sábado, dezembro 17, 2005

Falta de educação

Então depois de uma noite pra lá de divertida eu sigo pro meu segundo plantão em outra cidade. Ainda fui de carona com uma colega, que fez cinco dos sete gols da partida, relembrando os tempos da faculdade, de ex-namorados e professores. Ou seja, eu estava com um humor excelente. Cheguei, troquei de roupa e cadê a auxiliar de enfermagem da emergência? tinha paciente pra atender? O vigia, que não tem nada a ver com isso, foi ver. Tinha paciente esperando mas não tinham feito a ficha. Eu fiquei esperando enquanto a ficha vinha. Cadê a pressão? A auxiliar não tinha verificado. O vigia foi chamar a auxiliar. Ela veio, com cara de poucos amigos. "É pra ver a pressão lá no posto, não aqui na sala do médico, os pacientes sabem disso", e arrancou a ficha do primeiro paciente que não havia entrado no consultório porque a cadeira de rodas era muito grande. Eu esperei, esperei, conversei com o paciente, vi os exames dele e nada da auxiliar e nem da ficha pra eu escrever. Fui até o posto de enfermagem. "O paciente é deficiente, está numa cadeira de rodas, não pode vir até aqui sozinho. Dá pra verificar a pressão lá? E você ficou com a ficha, eu preciso escrever". "Então o vigia que carregue o paciente até aqui. Mal acabou de chegar e já está mudando tudo". "Eu não vim pro plantão pra ser mal-tratada, eu devia é ir embora" "Pois vá".
Agora me diga: é mais fácil carregar uma pessoa até o aparelho de verificar pressão ou o contrário? Sem falar que o paciente estava doente?
Era meu segundo plantão e a segunda auxiliar que me deixava esperando com alguém doente. Nas duas vezes eu tive que ir atrás da auxiliar e me responderam com quatro pedras na mão. Dez minutos depois eu estava saindo, não sem antes avisar às pessoas que esperavam porque estava fazendo isso.
Eu sou médica, não sou saco de pancada. Que um paciente me trate mal de vez em quando, eu não admito mas aceito, mas ser destratada pela equipe, seja médico, enfermeiro, auiliar de enfermagem, sistematicamente, não. Foi a segunda vez ali, não haverá uma terceira. O pior é que eu precisava do dinheiro, mas preciso mais ainda de amor-próprio (não estou falando de orgulho).

Depois o diretor me telefonou e soube que a mesma estava suspensa, porque isso vive acontecendo por lá, com diversas auxiliares e á única maneira de educá-las é fazendo perder parte do salário.

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