quinta-feira, fevereiro 19, 2009

232 anos e ninguém entendeu nada

Há alguns anos, mesmo quem nunca estudou história seriamente, teve um vislumbre dos altos ideais que guiaram um grupo de pessoas a tornar a primeira colônia independente de um país através de ato revolucionário. O filme é 'National Treasure', com Nicholas Cage, evidentemente produzido pelo meu reverenciado Jerry Brukenheimer.

Eu já havia lido o texto integral da Declaração de Independência dos EUA (eu acabara de ler 'América', livro-texto adotado na faculdade do ex, que faz História), mas de tanto ver e rever o filme, um trecho se fixou.

Talvez seja a leitura de Thoreau nesses últimos dias, mas em face a esse impasse profissional em que me encontro (eu não tenho nem a quem comunicar que estou saindo do emprego porque até o prefeito eu não acho nessa cidade pequenina), eu ando meio política por esses dias. Logo eu, que sempre fui apartidária.

Thoreau inspirou Ghandi a uma revolução pacífica, quem sabe me inspire também. por via das dúvidas, aí vai meu trecho preferido da Declaração de independência.

'Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos-Guardas para sua futura segurança'.

(4 de julho de 1776, Declaração Unânime dos Treze Estados Unidos da América)

Reconheço que o problema não é a prefeitura. Também não é a secretaria de saúde do município. É um modelo, e as pessoas que seguem esse modelo não entendem a necessidade de reavaliar a situação. Eu tentei e tentei explicar e sugerir, e ensinar, que as coisas podem funcionar de forma mais fácil, que conheci diversos modelos de gestão na área de saúde, mas não há quem queira ouvir. Como não posso opinar num governo que não elegi (embora, como cidadã consciente das minhas obrigações, tenha tentado mudar meu título para cá, uma vez que moro aqui há três anos),resta-me seguir um ditado antigo e muito certo: 'Os incomodados que se mudem'.

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