(em 13.04.10)
Detesto deixar as coisas pra última hora. Absolutamente detesto. É certo que às vezes não tem como, principalmente quando se depende dos outros. Então, quando um compromisso meu fica pra última hora, e só dependendo de mim, dá pra imaginar como eu fico. É, isso mesmo. Eu fico de cara feia pra mim mesma.
Dessa vez, é um pouco mais complicado. O compromisso é e não é apenas meu. Tenho que entregar, hoje, uma crônica. Com um tema específico e que conheço pouco. Pra completar, é sobre um assunto que eu não quis acompanhar de perto pra não me desesperar junto. Portanto, eu não tive uma semana nada fácil, desde que recebi a solicitação.
Digo que o compromisso é e não é apenas meu, porque escrever bem depende de técnica, e eu uso muito minha inspiração ao invés disso. Bem diz o sábio Luís Fernando Veríssimo, que a gente deve escrever todo dia, pra não perder a prática. Eu escrevo todo dia, mas não tenho tema específico. Fico à mercê da minha inspiração e ela não está colaborando dessa vez.
Agora, o prazo está chegando. Eu tentei, realmente, bolar alguma coisa durante a semana. Li sobre o assunto, pesquisei na internet, sondei a opinião geral, imaginei alguma correlação com minha realidade, e só aparecem frases soltas. O pior é que as poucas que apareceram vieram em algum momento em que eu simplesmente não podia parar pra escrevê-las. E olha que eu ando com papel e lápis desde sempre.
Eu acho fabuloso quem consegue condensar numa frase, numa cena, numa imagem, um sentimento, uma idéia. Eu não sou assim. Gosto dos detalhes, da interpretação, de encontrar um terceiro lado. Não que exista um modo perfeito pra se descrever algo, mas os mínimos detalhes muitas vezes são desnecessários, além de incômodos. Eu gostaria de saber dispensá-los de vez em quando, dizer que fossem dar uma volta, enquanto eu contava o que é realmente importante. Posso tentar, mas não dessa vez. Preciso dos detalhes pra preencher o limite estabelecido de 3000 caracteres.
Resolvi, portanto, que vou fazer a tarefa sozinha, sem inspiração mesmo. Se ela resolver aparecer pra ajudar, tudo bem, mas é hora de aprender a não contar com ela. Muitos escritores dizem que é preciso saber escrever bem, e não é necessário inspiração pra isso. Sempre achei essa afirmação um exagero, mas parece que estou em vias de confirmá-la. Vamos ao texto.
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