quarta-feira, junho 19, 2013

Indicação


Após uma curta e incrível temporada, 'Hannibal' ganhou fãs no mundo inteiro. Eu confesso que era grande fã do personagem, mas o último livro de Thomas Harris e o penúltimo filme (nem me dei ao trabalho de ver o último) me decepcionaram muitíssimo. Mas a série redimiu todos esses erros, sem dúvida. Resolvi assistir pra ver Gillian Anderson e, embora ela só tenha aparecido no sétimo episódio, a espera valeu a pena.

Não sei se alguém da série chegou a perceber, mas o personagem de Gillian Anderson em 'Arquivo X' foi livremente inspirado em Clarice Starling, de 'O silêncio dos Inocentes', o segundo livro da série com Hannibal. De qualquer modo, vale a pena checar a dinâmica entre Bedelia du Maurier e Hannibal. Sempre sugere um segredo, algo por revelar.

A direção de arte, a fotografia e a trilha sonora da série são impecáveis. Não direi que é o melhor Will Graham de todos os tempos (a melhor interpretação ainda pertence a William Petersen), mas é o mais bem construído. É algo que as séries têm à vontade: tempo pra construir personagens. Parece até teatro.

terça-feira, junho 18, 2013

domingo, junho 16, 2013

sábado, junho 15, 2013

Será?


Se houvesse um botão pra me resetar, já estava de bom tamanho...

quinta-feira, junho 13, 2013

quarta-feira, junho 12, 2013

Dia de Estrela

Para Gina:

Para Mai:

Para Danie:

Para Gi:

Para Will:

Para Tommy:

Para Hattie e Joshua:

DIY


Olha, Hermano!


Esse berço Lua (com estrelas!) pode ser encomendado - para quem mora na França, bem entendido - por 990 euros e tem uma lista de espera de 3 semanas. Ainda que seja lindo e ecologicamente correto, com cada tábua lixada, não é nada ergonômico para quem tem de cuidar da criança. ;)

By the way

Algo muito prático

E para que não se pense que nada de prático é indicado neste blog, eis aqui um clássico, totalmente escaneado: 'O Grande Livro da Costura'.

segunda-feira, junho 10, 2013

Indicação

(...)" Mesmo aquele que não tem em seu interior um lobo, nem por isso pode ser considerado mais feliz. E mesmo a mais infeliz das existências tem os seus momentos luminosos e suas pequenas flores de ventura a brotar entre a areia e as pedras. Assim acontecia também com o Lobo da Estepe. Não se pode negar fosse, em geral, muito infeliz, e podia também fazer os outros infelizes, especialmente quando os queria ou era por eles estimado. Pois todos os que com ele se deram viram apenas uma das partes de seu ser. Muitos o estimaram por ser uma pessoa inteligente, refinada e arguta, e mostraram-se horrorizados e desapontados quando descobriam o lobo que morava nele. E assim tinha de ser pois Harry, como toda pessoa sensível, queria ser amado como um todo e, portanto, era exatamente com aqueles cujo amor lhe era mais precioso que ele não podia de maneira alguma encobrir ou perjurar o lobo. Havia outros, todavia, que amavam nele exatamente o lobo, o livre, o selvagem, o indômito, o perigoso e o forte, e estes achavam profundamente decepcionante e deplorável quando o selvagem e perverso se transformava em homem, e mostrava anseios de bondade e refinamento, gostava de ouvir Mozart, de ler poesia e acalentar ideais humanos. Em geral, estes se mostravam mais desapontados e irritados do que os outros, e dessa forma o Lobo da Estepe levava sua própria natureza dual e discordante aos destinos alheios toda vez que entrava em contato com as pessoas."

(Hermann Hesse, O lobo da estepe)

***

Indicação certeira do meu terapeuta, que adora Hermann Hesse! Só hoje, depois de três dias me encantando com o livro, descobri por que o nome me parecia tão familiar: 'Steppenwolf Theatre Company' foi co-fundada em Chicago por John Malkovich e tem, entre vários atores conhecidos, um de meus Williams prediletos no elenco fixo.

sábado, junho 08, 2013

quinta-feira, junho 06, 2013

Indicação



Não lembro mais quem me indicou ou se encontrei por acaso, mas tive boas indicações da minha psiquiatra e do meu terapeuta. O filme é de 1993 e 20 anos depois, pouca coisa mudou na abordagem aos bipolares. A interpretação de Gere está bastante crível, o roteiro é bem realista, mas o objetivo principal se perde com o clima de romance.

