segunda-feira, maio 30, 2011

Hipoglicemia

O que é que eu ia comentar mesmo? Ando assim, chegando nos lugares em casa e me perguntando o que fui fazer ali, levando objetos completamente diferentes pros outros lugares, então percebo e tenho que voltar, como diria a Emília (antes que alguém diga Que Emília?', ora você conhece outra além daquela do Monteiro Lobato?). Bem, como diria a Emília: eu ando uma velha coroca, pra não dizer que sou uma, porque sempre sempre me senti velha, além dessa geração. Pode perguntar a quem estudou comigo e todas confirmarão. 'Todas' porque é uma escola onde só estudam meninas, não por razões sexistas, mas porque duvido que meninos queiram ser técnicos em Economia Doméstica. Quer dizer, devem haver alguns, mas os pais não permitiriam, e taí uma questão interessante e espinhosa pra D. Noilde, a antiga diretora da minha Escola da Escola Doméstica), alguns pensariam. Tarde demais. Ela ofereceu o curso misto há tanto tempo que as fotos que vi eram em preto e branco, mas parece que a idéia não 'pegou'.

Mas (não se começa parágrafo com 'mas', agora é tarde, 'seu' Cegalla), como eu estava tentando dizer e a memória não ajuda (fico me perguntando como homens como João Cabral, Saramago, conseguiam. Se não fosse o tal google...). Eu pensava que era confusa até ligar pra TIM. Povo de Deus!). Eles pedem o número do DDD, o número do telefone celular, 'depois tecle estrela’, e falam tão rápido que eu fiz tudo certo que da primeira vez repetiram o número inteiro pra conferir se eu havia digitado certo e achei que havia digitado errado, de tão rápido de que a 'atendente' falou. Fui atendida numa sala tão barulhenta, que eu não conseguia entendê-la, apesar de atenciosa e educada. Entendem por que eu não ligo pra resolver tudo no site, porque antes preciso passar por esse mesmo calvário pra pegar login e senha do site?

O que eu conseguir deduzir, do incidente inteiro: o carteiro não ter me entregue a conta da TIM (e eu pago tudo muito antes da data, basta colocar na caixa, se não colocar, esqueço), o site da TIM (que omiti porque nem vale teclar), revirar a cada atrás da conta (que achei estar paga, inclundo o fichário impecável das contas e a sacola não-tão-impecável onde sacudo tudo pra arquivar depois), aproveitar e arquivar dois terços daquela papelada (como aquilo se junta? É igual sacola plástica? Se reproduz?), todo o atendimento, o email pro meu irmão contando parte da saga (ou ele adora isso, ou ele perdoa e deleta sem nem ler, mas acho que não porque ele comenta comigo), é que isso é vida, sim, mas também desgasta, e eu já amanheço desgastada.

Sim, senhora, eu faço minha parte e me esforço pra tudo dar certo. Deus sabe que acordei cedo, que realmente mal dormi, tomei café de verdade, varri a sala (não pergunte o estado anterior, D. Noilde cairia dura), arrumei esses papéis, 'redecorei o banheiro' (não pergunte como se decora banheiro, é frescura), ia lavar o pergolado mas começou a chover (eita as minhocas devem ter fugido!), coloquei o lixo pra fora, comecei a faxina do quarto (isso significa: tirar as gavetas, pôr sobre a cama e deixar arejando até amanhã porque 'cansei'), terminei de 'organizar os organizadores' com as miçangas e outras bolinhas pra fazer colar, marcador e outras frescuras que meu irmão não deve ter muito interesse, lavei a louça e acabo de descobrir que estou morrendo de fome, porque já estava morrendo de fome quando escrevi pro hermano e já se passaram mais de duas horas! Daí falar tanta besteira ao mesmo tempo: é hipoglicemia.



Eu sei, vocês acham que fiz pouco. Eu esqueci de falar da horas que chorei, que continuo chorando. Esqueci de falar de dor. Eu ando com tanta cólica desde ontem! Eu sinto tanta dor que, se eu fosse professora de Medicina, eu ia ensinar que, exceto se prejudicasse muito o diagnóstico, o médico começasse passando a dor da gente, depois o médico pensava no diagnóstico. Eu devo pagar algum pecado, por achar que minha mãe exagerava. Ela sente mais dor que eu, acho. Os médicos não entendem, a não ser quando são eles os doentes. É por isso que as pessoas com dor são tão briguentas, irritadas. Saia um dia com dor de cabeça, nem precisa ser a enxaqueca que já tive hoje, e perceba como sua paciência diminui. Talvez por isso, eu fosse tão atenciosa, tão paciente, na faculdade, com quem tinha dor. Os colegas me achavam uma idiota. Mal sabiam eles da dor física e emocional que eu enfrentava. Sabe aquela preguiça pra sair da cama, certos dias? Multiplique por pelo menos cem, acrescente a pior dor de sua vida multiplique por dois (exceto se for uma cólica renal ou um parto), e entenda que algumas pessoas sentem esse nível de dor emocionalmente. Às vezes, fisicamente também.



Entendeu meu dia?

Antes que eu escreva mais besteiras aqui que o habitual, vou comer. E não liguem pros meus horários. Eu só costumava comer depois do último paciente, porque tinha pena dele ficar com fome.

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