quinta-feira, julho 29, 2010

E...

...voltei, finalmente. Espero que esse servidor funcione, porque as primeiras horas já foram seguidas de uma ligação pro pessoal do suporte.

Quando eu cancelei o serviço anterior, continuei escrevendo posts pro blog, que nunca postava, até que parei. As boas notícias são: o pergolado está praticamente pronto, quase tudo está pendurado e as tintas já foram compradas. No entanto, eu descompensei feio, um dos motivos pra não procurar um novo servidor mais rápido. Agora estou melhor, então vamos aos últimos posts:

'sexta-feira, 30.07.10
Achei que sem a internet terminaria essa arrumação sem fim, mas as dores constantes nas articulações têm-me atrasado um bocado. Isso não tem ajudado meu humor também. Passei boa parte do dia cochilando e fiz um esforço sobre-humano pra fazer alguma coisa, qualquer coisa, até que o dia terminasse. Consegui terminar a remoção da tinta da caixa de brinquedo, depois de três longas semanas. Fiz algumas simulações pra decoração do dormitório, mas ainda não me decidi. Assim como não decidi o que fazer com a sala de visitas. O máximo que fiz por ela foi colocar protetores nos pés dos pufes. Não consegui trocar os pés dos pufes, falando nisso. Quanto aos quadros da Toscana, continuo sem saber o que fazer com eles. Acho que a sala ficaria muito escura com um sofá marrom e quadros com molduras pretas.
O que consegui fazer foi deixar o banheiro mais organizado. Ontem, vi um móvel que me pareceu perfeito, mas fiquei em dúvida quanto às medidas e 160 reais pareceu-me muito. Acabei me decidindo por um de meus baús de vime, que custou uns 30 reais há uns cinco anos. Arrumei todas as toalhas dentro dele e outras coisas que estavam na fruteira. Acabei com mais espaço no guarda-roupa por causa disso. Falta só um espelho e o banheiro ficará pronto.
Levei a fruteira pra área de serviço que é, sem favor nenhum, o cômodo mais desorganizado da casa, uma vez que sacudo tudo lá. Só perde pra sala da TV, mas é ali que faço o serviço de pintura. Ficou ainda mais bagunçada depois que tirei tudo de dentro do baú que levei pro banheiro.
Amanhã, pensei em acordar cedo pra procurar uma mesinha alta pro hall. O problema é o que colocar nela. Detesto objetos desnecessários, prefiro os utilitários. Preciso envernizar a janela do quarto, pintar algumas paredes (e comprar a tinta pra isso), pintar os suportes pra jardineiras (e comprá-las), cuidar das plantas, serrar e pintar prateleiras. Minhas juntas doem só de pensar.
A propósito, não sinto tanta falta assim da internet, só dos contatos que faço através dela. Enquanto isso, Mulder e Scully me fazem companhia.

06.08.10
Frio, muito frio a semana inteira. Ontem, as dores diminuíram, mas a vontade de fazer qualquer coisa permanece ausente. Durante o domingo, envernizei (finalmente) a janela do dormitório. Também consegui arranhar o antebraço e arrancar um pedaço da pele do pé. Estou cada dia mais estabanada e preguiçosa. Resolvi colocar fertilizante químico nas plantas, algo que sempre fiz, e consegui matar quase todos os pés de alface. Não me pergunte como. Eu segui as instruções da caixa. Trouxe umas mudas de zínia e hortelã da folha miúda, há alguns dias, e espero que sobrevivam. Por via das dúvidas, tenho evitado até pisar no pergolado, já que voltou a chover. As plantas não precisam de mim, pelo que vejo.
Pintei a tampa da caixa de madeira, mas nada me anima a continuar o serviço. Na verdade, não fiz nada a semana inteira. Chego e vou direto pra cama. Em algumas manhãs, não iria trabalhar, se me fosse permitido.
Ando pensando seriamente em me desfazer do resto dos meus pertences e sair pelo mundo. Alguém quer alguma coisa?

