Eu sei que a meta é um cômodo por dia, mas tente fazer isso atendendo um monte de gente com dengue (cada caso tem que ser notificado e é uma ficha enorme), mãe aparecendo pra consultar o filho quase às três da tarde (meu horário de saída é, teoricamente, às duas) e que havia marcado a ficha pela manhã! Palavra, eu só atendi por causa do menino. Isso é desrespeito com o profissional. Só porque mora perto vem a hora que quer? Eu acabo tão cansada (e ainda é segunda-feira) que não dá pra fazer a mudança como planejado.
Hoje, consegui uma porção de caixas ENORMES. São boas pra colocar objetos leves: almofadas, roupa de cama (preciso passar a roupa, saco), toalhas, potes plásticos, objetos da área de serviço como baldes, bacias, etc. Também guardam objetos de decoração leves, mas volumosos, como flores artificiais. Nada pesado. Se eu encher de livros, ninguém levanta. Falando em caixa, maioria das coisas da minha cozinha está em caixas ou organizadores plásticos. Você abre os armários e só vê caixa, mas está fácil de encontrar tudo.
Procurando idéias pra casa nova, eu me lembrei desse post do 'Chega de Bagunça', com uma central de tarefas, uma excelente idéia.
Aliás, alguém me deu outra boa idéia. Aqui, todo mundo que pode tem uma cisterna, pro caso de faltar água. A casa nova não tem, a caixa é de 1000 litros e só. A sugestão foi aproveitar o pedreiro que construiu a casa e ainda está por lá pra instalar uma segunda caixa d'água, ao invés de ficar juntando água em tonel, que só dá larva de mosquito e lodo, além de ocupar espaço. Eu falei com a dona da casa e disse que pagava o custo da caixa. Acredite-me: sai mais barato que comprar caminhão d'água porque está muito seco e ainda nem começou a chover. Só garoa de vez em quando. Vai faltar água no fim do ano, com certeza.
O plano de hoje era começar a embalar as roupas que não amassam e descartar os sabotadores de imagem do meu armário. Talvez passar os lençóis novos que me esperam há quase um mês. Nessas horas a TV faz falta, porque eu fico vendo filme e passando roupa, mas levei a TV pra consertar uma besteira. Sem TV e cansada do dia, não fiz nada disso.
Ao invés disso, fico imaginando o antigo sofá, coberto de marrom, combinando com os pufes. Estou me empolgando desde sábado com as possibilidades que marrom oferece. Dá pra usar verde, laranja, amarelo-mostarda, bege, goiaba... É só procurar mantas e capas de almofadas e a cada semana a decoração da sala muda! Também encontrei outra foto pra mostrar pro gesseiro o que quero fazer com o balcão que separa a cozinha da copa/sala de jantar. Consegui o número de um gesseiro hoje. Espero que não seja muito caro.
Vamos torcer pra sobrar tempo amanhã. De qualquer modo, eu estava lembrando a uma amiga que é possível ter tempo pra tudo e citei (Eclesiastes 3, 1-8), uma das poucas passagens da Bíblia que sei localizar. Até hoje, eu não havia reparado a beleza da frase: ‘nada é melhor para o homem do que folgar e procurar a felicidade durante a sua vida’. Acho que é por aí.
segunda-feira, maio 31, 2010
Dia Mundial sem Tabaco
Eu sei que você sabe, que todo mundo sabe que fumar faz mal à saúde, mas por alguma obscura razão, ainda existem fumantes no mundo. Os fabricantes alegam que existe procura, os consumidores declaram que se tabaco fosse tão ruim assim, seria proibido igual maconha. Eu entendo antigos tabagistas, do tempo em que os fabricantes juravam que cigarro não faz mal a saúde. Esses foram seduzidos por propaganda, filmes onde atores e atrizes ostentavam charme e cigarros, etc. O que não dá pra engolir é gente da minha geração ou ainda mais jovem começando a fumar. Nem vou falar do quanto vi de gente morta por causa de tabaco.
