Dia desses, eu estava relendo ‘Meu pescoço é um horror’, onde Norah Ephron admite que não entende como algumas mulheres gastam tanto tempo lavando os cabelos. Como ela não os lava diariamente, deve ser por isso que teve tempo pra escrever tantos roteiros legais. Infelizmente, pra mim, meus cabelos oleosos e a estrada poeirenta pro trabalho me fazem perder um tempo enorme lavando-os. Só lavando, nada de secar. Não sou adepta de secador ou chapinha, ou perderia ainda mais tempo na vida. Aproveito o tempo em que lavo os cabelos pra organizar mentalmente a lista do supermercado e ponderar sobre questões metafísicas. Logo, lavar o cabelo não é de todo um tempo perdido.
Mas, tenha você muito ou pouco cabelo, há algo impossível de se escapar: faxina. Por mais dinheiro que você tenha na vida, sempre haverá alguma parte de sua vida que só você pode arrumar. Como a grande maioria não tem tanto dinheiro, ainda sobra a tediosa tarefa de tirar o pó, lavar, secar, lustrar, encerar e colocar no lugar, apenas pra, quando você termina, ter que começar tudo de novo. Eu não tenho nada, a princípio, contra manter a casa em ordem. É até um modo de usar o que aprendi no meu curso técnico. O problema é fazer o mesmo serviço, vezes sem conta, mesmo não tendo bagunçado nada. Pode-se argumentar que fazer faxina também permite a meditação, mas eu passo.
Um dos principais motivos de eu gostar tanto de morar sozinha é que, onde coloco um objeto, ele permanece. Não há nada mais irritante que arrumar uma casa e encontrá-la bagunçada, além de suja. Isso multiplica o trabalho ao infinito. É compreensível que, se você cozinha, terá louça pra lavar. Toda semana haverá roupa pra lavar, é inevitável. Mas eu adoro chegar em casa e ver que está tudo na mais perfeita ordem, ou quase. Os livros estão onde devem estar, minha sala de visitas está sempre arrumada, o mesmo pra sala de jantar. O que me leva a pensar no tal botão auto-clean.
Quando essa história de eletrodoméstico auto-limpante apareceu, o sonho de toda dona de casa era ter um forno daqueles. Limpar forno equivale a arear todas as panelas da casa e passar a semana com as unhas encardidas, se você não se rende ao uso das luvas. Geladeira frost-free foi outro marco, pra quem detesta a bagunça que fica a cozinha no dia de limpar o refrigerador. Depois apareceu o liquidificador com botão de limpeza, mas aí já era palhaçada.
Eu sempre fui adepta a diminuir o esforço no quesito ‘faxina’. Não que eu queira a casa imunda, mas dá um desânimo imenso varrer o terraço e no dia seguinte encontrá-lo cheio de poeira que não foi você (nem ninguém) que trouxe. Eu tenho dezenas de livros e filmes. Isso significa uma trabalheira sem fim por causa da poeira. Seria o máximo se inventassem algo pra impedir a poeira de entrar nas casas. Alérgicos de todo o mundo respirariam aliviados, os consultórios dos otorrinos e pneumologistas ficariam menos sobrecarregados e eu teria mais tempo pra tudo, além de me animar a fazer as unhas regularmente. Quem faz faxina e consegue manter as unhas impecáveis? Eu não.
Pensando bem, não é má idéia se a gente também tivesse um botão auto-clean.
2 comentários:
Eu também não consigo!
Mas uma coisa que adimiro ( e acho que também não consigo) é morar sozinha. Mas por enquanto quero morar com minha mãe mesmo, por enquanto.
Coragem nas faxinas!
Taí uma coisa que não consigo: morar com minha mãe. Se existiu um momento marcante em minha vida, foi ir morar sozinha.
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