terça-feira, dezembro 31, 2013

sábado, dezembro 28, 2013

Uma escrivaninha xerife


À procura do que dizer, de como descrever o que senti ontem ao ver um de meus sonhos realizados, encontrei hoje esse texto de Eliane Brum, no site da Época:

'(...)Desde pequena, eu sonho com uma escrivaninha Xerife. Não sabia que se chamava xerife a escrivaninha dos meus sonhos. Descobri agora. Esta escrivaninha de madeira é cheia de gavetinhas e escaninhos de vários tamanhos e tem uma tampa. Quando você para de trabalhar, você fecha e ninguém sabe o que há lá dentro. Não tenho a menor ideia de onde eu possa ter visto uma dessas na minha cidade, lá no interior do Rio Grande do Sul. O fato é que eu sempre achei que essa era a única escrivaninha que um escritor poderia ter. Por causa das gavetinhas e, especialmente, por causa da tampa.

É mágico. Você está lá, escrevendo, todo escancarado e, de repente, você fecha. E até chaveia. Seus anjos e principalmente seus demônios ficam lá dentro, sem risco de se dependurarem no lustre, esconderem-se em algum lugar onde você não os ache ou mesmo assombrar o resto da família.

Tive várias escrivaninhas ao longo da vida, de fórmica à penúltima, toda modernosa, feita com madeira de demolição. No sábado, comprei minha última, a minha própria Xerife. Por que só agora? Porque só agora a mereci.

Decidi que vou me enforcar nas cordas da liberdade. Para isso, precisava me reinventar com tudo aquilo que já era meu. Para marcar este ato, queria transformar algo da matéria volátil dos sonhos em existência concreta. A escrivaninha dos devaneios da minha infância materializou-se, com tudo de incontrolável que existe quando nos arriscamos a desentocar os sonhos – com uma vara que é sempre meio curta – e os expomos às intempéries do real.

Foi um ato de profundo simbolismo para mim, que adoro rituais de passagem.(...)'

***

Eu também fiz por merecer minha escrivaninha xerife que, apesar de vir com a fechadura quebrada, é tão linda como sempre sonhei. O que eu fiz? Me inscrevi na pós que passei mais de uma década desejando e sempre 'acontecia algo' pra não dar certo. Meu sonho teve frete caríssimo, aborrecimento com o transporte, mas valeu a pena. Espero que a pós também valha.


Também encontrei isto: como decorar sua escrivaninha xerife (em inglês)

sexta-feira, dezembro 27, 2013

Feliz Aniversário, Fê!


A flor preferida de Fernanda é magnólia. Então, nada mais certo que um bonsai de magnólia para representá-la aqui. Porque Fê é uma pessoa que merece ser cultivada com paciência e muito carinho, e a dedicação a esse relacionamento sempre vale a pena.
Dois dias e uma manhã pra pintar quatro paredes. Porque, pra quem tem algum grau de TOC, pintura é sempre um work in progress.

quarta-feira, dezembro 25, 2013

Natal em lilás


Por alguma razão desconhecida, nunca colori as paredes de onde vivi. Talvez porque tenha crescido cercada de paredes brancas. Pra mudar a tradição, estou pintando o escritório/biblioteca/sala de TV de lilás. Escolhi a cor mais próxima do que queria e misturei (3/4 de galão de 'azaléia' + 1/2 galão de 'branco neve', ambas da Eurolux). Saiu um lilás meio cor-de-rosa, mas aceitável. Três paredes lilases e uma púrpura. O sobe e desce da escada está valendo a pena.

domingo, dezembro 22, 2013

Estante!

Lá fui eu ao Recife comprar a estante. Bem que tentei comprar pelo site, mas o frete duplicava o valor do produto! O atendente foi muito atencioso e resolveu rápido, inclusive não cobrou a entrega (na casa do meu irmão, em Recife) porque o produto está em falta na loja e ainda vão encomendar. Trazer para cá será fácil e gratuito porque alguém já me ofereceu a carona. Um detalhe: no site, a estante custa R$ 1.759,90 e está em promoção por R$ 1.359,90. Eu paguei R$ 1.499.90. E os puxadores não estão inclusos.