'The Cigar divan', by Jack Vetrianno.
By the way, ocasionalmente, Vetrianno coloca um dos modelos fumando, mas como as telas dele parecem da década de 40, faz parte do contexto.
'The Cigar divan', by Jack Vetrianno.
By the way, ocasionalmente, Vetrianno coloca um dos modelos fumando, mas como as telas dele parecem da década de 40, faz parte do contexto.
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domingo, maio 30, 2010
Fim de domingo
Sono, muito sono. Limpei o mato da frente da casa, que estava com proporções amazônicas. Não tenho enxada, nenhum dos vizinhos tem, e o que disponho de instrumento é muito delicado para a tarefa, que vou procrastinando o máximo que posso. Eu adorava limpar mato. Ainda gosto, mas com a ferramenta certa. Agora, tenho uma bolha em cada mão, falta de prática.
Roupa quase toda lavada, mas não passada. A maioria, lençóis. Só engomei o que vou usar nos próximos dias pra trabalhar. Na cozinha, tudo cozido e congelado. O forno elétrico ganhou uma faxina especial e separei as panelas que precisam de algum conserto. Não guardei os filmes, mas fiz os projetos do dormitório e da cozinha. Isso vai me poupar tempo na hora de dispor os móveis na casa nova.
Preciso comprar jornal pra embalar os quadros, localizar o gesseiro e um pintor! Não posso entregar a casa nessas condições. Também preciso de um planejamento mínimo pras plantas. Algumas deveriam passar para floreiras suspensas, mas eu não sei bem a respeito da incidência de sol no pergolado. O projeto de plantar girassóis continua de pé, tão logo a chuva se firme. Tenho sementes de pimentão e pimenta, que já plantei em outros anos. Hoje, vi uma idéia pra quem tem pouco espaço pra ter um canteiro de ervas. O risco comigo é água demais ou de menos. Tistu bem que podia me emprestar aquele dedo verde.Vou perguntar como ao Maurice Druon.
Esqueci de colocar o lixo pra fora.
Roupa quase toda lavada, mas não passada. A maioria, lençóis. Só engomei o que vou usar nos próximos dias pra trabalhar. Na cozinha, tudo cozido e congelado. O forno elétrico ganhou uma faxina especial e separei as panelas que precisam de algum conserto. Não guardei os filmes, mas fiz os projetos do dormitório e da cozinha. Isso vai me poupar tempo na hora de dispor os móveis na casa nova.
Preciso comprar jornal pra embalar os quadros, localizar o gesseiro e um pintor! Não posso entregar a casa nessas condições. Também preciso de um planejamento mínimo pras plantas. Algumas deveriam passar para floreiras suspensas, mas eu não sei bem a respeito da incidência de sol no pergolado. O projeto de plantar girassóis continua de pé, tão logo a chuva se firme. Tenho sementes de pimentão e pimenta, que já plantei em outros anos. Hoje, vi uma idéia pra quem tem pouco espaço pra ter um canteiro de ervas. O risco comigo é água demais ou de menos. Tistu bem que podia me emprestar aquele dedo verde.Vou perguntar como ao Maurice Druon.
Esqueci de colocar o lixo pra fora.
sábado, maio 29, 2010
Tempo perdido?
Às vezes, o que parece tempo perdido é justamente o contrário. Passei boa parte do dia de ontem dormindo, quando deveria estar procurando o pintor, o gesseiro, mais caixas, fazendo orçamentos. Fazer qualquer tarefa com a cabeça cansada não dá certo, então, mesmo sem planejar, eu apaguei.
Quando começar a desmontar a casa pra uma mudança, desmonte um cômodo por vez. Comece pelo cômodo de menor movimento ou o mais dispensável. No meu caso, a sala de jantar. Na noite da sexta-feira, limpei cada móvel e embalei toda a louça extra. Aproveitei pra separar uns pratos que nunca usei. Vou encontrar outro dono porque preciso do espaço.