Sobre ontem

Algumas horas depois de eu me demitir, recebo um telefonema. A secretária de saúde mandou um recado, através de um intermediário, dizendo que não queria que eu fosse mais. Bem, ela não soube que eu me demiti ou não quis falar comigo pessoalmente? A bem da verdade, concordo com ela. Eu sou uma péssima funcionária, apesar da minha alta produtividade. Na maior parte do tempo, eu me sinto em 'Bohemian Rhapsody', do Queen, naquela parte em que o Freddy canta 'I don't want to die/ I sometimes wish I'd never been born at all'.

'não existem crimes mais graves
daqueles que andam comigo
nada me assusta tanto
quanto meu próprio bandido

ninguém me machuca tanto
quanto eu mesmo consigo
ninguém me mora tão dentro
como meu próprio inimigo'

(Bruna Lombardi, Arame Farpado)

quarta-feira, junho 05, 2013

Para refletir

Vermes

Acabo de abandonar o emprego. Mais um emprego. Um emprego público, vale salientar. Os motivos são os de quase sempre na minha complicada história de médica de família e comunidade, com o acréscimo da minha ocasional intemperança, fruto de um Transtorno Afetivo Bipolar corretamente medicado, mas raramente compensado. Às vezes, parece-me que troco de emprego como quem troca de carro, mas a verdade é que gostaria de trabalhar no mesmo lugar até saber o nome e apelido de cada comunitário. Isso já aconteceu duas vezes e foi maravilhoso. Da primeira vez, tive que sair devido a politicagem. Da vez seguinte, adoeci devido às condições de trabalho e, daí por diante, prometi a mim mesma que não me envolveria mais com trabalho daquela forma. De fato, não trago mais nenhum serviço para fazer em casa, exceto alguma pesquisa de caso clínico que exija o uso do computador.

Falando em computador, eu andei pesquisando muito nos últimos dias e revisando o material que o Ministério da Saúde envia para as unidades de saúde, além de disponibilizar on line, porque o número de casos de uma parasitose grave está altíssimo na área em que atua o posto onde eu trabalhei até hoje. Assim sendo, o Ministério da Saúde determinou que toda a população deveria ser vermifugada, independente dos resultados dos exames, com algumas raras exceções, como gestantes, por exemplo. Imagine arrebanhar mil e duzentas pessoas só pela consciência da gravidade da doença! Passamos um mês avisando o dia, que precisava comer antes, que podia ter reação ao remédio mas era raro, que teriam que ficar em repouso no posto por três horas pro caso de passar mal, que convencessem os homens a vir (homem não participa muito de campanha), que diabético pode tomar o remédio, epiléptico também pode, todos os avisos possíveis.

Duas semanas antes da campanha, uma paciente teve o exame positivo para schistosoma e veio fazer o tratamento, como é a rotina. Tomou a medicação no posto e permaneceu em observação. Após duas horas, começou a ficar tonta e vomitar. Não melhorou com plasil oral (e por estar longe do hospital, não uso medicação injetável), mas Dramin aliviou o mal estar. Ao invés das habituais três horas de observação, ela permaneceu seis horas conosco e ainda demos uma carona pra casa. Foi a pior reação que já vi à medicação e eu me convenci que a campanha seria um fracasso porque todo mundo que estava no posto falaria mal do remédio. Deu uma péssima impressão.