07.08.10
Hoje, fui pagar o aluguel. A locadora perguntou se estava tudo em paz por aqui. Eu comentei que tenho um vizinho barulhento. Na verdade, mais de um. Quando não é alguma mãe gritando pelo filho, é alguma criança falando aos berros com outra. Esses são os que me incomodam menos. O pior mesmo é a musica, alta e ruim. Minto. O pior é que me dei conta que não escrevo de fato há meses. Primeiro, era o problema com a casa antiga, depois era a mudança. E agora? Não consigo escrever. A bem da verdade, não consigo nem arrumar a casa de uma vez. Recomecei a pintura da caixa de madeira e ficou tão ruim que tive que remover toda a tinta. A tinta no meu casaco saiu com tinner, mas o cheiro do removedor não. A calça jeans continua manchada. Vai ser preciso muito tinner pra que fique limpa novamente.
Eu deveria devolver a furadeira essa semana, mas não coloquei as cortinas, nem mesmo pendurei as vassouras. O que consegui foi respingar tinta no rack da TV. Desisti de decorar a casa. Desisti mesmo. Depois que as alfaces se foram, que o orégano não pegou, etc, etc, vi que não nasci mesmo pra brincar de casinha. Estou na dúvida entre um trailer (e nunca fui muito fã de carros) e uma casinha mínima, em algum loteamento à beira da estrada, por um preço mínimo. Ou uma grande doação e entrar nos Médicos sem Fronteiras. Minha mãe me desencorajou pra algo assim por anos, mas ando descobrindo que nem tudo que ela me aconselhava bate com o que sou capaz.
Eu também pretendia escrever muito mais, no entanto as palavras se foram. Meio difícil pensar, no meio dessa barulheira.

16.08.10
Descobri nesse fim de semana que a cidade está sem água há uns dez dias. Como assim, ‘eu não sei de nada’? Eu tenho duas caixas d’água e passo o dia inteiro fora de casa, né? Obrigada quem me deu a idéia da segunda caixa. Está sendo providencial. A versão oficial é que fizeram algum serviço (mal feito) numa adutora e quando reabriram, a água rompeu tudo, ou algo assim. Ainda bem que não lavei roupa esses dias. A bem da verdade, varrer a casa foi um feito.
E hoje eu soube que parte da produção de alfaces do sítio onde trabalho, foi perdida por causa do frio. Como assim, ‘frio assim em Pernambuco’? Quando eu digo que vivo morrendo de frio, que tenho dores nas juntas por causa do frio, parece frescura. O lado legal é que posso alegar a mesma desculpa por perder quase toda minha produção de alface, mas imagino que a razão continua sendo o adubo. Eu sempre disse que não tinha o dedo verde. Aliás, do Maurice Druon só tenho ‘Os reis Malditos’. Thanks, Vicky, por começar a coleção. Espero ansiosa o seu retorno.
Devagar, quase duas décadas de miçangas estão virando colares pra decoração. Minha cunhada viu a foto no blog e ficou se perguntando como eu vou alcançá-los, mas já avisei que vou me inspirar na idéia simplesmente. Sem falar que meus colares são como backvocals pros verdadeiros vocalistas: os colares de Suzi. Acho que vou dar uma olhada na coleção nova e procurar algo pro meu aniversário.
Finalmente, pedi ajuda. Assim que tivermos água novamente, Hermano pinta por aqui, pra me ajudar a lambuzar algumas paredes e colocar alguns cabides. E pra trazer meu pé de tomate-cereja!!!! Nota: comprar húmus de minhoca pra ele.
Eu sei, eu disse pra arrumar logo a sala de visitas pra se sentir bem recebido por você mesma, mas quando você tem um cômodo enorme, um sofá de dois lugares e dois pufes fica um pouco difícil. Uma ervilha numa lata vazia, digo, três feijões marronzinhos numa lata vazia, é o que vejo quando abro a porta.
Saudade da internet. Preguiça de assinar com quem quer que seja.'

