. Acho que foi minha mãe. É um termo bem preciso para o que costumo fazer com tudo que esteja escrito, seja livro ou rótulo de lata de leite em pó. Veríssimo certa vez escreveu que deve haver um nome para essa compulsão pela palavra escrita, mas ele ignora qual seja. Se alguém souber, por favor se pronuncie.

Poucas vezes eu soube ler algo devagar. Sempre me atirei tão sofregamente às publicações que invariavelmente preciso reler uma história várias vezes até absorvê-la por completo. Eu costumava dizer que terminava o livro sabendo quem era o assassino, mas sem saber como haviam descoberto o culpado, de tão ansiosa para chegar à última página. Ler em outras línguas me ajudou nesse processo de autodisciplina. Hoje em dia, eu leio menos e melhor. Mais devagar. Ou seja, quase na velocidade que os outros lêem.)

Recebi meu ‘Minúsculos’ na semana do meu aniversário. Na verdade, ganhei da mesma amiga que me indicou o blog da Fal. Completamente fora do meu modo habitual, eu demorei alguns dias para abrir o livro. A última vez que fiz isso foi com ‘Por um Fio’, do Dr. Dráuzio e quando comecei, terminei de me apaixonar pelo colega de profissão. Fiquei eternamente grata a quem me deu o livro de presente.

A dedicatória do livro me tirou a fala. O tema do livro me deixou perplexa. E a minha massagista sem entender nada, ela que virou admiradora de Fal de tanto me ouvir falar do blog, comentar sobre os posts e ler as crônicas dos outros livros durante as massagens. Deixei pra começar a leitura durante a massagem e não conseguia falar nada. Com a voz embargada. Precisei de mais dois dias pra passar da dedicatória.

(Eu não conheci Alexandre pessoalmente, mas lembro dele respondendo aos recados do LV no trabalho dele quando o PC de Fal pegou fogo ou coisa que o valha. Acho que Fal falava tanto de todo mundo que lia o blog dela, que ele respondia como se também conhecesse todo mundo. Essa semana, montando a árvore de Natal, encontrei um cartão do Natal de 2005, de ‘Fal e Alexandre’. Lá se foi a voz de novo.)

Pensei num livro de crônicas e veio um romance. Pensei em algo pra me fazer rir e esquecer os últimos seis meses. Veio uma história que me fez reordenar o rumo do pensamento e colocou tudo nos eixos. Precisei de duas semanas inteiras para ler tudo. Não tive coragem ainda de reler. A história está assentando, ‘decantando’ como diria meu professor de Ciências no primário. Quis comentá-la primeiro com a autora e só agora posso emitir uma opinião sobre o que li.

Alma não é Fal, não sou eu, mas poderia ser. Ainda que eu não seja alcoólatra, não tenha perdido uma filha, não tenha tido aqueles pais, aquela irmã, nada. É tão diferente e tão igual a cada uma de nós que chegar a assustar. Porque todos somos potencialmente solitários, potencialmente indiferentes aos presentes que a vida oferece até ser tarde demais, potencialmente sobreviventes, potencialmente vencedores tardios.

(Eu prefiro Fal escrevendo crônicas leves e cômicas sobre os ridículos que todo mundo passa, mas ela é como meu ortopedista: toda vez que algo dói, eu marco uma consulta. Ele mexe e remexe a articulação do momento, aperta aqui e ali, me faz reclamar que está doendo mais depois do exame físico. Então, dá o nome de uma doença que eu nunca ouvi falar nas aulas de ortopedia, explica detalhadamente a fisiopatologia, a terapêutica, e acrescenta que vai pedir um exame complementar por via das dúvidas. Eu nunca precisei de exame pra confirmar. Ele sempre acerta o diagnóstico e o tratamento. Assim com a Fal.)

Encontrei Fal no MSN e não resisti: ‘Fal, você tinha que escrever um livro tão parecido com todas nós?’

Lei de Murphy

Eu passo o ano inteiro com um baú na sala servindo de arquivo. Ele nunca é aberto, logo é perfeito para colocar a árvore de Natal em cima, cheia de penduricalhos, os cartões de Natal que recebo, os anjinhos de porcelana que combinam com os que estão na citada árvore, o CD de músicas natalinas.
Então, eu preciso dos papéis de carta, envelopes e papéis de embrulho, arquivados numa pasta, dentro do baú. E dezembro é época de renovar o contrato de aluguel, arquivado com os comprovantes de água, luz, IPTU, em pastas. Dentro do baú. Subitamente, meus pacientes resolveram todos adoecer e as fichas em branco são guardadas onde? Dentro do baú.
Ano passado, eu guardava dois sacos de dormir dentro do tal móvel. Claro que precisei deles na confraternização de Natal com o pessoal do trabalho (as filhas de uma funcionária estavam caindo de sono, etc). Por via das dúvidas, mantive os sacos de dormir mais acessíveis. Durante o ano inteiro não precisei deles.
Ano que vem, o que quer que esteja dentro do baú vai ser necessário justamente quando a árvore de Natal estiver montada. Quer apostar?

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Saudade

Pois estava eu aqui com meus botões, com saudades antecipadas do meu personagem predileto de minha série de TV predileta e me lembrei desse texto antiiiigo, já postado em alguma ocasião prévia.




SAUDADE (23.07.02)
Saudade é aquilo que a gente sente depois das dez da noite, quando o silêncio aumenta e podemos ouvir nossos pensamentos, aqueles aos quais nos fizemos de surdos durante todo o dia.
É aquela sensação de vazio que bate quando a luz apaga, quando se repassa o dia, a semana, a vida, e falta algo, alguma coisa, alguém; sem o qual não somos completos, não somos verdadeiramente felizes, sem o qual dá pra viver, sim (mas a vida não tem o mesmo brilho, o mesmo colorido).
Saudade, só entende quem sente, e talvez, o objeto amado, quando é merecedor da saudade. Saudade não tem equivalente, não tem comparação possível à altura.
Feliz sou eu, que tenho de quem sentir saudade.


Ai que saudade do Dr Grissom! Ele só vai embora em 15 de Janeiro de 2009, mas há dois meses que estou com saudade. Deve ser pra me desapegar aos pouquinhos.

Bem dizia Castro Alves

(...)
Filhos do sec’lo das luzes!/ Filhos da Grande nação!/ Quando ante Deus vos mostrardes,/ Tereis um livro na mão:/ O livro — esse audaz guerreiro/ Que conquista o mundo inteiro/ Sem nunca ter Waterloo.../ Eólo de pensamentos,/ Que abrira a gruta dos ventos/ Donde a Igualdade vooul...
(...)
Por isso na impaciência/ Desta sede de saber,/ Como as aves do deserto/ As almas buscam beber.../ Oh! Bendito o que semeia Livros.../ livros à mão cheia.../ E manda o povo pensar!/ O livro caindo n'alma/ É germe — que faz a palma,/ É chuva — que faz o mar.
(...)

Texto integral aqui.

Sonhando com liberdade

O bom da internet é que, com paciência e algum conhecimento de línguas, você descobre o que quiser. Passei quinze anos lembrando de uma música que ouvi em 'Dirty Dancing' e eis que a internet me fornece nome, letra e até o download! Desde então, venho me divertindo com isso. Tentando saber por que falam tanto de ópera e o que estão cantando naquelas árias, por exemplo. A Wikipédia ajuda (e muito) mesmo quando a pessoa só fala português.


Há catorze anos, eu assisti à entrega do Oscar e lembro perfeitamente que 'Um Sonho de Liberdade' (“The Shawshank redemption”) foi indicado como 'Melhor Filme'. A cena exibida para apresentar a história foi a de Dufresne colocando um disco de ópera para tocar através do alto-falante da prisão. Eu precisei de 14 exatos anos, mas agora sei 'o que aquelas italianas cantavam'.


A cena é de 'As bodas de Fígaro', uma ópera de enredo intricado (e cheio de subentendidos no dialeto original), onde Fígaro é noivo de Susanna e ambos são servos de um conde que deseja exercer seu 'direito de senhor' na noite de núpcias. A condessa e Susanna armam um plano onde Susanna marcará um encontro com o conde para essa noite, através de uma carta. E quem comparecerá é a própria esposa do conde, vestida como Susanna. 'Canzonnetta sull'aria', também conhecida como 'o dueto da carta' é cantada por duas vozes femininas onde a condessa dita a carta e Susanna repete a frase que está escrevendo.


Eu (muitas vezes) me perguntei se Dufresne chegou a explicar o enredo da ópera para os colegas da prisão, ou pelo menos para Red, que era seu amigo. Durante muito tempo eu procurei a tradução de 'Rita Rayworth and the Shawshank redemption', a short novel de Shephen King que deu origem ao filme, mas nunca encontrei. Talvez eu tivesse a vaga esperança de entender melhor uma cena que não precisa ser entendida, mas sentida intensamente.



Acho que Red tinha razão:


“Não faço idéia do que aquelas italianas cantavam. Na verdade, eu nem quero saber. Há coisas que é melhor deixar sem ser dito. Acho que era algo tão belo que não pode ser expresso em palavras e faz o seu coração se apertar por causa da música. Aquelas vozes voaram mais alto e mais longe do que qualquer homem pode imaginar num lugar cinzento. Era como um belo pássaro que voou para nossa gaiola e fez os muros desaparecerem. E pelo mais breve momento, cada homem de Shawshank se sentiu livre”.


Mas, se você, anônimo leitor, é curioso como eu, aí vai:


Condessa: Oh, escreve, eu digo a você
(Susanna senta para escrever)
Condessa: ‘Uma cançãozinha na brisa...’ ("Canzonetta sull'aria ... " )
Susanna: ‘Na brisa...’ ("Sull'aria ... ")
Condessa: ‘Que suave angra...’ (Che soave zeffiretto ... ")
Susanna: ‘Angra...’ ("Zeffiretto ... ")
Condessa: ‘Irá sussurrar esta noite...’ ("Questa sera spirerà ... ")
Susanna: ‘Irá sussurrar esta noite...’ ("Questa sera spirerà ... ")
Condessa: ‘Entre os pinheiros do bosque...’ ("Sotto i pini del boschetto.")
Susanna: ‘Entre os pinheiros...’ ("Sotto i pini ... ")
Condessa: ‘Entre os pinheiros do bosque...’ ("Sotto i pini del boschetto...")
Susanna: ‘Entre os pinheiros... do bosque...’ ("Sotto i pini... del boschetto...")
Condessa: E ele entenderá o resto. (Ei già il resto capirà.)
Susanna: Oh, sim, certamente ele entenderá o resto. (Certo, certo il capirà.)


Para quem não conhece o blog: eu não sei italiano, mas estudei francês e inglês e conheço espanhol. Essa tradução é desta página, que exibe o texto original (em italiano) e a tradução em inglês. Eu sei que 'tradução da tradução' é quase um crime, mas se nem na Wikipédia eu encontrei, pelo menos dá pra ter uma idéia. Crime mesmo é não encontrar uma única ária da ópera mais famosa de Mozart com tradução para o português.


P.S.: Coincidentemente, meus dois filmes prediletos 'de prisão' são do 'Mestre do Terror': 'The Green Mille' e 'The Shawshank redemption'. Eu não gosto de terror, mas a-do-rei 'The Green Mille' ('À Espera de um milagre'), filme E livro. E se você é aficcionado por cinema, eis o script de The Shanwshank Redemption.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Pra manter a forma

Eu, por muito tempo, fui uma andarilha. Deixava de pegar ônibus pra andar a pé. Economizava o suficiente pra comprar minha maquiagem e meus brincos (e estudante é uma criatura sem dinheeeeiro!) e era bem magrinha. Quase desnutrida (segundo os cálculos do Índice de Massa Corpórea).

Então, eu comecei a ganhar dinheiro e engordar. Terminei a faculdade com exatos 10 quilos acima do peso que tinha quando passei no Vestibular (é certo que eu parecia uma morta-viva depois daquela maratona), mas ainda dentro do peso indicado pra minha altura.

Tudo descambou de vez 'por causa do carro'. Eu tive três carros ao longo de 10 anos e ganhei... 37 quilos desde o Vestibular. Isso mesmo, anônimo leitor: trinta e sete. Claro que não foi só 'o carro'. A auto-disciplina de 25 anos que minha consciente e paciente mãe incutiu na minha cabecinha teimosa desapareceu quando fui morar sozinha. Some erro alimentar com sedentarismo e você terá os 37 quilos.

Eu tentei, de verdade. E nada dessas dietas ridículas onde a pessoa segue os passos religiosamente e depois de perder o peso desejado, volta a fazer tudo errado. Como profissional da área, sempre tive consciência que é preciso comer certo e pronto. Sem falar que minha família sofre de obesidade, diabetes, hipertensão arterial e outras tantas doenças que colocaram minha mãe de sobreaviso desde meus 4 meses de idade.

Passei 25 anos comendo certo (não era ' fazer dieta', mas alimentação saudável) com direito a todas essas porcarias de refrigerante, chocolate, sorvete, pizza, frituras... O problema foi quando eu transformei 'as porcarias' em hábito ao invés de exceção. Nunca parei de comer os ditos 'alimentos saudáveis' porque minha mãe conseguiu me fazer uma apaixonada por verduras e frutas (com uma ou duas exceções). Se é resultado da persistência dela, gosto herdado (ela é outra viciada em folhas e correlatos) ou do meu olho grande pra tudo que é comida, nunca saberei. O fato é: eu não parei de comer o que era certo, só aumentei a quantidade dos alimentos errados na minha dieta.

Imagine a situação de uma médica que fazia palestras pra hipertensos e diabéticos, orientando hábitos saudáveis e sem praticar um único exercício físico! Eu comecei academia mais de uma vez, natação, mas vivia me mudando de uma cidade pra outra por causa dos empregos e até me reorganizar, havia recuperado o peso anterior e mais alguns quilos. A real prova é que quando passei quase um ano no mesmo emprego, perdi 12 quilos (devidamente recuperados quando a emergência da tal clínica fechou).

Quem está de fora não imagina o estresse vivido pelos profissionais de saúde. Entre a remuneração indigna do SUS e dos planos de saúde que transformaram 'a nobre arte' num negócio, médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos e outros colegas vivem na incerteza do emprego. Não conheço nenhum médico com carteira assinada. Trabalhamos por 'contrato de excepcional interesse público'. Ou seja, no dia que o interesse do gestor (prefeito, governador ou secretário de saúde) acabar, rua. Sem direito a ter 'direitos' como férias e 13o salário. Não é que eu ficasse escolhendo emprego, simplesmente as condições de trabalho eram insustentáveis. Quem lê esses textos desde o antigo blog conhece a situação. Acrescente a tal 'Psicose Maníaco-Depressiva' (e justamente os anti-depressivos que ajudam no ganho de peso são os que dão certo comigo) e uma tendência familiar a obesidade e você terá a trágica dimensão dos fatos.

Então... a tal enxaqueca veio com tudo há um ano e quem vive com enxaqueca não quer saber de comida por causa do enjôo. Como eu fui afastada, não pude manter a prestação do carro e comecei a andar pela cidadezinha onde estou morando há quase três anos. Só então me dei conta que com o carro à disposição, tudo é motivo pra tirá-lo da garagem. E a ida à locadora, à padaria, à casa de um colega se tornou motivo pra passeio! Eu nunca fui preguiçosa pra fazer exercício desde que seja algo que eu goste, ainda que eu deteste sair de casa. Nenhuma atividade onde a pessoa fica parada entra em minha cabeça como exercício físico (musculação e ioga). Nada com som nas alturas ou de ficar pulando (aeróbica, hidroginástica, etc). Exercício físico regular tem que ser algo associado a prazer e não a sacrifício. E eu gosto de 'curtir' o tempo que gasto me exercitando.

Se meu labirinto permitisse, eu teria uma bicicleta. Uma de verdade. A tal que fica parada quase enferrujou aqui em casa porque, a meu ver, a graça de uma bicicleta está em ver a paisagem ( o mesmo raciocínio vale pra essas 'esteiras'). Se a grana desse, eu teria uma piscina em casa. Garanto que só sairia dela pra trabalhar e olhe lá. Poderia até inaugurar uma moda nova: atendimento pediátrico dentro d'água. Como nem tudo é possível, eu fico andando pela cidade ao invés de pegar táxi e... dançando dentro de casa!

Eu me achava (e me condenava) como uma total sedentária até que percebi que no último ano, morando em outra casa e sem vizinhos justamente do lado do escritório, eu aumentei a frequência com que fico dançando dentro de casa e madrugada adentro. E cantando. Não é nada que incomode o resto da vizinhança (me dei ao trabalho de perguntar antes que a polícia viesse me autuar por pertubação da ordem pública) e acredite-me: eu danço! Que o Carlinhos de Jesus não me veja ou Patrick Swaze (dançarino profissional, filho de uma professora de dança e com ex-esposa dançarina) sequer sonhe com os crimes que cometos com as coreografias de 'Dirty Dancing' maaaas, não é um desses concursos de dança e ninguém vê mesmo. Dá uma saudade enorme do tempo em que eu fiz um ano de dança na Escola pra melhorar minha coordenação motora (todo adolescente é desajeitado, não é? Dança ajuda). Sem falar que é melhor que academia com todo mundo olhando. Eu sei a postura e os movimentos corretos para evitar lesões musculares e articulares, por que não aproveitar?

Eu retomei meus hábitos corretos de alimentação. Continuo comendo de tudo, só mudei a proporção dos alimentos. Aquela conversinha dos professores de Ciências funciona, viu? Alimentação equilibrada deve ter alimentos construtores, reguladores E energéticos. Nada de cortar todas as gorduras e carboidratos. Ou você se esqueceu que algumas vitaminas são lipossolúveis? Que a gordura melhora o sabor dos alimentos? Que os 10 aminoácidos essenciais (não fabricados pelo organismo) aumentam a resistência física? É por isso que essas dietas malucas não dão certo. Eu nunca fiz nenhuma assim. Diminuía a quantidade de comida, mas nunca cortei totalmente algo.

Portanto, indicação: Trilha sonora de 'Dirty Dancing' (incluindo o álbum 'More Dirty Dancing'), 'Pulp Fiction', 'Coyote Ugly' e 'Chicago', flamenco e música cigana ('The Best of Gipsy Kings' é irretocável) e o que mais der vontade. Sem carro, seis meses sem Medicina (por causa da licença-médica) e com música: 21 quilos a menos e contando.

Eu sei, eu estou voltando a trabalhar esse mês. Mas, ei! Tem um clube com uma piscina enooorme literalmente aqui na esquina.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Trilha Sonora

Eu sei. Vicky adora o guitarrista do 'Muse'. Eu conhecia uma música apenas ('Unintended', mais GSR impossível) da banda e me apaixonei por 'butterflies and hurricanes'. Não, eu não gosto de tudo que o pessoal toca, mas a gente descobre muita coisa boa quando procura. O CD (ou ainda se diz 'álbum'?) 'Black Holes and Revelations' (2006) certamente terá alguma canção que casa com 'aquele' momento que você toma uma decisão vital. Essa é uma:

"Invincible"
Follow through/Make your dreams come true/Don't give up the fight/You will be alright/'Cause there's no one like you in the universe/Don't be afraid/What your mind conceives/You should make a stand/Stand up for what you believe/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/During the struggle/They will pull us down/But please, please/Let's use this chance/To turn things around/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/Do it on your own/It makes no difference to me/What you leave behind/What you choose to be/And whatever they say/Your souls unbreakable/During the struggleT/hey will pull us down/But please, please/Let's use this chance/To turn things around/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/Together we're invincible/During the struggle/They will pull us down/Please, please/Let's use this chance/To turn things around/And tonight/We can truly say/Together we're invincible/Together we're invincible

Tradução aqui.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Se as pessoas entendessem isso...

Relacionamentos
(Arnaldo Jabor)

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah, terminei o namoro... '
- 'Nossa, quanto tempo?'
- 'Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... E se o beijo bate... Se joga... Senão bate... Mais um Martini, por favor... E vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa ta com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim... Quem disse que ser adulto é fácil?

Pois é, anônimo leitor. Eu nem tento mais explicar que meu quase casamento deu certo. Durante seis excelentes anos, é verdade. Mas deu.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Drops

Do Drops da Fal

Passar a noite em claro é bom, as fichas caem, você se acalma, pensa melhor, enxerga o óbvio. Que tava bem ali. Ali. E vc bancando a louca sem ver.

Cansei de tentar explicar pras pessoas por que passo as noites em claro. Quem sabe essa frase da Fal esclareça de vez.
***
Adoro presente atrasado. Finalmente o DVD de Grissom's Girl chegou! O carteiro já estava azedo de tanto que eu perguntava (Sobre 'Kiss the Sky': Esqueça WP. O filme é genial). E meu 'Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite' (da mesma Fal) está ali, presente de Vicky. Aguardando a vinda de Fal a Pernambuco pra colocar um rabisco lá. Nunca fui fã de autógrafo de artista, mas dedicatória de autor é maravilhoso!

Claro que ainda estou me recuperando da leitura da dedicatória da autora para o Alexandre. Sabe aquelas dores tão fundas que calam? Passei mais uma semana pra poder continuar a leitura da história, propriamente dita.

Por quê? Porque grandes amores existem, anônimo leitor, não são invenção de escritor desocupado, nem de diretor de comercial de margarina. Eu tive um grande amor e me congratulo por ter sido sábia o suficiente pra me permitir aproveitar tudo que pude. Porque da mesma forma que o amor de Fal partiu desse plano subitamente, 'de repente, não mais que repente', eu e ele descobrimos que nosso 'felizes para sempre' tinha vencido o prazo de validade. Ou como eu comentei com uma correspondente minha: 'Marido bom, ou Deus tira, ou a gente estraga'.
***
Vou ali curtir minha enxaqueca.

"Nobody said it was easy/No one ever said it would be so hard"

Eu ampliei bastante meus conhecimentos musicais nos últimos meses e 'The Scientist' (Coldplay) não apenas é a cara do Dr Grissom, mas a minha também. O verso acima, em particular, cabe perfeitamente para minha atual fase (e pra do Grissom também, diga-se de passagem).

E a enxaqueca voltou, com força total!

domingo, novembro 16, 2008

Irmão que é irmão...

'Sábado, 15 de Novembro de 2008, 10:54
Olá Jaguatirica!
Rezo para que esteja tudo bem na medida do possível!
E como amanhã é dia de bolo, o que gostaria de ganhar de presente?
Opção A: Um chá da tarde com Sarah e Grissom => Xi, esquece, já falei com eles e a agenda está lotada :-(
Opção B: Um Toyota Bandeirante com direção hidráulica => Ops, esquece este também por que esqueci de jogar na MegaSena :-(
Opção C: O livro "Noites de Tormenta" => Eita! Este eu posso dar sim!!!! (
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2611500&sid=897021764101115384597250739&k5=CA37B0B&uid=)
Opção D: Algo muito legal, que lhe agradaria tanto ou mais que as opções anteriores, mas que por falta de imaginação minha não consegui adivinhar o que é.
E aí, qual a sua escolha ? :-D
Beijos,'


Então, respondendo:
Aceito 'e) todas as opções anteriores.'

a) Fica meio difícil ter o chá da tarde com Gris e Sara porque ela finalmente cansou de esperar e se mandou (10 anos é teeeeempo!). Mas aceito só o Grissom, pra bater papo simplesmente e limpar a vista. Cuidado! Chá da tarde é tão 'Lady Heather' (ADORO o personagem) que o shipper do casal se chamava T-4-2 (tea for two), eh, eh.

=> 10 anos: eles se conheceram em SF, 2 anos depois ele convidou-a para trabalhar em Vegas, 'cozinhou' a moça mais 5 anos. Finalmente agarrou-a (ou foi agarrado, nunca disseram), escondeu o caso de todo mundo por mais 2 anos. O relacionamento foi revelado por causa do sequestro, 6 meses depois ela voltou para SF traumatizada com a cidade. Ele nunca foi visitá-la, ela telefonava. Mais 6 meses, ela retorna por causa da morte do 'negão de olho verde', dá todo apoio possível, o convida para uma nova vida (dinheiro ele tem) e sabe o que o cara responde? 'Por que VOCÊ não fica?'. Sabe de uma? Ela se mandou e ficou incomunicável por quase um mês. Agora mandou um vídeo por e-mail: entrou pra um programa de preservação de vida marinha (exatamente a 'nova vida' que ela ofereceu a ele, que é biólogo), está num barco, a caminho de Galápagos e comunicou que ele não precisava mais se preocupar com ela. Ele? Na maior fossa, fazendo 'terapia' com Lady Heather (que como toda mulher inteligente, foi logo perguntando onde estava Sara e ela sabia que ele estava na casa da ex-dominatrix). Eu sou a favor da pessoa dar uma chance, duas, três, mas uma hora você diz 'chega!'. Se quiser que vá atrás. Estou na minha fase 'Sara Sidle', deu pra perceber, né?

b) um Toyota Bandeirante, com tração nas quatro rodas, pra fazer visitas domiciliares numa região rural... que idéia maravilhosa pra um presente! Agradeço carinhosamente a boa intenção.

c) uma vez que não consigo MESMO encontrar o bendito filme (nem em DVD pirata, o que NUNCA comprei), só a legenda (como a gente tem a legenda pra baixar e não consegue o filme?), agradeço o presente. Aliás, se encontrar 'Uma carta de amor' ( 'Message in a bottle'), pode encomendar também que eu reembolso. É do mesmo autor.

d) gostaria de ME dar de presente o livro de House (literatura profissional!). Encomenda e me manda o valor pra eu depositar na sua conta?

Vou-me embora pra cozinha. Vai que Grissom resolve MESMO aparecer... melhor fazer um bolo, uns salgadinhos. :p

Hoje eu estou de estrela

Vou processar a CBS pelo meu atual vício. Desde que os produtores de CSI assinaram com Linkin Park que essa música não me sai da cabeça:

"Leave Out All The Rest"
Linkin Park

I dreamed I was missing/ You were so scared/ But no one would listen/ Cause no one else cared/ After my dreaming/ I woke with this fear/ What am I leaving/ When I'm done here/So if you're asking me/ I want you to know

[Chorus]
When my time comes/ Forget the wrong that I've done/ Help me leave behind some/ Reasons to be missed/ And don't resent me/ And when you're feeling empty/ Keep me in your memory/ Leave out all the rest/ Leave out all the rest
[End Chorus]

Don't be afraid/ I've taken my beating/ I've shared what I made/ I'm strong on the surface/Not all the way through/ I've never been perfect/ But neither have you/ So if you're asking me/ I want you to know

[Chorus]

Forgetting/All the hurt inside/ You've learned to hide so well/Pretending/ Someone else can come and save me from myself/ I can't be who you are

[Chorus]

Forgetting/ All the hurt inside/ You've learned to hide so well/ Pretending/ Someone else can come and save me from myself/ I can't be who you areI can't be who you are

E não é nada pessoal. Na verdade, o episódio inteiro foi baseado na letra da música: É Grissom, sem tirar nem pôr (a tradução está aqui). O episódio foi ao ar na semana passada e a bendita música não pára de tocar no meu 'Winamp mental', como diz Vicky.

(aliás, a culpa é de 'Grissom's Girl', que me indicou a promo do episódio.)

***
Porque eu tenho um lado hobbit, presente pra você, anônimo leitor:




Esses são os jardins da casa de Claude Monet, em Giverny, França. Pra quem ama as pinturas do artista que criou o impressionismo, é um prazer saber que os jardins e a casa foram preservados e são ponto de visitação turística até hoje. Por dentro, a casa também foi conservada com os objetos originais.


É nisso que dá ter insônia e assistir documentário na TV Cultura: você arranja mais um item para sua lista de sonhos improváveis (suspiro). O mais difícil foi escolher o que postar. As imagens são impressionantes. É só comparar com os quadros.

***
envelhecer, quem sabe
não seja assim tão desastroso
me interessa perder esta ansiedade
me atrai ser atraente mais tarde
um pouco mais de idade, que importa
envelhecer, quem sabe
não seja assim tão só

(Martha Medeiros)

***

Lembra de Morre Lentamente do Neruda? Olha uma versão brasileira sobre o tema:

sim, é verdade, estou feliz
mas isso não significa
que não deva olha pros lados
e que precise
acordar todo dia à mesma hora

sim, a princípio, nada me falta
mas não preciso em função disso
deixar de querer um pouco mais
e trocar meus desejos
por outros que não lembro agora

sim, que me conste, eu estou bem
mas o espelho não é o mesmo todo dia
já não gosto tanto assim dos meus desenhos
e hoje não vou comprar morangos
e sim abacates, uvas e amoras

sim, pra que negar, estou alegre
mas não vou me conformar com calmantes
nem me embriagar de satisfação
não quero a morte lenta, exijo a renovação
a mim a santa paz não devora

(Martha Medeiros)

***

Aliás, estou aderindo ao Projeto Deusa- Amar a si própria, da Carla San.

***

Vou ali colher uns lírios no meu jardim (eu sei que girassóis são uma paixão, mas flor predileta mesmo, é lírio). Eu sabia que um dia acertava mão para plantar algo!

quinta-feira, novembro 13, 2008

É no que dá ser incomum

Em maio desse ano, eu entrei em colapso. E o INSS me colocou 'de molho' até dezembro. Então a enxaqueca foi sumindo, sumindo e desapareceu. Mas, o tempo não pára e dezembro está quase aí. Eu fui melhorando e reassumindo um paciente aqui e outro ali. Sem nenhuma exceção, cada atendimento que fiz durante esses meses de licença-médica veio acompanhado de uma dor de cabeça. E porque faltam duas semanas, minha gastrite voltou. Minha rinite reapareceu hoje e há dias que durmo pouco e pessimamente.

Como parte do tratamento para isso tudo, aceitei uma terapia não convencional (tudo que é convencional falhou comigo). E ter um terapeuta não-convencional rende momentos únicos. O conselho dele para essas próximas semanas?

"Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado. (Gandalf)".

Tá, eu li e reli as principais obras de Tolkien porque meu irmão adora o autor e meu ex AMA a Terra Média desde antes dos filmes. Mas, raios! Eu tinha que ter um terapeuta que cita 'O Senhor dos Anéis'?

domingo, novembro 09, 2008

Do Drops da Fal

amanditas.com

Tem uns dias em que você chora até dormir. Sem filosofia, sem grandes explicações, sem blablablá. Pode ser de tristeza, de medo, de alívio. Provavelmente é de cansaço. Who cares? Você chora até dormir, depois você acorda, sai e vai resolver o que dá. E se na volta você chorar de novo, tudo bem.

***

Não, eu definitivamente não quero discutir a relação, analisar as variáveis, estudar os paradigmas, focar nos pontos principais, melhorar as relações, reavaliar as estratégias, sondar o terreno, pedir uma segunda opinião, deixar a massa adrede prepara, controlar danos, ajustar expectativas, listar dados, fechar poros, conter despesas, partir para o ataque, poupar o mensageiro, abraçar minha criança interior, adotar uma tecnologia, aparar arestas, ouvir o outro lado, traçar rotas de fuga, vivenciar papéis, transar aquele lance, esperar cinco minutinhos, rever os conceitos, justificar as escolhas, passar um cafezinho, cortar as pontas, avaliar as críticas, dominar os jargões, mudar os paradigmas, agir estrategicamente, agregar valor, inicializar um processo, respeitar os limites, instalar o equipamento, tentar só mais um pouquinho, ser uma boa menina.

Calçada (os grifos são meus, não da Fal)

O marido da Tela já nos ensinou: não se guarda lixo dentro de casa. É ruim? Não leia. Te irrita? Não converse. Você não concorda? Afaste-se. Não perca tempo, calorias, humor e neurônios tentando entender gente doida, irritando-se com coisas que você não concorda, aturando os imbecis. Isso endurece as artérias, desgasta, cansa. Lixo é na calçada, senhores leitores, sempre. Na vida civil, na vida virtual, não importa: só o que nos faz felizes, sempre que possível, só o que fala aos nossos corações, só o que dá prazer.Paz, meus bens.Vamos em frente, a semana nem começou ainda.

Algumas pessoas são mesmo família (como comentei há alguns dias). Eu não tenho classificação pro meu grau de parentesco com a Fal (mesmo porque uma pessoa tão importante pode ficar chocada com tamanha intimidade), mas digamos que somos 'colegas de noites insones'.

sábado, novembro 01, 2008

Deus, dai-me paciência. Dai-me MUITA paciência.

(porque paciência é igual a dinheiro, só serve muito e de uma vez só. Dinheiro aos pouquinhos não rende nada!)

***

Meu computador está como carro velho: aprendeu o caminho da oficina. Isso significa, basicamente, que deu pau mais uma vez. Ainda bem que o ‘mecânico’ (leia-se ‘meu irmão’) é competente o suficiente pra resolver a questão por telefone(!).

Não, eu não sou tradutora, mas tenho boa vontade. Não, eu também não sou salvadora do mundo, mas ‘incorporo o personagem’. Não, eu ainda não aprendi que as pessoas não gostam de gente que quer ajudar, mas eu bem que queria aprender!

Como eu já disse: eu queria aprender a dizer ‘não é da minha conta’!

***

Deu pra perceber que eu estou na TPM? :)

Não enche!

PS: Minha médica (e os livros médicos que atravancam minha estante) diz que o tratamento farmacológico da TPM é com anti-depressivos. Ah, tá. Eu tomo toda sorte de anti-depressivos há uma década e continuo esperando a melhora dos sintomas da TPM. Sugestão pessoal? Diminua café, sal e chocolate da dieta e faça exercício físico. ISSO funciona! (Deu pra perceber que eu não estou fazendo tudo que deveria, certo?).

***

Ah, Deus abençoe a Suzi. Adorei o mimo!

quinta-feira, outubro 30, 2008

Do Vinhos e Livros (com comentários)

"Dicionário Corporativo
Trabalho urgente: é quando algum imbecil não fez a sua parte em tempo hábil e entrega a bagaça na sua mão com o prazo estourado.
Devia constar do Código Penal como crime hediondo. Sem fiança."

KKKKKKKK
Pensei que era só eu que recebia 'trabalho urgente'.

É por razões assim que não gosto de trabalhar 'em equipe' desde os tempos de escola, com os tais 'trabalho em grupo'.

***
"Tolerância zero
Determinadas pessoas deveriam repetir todos os dias, várias vezes por dia, o seguinte mantra:
- Não é da minha conta.
É assombroso o que tem de gente opinando sobre a vida alheia, espalhando a todos, sem prévia consulta, frases que começam com "você devia..."


EU deveria aprender a dizer 'não é da minha conta', mas por razões diversas. Fico tão preocupada com a saúde dos meus pacientes que perco o sono e a minha saúde. E eles? Nem aí, Suzi! Comendo tudo que não devem, sem tomar os remédios. Ai que saudade da Emília (do Sítio do Pica-pau Amarelo): "Sua alma, sua palma".
Tradução: "Não quer se importar, problema seu!"

Ah se eu soubesse dizer 'não é da minha conta'!

***
"A esse tipo de violência elegi a distância como antídoto. Não frequenta a minha casa. Não ocupa espaço nenhum na minha vida.
Preciso de ar, sanidade mental e bem viver."

Eu sei: A Suzi estava comentando sobre a intolerância entre os ditos ‘cristãos’, mas eu vou endossar a frase em relação a todo tipo de intolerância e violência em minha vida. Mesmo porque ela só fez pôr em palavras bonitas o que eu digo há muito tempo. E como diria o Bono do U2 (vai que você conhece outro Bono): Coexista!

sábado, outubro 25, 2008

Não falei que era meu irmão?

Resposta do meu irmão (Com algumas edições)

Olá!

Então vamos lá:
Homem de Ferro => Eu realmente recomendaria, tendo como lembrança alguns filmes que vimos juntos, umas revistas que lemos e etc. Uma boa história, muito bem conduzido e divertido.

O Melhor Amigo da Noiva => eu, assim como várias pessoas, também pensávamos que seria uma cópia descarada de "O Casamento do Meu Melhor Amigo", que eu adoro. Mas...surpresa! Não é, e adorei mesmo. Recomendo.

O Filho do Rambow => que bom que gostou da sinopse, por que desde que vi o trailer e vi a respeito, meu primeiro comentário para Fabiana foi: "Sinto que é o tipo de filme que Odessa adoraria ver", mas não foi para o cinema. Recomendo.

O Incrível Hulk => meus comentários são favoráveis e surpresa: diferente de "Hulk", com Eric Bana, este tem muito muito mais a ver com a série que assistíamos! Nossa, foi maravilhoso ficar tendo a minha memória ser estimulada por uma série de detalhes no filme que faziam referência a série. Esqueça o "Hulk" de Eric Bana, por que este é um novo começo, e com ligação com "Homem de Ferro". Recomendo.

Quanto aos livros de "O Senhor dos Anéis", eu tenho! Os meus eu vendi para pagar umas coisas a alguns anos; mas depois Vicky notou que já possuía uma cópia em Inglês e uma em Português, e me presenteou com esta última. Empresto para você com prazer; já vou separá-los.

Ah, tenho uma outra coisa para você ler: "A Ciência Por Trás de House"; à primeira vista pensei que o livro falava só dos absurdos de House, mas é muito melhor que isto. Trata de diagnóstico e sobre curiosidades do sistema de saúde como um todo. Sinto que você gostaria; meu interesse maior era em processo de diagnóstico, que eu adoro e serve para qualquer área.

Bom trabalho aí nas legendas, na banda, no grupo, e na volta ao trabalho. Amanhã Mamãe vai passar por aqui para deixar as suas coisas. Beijos,

PS: Ah, dá um recado para o teu terapeuta: "CSI: Perigo! Altamente viciante! Eu atesto!!!"

***
Novo e-mail pro meu irmão (que não assiste CSI e precisa que explicação pra tudo que eu falo):

Vou-me embora, que a legenda está se 'arrastando'. Novamente, uma semana com poucas pessoas e um monte de termos de química e ornintologia. Ninguém merece! Por que o Gilbert (olha a intimidade, só Sara chama ele de 'Gilbert', até os amigos o chamam de 'Gil') tem que ser tão eclético em seus conhecimentos? Droga!

Oh! Acabo de ficar com o diálogo dele com a psicóloga que a polícia mandou pra fazer as sessões de aconselhamento e apoio após a morte do 'negão de olho verde'. O espertinho ao invés de falar sobre a profunda ligação emocional com Warrick, desandou a falar... do cachorro que ele cria desde que ele e Sara ficaram juntos!

KKKKKKK
Psiquiatra sofre pra entender a mensagem inserida no contexto, viu? ('Hank', o cachorro, é a ligação afetiva de GG com Sara agora que ela não está em Vegas. Seria o 'filho' deles. E Warrick era um filho para Grissom). Coitado do meu terapeuta, que passou a assistir CSI para entender metade do que eu falo (você sabe EXATAMENTE do que estou falando, não?)

Fui.

***
Família é quem lhe faz bem perto de si. Esse cara é meu irmão, o resto dos parentes é coincidência genética.

***
Da família: Vicky, Grissom's Girl, Fal, Suzi, minhas irmãs de alma, Naná, Fernanda e por aí vai. Tem gente em que nunca pus os olhos ou ouvi a voz. E daí? Sua prima lá do outro lado do Brasil deixou de ser parente por causa disso?

***

***
Cadê essa legenda que não termina?

(Deve ter um santo pros tradutores)

***
Tem mesmo!

São Jerônimo (30 de Setembro).
http://www.biancawandt.com/curiosidades.html
http://cafetradutorescristaos.blogspot.com/2007/09/valha-me-so-jernimo.html

E... São Mesrob (9 de Outubro)
O texto aqui http://vivendo-e-traduzindo.blogspot.com/2008/03/o-outro-santo-tradutor.html é de Paulo Coelho (!!!!!) e vale até postar um pedacinho. Os destaques são meus.

"...penso em todas as pessoas que nunca conheci, e que talvez jamais tenha a oportunidade de encontrar, mas que neste momento estão com meus livros nas mãos, procurando dar o melhor de si para manter a fidelidade do que procurei dividir com os meus leitores.

Mas penso, sobretudo, em meu sogro, Christiano Monteiro Oiticica profissão: tradutor, hoje em companhia dos anjos e de São Mesrob, assistindo a esta cena.Lembro-me dele grudado à sua velha máquina de escrever, muitas vezes se queixando de como seu trabalho era mal pago (o que é infelizmente verdade até hoje). Logo em seguida, explicava que o verdadeiro motivo de continuar naquela tarefa era seu entusiasmo de dividir um conhecimento que, se não fosse pelos tradutores, jamais chegaria até seu povo.

Faço uma prece silenciosa por ele, por todos aqueles que me ajudaram com meus livros, e pelos que me permitiram ler obras às quais jamais teria acesso, desta maneira ajudando anonimamente a formar minha vida e meu caráter."

sexta-feira, outubro 24, 2008

Enjoada

Meu irmão e eu temos sete alelos em comum, com certeza científica. Os olhos da minha mãe, o humor (e o nariz) do meu pai, nem precisa de exame de DNA com o Greg Sanders como técnico! Me mandou um e-mail tão gentil, cheio de indicações de filmes (uma vez que nem sei quando eu entrei numa sala de cinema) e olha só como eu respondo:

Respondendo:
Vestido meu com Fabiana? E desde quando algo meu dá nela? Só se for o sutiã! Diz a cor do vestido pra eu lembrar (eu devo ter pensado que foi pra doação, só pode!)

Sobre filmes:
Eu ando tão desligada de tudo (graças a Deus)! Só quero ver 'Noites de tormenta' porque me mandaram o trailer (e quem mandou está acompanhando meu processo de desenvolvimento, então sabe o que está indicando).

Sobre a lista, comentários:
"Hancock => legal"
'legal' parece um certo indivíduo que tem sete alelos em comum conosco. Não me diz muito, né? Eu li agora sobre ele e apesar do elenco, agora não, obrigada.

"Homem de Ferro => muito, muito bom para os fãs de quadrinhos!"
Eu não gosto do Homem de Ferro, nunca gostei e não me balancei ao ver o trailer há algum tempo.

"Rambo IV => xi, sangue pra caramba, parece a Folha de Pernambuco :-p"
Acho que até Eduardo falou da sangueira. Passo.

"O Melhor Amigo da Noiva => Excelente, adoramos"
Cópia descarada de 'O casamento do meu melhor amigo', não? Considerando que eu ADORO a 'Julianne' da Julia Roberts (você sabe que é errado torcer por ela e continua torcendo), tem que ser MUITO BOM pra se igualar ao original. Pra rever o Sidney Pollack, talvez.

"Atirador => legal"
Mark Wahlberg é um bom ator, mas eu procuro rir mais atualmente. Isso parece um desses que a mãe de nós diz que é 'Tô matando', 'Vou matar', 'Tô terminando de matar'...

"O Filho do Rambow => excelente, achei a tua cara; um cinema de arte que adoramos"
Gostei da sinopse. (Quando foi que eu fui ver um cinema de arte? 'Tiros em Columbine' e não consegui. A indicação ao Oscar lotou a sala, habitualmente vazia)

"Homem-Aranha 3 => para você, se dormiu no cinema, vale a pena ver"
Eu não lembro nem se vi esse. Posso até ter perdido, mas dormir no cinema não. Desde 'Insônia' que eu não cochilo no cinema (é um trocadilho infame, mas é a pura verdade!). Gostei muito dos dois primeiros. É uma boa. Se for o que o amigo de Parker descobre a identidade secreta, a Mary Jane está mal na carreira de atriz, eu já vi (a cena dela com o amigo do Parker fazendo omelete tem uma fotografia bela!). Aí, não precisa mandar. E desde quando 'dormir no cinema' é boa indicação pra um filme de ação?

"O Reino Proibido => muito legal com Jet Li e Jackie Chan"
Tão 'A história sem fim'! Pra ver reinos fantásticos, eu ando com saudade de LER 'O Senhor dos Anéis' (partilha de bens dá nisso, e o livro era dele mesmo, mas eu criei um apego medonho). Sem falar que Harry Potter passa o dia andando pela minha casa. Entre os lutadores ninja e Hogwarts, ainda tem dúvida?

"O Incrível Hulk => muito bom, melhor do que aquele com Eric Bana"
O Hulk não mexe comigo. Eu gostava da série da infância e hoje sei que era... o tema musical. Eu sou capaz de tocar ainda hoje. Que melodia mais melancólica, putz!

"TMNT => O novo filme das Tartarugas Ninja, bem legal, gostamos"
Não gosto das Tartarugas Ninja. Ponto.

"O novo filme de Al Pacino e Robert de Niro => cujo nome não lembro, e ainda não vi;"
Fica fácil saber qual é, né? É altamente improvável que eu não goste de algo com AMBOS.

"Jornada ao Centro da Terra => o novo com Brendan Frasner. e ainda não vi;"
É 'O livro' de Verne que me arrependo de ter lido e comprado. E o Brendan Fraser, sei não, é insosso.

"Corrida Mortal => que não sei com quem é, mas pareceu legal, e ainda não vi;"
Quem é esse povo?

Ah:
Na pesquisa sobre os filmes, eu achei isso. Interessa?
http://www.eubaixo.net/

Não, eu não estou enjoada, eu sempre fui. 'Dramin' não sai da minha bolsa. E nesse momento, a minha imaginação está dando de 10 a 0 em direção, elenco, e roteiro então nem se fala!

Deixa eu ver a quantas vai a legenda de CSI dessa semana (essa eu comecei antes que todo mundo porque saiu no horário de trabalho e eu só trabalho pra mim mesma de agora por diante e para todo o sempre amém).

***
É meu irmão, ora! E ele conhece meu humor. Em certos dias, 'cáustico' é um eufemismo. :)
Ah! Meu irmão é Huddy (House + Cuddy)!!!! Estou zoando com ele desde que descobri. É um cara que se passa por sério, esse meu irmão, não? Acompanhando romance de personagem de série de TV junto com a esposa, vê se pode.
(ele não lê meu blog mesmo, vou começar a zoar mais com ele por aqui)
***
Ouvindo a dublagem de 'Jackpot' pela Record:
Gil Grissom: 'Eu preciso de alguns remédios'.
(desde quando 'medical supplies' é 'remédios'? Eu vou acabar revisora da PlayArte, no mínimo. Até o meu 1 ano de inglês é melhor que o desse povo!)
Eu adoro 'Jackpot' como boa fã do William Petersen que sou, mas custava Sara ter atendido uma daquelas ligações do Grissom? Ele falava o tempo todo com Catherine, para alegria das Grillows de plantão. O Grissom é da Sara e ponto final. GSR é cannon!
(deu pra ter certeza agora que eu e o comentado rapaz somos irmãos? DNA pra quê?)

Trilha sonora da minha vida

KKKKK. O bom de desconhecer completamente certos assuntos (pra não dizer que é ignorante mesmo) é que tudo é novo. Quem não lê jornal, acha qualquer notícia é novidade. Quem não entende de música internacional, como eu, vê-se sempre se apaixonando por músicas que fizeram sucesso há um bom tempo. Não se engane comigo; eu não conheço música internacional, meu ex sim, minha melhor amiga também. Se não fizer parte de uma trilha sonora de filme ( é cada dia mais raro eu saber até o nome da novela das oito), é quase impossível que eu conheça. Eu não ouço rádio nem pela internet (falta de hábito), não costumo ouvir CDs de gente que não conheço e não apreendo muito do que meus amigos falam sobre música. Anos e anos depois, eu começo a me dar conta que uma música aqui, outra acolá, e eu gostava de 'Scorpions' e não sabia!

Existem aliens como eu, sim.

Isso vem melhorando graças ao convívio com a banda onde ensaio e ao fórum GSR (Shipper de CSI) onde participo. As integrantes postam letras de músicas relacionadas aos personagens e eu comecei a procurar. E descobri que gosto de mais de uma música de 'The Callling', 'Coldplay', 'Linkin Park', 'Maná'... Meu ex-companheiro sentimental me apresentou 'Scorpions', 'The Cramberries' e outras bandas superfamosas. Minha irmã de alma me ensinou que existem CDs de trilhas sonoras dos filmes (aprendi a assistir até o último crédito ao final de cada filme desde 'O Casamento do Meu Melhor Amigo'). E Naná, minha amiga e sobrinha emocional, me fez saber que 'Evanescence' existe.

E hoje, eu quis saber o que 'Evanescence' cantava na OST de 'Smallville'. Fui atrás da letra e encontrei outra música deles. Foi o título, obviamente, que me chamou a atenção, mas ao ler isso, eu não aguentei. Estou rindo até agora.

Lithium
Evanescence

Lithium, don't wanna lock me up inside/ Lithium, don't wanna forget how it feels without /Lithium, I wanna stay in love with my sorrow/ Oh, but God, I wanna let it go


Come to bed, don't make me sleep alone/ Couldn't hide the emptiness you let it show/ Never wanted it to be so cold/ Just didn't drink enough to say you love me

I can't hold on to me/ Wonder what's wrong with me

Lithium, don't wanna lock me up inside /Lithium, don't wanna forget how it feels without/ Lithium, I wanna stay in love with my sorrow

Oh! Don't wanna let it lay me down this time/ Drown my will to fly/ Here in the darkness I know myself/ Can't break free until I let it go/ Let me go

Darling, I forgive you after all/ Anything is better than to be alone/ And in the end I guess I had to fall/ Always find my place among the ashes

I can't hold on to me/ Wonder what's wrong with me

Lithium, don't wanna lock me up inside/ Lithium, don't wanna forget how it feels without/ Lithium, I wanna stay in love with you/ Oh, I'm gonna let it go

Tradução aqui.

Pra você que não lê o blog: eu tomo lítio (um antidepressivo) há uns dez anos e me separei em junho deste ano. Essa música é perfeita para aquela época (acho que até o ex ia rir se lesse este post). Agora, é só pra ouvir mesmo.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Isso, sim, é resposta!

Quintana fez excelentes amigos entre os grandes intelectuais da época. Seus trabalhos eram elogiados por Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles e João Cabral de Melo Neto, além de Manuel Bandeira. O fato de não ter ocupado uma vaga na Academia Brasileira de Letras só fez aguçar seu conhecido humor e sarcasmo. Perdida a terceira indicação para aquele sodalício, compôs o conhecido

Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978)

O comentário veio daqui. Claro que Quintana está ali na estante.

quarta-feira, outubro 22, 2008

É nisso que dá reler o antigo blog

Não Comerei da Alface a Verde Pétala

Vinicius de Moraes

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor;
nasci Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

(Iludia-se o poeta. Num tempo em que as coisas andaram meio pretas, ele teve que se enquadrar direitinho e andou comendo legumes na água e sal como qualquer outro).

Extraído do livro "Para Viver um Grande Amor", Livraria José Olympio Editora S. A.- Rio de Janeiro, 1984, pág. 84.

Melhor que essa, só a receita dele pra fazer feijoada, que eu li há muito tempo, num livro de culinária. Pode ir lendo a poesia e executando as instruções ao pé da letra que sai uma feijoada! Queria que fosse assim com 'Receita de Mulher' também (alguém lembra? 'As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental...').

Pra quem não leu o antigo blog

Eu resolvi postar esse texto aqui. Por coincidência (ou não), eu cresci vendo uma cópia desse quadro, uma vez por ano, mais ou menos. Meu Pediatra colocou uma cópia diante da mesa dele, para que ELE ficasse fitando a pintura durante as consultas. Acho que isso foi a melhor mensagem subliminar da minha vida. Taí no que deu: eu adoro visitar pacientes em casa, me demorar à cabeceira dos doentes...

Os grifos em negrito são meus.


O médico

Em 1891, o pintor Sir Samuel Luke Fildes realizou uma de suas obras mais famosas denominada de “O médico”. Essa tela que pode ser apreciada, na Tate Gallery, em Londres, retrata uma cena emocionante: “O ambiente é a sala de uma casa, onde tudo está mergulhado na sombra, exceto pela luz central de um lampião que ilumina a menina doente(...) Num canto, o casal, pai e mãe, imagens da impotência. A mãe está debruçada sobre uma mesa. Seu rosto está mergulhado no vazio. Só lhe resta chorar. O pai é o próprio retrato do desamparo em busca de socorro. Tudo é uma despedida pronta a cumprir-se: a morte da filha. Ao lado da menina, um estranho, assentado: o médico - que na hora da luta entre o amor e a morte, é ele que é chamado – com seu cotovelo apoiado sobre o joelho, seu queixo apoiado sobre a mão, é a imagem da meditação: o que fazer? As poções sobre a mesa revelam que o que podia ser feito já foi feito. Esgotou-se o seu saber e o seu poder, mas o médico continuava ali – talvez rezando – afinal, também estava sofrendo...”.

Acredito que se o pintor inglês fosse novamente retratar essa cena, agora em 2004, talvez não colocasse o médico participando do cenário. E por que isso aconteceria? Por uma questão muito simples: o médico estaria correndo e se deslocando entre os vários empregos ou participando, infelizmente, de algum movimento reivindicatório (greve) para melhorar o seu salário e, principalmente, para resgatar a sua dignidade profissional.

É triste constatar, todavia, os médicos, atualmente, para sobreviverem – trabalham em cinco ou seis lugares – não conseguem ter mais tempo para parar, meditar e sofrer junto com o doente...Não temos mais tempo para sermos solidários com os nossos pacientes.

A sociedade não percebe que tratando o médico com essa indiferença - permitindo que se lhe pague um humilhante salário de R$ 338,60 – está destruindo o médico do quadro: herói e romântico de antigamente. E era, exatamente, no passado que o médico, apaixonado pela sua profissão, exercia a verdadeira medicina: escutava, tocava, acalmava a ansiedade do paciente...Era uma relação amistosamente afetiva, respeitosa, das identidades e dos respectivos nomes.

Lamentavelmente, o médico foi arrancado dessa cena de intimidade. E então surgiu a “nova” relação médico-paciente: distante, impessoal, desconfiada e até hostil. Por isso é que, cada vez mais, os processos por erros médicos estão surgindo. A gratidão e admiração deram lugar à competição e à inveja: “Os médicos têm que se acostumarem a andar de fusca”; “Vamos punir a máfia dos jalecos brancos” – são exemplos do tratamento dispensados a nós médicos, no presente.

Por que esse sentimento de revolta? O que os médicos fizeram para merecer tanto desprezo? É bem verdade, que há alguns profissionais que não dignificam a nossa profissão: que não deveriam está usando o branco. Mas, qual é a profissão em que não existem maus profissionais: atire a primeira pedra àquela profissão em que todos os profissionais são puros e não pecam.

Na medicina não poderia ser diferente, pois ela é feita por homens: bons e maus. No entanto, Gandhi nos alivia quando diz: “Se uma parte do oceano está suja, isto não torna sujo todo o oceano”. E podem acreditar: há um número muito maior de profissionais que dignificam a medicina, do que o contrário! Profissionais que gostariam de fazer o que tanto aprenderam nas universidades: cuidar do próximo... Até quando a tristeza desse quadro atual irá continuar? Não sei. Porém, responder essa questão fará uma enorme diferença. Afinal, já dizia o filósofo Hegel: “Nada de grande se faz sem paixão”. E não existe paixão sem respeito. Não existe paixão onde há desprezo.

Francisco Edílson Leite Pinto Junior, Professor do Departamento de Cirurgia da UFRN

Mais uma vez, a última da fila (e daí?)

Eu sei, eu vou fazer 33 e não 30. Mas é que eu sempre fui meio atrasada (pra nascer, dar o primeiro beijo, perder a virginidade, me formar...). Essa também veio do antigo blog, mas acho que foi Vicky quem postou primeiro. Acho, somente. O Mal de Alzheimer tá começando a atacar (éééééé, anônimo leitor, essa patologia atinge mais adultos que pessoas da terceira idade!).

OS SINTOMAS DA TPT (A Tensão Pré-Trinta)
por Nina Lemos

Dentro de um mês eu vou fazer 30 anos. Percebam, hoje, que é dia da criança, faltam 30 dias para a data fatídica em que deixarei de ser uma pessoa de 20 e poucos anos. Não vou poder mais nem cantar a música do Fábio Junior que diz… "eu quero saber bem mais etc". Nem serei mais público alvo da MTV.

Achei que fosse ser fácil. Até dei uma entrevista para uma revista feminina dizendo que crise dos 30 não existia. Mas a verdade é que existe, não nego, melhoro quando puder.

Você percebe que entrou na TPT de várias maneiras. É como se fosse tipo uma TPM que durasse um mês. Eu percebi que tinha sido acometida pela síndrome em uma tarde dessas, um dia lindo. Do além, fiz duas coisas muito sintomáticas. Na mesma tarde, repito, na mesma tarde, abri uma caderneta de poupança e comprei uma sacola de cremes de ácido, colágeno, elastina!

Preciso confessar que nunca na minha vida eu tinha aberto uma caderneta de poupança (futuro? O que é isso?). E também nunca tive muita paciência para passar cremes. Agora tenho passado. Religiosamente.

E O MUNDO CONSPIRA CONTRA QUEM ESTÁ SOFRENDO DE TPT! No dia em que comecei a escrever esse texto (ele já foi mudado duas vezes porque eu estou surtada) meu primo passou por mim, beliscou a minha barriga e disse: "olha, a Nina está com pneu!". O detalhe é que eu peso 46 kg (engordei um quilo durante a TPT). No dia seguinte, minha mãe apareceu com uma nova maravilha tecnológica para peles: a vitamina C. Como virei uma pessoa louca por cremes, comecei a passar o troço na bochecha. E, sabe o que eu ouvi? "Não, Nina, passa nas suas rugas!". Resumindo: em uma semana eu virei uma pessoa que tem pneu e ruga…

Outro sintoma clássico da TPT é você começar a se perguntar: O QUE ESTOU FAZENDO DA MINHA VIDA???? Sim, ela é boa. Mas será que eu estou virando uma careta? Será que eu vou me acomodar? Será que um dia eu vou virar uma mãe careta? Uma avó careta? Enfim, será que eu vou ser uma idiota de classe média?

Outro sintoma é bom. Você fica carente e começa a ter vontade de sair procurando e abraçando todos os seus amigos. Você precisa perguntar para eles se você é legal, precisa dizer que eles são legais. Enfim, você precisa ouvir palavras de amor.

SE EXISTE REMÉDIO? Não, ainda não lançaram uma pílula para a TPT (quem disse que a ciência está avançando?). Mas as coisas que fazemos quando estamos com TPM ajudam. Ou seja, se entupir de chocolate e de café, ter ataques de fúria etc.

Mas elas não resolvem. O fato é que você tem quase 30 anos. Na verdade, você já tem 30 anos. De agora em diante, podem me chamar de balzaca, de trintona, do que for. Eu encaro. Eu prefiro assumir agora. Sim, eu tenho 30 anos. E não tenho pneu porra nenhuma. E quanto às rugas, bem, deixa eu passar o ácido e o colágeno antes de dormir…

E quem é que precisa ser público alvo da MTV?

Pra quem não sabe: Eu esqueci MESMO de nascer. Se o médico não tivesse me tirado (duas semanas depois da data programada) da barriga de mamãe, acho que ainda estava lá. Se eu esqueci disso, imagina o resto!

Essa também é minha

THE DOORS ARE CLOSED

Deve-se tentar
O cansaço não pode fazê-la desistir
Você foi feita para lutar
Por tudo e para todos

Meras negativas não vão fazê-la esmorecer
Um “não” será seu incentivo
Voltar as costas a tudo seria negar sua razão de ser
Não desista jamais diante dos obstáculos
Não desacredite de si mesma.

Se as portas estão fechadas
Cabe a você abri-las.
(05. 03. 92)

Talvez eu estivesse prevendo esses muitos momentos difíceis de minha vida, talvez 1992 tenha sido mais difícil do que me lembro agora (3o ano, vestibular, último ano na cidade onde cresci). 'Talvez' devia ser nome de alguma poesia minha. Se eu ainda fizesse poesia.

Mais textos do antigo blog

"Terça-feira, Fevereiro 15, 2005

Pegando o jeito

E não é que eu estou estudando? "Afecções do recém-nascido" e "Hepatites Virais". Eita! Deixa eu enviar o teste comentado pro meu professor de Gastroenterologia porque faz duas ou três semanas que prometi enviar.

Depois que você sai da faculdade, estudar não é mais a mesma coisa. Exceto se você emendar de cara com uma pós-graduação e se enfiar no meio acadêmico. Jamais acreditaria que eu, uma traça de livros, não estaria todo dia estudando. Na verdade, eu estudo. Não se passa um dia que eu não leia algo novo, mas não necessariamente Medicina. Agora eu estudo pelo simples prazer de saber, coisa que a faculdade havia tomado de mim. Dá pra acreditar que até entrar na faculdade eu estudava pelo prazer de aprender? Pois é, a dificuldade em me fazer estudar era se eu não encontrasse aplicação prática pra o assunto. Regra de três inversa, por exemplo. É aramaico. Já estequiometria era um sonho, e todo mundo detestava.

Eis o que uma faculdade de Medicina fez comigo: estudar por obrigação. Um pesadelo. Aliás, existem projetos e mais projetos para reavaliação do currículo médico. Fazem a gente decorar cada coisa teórica, o detalhe da exceção, o nome antigo e o atual do mesmo músculo, do mesmo osso. Você sai sabendo o Ciclo de Krebbs e não lembra da dose de antibiótico para o tratamento da pneumonia no recém-nascido. Tem que consultar o livrinho de "Medicamentos Habitualmente usados em Pediatria" (Deus abençoe a Nestlé que edita o manual!).

O mais perfeito exemplo, na minha humilíssima opinião, chama-se "Memórias de um médico interno", de Robin Cook. Ali você lê, e não acredita, no que fazem conosco (não conseguiram comigo): despersonalizar o médico, desaprender a interagir com o paciente como pessoa e vê-lo como doença. O rapaz era tão humano no começo do livro e acaba...um médico."A cidadela", de Cronnin, também mostra isso. Da falta de apoio ao médico formado, isolado na cidadezinha de interior, sem recursos pra se manter atualizado. E olha que a história é do século 18! Não mudou muita coisa. Aliás, piorou.

Falando nisso, eu vou me deitar porque daqui a quatro horas eu pego um ônibus que roda duas horas e meia, pra dar plantão 24 horas, pegar o ônibus de volta, descer em outro hospital, dar mais 24 horas de plantão e não ter dinheiro nem pro cinema esse mês. E a prefeitura de Santa Cruz "esqueceu" de pagar aquele plantão que dei com o falso médico. Ainda tem essa: concorrência desleal. "

Se alguém se der ao desumano trabalho de realmente ler (não apenas 'passar uma vista') meu antigo blog, vai se perguntar como eu ainda aguentei tanto tempo pra desabar, exercendo a nobre arte como eu exercia. É, 'exercia'. Porque eu vou voltar a exercer, mas daquela maneira, nem pro falecido papa!

P.S: E olha que eu amei aquele João Paulo II a ponto de rezar que ele descansasse de uma vez (aquilo não era mais viver, era sofrer). Basta contar quantas vezes eu comentei sobre ele naquela época.

Pros desavisados, o antigo blog começou com um grupo de amigos que foram parando de participar e acabou sendo só meu. Daí o 'De Lua e Estrela'.
Madame Coco Chanel (estilista) nunca se importou que copiassem os modelos de suas roupas porque 'boas idéias devem ser compartilhadas'. Bem, obrigada pelo poema, anônimo leitor!


***
Preciso me certificar se minha prezada genitora continua neste plano de existência. Hoje, EU não apenas saí comprando mais de uma roupa sem ter planejado com ainda fiz questão de sair de uma das lojas já usando uma das blusas (vermelha, ainda por cima) !!!! Pra entender tal comentário, leia este post.
***
Eu ando relendo meus antigos escritos, deve ser a crise de aniversário chegando. A gente fica repensando a vida, o que conseguiu até agora, que já está na quarta década de existência (é, quarta década, se vou fazer 33, a terceira década já passou). Do meu antigo blog: "A maldição de Eva não foi 'Parirás teus filhos com dor', certamente a condenação foi 'Sangrarás todos os meses com dor'. "
Porque fazer a minha parte na tradução da legenda do 2o episódio da 9a temporada de CSI exigiu inúmeras paradas para deitar, melhorar da dismenorréia (nome chique pra 'cólica menstrual') e voltar para o computador. Mas a legenda saiu!
***
Vou ali estender a roupa lavada e procurar uma história do Batman. Fui inventar de comentar algo com meu terapeuta e usei a tal história como exemplo. Agora, quero ler de novo. Detalhe: são APENAS quinze anos de revistas na minha coleção. Vai ser fácil pra encontrar...
***
Também do antigo blog (quando eu fazia poesia):
queria largar tudo e sair por aí
sem hora nem dia pra pra voltar
sem plano de vôos
em vigia
sem porto pra ancorar
queria saber ser irresponsável
e assumir de vez essa minha loucura
que vive à espreita
mas não se assume
queria sair de vez do armário
desaparecer pelo mundo
garanto que não haveria boletim de ocorrência
Acho que, no que melhorei da depressão, meu lado poético tirou férias.
(Pro lado poético: "Ei! Pode até se aposentar viu? Não estou fazendo questão".)
***
Não, eu não sou alcoolista (não se usa mais o termo 'alcoólatra' porque é doença e não vício). Mas eu adoro esse texto da Oração da Serenidade, como escrita por Reinhold Niebuhr:

"Deus, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as coisas que eu possa, e sabedoria para que eu saiba a diferença: vivendo um dia a cada vez, aproveitando um momento de cada vez; aceitando as dificuldades como um caminho para a paz; indagando, como fez Jesus, a este mundo pecador, não como eu teria feito; aceitando que Você tornaria tudo correto se eu me submetesse à sua vontade para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e extremamente feliz com você para sempre no futuro. Amém."

sábado, outubro 18, 2008

Poesia do Dia

Presente de Vicky há alguns anos. Você já deu uma poesia para um amigo, sabendo que era a cara dele? Faça isso! Nada se compara à sensação de que alguém lembrou de você, assim, por nada. E não é caro copiar um texto numa folha de papel (nesses tempos modernos, 'copiar', 'colar' e enviar por e-mail). Claro, algumas pessoas têm a brilhante capacidade de decorar a poesia. Eu não sou uma das afortunadas com uma memória eidética (como Fox William Mulder e Will Graham, de 'Dragão Vermelho'), mas adoro meu presente mesmo assim. Perdoe-me, professora Vicky, a tradução pavorosa, mas eu gostaria que meu anônimo leitor tivesse uma pálida idéia do tema. E não, Will Graham NÃO está na lista dos meus Willians (perdoem-me William Petersen e Edward Norton, que interpretaram o personagem). Esse William está na coleção:

When You are Old

William Butler Yeats

When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;

How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;

And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.

Quando você estiver velha

Quando você estiver velha e grisalha e cheia de sono,
E dormitando junto ao fogo, pegue este livro,
E lentamente leia, e sonhe com o olhar suave
Que seus olhos tiveram uma vez, e suas sombras profundas;

Quantos amaram seus momentos de alegre graça,
E amaram sua beleza com amor falso ou verdadeiro,
Mas um homem amou a peregrina alma em você,
E amou as tristezas de sua face mudando;

E encurvando-se ao lado das barras ardentes,
Murmura, um pouco tristemente, qual Amor abandonado
E passeou sobre as montanhas acima
E escondeu a face dele entre uma multidão de estrelas.

Dia de São Lucas

"Como um atleta que se prepara com exercícios leves para maiores pelejas, o espírito de Andrew ainda se mantinha em guarda ao aproximar-se da vida."

Me lembrei disso hoje, depois que minha pacientezinha saiu daqui há pouco para a revisão da sinusite que quase a enlouqueceu com dor de cabeça. Eu fui dormir quase às seis da manhã, acordei às nove com o telefonema da mãe dela que não tinha mesmo outro horário para trazê-la (e, de mais a mais, quem é a louca criatura que tem esses horários de sono?).

Essa frase faz parte do capítulo de reestabelecimento do Dr Andrew Manson após o duro golpe da morte de sua esposa. "A Cidadela", de A. J. Cronin (médico) foi indicação (e presente, devidamente roubado com um antigo carro que eu tive) do meu pai (que é médico). Alguns anos depois, Fernanda (fã de Cronin, por causa de 'As Chaves do Reino') me deu outro exemplar. Cronin é um dos autores prediletos da minha mãe (e da mãe de Vicky), mas eu li quase tudo dele e tenho algumas ressalvas. Porém, 'A Cidadela' é o meu predileto daquele autor sobre temas médicos ('As Chaves do Reino' é imbatível, embora minha mãe insista em 'O Castelo do Homem sem Alma' ou 'Pelos Caminhos de minha vida', não lembro mais).

Cada pessoa tem seu método para organizar suas coisas e meus livros têm um sistema ímpar. Na verdade, aqui em casa há uma seção onde estão autores médicos, romances médicos ou com referência a médicos. 'As Viagens de Gulliver' (que era médico) só não está ali porque é tão 'aventura' que ficou ao lado de 'A ilha do Tesouro'. Mas Dr Dráuzio Varela ('Por um Fio', 'O Médico Doente', 'Borboletas da Alma') está ao lado de Dr Moacyr Scliar ('Dicionário do Viajante Insólito'), Robin Cook ('Cego', o resto eu li da biblioteca do meu pai ou por aí), Hipócrates ('Viver, Cuidar, Amar'), Noah Gordon ('O Físico', 'A Escolha da Dra Cole' e outros), Michael Crichton (ele mesmo! De 'Jurassick Park'. Eu tenho 'Cinco Casos', uma das raras obras dele sobre a própria formação médica), A. J. Cronin e Taylor Caldwell. 'Médico de Homens e de Almas', de Caldwell, foi separado dos outros da mesma autora porque é sobre a vida de São Lucas.

Eu não sei quantas vezes eu comprei esse livro e dei de presente para algum médico. Na minha formatura, eu esperei, esperei e um dia, andando pelo shopping eu simplesmente entrei numa livraria, peguei um exemplar e fui pro caixa. A minha mãe ficou olhando, meio sem entender e eu respondi 'Eu acho que eu mereço ganhar um presente de formatura, nem que seja de mim mesma.'

Entendam-me: a minha mãe fez questão de me dar meu anel de formatura, algo que pessoalmente eu acho uma besteira, mas ela não teve anel, nem meu pai, porque é algo muito caro, e eu nunca soube como ela conseguiu comprá-lo. Toda a formatura foi cheia de historinhas, mamãe costurou todos os vestidos, junto com minha tia (exceto o do baile, cujo primeiro aluguel saiu do meu bolso). Meu pai mandou o suficiente para comprar os tecidos dos vestidos. Se eu já não estivesse trabalhando, não teria participado da formatura (outra besteira, na minha particular visão), mas eu fiz pela minha mãe, que queria ter se formado em 'Medicina' e parou o curso pela metade pra criar menino. Se alguém conseguir entender, me explique, eu desisti: meu pai comeu o pão que o diabo amassou pra se formar em Medicina e convenceu minha mãe a largar a mesma faculdade porque os filhos 'iam ficar mal-educados na mão de empregada'.

Bem, histórias de família. A história de São Lucas é que vale a pena. Apesar dos santos padroeiros dos médicos (e farmacêuticos) serem Cosme e Damião (também médicos, segundo a lenda), o dia do médico é comemorado no dia de São Lucas (obviamente, médico).

Na primeira página do exemplar (devidamente lido, relido e trilido), está, escrito com a mesma caneta que assinou meus convites de formatura, a seguinte dedicatória com minha letrinha ainda cursiva (passei a escrever em letra de forma pros pacientes não terem dificuldade com as receitas):

'Que você nunca desista'

Hoje é dia do médico.
***

Se lhe interessa, neste mesmo blog:

Vida de médico (o texto não é meu)
Sobre pacientes e plantões (uma revisão sobre posts de uma comunidade do Orkut, com comentários meus)
A Declaração de Genebra (que é o juramento atual nas formaturas de Medicina)
E o imbatível Juramento de Hipócrates (considerado cheio de situações politicamente incorretas, por isso substituído)
Da minha autoria, Feliz dia do Médico. Recomendando a leitura da Declação e do Juramento antes, pra ficar mais compreensível.

E, como diria o Dr Grissom (Ph. D em Entomologia, bem entendido): 'Let's move on!'

Odessa Valadares ('doutora', como diz meu pai, é só um apelido)

quarta-feira, outubro 15, 2008

Pois é

O pessoal da banda comentou, indicou e me emprestou 'If Only' ('Antes que termine o dia'). É legal, um tanto... acho que podiam moderar um pouco o drama, mas considerando-se que é o quarto filme do diretor (o mesmo de '10 coisas que eu odeio em você'), está bom.

A questão é: não seria minha indicação pessoal, num primeiro momento. Então eu me lembrei que deve haver outras pessoas como eu, que têm seus insigths através de fontes incomuns de conhecimento. A banda só tem rapazes, logo, o filme faz mais sentido para eles. Ou, eu já havia entendido a mensagem do filme há algum tempo atrás, nessa mesma existência.

De qualquer forma, novo insight. Um dos trailers do DVD era 'Em boa companhia'. O trailer é melhor que o filme, na minha opinião, mas ver Dennis Quaid casado com Marg Helgenberger (de 'CSI') pode ser uma boa pra alguns. No trailer, a seguinte frase:

'Às vezes não é importante ter uma carreira, importante é ter sua vida'
('Sometimes it's not about getting ahead, it's about getting a life', no original).

Acho que vou mandar fazer uma placa e colocar na porta do meu ambulatório, quando voltar a trabalhar. Do lado de dentro, bem entendido, para EU não esquecer nunca mais.

Eu já falei que gosto de trailers de filmes? Que na minha infância e adolescência, eu preferia ver os trailers que o filme? Justificativa: é preciso talento pra contar uma história em um minuto(mais ou menos). Diretores de comerciais que o digam!

PS: Lembre-se que 'Uma vocação não é uma vida'!!!!

segunda-feira, outubro 13, 2008

Por quê?

É dia de São Eduardo. Rei da Inglaterra, com ‘temperamento manso e generoso (nunca uma indelicadeza ou uma palavra de repreensão ou um gesto de ira nem para com os mais humildes súditos)’. A descrição é de ‘Um Santo para cada dia’, a quem interessar possa.

Porque um Eduardo me honrou com seu temperamento também manso e generoso: muito obrigada.

***

Heroes Of Sand
(Angra )


Sealing light/Nothing to see/Like a miracle life/Starts with the pain/Forever this will be


Close my eyes/Thunders won't cease/Crawling down to the edge/I break down and weep/Tears on the river deep/Oh! Back to the sea

Shout loud/Moving ahead/Ride the horses of justice/Virtues of men, yawns!

Down and out/Losing my head/Like a dream you're returning/Back from the dead-awake!/Shadows will fade some day

All the heroes go down/Shed their blood on the land/Dreaming somehow/The divine will now stand./Heroes go down/With their hearts in their hands/Building, their castles on the sand

Haunted by the heavy clouds/Thunder is tearing away/Howling like a mountain wolf/Warriors are leading the way

All the heroes go down/Shed their blood on the land/Dreaming somehow/The divine will now stand./Heroes go down/With their hearts in their hands/Building, their castles on the sand

on the sand

Porque desde que ouvi (há quase duas semanas!) não sai da minha cabeça e do Windows Media Player. Tradução para quem quiser.

***
Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Porque Vinícius anda aqui por esses dias e esse foi um dos primeiros de uma longa lista de sonetos que tocaram meu coração. E olha que a lista inclui quase todos os sonetos do Bardo!

PS: Presente de uma pessoa maravilhosa, a ‘Antologia Poética’ de Vinícius só não tem ‘Quatro Elementos’ senão seria um livro perfeito. Me acompanha (acompanha-me, dá no mesmo, seus puristas) desde um pós-operatório (daí a intenção do presente) e, de fato, a dedicatória me enternece até hoje. ‘E que a dor de dente não seja infinita enquanto dure!’ sempre me faz sorrir a cada vez que leio.

***
Respondendo

Cardápio do almoço com os poetas (e poetisas):
- Aperitivos: variedade de poemas satíricos e políticos.
- Entrada: suspiros por inatingíveis objetos do desejo humano (a criatura amada, por exemplo).
- Primeiro prato: odes a criações perfeitas da Natureza (sol, lua, estrelas e animais de estimação)
- 'Piéce de resistance': poemas de amor correspondido acompanhados de pequenas porções de saudade.
- Sobremesa: poemas eróticos (a essa altura, todos já estarão bêbados mesmo).
- Café: declarações e resoluções de vida (ou morte).
- Conhaque: Profundas meditações sobre a existência e finitude humana, , ao final das quais todos se despedirão, acreditando que mais um dia é possível (se existe por quem ou pelo que almejar).

Porque eu me diverti tanto planejando o menu que resolvi compartilhar. Ai, deu saudade de 'Um Alfabeto para Gourmets'. Vou cobrar de volta senão... adeus livro. Sou ciumentíssima com meus livros, raramente empresto e esse está com minha mãe. Mas eu vou cobrar assim mesmo.

***
Só porque hoje é segunda e há a perspectiva de uma semana inteira pela frente.

PS: Sabe aquele meu lugar no mundo? Acaba de sair daqui uma pequenina com dor de cabeça há nove dias e com febre. É como andar de bicicleta (ainda que o equilíbrio falte de vez em quando): onde é que eu guardei as fichas do povo? Cadê as duas calculadoras da minha maleta? Como é mesmo o nome-fantasia do xarope de dipirona com sabor de chocolate?
A mãe da menina me conhece há aaaanos. Ela sabe que é só falta de prática. Eu tenho certeza disso.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Verdades

Como eu já disse, minhas fontes de conhecimento são incomuns.
Por exemplo: venho tentando verbalizar minha dificuldade de relacionamento com a profissão que escolhi seguir. Eu amo tanto Medicina que, no baile de formatura, eu mandei fazer um vestido de noiva. Verdade! Branco, com flores no cabelo combinando com as do vestido e não destoou em nada dos outros vestidos da festa. Eu realmente casei com a profissão e meu ex-companheiro sabia disso. Daí a grande dor da separação, de perceber o quanto algo que eu amava estava me destruindo.
Sucessivamente, explico para as pessoas meu afastamento, escrevo e fica faltando um quê. Então, esta madrugada, encontrei a frase perfeita, numa fanfiction. Eu sei, eu sei: autores de fics não usam sequer os próprios personagens, mas não significa que não existam enredos maravilhosos por aí. Copiei a fala do personagem (com os devidos créditos) para colocar à vista. Para aqueles dias em que eu tenho recaídas e acho que posso salvar o mundo, sabe?
"A vocation is NOT a life, sweetheart. Dedication is well and good, but can never replace the tangible beauty of that heavenly connection to someone else."
(Grissom, 'Casa Caliente', by Cincoflex).
***
Da mesma forma, filmes me tocam. Eu costumo anotar frases de determinados personagens, comentários dos atores, roteiristas e diretores (alguns 'extras' são melhores que o filme). Por esses dias, eu encontrei a Jodie Foster na prateleira dos lançamentos e a convidei para minha casa. A Jodie não é habituée por aqui como Julia Roberts porque certas pessoas são como jóias: para dias muito especiais. Anyway, 'Valente' não é o melhor filme dela, mas os diálogos e comentários tocaram meu coração:
“Quando você ama algo, toda vez que um pedacinho disso se vai você perde um pedacinho de si próprio.”

“Há muitas formas de morrer, mas é preciso achar uma forma de viver.”

“O desejo de viver quando não se quer mais viver, e de se reconstituir depois de ter sido destroçado, é coragem.”
***
É uma questão de prestar atenção para ouvir o que é preciso. Não importa onde você ouve ou quem diga, a verdade será sempre a verdade.
(essa era uma das mensagens de 'Inimigo Meu', também com Dennis Quaid)

domingo, outubro 05, 2008

Só porque...

... Grissom's Girl indicou 'Casa Caliente' (Fic GSR NC-17) e até agora, eis o que encontrei de mais belo:

Soneto - X V I I
Pablo Neruda

NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Não sei, acho que vou fazer outro almoço, esse só pros poetas falecidos. Neruda, Drummond, Vinícius, Blake, Shakespeare, e. e. cummings... Apareça, anônimo leitor!

sábado, outubro 04, 2008

Precisa dizer mais?


Sonhe com aquilo que você quiser

Clarice Lispector

Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas
uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas
que passam por suas vidas.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Contagem regressiva

Faltam 5 dias e 12 horas para a season premiére de CSI. Saudade de Grissom...

Tá bom: saudade de Sara, Nick, Greg, Cath, Wendy, Warrick (que Deus o tenha), Henry, Hodges, LH e até do Ecklie (o que não faz o tempo!).

A CBS teve piedade de pobres fãs como eu (que quase morro de angústia com a promo do episódio) e fez um vídeo GSR tão maravilhoso que muita gente duvidou que fosse da própria emissora.

Peraí que vou ali fazer um estoque básico de lenços e rezar pros meus vizinhos não chamarem a polícia. Entre a morte do 'negão do olho verde' e o reencontro dos meus geek lovers, uma pequena crise histérica deve ser permitida, pois não?

E os meus pacientes pensam que eu sou normal...