Estante Cobi 2 gavetas (também disponível na cor preta), na Etna.

Começou!

Atrasada, primeiro pela demora no pagamento, e agora por problemas no abastecimento d'água, eis que começou a tão sonhada repaginação do meu apartamento, que vai durar alguns bons meses, senão anos. Afinal, tem a pós obrigatória do Mais Médicos, em Saúde da Família, e em fevereiro começa a pós em Dermatologia Clínica. É por isso que eu preciso de um projeto pra me distrair. O alvo, no momento, é o escritório. Para quem quiser fazer algo semelhante, vamos às dicas.

Meu primeiro passo, no caso do escritório, foi passar muitos anos guardando as fotos de todas as estantes que me interessavam porque eu preciso de um móvel que comporte TV e muitos livros. A estante, no meu caso, era a peça-chave da decoração. Uma vez escolhida, passei à cor das paredes.

O máximo que eu cheguei, em termos de paredes coloridas, foi morar numa casa com paredes amarelas, algumas delas amarelo-maracujá, porque estavam recém-pintadas dessa cor quando cheguei para morar. No resto dos apartamentos e casas era sempre branco. Portanto, estou ousando nessa reforma. Decidi por lilás e a parede da estante será roxa, para valorizar a estante branca. Passei algumas semanas pesquisando cores e suas combinações nos sites da Coral, Suvinil e Iquine, até que me convenci que não vou achar essas tintas nesse lugarzinho onde moro. Não é tão difícil criar uma cor simples como lilás com tinta branca e corante, eu mesma já fiz isso com esmalte (tinta usada em portões). Por via das dúvidas, guardei as cores das tintas da Coral e os nomes, pois descobri uma loja por aqui que faz a cor sob encomenda, mas bem mais caro.


Sim, eu fiz uma paleta de cores. Parece uma frescura, mas quando você chega na loja pra comprar uma almofada, um vaso, o que for, não sabe se a cor combina com o que será usado. Daí a paleta, que fiz no Paint.

Antes de pintar, no entanto, era preciso aumentar o número de tomadas do cômodo, que só tinha uma (!) até então. Imagine que sufoco ligar computador, impressora, TV, DVD... O jeito era colocar o estabilizador na tomada e ligar uma extensão no estabilizador. Estabeleci os locais das tomadas e medi tudo com antecedência, até ter tempo de ir na loja. Então, quarta-feira, dia 18, comprei o material. No mesmo dia, o eletricista fez o serviço rapidinho.


segunda-feira, dezembro 16, 2013

Que tablet?

Sem Wi-Fi, tablet do Mais Médicos perde funções
Profissionais ganharam aparelho, mas não conseguem acessar informações durante as consultas porque UBSs não têm serviço de internet sem fio
15 de dezembro de 2013 | 2h 08

Fabiana Cambricoli - O Estado de S.Paulo

Sem contar com Wi-Fi nos postos de saúde onde trabalham, profissionais do programa Mais Médicos não conseguem usar parte dos recursos oferecidos no tablet dado pelo Ministério da Saúde para auxiliá-los no atendimento aos pacientes.
Sem uso: 'Serviço facilitaria trabalho', diz médica cubana - JF Diorio/Estadão
JF Diorio/Estadão
Sem uso: 'Serviço facilitaria trabalho', diz médica cubana

No aparelho ficam disponíveis materiais de consulta referentes a protocolos clínicos, informações sobre doenças e tradutor português-espanhol, entre outros recursos.

Parte do material, porém, só pode ser acessada se o aparelho estiver conectado à internet sem fio, tecnologia inexistente na maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) onde os médicos atuam.

Levantamento feito pela reportagem nas 48 cidades do Estado de São Paulo que receberam profissionais do programa mostra que apenas a minoria conta com o serviço. Das 36 prefeituras que responderam, apenas oito têm internet Wi-Fi em todos os seus postos de saúde. Outras seis têm a tecnologia em algumas unidades e 22 não possuem o serviço em nenhuma UBS.

