sexta-feira, abril 30, 2010

Encaminhado por Fernanda

>>>Não tenho qualquer confirmação quanto a veracidade do caso. Fica como uma piadinha a respeito das "qualidades" do sistema operacional da Microsoft<<<

RESPOSTA DA GM PARA BILL GATES

Numa recente feira de informática (Comdex), Bill Gates fez uma infeliz comparação da indústria de computadores com a automobilística declarando:

- Se a GM tivesse evoluído tecnologicamente tanto quanto a indústria de computadores evoluiu, estaríamos dirigindo carros que custariam US$ 25 e que fariam 1000 milhas por galão (algo como 420km/l).

A General Motors, respondendo 'na bucha', divulgou o seguinte comentário:

Se a Microsoft fabricasse carros:

- Toda vez que eles repintassem as linhas das estradas, você teria que comprar um carro novo.

- Ocasionalmente, dirigindo a 100km/h , seu carro morreria na autoestrada sem nenhuma razão aparente, e você teria apenas que aceitar isso, sem compreender o porquê! Depois, deveria religá-lo (desligando o carro, tirando a chave do contato, fechando o vidro saindo do carro, fechando e trancando a porta, abrindo e entrando novamente... Em seguida sentar-se no banco, abrir o vidro, colocar a chave no contato e ligar novamente). Depois, bastaria ir em frente.

- Ocasionalmente a execução de uma manobra à esquerda poderia fazer com que seu carro parasse e falhasse... Você teria então que reinstalar o motor! Por alguma estranha razão você aceitaria isso como "normal".

- A Linux faria um carro em parceria com a Apple, extremamente confiável. Cinco vezes mais rápido e 10 vezes mais fácil de dirigir. Mas apenas poderia rodar em 5% das estradas.

- Os indicadores luminosos de falta de óleo, gasolina e bateria seriam substituídas por um simples "Falha Geral ou Defeito Genérico" (permitindo que sua imaginação identificasse o erro!).

- Em um acidente, o sistema de air bag perguntaria: "Você tem certeza que quer usar o air bag?".

- No meio de uma descida pronunciada, quando você ligasse o ar-condicionado o rádio e as luzes ao mesmo tempo, ao pisar no freio apareceria uma mensagem do tipo "Este carro realizou uma operação ilegal e será desligado!".

- Se desligasse o seu carro utilizando a chave, sem antes ter desligado o rádio ou o pisca-alerta, ao ligá-lo novamente ele checaria todas as funções do carro durante meia hora, e ainda lhe daria uma bronca para não fazer isto novamente.

- A cada novo lançamento de carro, você teria de reaprender a dirigir. Coisa fácil! Você voltaria a autoescola para tirar uma nova carteira de motorista.

- Para desligar o carro, você teria de apertar o botão "Iniciar".

- A única vantagem: Seus netos saberiam dirigir muito melhor do que você!


Ah, os engenheiros! Adoro piada de engenheiro. Talvez porque viva cercada deles. Na verdade, cercada de engenheiros e jornalistas. Tão cercada, que meu irmão (engenheiro) é casado com uma jornalista. Estranho. Geralmente médico só convive com médico, enfermeiro, psicólogo...

terça-feira, abril 27, 2010

Eu não disse?

Confirmaram hoje um caso de H1N1 onde eu trabalho, uma cidadezinha minúscula. Quem sabe agora a população-alvo aceita a vacina que a gente oferece, oferece, mas é quem não tem indicação que chega pedindo direto...

segunda-feira, abril 26, 2010

Dia de Estrela

Dia 23 de abril foi Dia do Livro e dos Direitos do Autor, e eu não me esqueci, mas só hoje eu encontrei uma notícia à altura da data. Embora só em 2050 as obras de Vinícius de Moraes serão de domínio público, a Biblioteca Brasiliana disponibilizou 15 obras pra leitura na internet!!!!!

A notícia é do JN, e você pode acessar a obra de Vinícius disponibilizada pela Brasiliana aqui.

segunda-feira, abril 19, 2010

Como bem disse Suzi

'Não sou entendida de cinema. Não possuo autoridade alguma no assunto. Minha opinião não passa disso: minha opinião.