Etiquete TUDO. Não confie na memória, porque sua cabeça está cheia de tarefas mais importantes do que lembrar onde colocou determinado objeto numa pilha de caixas parecidas. Use a idéia do 'Chega de Bagunça' e crie um sistema de etiquetas, ou pelo menos escreva o nome do cômodo e o conteúdo do lado de fora da caixa. Outra dica do mesmo site é se desfazer do que está fora de uso, como os pratos que citei. Em outras palavras: diminua o volume!
Também anote TUDO que é preciso fazer, pra não esquecer nada. Minha check list não é tão grande quanto essa, mas tem itens que não estão ali. Crie sua própria lista, estabeleça prazos e cumpra-os.
Ontem, comecei tarde e aproveitei minha insônia. Como boa técnica de Economia Doméstica, desenhei a planta da casa - é, no 'paint', não me entendo com o Visio - e isso me permitiu brincar com a disposição dos móveis da cozinha, aqueles que pareciam grandes demais pro espaço em questão. Conclusão: tem espaço suficiente. Agora vou ver como vai ficar o dormitório.
Minha meta é desmontar um cômodo por dia. Sexta-feira foi dia de embalar tudo da sala de jantar e parte das coisas da cozinha (louça, inúmeros vidros de temperos). Também comprei mais organizadores pros objetos da cozinha, pra fazer algo assim, mas usei caixas plásticas com tampa ao invés de cestas. Hoje, vou passar roupa e lavar as peças que faltam. Se o tempo der, guardar as fitas de vídeo e DVDs em sacolas (não peguei mais caixas). Trabalho mesmo vai ser arrumar a papelada. Sou organizada e adepta de arquivamento, mas os papéis parecem se acumular sempre.
Pra quem gosta de sites sobre organização de casa, eu indico:
- 'Chega de Bagunça' e 'Putz! Reforma', ambos da Paula Fuzeto. Você pode, inclusive, indicar seu email no 'Chega de Bagunça' e receber cada post novo que for saindo, sem ter o trabalho de ficar checando o site regularmente.
- 'Organize sua casa', que também tem dicas de organização pra vida, pro escritório, etc. Um bom exemplo é o teste 'Você é cronicamente desorganizado?'
- 'Cores da Casa', cuja meta é mudar todo o visual de uma casa em 50 dias, com idéias criativas. Na verdade, o 'Cores da Casa' faz parte de um grupo de blogs com o selo 'casa.com.br', da Editora Abril, que publica 'Casa Cláudia', 'Arquitetura e Construção' e 'Minha Casa'.
- Se você a-do-ra brincar de casinha e entende inglês, seu lugar é com a Martha Stewart.
Quando começar a desmontar a casa pra uma mudança, desmonte um cômodo por vez. Comece pelo cômodo de menor movimento ou o mais dispensável. No meu caso, a sala de jantar. Na noite da sexta-feira, limpei cada móvel e embalei toda a louça extra. Aproveitei pra separar uns pratos que nunca usei. Vou encontrar outro dono porque preciso do espaço.
Etiquete TUDO. Não confie na memória, porque sua cabeça está cheia de tarefas mais importantes do que lembrar onde colocou determinado objeto numa pilha de caixas parecidas. Use a idéia do 'Chega de Bagunça' e crie um sistema de etiquetas, ou pelo menos escreva o nome do cômodo e o conteúdo do lado de fora da caixa. Outra dica do mesmo site é se desfazer do que está fora de uso, como os pratos que citei. Em outras palavras: diminua o volume!
Também anote TUDO que é preciso fazer, pra não esquecer nada. Minha check list não é tão grande quanto essa, mas tem itens que não estão ali. Crie sua própria lista, estabeleça prazos e cumpra-os.
Ontem, comecei tarde e aproveitei minha insônia. Como boa técnica de Economia Doméstica, desenhei a planta da casa - é, no 'paint', não me entendo com o Visio - e isso me permitiu brincar com a disposição dos móveis da cozinha, aqueles que pareciam grandes demais pro espaço em questão. Conclusão: tem espaço suficiente. Agora vou ver como vai ficar o dormitório.
Minha meta é desmontar um cômodo por dia. Sexta-feira foi dia de embalar tudo da sala de jantar e parte das coisas da cozinha (louça, inúmeros vidros de temperos). Também comprei mais organizadores pros objetos da cozinha, pra fazer algo assim, mas usei caixas plásticas com tampa ao invés de cestas. Hoje, vou passar roupa e lavar as peças que faltam. Se o tempo der, guardar as fitas de vídeo e DVDs em sacolas (não peguei mais caixas). Trabalho mesmo vai ser arrumar a papelada. Sou organizada e adepta de arquivamento, mas os papéis parecem se acumular sempre.
Pra quem gosta de sites sobre organização de casa, eu indico:
- 'Chega de Bagunça' e 'Putz! Reforma', ambos da Paula Fuzeto. Você pode, inclusive, indicar seu email no 'Chega de Bagunça' e receber cada post novo que for saindo, sem ter o trabalho de ficar checando o site regularmente.
- 'Organize sua casa', que também tem dicas de organização pra vida, pro escritório, etc. Um bom exemplo é o teste 'Você é cronicamente desorganizado?'
- 'Cores da Casa', cuja meta é mudar todo o visual de uma casa em 50 dias, com idéias criativas. Na verdade, o 'Cores da Casa' faz parte de um grupo de blogs com o selo 'casa.com.br', da Editora Abril, que publica 'Casa Cláudia', 'Arquitetura e Construção' e 'Minha Casa'.
- Se você a-do-ra brincar de casinha e entende inglês, seu lugar é com a Martha Stewart.
sexta-feira, maio 28, 2010
Atrás de um grande homem...
Tem a Fátima Bernardes. Pois Bonner parou de tuitar por absoluta falta de tempo. Ano eleitoral, Copa, JN, família e uma crise de hérnia de disco por falta de exercícios. Faltou tempo pro Twitter. Eu até me esqueci do Twitter depois da despedida dele, porque também estou numa roda-viva, mas hoje me deu aquele 'plim!' e eu fui checar. E encontro isso:
May 25th
'Aí meus filhos viajam com a escola, vou jantar fora com a mãe deles, casal sem crianças, etc. E na saída do restaurante ela comenta: "Você vai voltar a tuitar, né? Você tem que voltar! Volta de um jeito mais light, mas volta". Putz! Que pressão! Então eu vim aqui, fiz interativa, li milhares de "EU!", lembrei de como vocês são SHOW e repeti, pra não deixar dúvida: Depois que passar essa trabalheira doida eu volto. Mas antes disso é maluquice demais. Voltei aos exercícios e à corrida. Estou me cuidando. A saudade é recíproca. E imensa. Mas só essa visita já valeu. Horizontalizarei o esqueleto mais tarde por causa dela. Mas valeu muito! Tenhamos todos uma boa noite.'
Eu sempre disse que gostei de Bonner antes mesmo dele namorar com Fátima, mas não há dúvida que ele está com a mulher certa.
May 25th
'Aí meus filhos viajam com a escola, vou jantar fora com a mãe deles, casal sem crianças, etc. E na saída do restaurante ela comenta: "Você vai voltar a tuitar, né? Você tem que voltar! Volta de um jeito mais light, mas volta". Putz! Que pressão! Então eu vim aqui, fiz interativa, li milhares de "EU!", lembrei de como vocês são SHOW e repeti, pra não deixar dúvida: Depois que passar essa trabalheira doida eu volto. Mas antes disso é maluquice demais. Voltei aos exercícios e à corrida. Estou me cuidando. A saudade é recíproca. E imensa. Mas só essa visita já valeu. Horizontalizarei o esqueleto mais tarde por causa dela. Mas valeu muito! Tenhamos todos uma boa noite.'
Eu sempre disse que gostei de Bonner antes mesmo dele namorar com Fátima, mas não há dúvida que ele está com a mulher certa.
