sexta-feira, maio 20, 2011

Se realmente o mundo acabar amanhã


(encontrei minha imagem perfeita de ilha deserta, pra onde fujo, quase sempre)


Despedida

19.05.11 18:29h
Interessante: gosto de escrever, mas sou péssima com cartas e cartões. O que se escreve numa carta de despedida? Como se justifica o que se fez? Para as pessoas, é muito fácil criticar, condenar e apontar alternativas depois que tudo aconteceu. Quem sabe a dor, a angústia pelo que passamos? Nunca entendi os que condenam os suicidam, nunca critiquei uma mulher que abortou. Quem sabe o desespero que sentiam? Se podem justificar morte por legítima defesa, porque a pessoa entrou em pânico, por que não tentar entender o outro lado? Não digo aceitar, não digo concordar. Falo de tentar entender.

Alguém sabe o que é acordar repetidas vezes, numa mesma noite, se sentindo à beira da morte? Sonhar com diversos tipos de morte e não lembrar de quase nada, exceto do pavor? Acordar querendo matar quem estava matando você, no sonho? Viver dias e dias se sentindo vítima de agressão sexual, sem ter sido? Apenas sentir a sensação?
Eu como compulsivamente, pra não beber compulsivamente. Eu detesto tomar remédios, e os tomo regularmente, numa tentativa cada vez mais vã de manter a sanidade. Como posso trabalhar como médica, nessas condições?

Eu detesto pedir. Ajuda, dinheiro, uma licença-médica, distância, atenção. Tenho pedido várias dessas coisas ultimamente, mas pode ser a falta de hábito e por isso as pessoas não entenderam a urgência do pedido. Não estou dizendo agora que larguem tudo e venham me resgatar. Perdi a fé em mim, mas rezo pelos outros, peço que rezem por mim. Dá pra entender? Não posso me matar, não por questões religiosas, mas pelo que isso faria a uma pessoa ou duas que ainda se importam, pelo que isso faria a eles e porque poderia piorar a situação deles. Não a minha. Não acredito num lugar separado pros suicidas. São pessoas doentes, desesperadas, em sua maioria. Existem os egoístas, mas acredito que são minoria. A meu ver, assim como nenhuma mulher gostaria de abortar (ela não queria estar grávida), suicidas não querem morrer: só querem que o sofrimento acabe.

A vontade, referida pela maioria dos depressivos descompensados, é de vagar sem rumo. Com as recentes chuvas, eu poderia me oferecer como voluntária em algum lugar, mas não acho que daria certo. Cansei de interpretar um papel, fingir o que não sou. Nunca me encaixei, sempre fui vista como esquisita. As pessoas me olham estranho quando digo que não quero ser médica, e isso inclui minha mãe. Aliás, esse foi um dos maiores motivos pra desistir do meu relacionamento com ela. Acho que as pessoas vão olhar mais esquisito ainda pra alguém bipolar, com ideação suicida, que desistiu de Medicina e de se relacionar com a mãe. Deste tipo de vida também.

Espero que exista outro, porque esse não é pra mim.
18:46h

***

Se realmente o mundo acabar amanhã, vejam a Season Finale de Bones antes. Algo de belo em Bones são as imagens de Washington. Nem vou falar do Booth, é retórico.








Jefferson Memorial, Washington

Indico a Season Finale de CSI também. Senti um clima meio 'Obama/Bin Laden', na análise e interpretação das evidências no caso de Haskel/Langston. Se Haskel era um monstro, e Bin Laden também, vamos justificar tudo?

***
Droga, o mundo vai acabar e eu não vi o último 'Piratas do Caribe'. Jerry vai ter que entender.

2 comentários:

Eli Monteiro disse...

Comecei a ler seu blog e caramba, que figura você é!
O MUNDO NÃO ACABOU!!!, me faz lembrar uma música da Adriana Calcanhoto (não sei se é dela, mas interpreta muito bem,rs.
Saiba, que acaba de anexar mais uma pessoa que se importa e vai ficar triste se vc se for viu! Linda semana.
Eliane Monteiro

Odessa Valadares disse...

É da Paula Toller, ou ela quem canta. Muito divertida, por sinal. E, sim, eu sou uma figura. Várias, se contar com os personagens.