E essa opinião é baseada no método mais científico do mundo: o que gosto e o que não gosto. E em alguns casos, o que prefiro.'

('A sétima arte', no 'Vinhos e Livros')

Semana de 'férias'. O que será que eu consigo assistir?

Como postou a Fal

"É normal que se estabeleçam relações leitor/cronista. Todos temos nossas preferências. Há cavalheiros e damas que não leio de jeito e maneira, assim como há outros e outras que me agradam. Curiosa é a maneira como essas relações se manifestam. Muitos leitores dizem: só leio você, fulano e fulana. Pensam elogiar, mas acabam deixando “você” furioso, porque “você” – chame-se Manuel, Joaquim, João ou Pedro – sempre se considera muito melhor do que os outros dois e toma o elogio como ofensa.

Outra reação curiosa é aquela que faz o leitor querer dirigir o pensamento e a escrita do profissional. Não há duas pessoas iguais. É perfeitamente normal que os autores que admiramos e acompanhamos escrevam e pensem coisas com as quais não concordamos. Contudo, não são raros os leitores que se consideram donos do escriba e pretendem que ele dance de acordo com as suas músicas. A situação é meio complicada, sem deixar de ser muito divertida."


Eduardo Almeida Reis, no Estado de Minas

domingo, abril 18, 2010

Hoje é dia de uma grande estrela

Dia de Monteiro Lobato

"Tentei arrancar de mim o carnegão da literatura. Impossível. Só consegui uma coisa: adiar para depois dos 30 o meu aparecimento. Literatura é cachaça. Vicia."

Abril é o mês do livro, a meu ver. O dia 23 de abril é o 'Dia Mundial do Livro e dos direitos do autor' e, embora o 'Dia Nacional do Livro' seja em 29 de outubro - por ser a data da Fundação da Biblioteca Nacional - o dia 18 de abril é o 'Dia Nacional do Livro Infantil' e porque Monteiro Lobato nasceu num 18 de abril, é 'Dia de Monteiro Lobato'.

Eu não sei quanto ao resto dos verdadeiros leitores - aqueles que leem porque amam e não porque precisam ler - mas eu comecei com Monteiro Lobato. Lembro da primeira vez que li 'Reinações de Narizinho'. 'O Sítio do Pica-Pau Amarelo' foi o primeiro dos meus mundos paralelos. Há uns dez anos, eu comecei a reler 'Reinações' e fiquei impressionada como o livro é 'politicamente incorreto' e por isso mesmo delicioso. Aliás,como a Emília é atrevida e desbocada! Como a censura da época não percebia que Lobato estava fazendo subversão pras crianças? E quando percebeu, como ele conseguiu ficar tanto tempo escrevendo até ser finalmente preso?

Lobato foi meu herói infantil, tanto por sua obra, quanto por sua história. Também foi o primeiro autor que eu soube que traduzia obras de outros autores. A tradução dele de 'Pollyana' supera à de Luiz Fernando Martins, ou minha admiração turva meu julgamento? Nunca soube a resposta, mas li 'Hans Staden' inúmeras vezes por causa da tradução de Lobato. Eu não imaginaria, naquela época, que teria meus personagens e concordaria que 'traduzo como o bêbado bebe: para esquecer, para atordoar', exatamente como ele.

Tenho certeza que Lobato se sentiria muito feliz em saber que me estimulou a aprender por prazer. Ele soube, como ninguém, transformar História, Geografia, Gramática Portuguesa, Matemática em assuntos tão curiosos que continuo fã de Mitologia Grega e fico rindo de mim mesma quando percebo que sou tão apaixonada por álgebra quanto o Visconde de Sabugosa. Nessas horas, tenho medo de acabar tão entupida de conhecimento quanto o sabuguinho e acabar precisando de uma intervenção cirúrgica, pra extrair metade das letrinhas que me entopem. De certa forma, Lobato era um geek, embora o termo não existisse na época dele: ele gostava de saber de tudo, de partilhar esse conhecimento e aplicá-lo no dia a dia. Não angariou muita simpatia ao longo da vida com essa atitude, mas parece que é assim com a maioria dos geeks.

