Você que lê esse blog deve se perguntar, afinal, qual a minha posição em relação ao Mais Médicos? Eu critico as atitudes do Governo, mas participo do programa. Parece hipocrisia, mas entenda.
Eu sou a favor que a população tenha, sim, médicos de qualidade. Eu gosto de trabalhar no interior, é onde trabalho desde que me formei, até que resolvi me mudar de vez pra cá porque é onde me sinto bem. Coincidiu, apenas, que eu estava procurando emprego quando o Mais Médicos foi lançado. Se eu podia ter pego outro emprego? Podia, e é o que eu deveria ter feito, eticamente falando, mas no meio do caminho existe uma pedra, como diria Drummond. O nome da pedra, pra quem acompanha o blog, é Transtorno Afetivo Bipolar. Quando eu estou bem, tenho que ganhar o máximo possível para as épocas em que estou mal e sem trabalhar.
Enfim, concordo em enviar médicos, pagando mais que o salário habitual, ajuda de custo, etc. É um incentivo. Concordo, claro, em chamar colegas de outros países. A Cruz Vermelha faz isso o tempo todo, assim como os Médicos sem Fronteiras, mas eles assistem populações em estado de calamidade, países em guerra civil onde não há, sequer, um governo organizado, que dirá condições de avaliar a capacidade dos médicos estrangeiros. Em qualquer país organizado, um médico formado fora do país deve prestar um exame de língua e outro de capacidade profissional. Isso quando não precisa fazer um estágio de anos até ser autorizado a exercer. Aqui, a lei determina que qualquer profissional revalide o diploma para exercer a profissão, não apenas médico. Acho, sim, que o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco está certo em se recusar a emitir registro provisório aos 'médicos importados'. Pois como se prova que aquela pessoa realmente fez Medicina? Acho louvável a atitude dos colegas estrangeiros, querendo ajudar, mas eles não sabem o real estado da saúde no país. Aliás, as entrevistas com os recém-chegados mostram colegas interessados em prestar auxílio e/ou fixar residência no país por causa de laços preexistentes. Um deles falou em fazer o Revalida. Tomara.
Quanto aos cubanos, não vou falar novamente nesse sistema escravo. Nem nos anos extras na Residência ou o que quer que o Governo invente até 2014. Se brincar, até a eleição, quem vai precisar de médico sou eu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário