domingo, outubro 23, 2005

Eu queria ser pipoqueira

Então, depois de um dia ruim, continuando a me sentir mal de tão doente que ando, meu ex-namorido-pode-ser-que-volte-a-ser-namorado me leva pra casa da irmã porque está preocupado comigo, resolve que eu preciso sair um pouco, ver o mar.
Menos de meia hora de brisa marinha e conversa ininteligível sobre RPG com a turma dele, escutamos pneus guinchando e vimos um acidente acontecer há vinte metros de onde estávamos. Quer dizer, ver mesmo, eu só vi a batida. Foi tão automático que enquanto o povo chegava pra ver o que estava acontecendo eu já estava lá. Ainda bem. Tinha um homem debaixo do carro.
Calma, ele não morreu, não estava cheio de sangue nem nada. Mas foi preciso uma turma pra suspender o carro e puxar. O interessante era ver eu tentando chegar perto pra socorrer e o povo não deixava. Eu falava "eu sou médica, eu sou médica" e aquela barulheira tamanha não deixava ninguém ouvir. Depois que eu vi o trauma, que identifiquei a fratura, no meio da gritaria "não mexe, moça", "ela é médica", outra luta pra convencer o povo, gritando,(mania que todo mundo tem de falar ao mesmo tempo nessas horas) que eu TINHA que mover o rapaz senão ele ia perder a perna ou a vida porque o fêmur quebrado estava comprimindo a artéria, o pé estava sem circulação. Foram minutos de agonia, até eu perder a paciência e berrar também, no meio de um bando de macho "eu sou médica, porra!" Aí eles escutaram.
Meia hora entre ligar pro SAMU e o homem seguir pro hospital (o SAMU é rápido, mas demorou pra imobilizar a perna, de tão feia a fratura) e eu voltei pra conversa da turma.
Repouso? Passeio pra espairecer?

2 comentários:

Viva Elvis Brasil disse...

Veja as coisas por outro lado, e se vc não estivesse lá?

Viva Elvis Brasil disse...

Ju, lembrei de vc na hora. Lê o relato do William Bonner sobre aquele assalto que ele sofreu. Eu quase choro. O link éhttp://oglobo.globo.com/online/rio/188903851.asp