Relendo sobre a vida de Lobato, percebo que continuo tão fã quanto no dia que peguei aquele livrão das mãos da minha mãe, achando que nunca ia conseguir lê-lo todo, de tão grande. Não imaginava que devoraria outros 11 volumes que reuniam toda a obra infantil do autor. Ao saber como e por que muitos deles haviam sido escritos, nunca me animei a procurar um título 'adulto' da obra dele. Nem mesmo 'Urupês'. O próprio Lobato reconheceu que perdeu muito tempo escrevendo para adultos até encontrar o público certo pra propagar suas idéias.

Se esse país teve um nacionalista, esse foi José Bento Renato Monteiro Lobato. É lamentável que eu não tenha sequer uma de suas obras, mas quando finalmente pude comprar toda a coleção em capa-dura, já rolava o litígio que perdura até hoje entre os herdeiros e a Editora Brasiliense, e não estavam mais disponíveis. Também não encontro as traduções, nem mesmo a de ‘Pollyana’, que era popular em minha infância, provavelmente pelo mesmo motivo. Conto os dias até 2018, quando todas as obras cairão em domínio público e eu terei as obras de arte do grande homem por aqui. É nessa hora que 'Harry Potter', 'O Senhor dos Anéis' e 'As Crônicas de Nárnia' vão mofar na estante. Porque eu estarei finalmente em casa.

"Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar." [Monteiro Lobato]

sábado, abril 17, 2010

Saber dizer 'não'

Desde que li esse texto do Dr Alessando Loiola, transformei-o numa espécie de amuleto contra tudo que tenta exigir mais de mim do que o necessário.

Depois de um mês insano, eu resolvi tirar os dias de férias que me restam. Não tenho qualquer paciente grave, então não estou ferindo qualquer artigo do Código de Ética. Fiquei adiando, adiando, até que a tal dor de cabeça começou: de terça-feira à noite até o último paciente da quinta-feira. Precisa dizer mais?

Putz!

Tio Bonner desencavou um comercial da infância dele e por causa disso, eu encontrei mais uns cem, da minha própria infância: 'Cotonetes Johnson&Johnson', 'Cremogema', 'Shampoo Colorama', 'Os mamíferos da Parmalat', 'Compre Batom' e o inesquecível 'Varig, Varig, Varig!'. Destaque pra campanha da Sukita: 'O Tio da Sukita', 'A turma do Tio da Sukita', 'Tio da Sukita- A Festa' e 'A vingança do Tio da Sukita'.


(Uma amiga comentou, certa vez, que não entendia por que uma colega dela tinha o apelido de 'Cremogema'. Eu não conseguia parar de rir pra poder explicar. A moça devia ser uma coisa de bonita, pra ter esse apelido. 'Cre, cremo, cremogema, é a coisa mais gostosa desse mundo...')

sexta-feira, abril 16, 2010

Ironia

A gente começa uma Oficina de Crônicas e no que dá? Fica revisando os textos que já escreveu, se horrorizando com a qualidade técnica de posts que achava maravilhosos. Não que muita gente entre aqui, mas eu tinha que revisar pelo menos esse porque minha piada particular essa semana foi ouvir: 'A senhora não quer assumir a Coordenação de Saúde Mental do município?'. Eu. Deu vontade de indicar justamente o tal post. Uma bipolar coordenando Saúde Mental. Tsc, tsc.

Antes que eu me esqueça

O novo Código de Ética Médica entrou em vigor e, ao contrário do que ando ouvindo, não é exatamente verdade que agora as receitas têm que ser legíveis. Já era assim no Código anterior. A cobrança é que está maior.

Sem dúvida, as maiores mudanças no Código são relacionadas à relação médico-paciente, mas existem artigos interessantes sobre relações entre médicos. O novo Código de Ética Médica completo está aqui, mas eu ressalto:

Art. 1° - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminação de qualquer natureza.
Art. 11 - O médico deve manter sigilo quanto às informações confidenciais de que tiver conhecimento no desempenho de suas funções. O Mesmo se aplica ao trabalho em empresas, exceto nos casos em que seu silêncio prejudique ou ponha em risco a saúde do trabalhador ou da comunidade.