Feito!

Cancelei o provedor. Vou passar uns dias off-line. Se mudei de casa, de emprego, de estilo de vida, vou ficar com essa droga de internet? Enquanto isso, vou arrumando a casa. Acho que encontrei a solução pro banheiro, Suzi! É uma questão de centímetros.

Até a volta.

quarta-feira, julho 28, 2010

Porque a net não permitiu que eu postasse antes

25.07.10

Feliz dia do escritor,

pra você que é viciado em escrever, pra você que escrevia e parou por falta de tempo, pra você que quer ser publicado a todo custo, pra você que tem o nome na capa de um livro, e pros malucos como eu, que não gostam da idéia de ter seu nome na capa de um livro. Se você um dia resolveu colocar no papel ou registrar no Word seus pensamentos ou alguma história legal, você é um escritor.

Escrever é um vício, como ler é um vício. Alguns conseguem escrever regularmente, devido ao hábito. No caso do escritor, a prática leva à perfeição, o excesso leva ao lugar-comum. Não há nada pior que um autor de sucesso que se vê na obrigação de lançar livros regularmente. Ele não tem tempo de criar novas histórias, de pesquisar novos assuntos e fica requentando o que já escreveu. Livro requentado pode até ser bom se o escritor é talentoso, mas não é delicioso, exatamente como a comida de ontem que você repetiu no almoço de hoje.

Ser escritor é descobrir frequentemente que o que você pensava já foi pensado por outro, e escrito. Muitas vezes, de forma melhor que você jamais conseguiria. É entender que raros são os assuntos e enredos que ainda não foram escritos. É aceitar que só outros escritores podem alcançar a dimensão de determinadas obras, e alguns leitores compulsivos, mas esses acabarão escritores um dia, mesmo que não publiquem nada. No entanto, um escritor tem um dom único: ele é capaz de criar mundos inteiros e fugir pra lá quando quiser. Quando ele consegue isso e publica, descobre estranhos no seu próprio mundo, gente que se apaixonou pelo lugar e resolveu ficar também. Se o mundo é uma reinterpretação daqui, ou uma terra imaginária, não importa. Ele encontrou a fórmula da Pedra Filosofal.

O que ainda não se descobriu foi um modo de transmitir esse sentimento para os outros. Só quem escreveu algo sabe como é bom. Eu nunca vou entender por que as pessoas usam drogas. Eu sou viciada em escrever, e em ler o que escrevo. Na verdade, eu sou viciada em ler o que me cai nas mãos. Eu gosto das letrinhas, entende? Aprendi mais de uma língua pelo prazer de saber qual a história. Cada um com seu vício.

Hoje em dia, com o advento da internet, muita gente virou escritora por causa dos blogs. Eu não sei se todo blog pode ser considerado literatura, mesmo porque tem blog com mais imagem que texto. Ainda assim, ter um blog é um exercício valioso. De um post, você pula pra um ensaio, depois outro, se gosta de ficção, escreve um conto, uma crônica, e quando vê, virou escritor.

A única coisa que eu não consigo aceitar é alegar falta de tempo pra escrever. Desligue a TV, por favor! Fique menos tempo na internet, peça licença ao seu marido e às crianças, mas escreva! Você pode pensar no texto enquanto lava a louça, quando vai pro trabalho, ou algo do tipo. Só precisa registrar. Tire 15 minutos pra você e escreva. Nem que seja um diário. Escreva, e um mundo novo se abrirá diante de seus olhos.

