sexta-feira, setembro 04, 2009

Pois é

Deu-me um sono inexplicável e eu apaguei na quarta-feira, dia 2. Acordei às onze da noite. Não vi o JN. Se comentaram por lá, perdi essa. Como foi comentado por Grissom's Girl, fui conferir no Google, porque nem a newsletter do JN informou a novidade: 'Jornal Nacional, modo de fazer', escrito por William Bonner. Claro que eles aproveitaram o aniversário do jornal, como houve 'Jornal Nacional, a notícia faz história' quando o JN fez 35 anos. Aquele, eu ganhei de presente de Natal e devorei em dois dias. Esse, eu vou me dar de presente de aniversário. Não por acaso, eu e Bonner completamos anos no mesmíssimo dia do ano.

A meu ver, é um modo elegante de explicar de forma mais longa as críticas veementes que Bonner recebeu há alguns anos sobre as formas como decide o que vai ao ar no JN. Ora, anônimo leitor, milhões de pessoas assistem ao JN. Gente de todas as idades. Eu tinha onze anos quando comecei a acompanhar aquilo. Tem gente de noventa que ainda assiste. Gente com diferentes graus de instrução. Eles têm que nivelar a informação.

O JN passa na TV aberta. Quem assiste TV por assinatura é gente que tem dinheiro e, sem fazer discriminação, geralmente são pessoas com acesso a mais instrução, embora nem sempre aproveitem a oportunidade pra se instruir. Então, aquilo ali começa a ser montado horas antes. Vão recebendo as notícias e decidindo o que vai ao ar, quanto tempo vão dar pra cada notícia. Muitas vezes, uma reportagem fica pro dia seguinte porque aparece algo mais urgente. É um processo dinâmico e confuso. Em 2005, num encontro com professores universitários, Bonner comentou que pensa no telespectador no JN como um Homer Simpson, que não entende 'notícias complexas'. Explicando: um cara que não tem muito entendimento de política internacional e se interessa mais pelos problemas que afetam seu dia a dia, alguém que precisa que expliquem como o aumento do combustível aumenta o preço da sua cerveja (e Bonner faz isso muito bem, Fátima também). Pra quê? Isso saiu por aí e choveram críticas. Disseram que Bonner não coloca notícias elaboradas, de consequências sutis, porque julga os brasileiros burros, etc, etc. Lá foi Bonner se explicar as declarações numa revista semanal: "Eu, como trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer', reconheço humildemente meu fracasso no desafio de ser claro e objetivo para todos os meus interlocutores daquela manhã” (William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, explicando-se por ter comparado os telespectadores com o “preguiçoso e limitado" Hommer Simpson. Lineu, personagem da Grande Família. Fonte: Revista Isto É Gente, de 19/12/2005). A saber, esta citação veio da Wikiquote.

Anônimo leitor, eu não sei você, mas quando eu quero saber mais, eu assisto outros jornais e geralmente a notícia não varia de canal pra canal. As agências de notícias na internet, sim, mostram alguma coisa diferente. E de mais a mais, é claro que deve haver um perfil de telespectador! As pessoas que assistem o JN são trabalhadores que terminaram de chegar em casa, gente que ainda está na rua, estudantes (porque o professor mandou ou a novela da sete acabou), mães de famílias (esperando a novela das nove) ou simplesmente porque é a hora em que toda a família se encontra reunida, muitas vezes pela primeira vez no dia. Fica difícil prender a atenção de um público tão diferenciado (ainda mais se estão jantando) se você se dedica a um perfil muito complicado. Pra quem quer um canal de jornalismo mais elevado, existe o G1, que eu infelizmente não posso assinar.

Pra meu entendimento, o JN tá bom. Eu, no máximo, sou a Liza, filha do Hommer Simpson.

2 comentários:

Grissom's Girl disse...

Excelente texto, miss Lisa. Explicou o lance do Homer e deu uma "pitada" do livro anterior. Eu confesso que não sou muito fã do JN, mas não há como negar que seja um ícone histórico.

Suzi disse...

E eu acho que sou o Moe.
beijos!!