domingo, outubro 05, 2008

Só porque...

... Grissom's Girl indicou 'Casa Caliente' (Fic GSR NC-17) e até agora, eis o que encontrei de mais belo:

Soneto - X V I I
Pablo Neruda

NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Não sei, acho que vou fazer outro almoço, esse só pros poetas falecidos. Neruda, Drummond, Vinícius, Blake, Shakespeare, e. e. cummings... Apareça, anônimo leitor!

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo soneto de amor!
Passei por aqui para saber se vc está bem!
Quando convidar os poetas falecidos para almoçar me conte se eles aceitaram.Qual será o cardápio?
Um abraço e tudo de bom!

Odessa Valadares disse...

Cardápio:
- Aperitivos: variedade de poemas satíricos e políticos.
- Entrada: suspiros por inatingíveis objetos do desejo humano (a criatura amada, por exemplo).
- Primeiro prato: odes a criações perfeitas da Natureza (sol, lua, estrelas e animais de estimação)
- 'Piéce de resistance': poemas de amor correspondido acompanhados de pequenas porções de saudade.
- Sobremesa: poemas eróticos (a essa altura, todos já estarão bêbados mesmo).
- Café: declarações e resoluções de vida (ou morte).
- Conhaque: Profundas meditações sobre a existência e finitude humana, , ao final das quais todos se despedirão, acreditando que mais um dia é possível (se existe por quem ou pelo que almejar).

~Direto do Fim do Mundo~ disse...

Nossa e lindo o texto...
Eu ja havia lido uns outros do Pablo Neruda, mas esse e a primeira vez que estou lendo...
Adorei!

Grissom's Girl disse...

Oi, amiga!
Voltei!
Saudade graaaande, imensa. Você me fez muita falta, viu?
Ainda não li todos os post, mas estou feliz que "nossa menininha" já recebeu alta e foi viver a vida dela.
E vc, vê se cuida desses "traumas médicos" (ou medicinais, se é que me entende).
Eu nunca consegui terminar de ler Casa. Aliás, eu nunca consegui passar do capítulo cinco.
Foi me dando um calor, uma agonia...
Um dia, quem sabe.
Mas estou feliz que esteja gostando. E o poema do Neruda é lindo (como todos dele o são). Eu amo "O Carteiro e o Poeta", então você já pode ver que só de escutar o nome do cidadão eu já abro um sorriso.
Beijos e nos "vemos" por ai!

Odessa Valadares disse...

Um calor... A fic é quente mesmo. Eu estou no capítulo nove e li as duas fics prévias 'Under' e 'Beneath', que explicam como eles ficaram juntos pela primeira vez.
Retoma a fic do capítulo 5 mesmo. Só aquela cena do Grissom vestido de padre, recitando uma prece em latim e assustando os skinheads. KKKKK, meus vizinhos ainda vão me internar. Eu dava gargalhadas histéricas madrugada adentro.