O Governo não mandou um cartaz pra campanha, uma folha de instruções que fosse, para a equipe (daí nos basearmos no Manual de Zoonoses). Vieram o remédio específico e outro vermífugo bem popular e eficiente contra lombrigas e afins (afinal, vamos aproveitar pra matar os vermes mais populares), umas camisetas da campanha pra equipe (todas de tamanho M) e uns squeezes. Vieram umas moças, das quais só uma me foi apresentada e que pediu à prefeitura: água, copos, cadeiras e que alguém desse palestras para a população enquanto todos esperavam a pesagem (a dose do medicamento é calculada a partir do peso), tomavam o remédio e esperavam as três horas. Nós, do posto, resolvemos fazer senhas pra ordenar tudo. Ontem, avisei à recepcionista que, sendo ela a abrir o posto, distribuísse as senhas e começasse a pesagem, com a ajuda das agentes de saúde, que chegariam antes de nós, pois moram na comunidade. Sugeri à enfermeira que, devido aos efeitos colaterais da medicação (raros, mas possíveis), deveríamos ter material de primeiros socorros e pelo menos dois carros para levar à emergência porque o posto fica num sítio distante.

Acordei duas vezes hoje de madrugada, com o barulho da chuva. ‘Lá se foi a campanha’. A caminho do posto, revisei todos os efeitos colaterais da medicação com a enfermeira e a técnica de enfermagem. A lista completa só está na bula, o manual do Ministério só fala em tontura, vômitos e diarréia (os mais comuns). Depois, fui olhando a chuva que continuava a cair, certa que só apareceriam as pessoas que moram perto da unidade.

Qual o quê! A escolinha que fica ao lado estava cheia e tinha gente no posto também. Todos sem ficha e sem pesar, embora já houvesse recepcionista e agentes de saúde, além das moças que, sinceramente, eu não sei se são do programa estadual ou municipal de endemias. Só sei que não faz sentido, para mim, marcar com antecedência, uma campanha de UM dia para medicar uma população rural, na época das chuvas e da diarréia (e a medicação dá diarréia), em plena campanha de vacinação pra paralisia infantil (também agendada antecipadamente). Não faz sentido não se reunir com os profissionais da unidade e dizer o que cada um deve fazer, mas vir criticar quando a gente já está fazendo. Então, estou eu distribuindo fichas, pesando pessoas e alocando-as numa sala onde havia alguém para anotar seus nomes e dar a medicação quando chega uma moça ‘da endemia’ pra perguntar de umas listas feitas previamente pelas agentes de saúde, com o peso, etc. Eu aproveitei a ilustre presença.

- Onde está a medicação? Porque tem uma diabética que usa insulina e ela não pode ficar em jejum.
- Não pode tomar o remédio em jejum.
- Eu sei. Ela não está em jejum, mas se demorar muito, ela não vai poder esperar as três horas de observação porque vai passar mal de fome.
- Não precisa esperar três horas. É pra tomar o remédio e ir embora.

Eu insisti, ela repetiu. À nossa volta, um tumulto de gente falando, gritando. Eu com dor de cabeça, lembrando que a ação máxima da medicação é entre uma e duas horas, ou seja, a pessoa pode começar a passar mal duas horas depois. A bula fala de fraqueza, fala em convulsões, orienta a não operar máquinas nem dirigir durante 24 horas depois da ingestão do remédio. E a moça queria mandar todo mundo pra casa imediatamente. Uma pessoa me contou que, há muitos anos, tomou o remédio e não quis esperar. Teve diarréia no meio do caminho. Eu havia lido em mais de um lugar que era pra observar, fui pra treinamento da secretaria estadual que dizia o mesmo, e vem a moça, do município ou do Estado, com não sei que formação dizer que tudo que eu aprendi, vi e ouvi está errado. ‘O que é que eu estou fazendo aqui?’.

Tudo bem, eu sou bipolar e no momento não estou 100% compensada, o que faz meu humor alternar entre a irritabilidade da depressão e a ansiedade da mania, apesar de todas as medicações. Eu sei que tenho Transtorno de Ansiedade e que a presença de uma multidão piora isso. Mas passei o último mês me preparando para hoje, sem ter recebido qualquer orientação do Ministério ou das secretarias estadual ou municipal. O que eu não ia fazer era bater boca porque não foi a primeira, nem a segunda vez que esse tipo de fato acontece na minha carreira de médica de família. O que eu fiz foi dar meia-volta, recolher minhas coisas e avisar que estava indo embora.

domingo, junho 02, 2013