(Esse é meu ok? Mais uma vez: não se aproprie, não cite sem os devidos créditos. Faça como a Menina Nina, do Biscoito Doce e cite a autora)

Isso é a Piernet

Todo mundo tem seus dias. Todo mundo. Hoje, não tem benzodiazepínico que resolva. Não me pergunte por quê. Deve ser a velocidade da internet. Eu vou tentar postar as provas, que vivo prometendo:

Dia 18/07: 32,29 kbps


Dia 19/07: 66,38 kbps


Dia 20/07: 46,92 kbps


Dia 21/07: 63,37 kbps


Dia 23/07: 12,72 kbps


Nesse dia, a rede estava tão lenta que nem o site da própria empresa conseguiu ler a velocidade:



23/07 (2a verificação): 137,86 kbps


Fiquei o dia 23 inteiro esperando e telefonando, tendo marcado desde o dia 21, explicando que reservaria um horário para os técnicos, etc. Isso sequer foi informado ao pessoal da manutenção. Avisei que ia rescindir o contrato. A rede amanheceu assim, misteriosamente:

Dia 24/07: 663,4 kbps


Nesse dia, telefonaram, se desculparam, vieram trocar tudo, alegando que o problema era no sinal de rádio, que iam colocar um cabo, que era mais estável, etc. No primeiro dia, tudo perfeito.

Dia 24/07 (após colocação do cabo): 275, 7 kbps


350,27 kbps


344,83 kbps


Passadas 24 horas:
Dia 25/07: 106,9 kbps


25/07 (mais tarde): 73,43 kbps


Dia 25/07 (pelo próprio provedor da empresa): 317,60 kbps


Dia 26/07: 122,26 kbps


Dia 27/07: 162,9 kbps


27/07 (mais tarde): 96,26 kbps


Dia 28/07: 44,02 kbps


Antes que me perguntem por que estou postando isso: vou usar como prova. Porque tem serviço de tradução parado há semanas, de revisão de texto, sem falar na correspondência, no material médico pra estudar, nos cursos de escrita e no próprio blog. Essa história está atrasando até a organização da casa, porque eu poderia resolver um monte de coisas pela internet. Tem gente no Canadá esperando trabalho meu, gente na Inglaterra esperando notícias, gente em Curitiba querendo novidades sobre o trabalho, alguém em Brasília sem revisar meus textos. Isso é ou não é dano moral?

Eu não gosto de processar, nunca processei. Só quero os míseros 300 kbps que tenho direito, ok? Só isso. Será preciso assinar 600 kbps pra conseguir 300?

Na sexta-feira, meu único dia livre, eu vou lá, cancelar o contrato. Se der tempo. Porque primeiro vou resolver tudo (banco, correio, etc) que deixei de resolver na sexta passada pra ficar esperando em vão pela manutenção do que é conhecido por aqui como 'piornet'.

terça-feira, julho 27, 2010

Mais idéias

Suzi, ainda tem bolo, viu? Fiz no sábado. Entra pra conhecer os pés de manjericão que ganhei hoje (espero que peguem) e as mudinhas do que plantei no fim de semana. E aqui tem mais imagens de estações de trabalho, ou home offices. Cada um adapta como pode.







A maioria, se não todas as imagens, é do 'Achados de Decoração'.

segunda-feira, julho 26, 2010

Pra limpar a vista


Caminho pro Cabo da Boa Esperança


Cape Point visto do alto do farol de orientação marítima


Jardim Botânico de Capetown


Nascer do sol, na África do Sul


Table Mountain, Cidade do Cabo, África do Sul
Autoria: William Bonner, com um celular (!)

Quando eu vejo esse tipo de coisa, começo a entender por que as pessoas viajam. Aí eu me lembro das filas dos aeroportos, das malas perdidas, dos assaltos, das intoxicações alimentares, e viajo na imaginação mesmo.

PS: Bonner disse no Twitter que as imagens são públicas.

Chegou!

