Escitalopram 15mg/dia + Lítio 600mg/dia + Bupropiona 300mg/dia + Topiramato 100mg/dia + Mirtazapina 15mg/dia + Estazolam 2mg/dia + Levomepromazina 20 gotas/dia.
Tomar tudo isso só pra seguir vivendo sem querer morrer a cada instante, conseguir dormir, viver lutando contra a balança e ainda sem conseguir trabalhar: R$ 779,71/mês.
Não entra neste cálculo o plano de saúde, nem as idas à capital pras consultas médicas. Não posso incluir nem tão cedo a terapia com psicólogo ou a prática regular de um exercício que me faça sentir bem (caminhar aqui não é terapêutico, a cidade só tem ladeiras). O mero planejamento de voltar a praticar Medicina uma vez por semana me rendeu dias seguidos de enxaqueca. Ah, eu esqueci os 'extras': analgésicos, medicação pra labirintite, antialérgicos (pro caso de ingerir algo com leite acidentalmente), e por aí vai.
Não lembro quando comprei um livro pra mim, não dei nem lembrancinha no último Natal, preciso de ajuda pra limpar o lugar onde moro porque ou eu fico de cama com a dor da fibromialgia ou com o cansaço que uma das medicações me dá. Não, nada de cinema pra essa amante de filmes. Nada de adquirir as temporadas de minha série predileta de TV. Há mais de um ano que vi uma manicure, não lembro quando comprei uma peça de roupa, mas deve ter mais ou menos o mesmo tempo. Anoto cada centavo que gasto e só consigo manter o tratamento porque de vez em quando algum colega me consegue um mês ou dois de alguma medicação.
Eu amava ler, adorava escrever. Alguma vez eu tive fé, o que quer que isso signifique. A doença me roubou a capacidade de sentir qualquer prazer de fato. Nunca fui arroz de festa, mas evito as pessoas ao máximo porque ser portadora de um transtorno de humor não transforma você na melhor companhia. A vantagem disso é que, quando minha hora chegar, não serão muitos a sentir minha falta.
Até onde sei, nem todos os bipolares são assim, mas eu sou. Só imagino como seria se eu fosse bipolar com psicose. Se eu tenho raiva de ser assim? Claro que sim! Se eu já me revoltei e larguei tudo? Perdi as contas das vezes. Mas sempre que eu paro uma das medicações que seja, em pouquíssimos dias, eu percebo que viver pode ser ainda pior. Muito pior. Como na época em que eu ia atrás de médico após médico, dizendo que havia algo de errado comigo desde a infância, e eles não entendiam ou não me ouviam.
Então eu tomo ‘mais bolinhas que o Elvis’ e continuo. Sem coragem suficiente pra morrer, sem forças suficientes pra viver.
6 comentários:
Bon Courage!
Merci beaucoup, mais j'ai besoin plus que courage, ne trouve pas ?
Oi,
Já comentei aqui ha um tempo atrás, não sei se lembra,
enfim,
desde criança quiz saber o que é a Fé. Eu via minha mãe rezando o terço, as vezes, e não entendia o porquê. Confesso que desde esse tempo duvidei da existencia de Deus ainda que com pena de mim por pensar assim. Afinal os outros sempre diziam - Deus existe. Eu não cria.
Mas passou o tempo, amadureci (um pouco) e li uma definição pra o que seja Fé. "Fé é saber que Deus existe e que todos temos um planejamento antes de vir pra este planeta para a nossa própria evolução." Achei que fazia sentido. (sou espírita) Então acredito que nada é por acaso. Tudo tem explicação, basta que estejamos dispostos a procurar. Enfim, é minha opinião. Fica bem.
Desolé, j'aimerais te donner une autre solution. Mais la courage c'est toujour important, n'est pas??
Meu francês é bem macarrônico, então dá um desconto nas concordâncias e ortografia...rsrsrsr
Bons ventos!
Corujinha, il y a beaucoup de temp que je ne parle pas français aussi. Todos os descontos estão dados. :)
Eliane, agradeço muitíssimo seu apoio. Tenho amigos em diversas religiões e a doutina espírita não me é estranha, longe disso. Mas assim como a sensação de felicidade está diretamente relacionada ao níveis de serotonina, acredito que a capacidade de acreditar em algo também é influenciada na depressão. Toda vez que eu melhoro, parte da minha antiga fé em diversas coisas reaparece.
Continue acreditando.
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