segunda-feira, agosto 26, 2013

Apesar de serem avaliados por três semanas em programas do governo, os médicos não terão de comprovar proficiência em português após o curso. De acordo com Ximenes, haverá uma avaliação “contínua”, “formativa” e “global”, mas não uma “prova de proficiência”

Se já era um absurdo não revalidar o diploma, imagina nem precisar provar que sabe português.

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A respeito dos médicos com diploma não revalidado, o Secretário de Gestão Estratégica do Ministério da Saude, Odorico Monteiro, declarou que "Esses médicos trabalharão exclusivamente nas unidades de atenção básica de saúde. Isso significa que eles não vão poder realizar nenhum procedimento cirúrgico - mesmo que seja obstetrícia - aplicar anestesia nem dar plantão em qualquer unidade de saúde, seja pública ou privada". Pra quem não entende de Medicina, parece um risco menor a se correr, deixando alguém, que sequer provou que é médico (quem me garante se o diploma apresentado é verdadeiro?), clinicar por aí.

Acontece que clínica geral é perigoso, muito perigoso. Nesses meus 13 anos andando pelo interior, já tive oportunidade de ver gente quase morta por dose excessiva de remédio pra pressão alta, diabético correndo risco de vida por falta de orientação quanto a queda de açúcar no sangue, paciente em crise de abstinência por dependência em diazepam, e a lista segue. Tudo por erro médico. É a vida das pessoas que está em risco. Se e/ou quando um desses médicos cometer um erro que leve à morte de uma pessoa, como será o julgamento? Esse médico será apenas deportado ou responderá por homicídio? Ou será julgado como erro médico? Ou como exercício ilegal da medicina?

Existe ainda mais uma coisa a considerar: numa unidade de atenção básica aparece de tudo, ainda mais no interior. Se chegar uma mulher parindo, o médico estrangeiro vai se recusar a atender porque o governo disse que ele não tem autorização pra isso? Chega alguém com um corte de facão em plena selva amazônica, o posto fica a três dias de viagem do hospital e existe o material (incluindo anestesia) pra fazer a sutura. Que médico com bom-senso vai se recusar a suturar pra prevenir infecção?

No papel, tudo é muito fácil. Quero é ver na prática.

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