segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Conforme prometido

Eu falei tanto das análises cômicas da Fal a respeito das novelas da Glória Perez que é justo fazer propaganda de 'Caminho da Roça'. A novela deve ter umas três semanas (nem adianta se horrorizar, anônimo leitor, eu só liguei a TV essa semana pra ver 'Espanglês' na Globo e porque a Paz Vega, bem, é tudo que eu queria ser em matéria de beleza) e Fal está engatinhando na sátira, mas engatinhando firme.

Segundo ela, falta o Alexandre (marido dela, falecido há algum tempo) para dar os apelidos legais pros personagens, mas o que já temos é bem promissor:

"Pelo que eu entendi da nobela, a India é um lugar lindo e feliz e colorido, onde todo mundo passa o dia todo dançando no meio da rua ao som de Raul Seixas. Eu não vou lá nem amarrada."

"É um chavão atrás do outro, a moçada dos treinamentos inspiracionais deve de tar nadando de braçada. "Abraçar a incerteza", "ser feliz fazendo feliz", "o deus que moram em vc mora nele" (é? e o deus que mora ni mim não paga aluguel, é um perdulário), "onde vc vê problemas eu vejo desafios" (essa é de nanar)."

"Depois que a missão dessa novela é resumir 6 mil anos de história em 50 minutos então todas as personagens passam o tempo todo dando lições umas pras outra, pro mó de instruir a platéia. O que é um porre."


E outras pérolas assim, intercaladas com a descrição hilária da trama.

Como eu disse pra Fal, "nem me dei ao trabalho de assistir à novela propriamente dita, uma vez que é sempre assim no primeiro mês: ela vai explicar a 'cultura' onde se ambienta a história. Em 'Explode Coração', eu aguentei na boa, porque minha bisavó era cigana, mas aí era um caso de família".

Bom, anônimo leitor, vai se acostumando com 'Peri, o Batman', 'Shazam', 'Jupira Maria', 'Indiiiiiira', 'Toni Uepa' e outros tantos, porque como diz a própria Fal, 'é personagem demais. Eu fico zonza.'

Pra se ter uma idéia, 'Toni Uepa é o comerciante mau. Ele é preconceituoso, odeia pobre, enfim, mas a gente deixa, porque ele usa as mudinha mais lindas do mundo. lindas. E toca sininhos. Tamos aí. Ele tem um monte de filhos, Rá-gincana, Amistad, Reive e Xande e é casado com a Indiiiiiiiira.'

Se você acessar o blog dela, começa de baixo pra cima (os posts mais recentes vêm primeiro) e procura os posts da novela. Fal, como eu, não separa os posts por assunto, então tem 'Caminho da Roça', conversas no MSN com os amigos, recados para os leitores, as aventuras dos gatos e cachorro que estão na casa dela e assim vai. Aliás, a Fal não mede palavras. Pensando bem, não mede nada.

"Então que inventamos a roda, o telégrafo, o telefone, o celular, os foguetes, as vacinas, o asfalto, o fax e a prótese peniana e as pessoas ainda aparecem na casa alheia sem avisar antes como faziam há 200 anos atrás. Nada, nada, nada me tira mais do sério do que gente que “dá uma passada”, pqp. E os amigos da minha mãe parecem ter essa tendência bastante acentuada. Daí, ela viaja e eu fico aqui, sendo tirada da cama nos horários mais improváveis. Nossa, como eu odeio isso. Liga antes, caraio, combina".

É por isso que quando tocam a campainha e eu não estou com saco pra atender (ou lá numa de minhas realidades alternativas, escrevendo pra aguentar ESSA realidade aqui), fico lembrando que quem sabe onde eu moro (não é muita gente) tem meu telefone. Se for o carteiro, o cara da companhia de energia elétrica, ele volta quando eu estiver disposta a falar com o mundo (o agente comunitário de saúde aparece aqui a cada seis meses, viu? E nunca me cadastrou no Programa de Saúde da Família. Não é incrível, anônimo leitor? Eu, médica do PSF, não sou cadastrada no programa).

A propósito, metade da cidade deve ter meu telefone (sabe como é médico), se for uma emergência, no mínimo vão berrar do outro lado do muro: 'doutooooooora!'. Interessante é que os pacientes só ligam em caso grave mesmo, o pessoal do hospital também. O que prova que quem toca a campainha da minha casa sem se fazer anunciar ou é o carteiro (com uma improvável encomenda), ou é o cara da luz (que vem dia 12 ou 13 de cada mês), ou é mal-educado mesmo. As Testemunhas de Jeová da igreja ali na esquina já se convenceram que eu não discuto religião, embora aprove todas que não fazem mal pra ninguém.

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