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Embalando a mudança
28.05.10
O segredo em uma mudança tranqüila está no planejamento. Se você tem um prazo, organize-se. No meu caso, a casa nova deve estar pronta em, no máximo, um mês. Isso significa no dia de São João, já que essa estimativa me foi dada no dia 24 deste mês. Eu teria até o dia 05 do mês seguinte para desocupar o imóvel onde estou.
Comece separando tudo que está precisando de conserto, e que você está adiando. Hoje a TV foi pra oficina, os quadros pra colocar/consertar moldura, os assentos das poltronas e sofá foram pro estofador. O técnico da geladeira veio pra encomendar as borrachas novas das portas, algo que vivo esquecendo e que me consome mais energia elétrica.
Se você sempre faz compras no mesmo lugar, peça ao gerente pra separar umas caixas. Hoje mesmo, eu trouxe algumas. O gerente achou que eram muito pequenas e eu expliquei que são perfeitas pra colocar objetos pesados, como louça. Comece embalando o que você usa menos. Aproveite pra se desfazer do que você nunca usa. Separe um cômodo de menor movimento pra colocar o que está pronto pra mudança.
No meu caso, estou sem o sofá da sala de visitas, e as cadeiras da sala de jantar não têm assento. Uma boa pedida é limpar esses móveis de alto a baixo, embalar a louça do armário da sala de jantar, e deixar tudo à espera do grande dia. Lave o que for possível: louça, roupa, etc. Lave tudo. Tudo mesmo. Lembre-se das cortinas, colchas e edredons. Você não quer perder tempo com isso enquanto desembala a mudança, não é mesmo? Sem falar que ficar limpando os móveis enquanto os carregadores estão levando tudo é constrangedor. Por pior dona de casa que você seja, faça uma faxina à medida que for esvaziando cada cômodo.
Se você não tem caixas o bastante, coloque os DVDs e fitas de vídeo (é, eu ainda tenho fitas de vídeo) em sacolas plásticas e identifique-as. Não se esqueça de limpar as caixas dos filmes antes. Também é a melhor hora pra embalar aqueles bibelôs (pra quem tem), objetos delicados, valiosos, ou de valor sentimental (minha placa de formatura quebrou quando eu me mudei pra essa cidade e eu nunca fiz outra).
Se houver tempo, passe toda a roupa que não amassa facilmente. Se você é adepta do linho, meus pêsames. Guarde toda a roupa que não vai precisar nos próximos dias nas malas de viagem, seguindo aquelas regras de o mais pesado embaixo, o mais leve em cima, etc. Passe seu guarda-roupa em revista. Seja rigorosa. Se você nunca usa aquela blusa que ganhou de presente há três verões, não é melhor passar adiante? Ainda assim, eu entendo um apego sentimental a certas peças. Nunca consegui me desfazer dos vestidos da minha formatura (e lá se vão 10 anos), mesmo quando pesava 33 quilos mais que hoje, na esperança de voltar a usá-los. Estou cabendo em quase todos agora, mas não use isso como desculpa pra ter um guarda-roupa cheio e nada que caiba em você.
Evite fazer feira. Só vai encher sua geladeira, seus armários, e será mais peso pra carregar. Se você tem uma porção de braços pra ajudar, desconsidere esse conselho, mesmo porque esse povo precisa ser alimentado. Calcule o necessário pra comer até o dia da mudança e mais uma semana, que é o tempo necessário pra você colocar sua vida em ordem e se ambientar no novo bairro. No meu caso, eu já conheço a região e os principais supermercados, sem falar que a feira fica duas ruas depois da minha. Se seu congelador estiver cheio, cozinhe tudo que for possível. Você terá comida pronta pros dias seguintes.
