Em tempos de dor é conveniente evitar certas (ou quase todas) músicas, alguns filmes, lugares, certos cheiros, ler estritamente o necessário, evitar os melhores amigos que tem as melhores intenções e que sempre te levam para afogar as mágoas, é conveniente não beber, não usar substâncias alucinógenas e nem ouvir rádio, ir dormir cedo, mudar itinerários, pois tudo faz doer mais, tudo provoca aquela náusea que te derruba no chão de joelhos, tudo faz embaçar seus olhos, tudo descompassa seu coração, feito isso é contar com o tempo, o senhor da razão, o melhor remédio.
Ontem, por exemplo, estava ouvindo rádio, coisa que ando fazendo muito ultimamente, quando toca “aquela” música, deu uma dorzinha lááááá no fundo do coração e do estômago, um nó na garganta e senti os olhos molhados e a gente suspira pra ver se expurga todos esses sintomas, mas não muda de estação mesmo porque não adianta, seu dia acabou ali, naqueles acordes, naquelas notas. A gente até pode ouvir “aquela” música, quando acha que melhorou um pouquinho baque, mas propositadamente, pois de surpresa é cruel, é como uma punhalada pelas costas ou um machucado mesmo, quando você faz curativo pode até doer um pouco, mas é você que está mexendo, cuidando, sabe onde tocar e como tocar, mas se você leva um esbarrão no machucado ou dá uma topada em algum lugar, aí não, aí dói demais.
Em suma, ainda não estou de alta, ainda estou em observação e todo cuidado é pouco...
Um comentário:
Excelente o post. Tá perfeito mesmo! Mas eu prefiro encarar e fazer tudo ao contrário. Ouvir a música. Ver o filme. Evitar pra mim é uma fuga e se é pra cortar o mal pela raiz que se corte de uma vez.
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