Com essa internet lerda, eu acabei me esquecendo. Finalmente encontrei 'Walden', de Henry David Thoreau, numa edição de 1953, em perfeito estado. Ano passado, finalmente republicaram a obra em português, mas em Portugal. Acho um absurdo que uma obra tão importante não seja mais publicada no Brasil. Foi preciso revirar muito sebo virtual, até achar um último exemplar, mas está valendo a pena. Exceto por um exemplo ou outro, Thoreau poderia estar falando de qualquer um de nós. Vejo-me rindo com conjecturações do filósofo sobre nosso apego aos bens materiais, às pessoas que não querem se mudar porque não querer se desfazer dos antigos móveis (tá, pode rir, eu deixo) e hoje cheguei na passagem mais famosa do livro.



Eu não construí minha cabana, mas estou trabalhando nela com minhas mãos. Não trabalho mais horas num dia, que o necessário pra me manter. Acho que estou no caminho certo. Na verdade, eu fico falando de halls e quadros, e cores pras paredes, quando só quero espaço bastante pra escrever. Assim está bom:

Conjecturações

Dias sem internet e quando volto, passo um tempão às gargalhadas por causa do @realwbonner, claro. O tio é hilário. E as fotos da viagem? Lindas!

Como assim o Justin Bieber vai participar de CSI? Esse mundo, esse mundo...

Ainda plantando lírios no jardim. Suzi, se você aparecer, fiz torta de banana antes de ontem.


Preciso
ir ao Correio, urgente. Onde já se viu receber conta de luz, conta de água, e nada da conta do telefone, do plano de saúde, do cartão de crédito?

Alguém tem idéias pra um hall de entrada? Não falo de uma salinha antes da sala de estar propriamente dita, só um lugarzinho pra largar as bolsas, as chaves e os sapatos, sem fazer bagunça. Eu detesto coisa espalhada, e é comum chegar cheia de sacolas. Além da bolsa (que acaba no quarto), a maleta do trabalho (que mora no escritório), sempre tem algo que eu ganhei no posto ou comprei antes de vir pra casa. Também é comum ficar pra lá e pra cá procurando tudo que separei pra levar pro trabalho no dia seguinte. Seria bem mais fácil colocar tudo no hall, se eu tivesse um hall. Idéias?












A maioria das fotos é do Achados de Decoração, pra variar.

E, pra variar, a internet está uma droga. A alternativa não é muito melhor, além de mais cara. Só nessas horas, eu tenho vontade de morar num lugar maior. Mas a vontade já passou.

domingo, julho 25, 2010

Ser escritora

Eu escrevi essa no primeiro ano da faculdade, pra uma criança muito especial. Hoje, é uma moça, escritora também. Há alguns anos, ela me retribuiu, oferecendo um conto dela, como presente de Natal. Não me lembro de ter outra história para crianças.

"A BRUXINHA VESGA"

Adélia era a caçula de uma família de bruxas. Seu pai era membro da Sociedade dos Bruxos , sua mãe era considerada uma grande bruxa e suas irmãs haviam-se formado com louvor como bruxas. Mas, Adélia, pobrezinha! Adélia era um desastre. Não conseguia fazer nada direito. Se era pra colocar uma cobra na receita, ela punha uma rosa, um espelho, no lugar de um morcego. E chorava desconsolada, porque a professora colocava-a de castigo diante das outras bruxinhas, dizendo:
- Se vocês não forem más o suficiente, serão como Adélia, que usa flores nas suas poções, sinal de bom coração.

Na verdade, Adélia não gostava muito de ser bruxa. Acontece que era tradição de família, todas as irmãs dela eram bruxas, e cada vez que ela se queixava, lá vinha aquele blá, blá, blá, sem fim . O pai apontava para o retrato de sua mãe (avó de Adélia) e dizia:
- Ela foi a maior bruxa de todos os tempos.
O olhar da avó no retrato já era tão terrível que fazia Adélia imaginar os mais terríveis castigos. E pra finalizar:
- Todo mundo nessa família é bruxo. Por que você tem que ser diferente?