Hoje, mi hermano telefona, querendo as datas exatas pra se programar, e a resposta até agora é 'não sei'. Quando existe um dia ‘D’, algumas coisas ficam mais fáceis: você sabe quando mudar o endereço da correspondência, quando avisar pros amigos que precisa de ajuda, etc. Outras coisas são mais difíceis: com ou sem tempo, o imóvel tem que estar pintado pra ser entregue, ou você paga mais um mês de aluguel, por exemplo. Até agora, eu não encontrei um pintor e não consegui contactar o gesseiro que me foi indicado. Hoje foi o dia de encontrar prestadores de serviços (ou não) e comprar o mínimo necessário pra manter a geladeira com comida. Descobri que os adaptadores pras tomadas modernas estão em falta por aqui. Comprei um ‘T’, e já tenho duas extensões modernas. Vão segurar as pontas por enquanto.
Sem o pintor, não posso comprar as tintas e o resto do material pra ambas as casas. Hoje, fui na casa nova. Quase toda a cerâmica já foi colocada. Já foi comprada uma caixa pro correio (menos um gasto), existe instalação pra chuveiro elétrico (avisei pro pedreiro que não coloque um chuveiro comum, eu compro o elétrico, porque aqui é muito frio no inverno) e tomadas suficientes, pelo menos na cozinha. Medi a casa inteira, por dentro e por fora. Acabou a mina da lapiseira no final, mas hoje eu terei uma planta do lugar. Também fotografei, mas não avaliei a qualidade das fotos ainda. Uma casa sem pintura, cheia de entulho, com uma fotógrafa mediana, não é boa de visualizar como vai ficar. Quando eu começar o projeto, fica melhor. Não vai ser no Visio, como quer meu irmão, porque a) eu nunca me entendi com o Visio, b) meu personal tecnológico não instalou tal programa na minha máquina, provavelmente porque sabia que seria espaço perdido no HD. Faço meus projetos no paintbrush (eu sou do tempo em que o 'paint' era chamado assim) e vou muito bem, obrigada.
Portanto, eu vou começar a me virar com um prato, um copo e algumas panelas indispensáveis. Um monte de frutas, pra não precisar cozinhar, depois de hoje. Estou cozinhando tudo, como comentei. Tenho uma pilha de roupa pra passar, e alguma roupa pra terminar de lavar. Basicamente cortinas e a roupa da semana. Quando eu terminar de colocar tudo nas malas, vai sobrar a roupa ‘de bater’: calças sociais e camisas brancas. Ficarão fora das caixas os livros de clínica médica (estou com outra bronca, pra variar), ‘Sob o sol da Toscana (empréstimo da maravilhosa Marta) e ‘As crônicas de Nárnia’ (a coleção de Harry Potter acaba de ser relida pela enésima vez). O que eu sei é que as últimas peças a serem embaladas serão: o computador, o HD externo e o estabilizador. Bem diz o ditado: ‘lar é onde seu coração está’.
O segredo em uma mudança tranqüila está no planejamento. Se você tem um prazo, organize-se. No meu caso, a casa nova deve estar pronta em, no máximo, um mês. Isso significa no dia de São João, já que essa estimativa me foi dada no dia 24 deste mês. Eu teria até o dia 05 do mês seguinte para desocupar o imóvel onde estou.
Comece separando tudo que está precisando de conserto, e que você está adiando. Hoje a TV foi pra oficina, os quadros pra colocar/consertar moldura, os assentos das poltronas e sofá foram pro estofador. O técnico da geladeira veio pra encomendar as borrachas novas das portas, algo que vivo esquecendo e que me consome mais energia elétrica.
Se você sempre faz compras no mesmo lugar, peça ao gerente pra separar umas caixas. Hoje mesmo, eu trouxe algumas. O gerente achou que eram muito pequenas e eu expliquei que são perfeitas pra colocar objetos pesados, como louça. Comece embalando o que você usa menos. Aproveite pra se desfazer do que você nunca usa. Separe um cômodo de menor movimento pra colocar o que está pronto pra mudança.