É direito do médico:

Art. 20 - Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo, nacionalidade, cor, opção sexual, idade, condição social, opinião política, ou de qualquer outra natureza.
Art. 27 - Dedicar ao paciente, quando trabalhar com relação de emprego, o tempo que sua experiência e capacidade profissional recomendarem para o desempenho de sua atividade, evitando que o acúmulo de encargos ou de consultas prejudique o paciente.

É vedado ao médico:
Art. 29 - Praticar atos profissionais danosos ao paciente, que possam ser caracterizados como imperícia, imprudência ou negligência.
Art. 32 - Isentar-se de responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que este tenha sido solicitado ou consentido pelo paciente ou seu responsável legal.
Art. 37 - Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por motivo de força maior.
Art. 39 - Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos médicos.
Art. 47 - Discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.
Art. 48 - Exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar.
Art. 58 - Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.
Art. 62 - Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento.
Art. 69 - Deixar de elaborar prontuário médico para cada paciente.
Art. 70 - Negar ao paciente acesso a seu prontuário médico, ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros.
Art. 71 - Deixar de fornecer laudo médico ao paciente, quando do encaminhamento ou transferência para fins de continuidade do tratamento, ou na alta, se solicitado.

Art. 79 - Acobertar erro ou conduta antiética de médico.
Art. 82 - Deixar de encaminhar de volta ao médico assistente o paciente que lhe foi enviado para procedimento especializado, devendo, na ocasião, fornecer-lhe as devidas informações sobre o ocorrido no período em que se responsabilizou pelo paciente.
Art. 83 - Deixar de fornecer a outro médico informações sobre o quadro clínico do paciente, desde que autorizado por este ou seu responsável legal.
Art. 102 - Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente.
Parágrafo único: Permanece essa proibição: a) Mesmo que o fato seja de conhecimento público ou que o paciente tenha falecido. b) Quando do depoimento como testemunha. Nesta hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento.
Art. 103 - Revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente.
Art. 107 - Deixar de orientar seus auxiliares e de zelar para que respeitem o segredo profissional a que estão obrigados por lei.
Art. 108 - Facilitar manuseio e conhecimento dos prontuários, papeletas e demais folhas de observações médicas sujeitas ao segredo profissional, por pessoas não obrigadas ao mesmo compromisso.
Art. 110 - Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou que não corresponda à verdade.
Art. 111 - Utilizar-se do ato de atestar como forma de angariar clientela.
Art. 112 - Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou seu responsável legal.
Parágrafo único: O atestado médico é parte integrante do ato ou tratamento médico, sendo o seu fornecimento direito inquestionável do paciente, não importando em qualquer majoração de honorários.
Art. 114 - Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista, médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.
Art. 115 - Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta.
Art. 117 - Elaborar ou divulgar boletim médico que revele o diagnóstico, prognóstico ou terapêutica, sem a expressa autorização do paciente ou de seu responsável legal.
Art. 132 - Divulgar informação sobre o assunto médico de forma sensacionalista, promocional, ou de conteúdo inverídico.
Art. 133 - Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido por órgão competente.
Art. 134 - Dar consulta, diagnóstico ou prescrição por intermédio de qualquer veículo de comunicação de massa.

Fonte:Portal Médico

quarta-feira, abril 14, 2010

Índio ou cacique?

Greg Sanders: 'Um índio, muitos caciques,tá sacando?'
Grissom: 'Greg, o laboratório é seu. Você é o cacique. Nós servimos você.'

Há um mês, o volume de pacientes vem aumentando de forma assustadora. Não apenas o volume de consultas, mas o número de casos de urgência aumentou, e muito. Eu não gosto de deixar gente sem atendimento, mas ocasionalmente eu digo 'não'. Explico que já tem gente demais, que realmente não dá tempo e me ofereço pra garantir o atendimento no dia seguinte.