"O tradutor do espanhol para o português, por exemplo, só funciona se tiver internet. Isso acaba dificultando um pouco nosso trabalho porque, quando surge alguma dúvida, temos de interromper a consulta, às vezes sair da sala, para pedir ajuda a um colega. Todos são sempre muito solícitos, mas o serviço no tablet facilitaria", diz uma médica cubana que trabalha na zona norte de São Paulo.

Com cem profissionais do programa Mais Médicos, a capital é um dos municípios que não têm internet Wi-Fi em nenhum de seus postos de saúde. Em todo o Estado, são 356 profissionais já em atendimento, além de 216 que devem começar a trabalhar ainda neste mês.

Aplicativo. Outro recurso do tablet indisponível para os médicos que não têm internet em seus postos é o aplicativo Telessaúde, no qual os profissionais podem enviar suas dúvidas para os supervisores.

O Código Internacional de Doenças (CID-10) também só pode ser consultado quando há rede Wi-Fi disponível.

Médicos de cidades em que as UBSs têm internet dizem que os recursos do tablet facilitam o trabalho. "Quando preciso consultar detalhes sobre alguma doença ou então tirar uma dúvida do idioma, o tablet já está na mão, agiliza a própria consulta", afirma a médica cubana Mercedes Perez Calero, de 44 anos, que trabalha em Guarulhos, onde 20 dos 67 postos têm internet grátis.

Investimento. Segundo o Ministério da Saúde, até agora, 4.974 médicos já receberam o tablet em todo o País. Cada aparelho custou R$ 1.450, num investimento total de R$ 7,2 milhões. Outros cerca de 1,6 mil médicos que estão no Brasil pelo programa também vão receber o equipamento, diz a pasta.

Questionado sobre a dificuldade de uso do material pelos médicos, o ministério informou que todo o material está disponível para acesso remoto.

O Estado navegou no tablet e confirmou que o tradutor, o aplicativo Telessaúde e o CID-10 não funcionam sem internet. Já as portarias e vídeos sobre os programas do ministério, protocolos clínicos, cadernos de atenção básica e produções científicas estão disponíveis no tablet mesmo no formato offline.

Ainda segundo o ministério, o equipamento tem tecnologia 3G e cabe ao médico contratar um pacote de dados móveis para ativar o serviço.

***

Eu, participante do programa 'Mais Médicos', nunca recebi ou fui oficialmente informada que receberei um. Soube pela imprensa que havia um prazo para a entrega dos aparelhos que, no meu caso, não foi cumprido, pelo visto.

domingo, dezembro 15, 2013

Doda, Feliz Aniversário!

Soneto de aniversário

Vinicius de Moraes

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece

sábado, dezembro 14, 2013

Obrigada!


To The Women Who Choose Not To Have Kids

Dec. 10, 2013

By Abby Rosmarin


To the women who choose not to have kids, I have one thing to say: thank you.

You probably don’t hear it enough. In fact, you probably don’t hear it at all. What you do hear is an array of pro-childbearing responses, such as, “You’ll change your mind someday,” or, “Doesn’t your mother want grandkids?” or, “You’ll never find a husband if you never want to have kids.”
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All things considered, “thank you” is probably on the opposite end of what you hear.

But seriously: thank you. Thank you for recognizing that childrearing isn’t for you and being true to who you are. It doesn’t mean you hate kids. It just means that raising one is not part of your path in life.

Thank you for not succumbing to the societal pressures. I’ve known far too many parents who had kids because that’s what was expected of them. Working in childcare, you see more of this type than you wish to see. The resentment is almost palpable. They love their children — at least, they have no choice but to love their children — but every single movement seems to scream, “I wasn’t meant for this.” I’ve known too many people who grew up with at least one parent who harbored that resentment, who let that resentment dictate how they parented. I’ve seen how that influenced the way these former children are now as adults, or even as parents themselves.