É claro que isso era motivo de muita tristeza para o pai e a mãe de Adélia.
- Não entendo como isso pôde acontecer - lamentava o pai - Uma bruxinha tão feia.
- Pois se até um olho torto ela possui - acrescentava a mãe.
Na escola, porém, a professora havia perdido a paciência. Adélia havia trocado mais um ingrediente da lição e dissera as palavras mágicas erradas. Como resultado, o caldeirão explodiu. Passado o susto, a professora colocou Adélia de castigo e disse:
- Mesmo as bruxas precisam ter disciplina. E Adélia não tem. Dessa vez ela foi longe demais, poderia ter nos matado. Por isso, ela está expulsa da Escola dos Bruxos.
E mandou Adélia embora.

Adélia não teve coragem de voltar pra casa e, por isso, saiu andando pela floresta. Andou, andou. Até que chegou num lugar onde nunca tinha estado antes. Resolveu parar um pouquinho para descansar, e adormeceu.
Acordou com alguém chamando-a e viu um senhor vestido de branco.
- Quem é você?- perguntou Adélia.
- Eu sou o Dr. Marcos.
Aquilo assustou muito Adélia, pois aquele era um homem, e as bruxas sempre falavam mal dos homens. Lembrou-se que havia uma bruxaria para se defender dos homens. Como era mesmo? Invocar os maus espíritos e dizer uma palavra mágica. Ou seria o contrário?
Nesse momento, ela ficou ainda mais triste, porque viu que a professora tinha razão, ela não sabia nem se defender de um homem. E começou a chorar.
- Porque você está chorando?- perguntou o médico.
- Porque eu sou uma bruxa, mas não sei fazer nada direito. Sou tão desastrada que fui expulsa da Escola dos Bruxos.
- E o que você faz errado?
- Tudo. Eu troco todos ingredientes das poções, até as palavras mágicas eu digo errado.
- Deixe-me ver uma coisa - disse o Dr. Marcos, sentando-se no chão, pois era muito alto, e Adélia, muito pequenina - Quantos dedos têm aqui?- e estendeu a mão.
- Acho que são três, mas não tenho certeza. Eles são encantados.
- Por que são encantados?- perguntou o doutor.
- Porque se juntam e se separam. Tem hora que são três, tem hora que são quatro.
- Qual o seu nome, bruxinha?
- Adélia.
- Adélia, acho que posso ajudar você.


O Dr. Marcos levou Adélia a um oculista. Lá, ela descobriu que seu "olho torto", que era o orgulho da mãe, era um defeitinho, chamado estrabismo. Por isso, ela não conseguia ler direito e aprendia nada. Era preciso fazer uns exercícios especiais para o olho preguiçoso. Isso deixou Adélia muito feliz, mas...
- Como contar pra mamãe que tem um homem me ajudando?

Adélia pensou, pensou e resolveu: melhor não contar nada. Quando ela voltou para casa teve que enfrentar um problemão, que ela já havia até esquecido: a expulsão da escola. Ela olhou pro pai e estremeceu. A cara dele parecia uma nuvem de chuva, daquelas bem pretas, de tempestade, com muito raio e trovão.
Inventou que estava muito arrependida (isso era mentira, porque a culpa não era dela) e prometeu que ia aprender todos os feitiços para ser uma bruxa muito má (isso não era tão verdade). E assim, a professora permitiu que ela voltasse.
A mãe bem que desconfiou daquelas saídas constantes, mas Adélia dizia que tinha que praticar as lições. E ia para mais uma sessão de exercícios especiais.
- Parece que agora Adélia encontrou o mau caminho. - dizia a mãe, toda satisfeita, para o pai.