Esse procedimento é válido pra consultas de rotinas, retornos, pra resultados de exames não urgentes, mas não se pode dizer 'não' a alguém com dor, febre, tosse, vômitos, acidentes, pressão muito alta. São urgências e, no mínimo, por mais cheia de serviço que eu esteja, eu devo avaliar a pessoa, examinar, orientar, ou seja, é mais uma consulta. Sem falar que muitos deles são medicados no posto, reavaliados, e finalmente consultados. É trabalho em dobro, ou muito mais, porque um caso assim pode precisar de internamento ou transferência pra reavaliação por especialista.

Se isso já é cansativo num plantão de hospital, avalie num postinho, onde mal (e muito mal) se pega sinal de celular, virtualmente no meio do nada. Tão virtualmente que o Google Maps não sabe onde eu trabalho. É normal mandar internar alguém no hospital da cidade, não é rotina precisar de uma ambulância ou qualquer carro levando alguém pra um hospital de referência. Tive várias situações assim, num único mês.

Em todo o país, o volume de consultas aumenta nos meses de abril, maio e junho. São as chuvas, que trazem resfriados, gripes, pneumonias, leptospirose, e a dengue. Eu não tive tantos casos de dengue, ou suspeitos de dengue, que justificassem não poder dizer 'não' a 20 pacientes extras num dia, em vários dias desse mês. É o dobro da minha média.

Um dia, tudo bem. Uma semana, ainda vai. Todo dia? Hoje eu me dei conta que estava me sentindo numa emergência hospitalar, com três casos potencialmente graves ao mesmo tempo, tendo que decidir quem atender primeiro, e não eram os primeiros do dia. Mais tarde, eu me lembrei de Greg, em CSI, com solicitações demais no laboratório de Análises. Todos pedindo prioridade, um único técnico. E a resposta me veio imediatamente. Na fala seguinte do episódio.

Tá na hora de dizer 'chega, ou eu piso no freio, ou adoeço também'.

terça-feira, abril 13, 2010

Pra última hora

(em 13.04.10)
Detesto deixar as coisas pra última hora. Absolutamente detesto. É certo que às vezes não tem como, principalmente quando se depende dos outros. Então, quando um compromisso meu fica pra última hora, e só dependendo de mim, dá pra imaginar como eu fico. É, isso mesmo. Eu fico de cara feia pra mim mesma.

Dessa vez, é um pouco mais complicado. O compromisso é e não é apenas meu. Tenho que entregar, hoje, uma crônica. Com um tema específico e que conheço pouco. Pra completar, é sobre um assunto que eu não quis acompanhar de perto pra não me desesperar junto. Portanto, eu não tive uma semana nada fácil, desde que recebi a solicitação.

Digo que o compromisso é e não é apenas meu, porque escrever bem depende de técnica, e eu uso muito minha inspiração ao invés disso. Bem diz o sábio Luís Fernando Veríssimo, que a gente deve escrever todo dia, pra não perder a prática. Eu escrevo todo dia, mas não tenho tema específico. Fico à mercê da minha inspiração e ela não está colaborando dessa vez.

Agora, o prazo está chegando. Eu tentei, realmente, bolar alguma coisa durante a semana. Li sobre o assunto, pesquisei na internet, sondei a opinião geral, imaginei alguma correlação com minha realidade, e só aparecem frases soltas. O pior é que as poucas que apareceram vieram em algum momento em que eu simplesmente não podia parar pra escrevê-las. E olha que eu ando com papel e lápis desde sempre.

Eu acho fabuloso quem consegue condensar numa frase, numa cena, numa imagem, um sentimento, uma idéia. Eu não sou assim. Gosto dos detalhes, da interpretação, de encontrar um terceiro lado. Não que exista um modo perfeito pra se descrever algo, mas os mínimos detalhes muitas vezes são desnecessários, além de incômodos. Eu gostaria de saber dispensá-los de vez em quando, dizer que fossem dar uma volta, enquanto eu contava o que é realmente importante. Posso tentar, mas não dessa vez. Preciso dos detalhes pra preencher o limite estabelecido de 3000 caracteres.