Thank you for not trying to compromise who you are in an effort to keep a partner around. Thank you for being honest and open and refusing to apologize for who you are. Everyone has different values. Everyone wants something different in life. It takes a lot of guts and confidence to say, “This is what I want in life. It’s not the orthodox way, but it’s my way.”

Thank you for not trying to silence that feeling in your gut as a means to validate your life. There are too many people in this world who cannot figure out their path — or have stumbled while walking down said path — and decided that maybe having a child could provide that meaning and definition instead. You understand that down this path lies vicarious living and hurt emotions and you recognize that there are so many other ways to find love and meaning and joy in your life.

Raising children is a difficult, onerous, frustrating, and disappointing gig. It’s tough enough for those who want it. It is a rewarding and loving gig as well, but it’s not something one should go into while focusing only on reward and love and societal acceptance. In this day and age, with a booming population in almost every country, it makes no sense to pressure every person to have a baby. But we’re sticklers to tradition, ritualistic to a fault.

So thank you. It’s not easy to stand firm with your belief. Honestly, truly, and genuinely: thank you.

De Trought Catalog

***

Eu resolvi que não teria filhos antes do 10 anos por causa do meu relacionamento conturbado com minha mãe ('eu nunca farei um filho passar o que eu passo') e descobri, esse ano, que o Transtorno Afetivo Bipolar provavelmente é genético. Pelo visto, foi a decisão mais acertada da minha vida.

quarta-feira, dezembro 11, 2013

"Eu tenho os livros"

Hoje foi uma daqueles dias em que comecei a trabalhar antes de chegar no posto, parei pra almoçar às duas enquanto nebulizava uma criança muito cansada (e o nebulizador fez o favor de não funcionar, obrigado), e terminei quinze minutos depois do horário. Ficou serviço de ontem pra fazer e eu ainda trouxe coisa pra casa, algo inédito nesse emprego novo. Eu só trago algo pra casa se for pra estudar, mas era um serviço que precisava de digitação, daí a exceção. Ainda teve uma paciente particular telefonando pra perguntar o que é 'distimia' porque ouviu o termo na televisão. Ai meu santo dicionário porque minha cabeça cheia só lembrava que era alguma coisa de psiquiatria. Distimia é depressão leve crônica, exatamente o que eu diagnostiquei há uns dois meses nela, que parou o remédio, mas agora resolveu levar o assunto a sério. Parece que a matéria na TV valeu a pena.

(Contando os dias para arrumar o escritório. Bem disse Marguerite Duras: "Caminhais em direção da solidão. Eu, não, eu tenho os livros.")

domingo, dezembro 08, 2013

Alternativas

Duas vezes esse mês, alguém me perguntou, de modo nada gentil, se ou por que, não sou casada. ‘Não casou por que não quis ou por que não apareceu ninguém?’. Eu respirei fundo, contei mentalmente até cem em grego e não dei a resposta que gostaria porque meu contrato de trabalho diz que devo interagir com urbanidade. Mas eu bem que gostaria de ter dito: ‘Moça, eu tenho um curso técnico, um curso superior, faço uma pós-graduação, e tenho um emprego onde colocar os pés. Ao contrário de você, eu não preciso casar’. Mas saiu o que sempre sai, porque é o máximo que vão entender: ‘Pedido de casamento, teve mais de um. Eu é que não quis’.

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Mais?

Todo mês, a secretaria de saúde do município onde trabalho precisa comunicar a Brasília que eu comparecendo ao trabalho. Esqueceram-se no mês de outubro e eu fiquei sem receber. Passei metade do mês de novembro lembrando que era preciso fazer isso E acrescentar o mês de outubro. O salário acabar de sair e adivinha?

Enquanto isso, meus livros se empilham na sala à espera da estante nova que eu não pude comprar, a pintura do escritório e da sala ficou pra janeiro, sabe-se lá quando virão os móveis da sala, foi-se a escrivaninha que eu queria e perdi a promoção da matrícula da pós.