Adélia começou a ler melhor e a entender as lições, e a não gostar do que aprendia, exceto pelo mistério que representavam aquelas misturas. Como é que se misturava dois líquidos sem cor e ficava tudo azul? E começou a pensar.
"Eu pensava que não gostava de ser bruxa porque não aprendia. Agora que estou aprendendo, estou vendo que não gosto muito disso".
E resolveu conversar com alguém. E estava pensando, quando chegou ao consultório do oculista.
- Bem, Adélia - disse o médico - agora acabou. Você não precisa vir mais aqui.
- O senhor me ajudou muito - agradeceu Adélia - Além de consertar olho, o que mais o senhor faz?
- Os médicos salvam vidas, ou ajudam a torná-la melhor, como no seu caso.
- Como o Dr. Marcos fez.
- Exatamente. O Dr. Marcos gosta de ajudar as pessoas. Sempre quis ser médico.
- Deve ser bom fazer o que gosta. - disse Adélia, pensando nas aulas de bruxaria, que só ensinavam a fazer o mal.
- Mas não foi tão fácil assim. O pai dele era advogado e queria que ele também fosse.
- Meus pais também são assim, - disse Adélia, se animando- querem que eu siga a profissão da família.
- E você quer?
- Não gosto muito.
- Então pense direitinho e converse com eles. Vão ter que entender.
Adélia voltou para casa pensando. Pensar era o seu novo passatempo. E pensando, descobriu uma coisa: ela não queria ser bruxa. Queria descobrir o mistério das poções. Era isso que ela queria aprender.

Adélia chegou em casa na hora do jantar. Comeu em silêncio e esperou que todo mundo terminasse. Tomou coragem, enfrentou o olhar da avó, lá no retrato, e disse:
- Não quero ser bruxa.
Foi como uma bomba. O pai ameaçou-a com todos os feitiços, invocou o nome da avó. A mãe ficou vermelha de tanta raiva. As irmãs não paravam de falar. Calmamente, ela começou a explicar, e eles foram se calando para ouvir.
- Eu nunca quis ser bruxa. Mas gosto de fazer poções.
E o barulho recomeçou.

Não houve praga, nem feitiço, que mudasse Adélia. Ela ficou firme, apesar de todos os protestos. Hoje, ela é farmacêutica, continua fazendo poções, só que agora elas se chamam medicamentos.


(Por favor, não passe adiante sem autorização, nem se aproprie, se dizendo autor dessa história. Ela está registrada nos arquivos da Bilbioteca Nacional, e você não quer ser processado, ou quer?)

Dia de Estrela



Dicas práticas de uma autora, pra quem é da turma.

Faça de conta que hoje é meu aniversário. Porque eu não escolhi o dia que ia nascer, nunca soube exatamente por que escolhi Medicina (embora exerça com toda responsabilidade e carinho), mas eu escolhi ser o que sou hoje. É dia de torta de chocolate (e anti-alérgico depois), de vinho, de almoço especial e de receber a turma inteira em casa. A turma de personagens, claro. Deixa eu ir ali, cumprimentar os escritores que conheço e curtir meu presente: cursos gratuitos de universidades americanas (em inglês).

Onde se organizar

'Não há nada de novo sob o sol' (Eclesiastes 1:9). Lembra da minha antiga mesa da cozinha que virou estação de trabalho? O Achados de Decoração postou essas fotos hoje:




Falando em estações de trabalho, aqui estão outras do mesmo blog e algumas do site da Martha Stewart:




Adorei porque são de pessoas reais, não parece 'coisa de revista', sabe como é? A gente vê e acha que é capaz de fazer igual. E os quadros de aviso? Eu AMO quadros de aviso, assim como amo listas. Mesmo que eu não faça nada, sei em que pé estou no meio da confusão. Ainda não pendurei meus quadros de aviso, mas aqui estão algumas idéias:






Sobre recados: determine um lugar pra deixar recados, seja pra si mesmo, seja pra quem mora com você. Enquanto você não tem onde deixar seus avisos, pode aproveitar a idéia da minha amiga Fernanda. Ela mora com mãe e irmãos, então deixa os recados no espelho do banheiro, parada obrigatória em algum momento. Ela escreve com pincel atômico, mas você pode colocar um bilhetinho mesmo, num post-it ou com durex. Quando eu morava com minha mãe, deixávamos recados pra ela na tela da TV, primeira parada no caso dela.