Resolvi, portanto, que vou fazer a tarefa sozinha, sem inspiração mesmo. Se ela resolver aparecer pra ajudar, tudo bem, mas é hora de aprender a não contar com ela. Muitos escritores dizem que é preciso saber escrever bem, e não é necessário inspiração pra isso. Sempre achei essa afirmação um exagero, mas parece que estou em vias de confirmá-la. Vamos ao texto.

sábado, abril 10, 2010

Regras pra Escrever

Do 'Spoiler Cotidiano'
"Aqui vão as minhas dez regras para quem quer escrever. Tipo eu.
1. Negue a realidade. Ela só existe para que você a melhore através da ficção.
2. Todas as histórias já foram contadas. Mas tem sempre um novo jeito de se contar.
3. Fale do que você conhece. Ou, então, vá conhecer o assunto sobre o qual você quer falar.
4. Seja pessimista. Por mais bem escrito que seja um texto, ele sempre – SEMPRE – pode melhorar.
5. Nunca use letras em caixa alta ou pontos de exclamação. Tente desenhar a empolgação com palavras ao invés de esfregá-la na cara do leitor.
6. Seja você mesmo. A história não é nada se não vier com uma visão original e fresca impressa nela. E, mais do que isso, nunca use clichês do tipo “seja você mesmo”.
7. Escreva. Leia. Escreva. Leia. Escreva. Leia. Escreva. Leia, leia e leia. De tudo, compulsivamente.
8. Corte. Pratique o desapego. Apague com gosto o mais consistente parágrafo da sua vida. Chore por ele. E reescreva um melhor.
9. Permita-se dias trancados sem qualquer vida pessoal. Escreva por horas e horas até se cansar de escrever. Dê uma de gênio atormentado. E cerque-se de pessoas que entendam isso.
10. Não deixe que nada te prenda. Faça da sua escrita um tributo a todos os seus tabus, seus medos, seus problemas mais profundos. Mesmo que não mencione uma palavra sobre eles."

***
Cada um com sua própria lista. O 'The Guardian' publicou as dez regras de diversos autores: aqui e aqui.

Eu começaria minha lista citando Cristóvão Tezza: 'O impulso de escrever é absolutamente individual, solitário, intransferível (...) Escrever ficção é um exercício de liberdade, e uma atividade que jamais poderá se oficializar. E é um risco: absolutamente nada e ninguém garante que o que você faz tem algum valor. Assim, é preciso que se agüente o tranco, o que nos coloca a dimensão ética do ato de escrever, a escrita como uma escolha sem volta.'

Vida Própria

"As melhores guinadas de enredo surgem não das necessidades do enredo, mas das vidas dos seus personagens. Sempre que você levar sua história a uma nova direção, faça-o de um jeito que ecoe de algum modo as personalidades deles, ou com os seus passados. [...] Se as suas peripécias parecem mecânicas, certifique-se de que não esta tratando o enredo como se ele acontecesse em isolamento: Torne-o parte das vidas dos personagens. [...] Você pode fazer isso aprendendo a ouvir os seus personagens. Se você tem uma boa compreensão de quem são os seus personagens--suas histórias, seus sonhos, como eles se sentem em um dado momento--então seus personagens podem freqüentemente assumir vida própria e começar a contribuir para a história."
(O escritor David King, no artigo "How to Plot Like a Pro" publicado em Writer's Digest de julho de 1998)

Se meus personagens assumirem mais vida, vou cobrar aluguel e aumentar a feira. Eu já contei que eles fazem o que querem? Tenho brigas homéricas com pelo menos uma delas, justamente quem mais me ajuda quando a história 'trava'.

Dica pra iniciantes: sempre que der um bloqueio, deixe os personagens assumirem a história.

quarta-feira, abril 07, 2010

Curtas

Contratulações ao esforço sobrehumano dos jornalistas que cobriram a chuva do Rio ontem. Sei lá como conseguiram sequer chegar à redação.

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Aliás, hoje é Dia do Jornalista. Parabéns aos vários que conheço (Vicky, Fabiana, Bruna, Expe) e aos que apenas acompanho o trabalho (William, Fátima, Losekan, Bocardi, Fachel e a lista segue).

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Alguém me explica por que a porcaria do Yahoo, Gmail e MSN se recusam a partilhar duas fotos que possuo com o mundo? Estou tentando desde ontem e nada!