No meu caso, estou sem o sofá da sala de visitas, e as cadeiras da sala de jantar não têm assento. Uma boa pedida é limpar esses móveis de alto a baixo, embalar a louça do armário da sala de jantar, e deixar tudo à espera do grande dia. Lave o que for possível: louça, roupa, etc. Lave tudo. Tudo mesmo. Lembre-se das cortinas, colchas e edredons. Você não quer perder tempo com isso enquanto desembala a mudança, não é mesmo? Sem falar que ficar limpando os móveis enquanto os carregadores estão levando tudo é constrangedor. Por pior dona de casa que você seja, faça uma faxina à medida que for esvaziando cada cômodo.
Se você não tem caixas o bastante, coloque os DVDs e fitas de vídeo (é, eu ainda tenho fitas de vídeo) em sacolas plásticas e identifique-as. Não se esqueça de limpar as caixas dos filmes antes. Também é a melhor hora pra embalar aqueles bibelôs (pra quem tem), objetos delicados, valiosos, ou de valor sentimental (minha placa de formatura quebrou quando eu me mudei pra essa cidade e eu nunca fiz outra).
Se houver tempo, passe toda a roupa que não amassa facilmente. Se você é adepta do linho, meus pêsames. Guarde toda a roupa que não vai precisar nos próximos dias nas malas de viagem, seguindo aquelas regras de o mais pesado embaixo, o mais leve em cima, etc. Passe seu guarda-roupa em revista. Seja rigorosa. Se você nunca usa aquela blusa que ganhou de presente há três verões, não é melhor passar adiante? Ainda assim, eu entendo um apego sentimental a certas peças. Nunca consegui me desfazer dos vestidos da minha formatura (e lá se vão 10 anos), mesmo quando pesava 33 quilos mais que hoje, na esperança de voltar a usá-los. Estou cabendo em quase todos agora, mas não use isso como desculpa pra ter um guarda-roupa cheio e nada que caiba em você.
Evite fazer feira. Só vai encher sua geladeira, seus armários, e será mais peso pra carregar. Se você tem uma porção de braços pra ajudar, desconsidere esse conselho, mesmo porque esse povo precisa ser alimentado. Calcule o necessário pra comer até o dia da mudança e mais uma semana, que é o tempo necessário pra você colocar sua vida em ordem e se ambientar no novo bairro. No meu caso, eu já conheço a região e os principais supermercados, sem falar que a feira fica duas ruas depois da minha. Se seu congelador estiver cheio, cozinhe tudo que for possível. Você terá comida pronta pros dias seguintes.
Hoje, mi hermano telefona, querendo as datas exatas pra se programar, e a resposta até agora é 'não sei'. Quando existe um dia ‘D’, algumas coisas ficam mais fáceis: você sabe quando mudar o endereço da correspondência, quando avisar pros amigos que precisa de ajuda, etc. Outras coisas são mais difíceis: com ou sem tempo, o imóvel tem que estar pintado pra ser entregue, ou você paga mais um mês de aluguel, por exemplo. Até agora, eu não encontrei um pintor e não consegui contactar o gesseiro que me foi indicado. Hoje foi o dia de encontrar prestadores de serviços (ou não) e comprar o mínimo necessário pra manter a geladeira com comida. Descobri que os adaptadores pras tomadas modernas estão em falta por aqui. Comprei um ‘T’, e já tenho duas extensões modernas. Vão segurar as pontas por enquanto.
Sem o pintor, não posso comprar as tintas e o resto do material pra ambas as casas. Hoje, fui na casa nova. Quase toda a cerâmica já foi colocada. Já foi comprada uma caixa pro correio (menos um gasto), existe instalação pra chuveiro elétrico (avisei pro pedreiro que não coloque um chuveiro comum, eu compro o elétrico, porque aqui é muito frio no inverno) e tomadas suficientes, pelo menos na cozinha. Medi a casa inteira, por dentro e por fora. Acabou a mina da lapiseira no final, mas hoje eu terei uma planta do lugar. Também fotografei, mas não avaliei a qualidade das fotos ainda. Uma casa sem pintura, cheia de entulho, com uma fotógrafa mediana, não é boa de visualizar como vai ficar. Quando eu começar o projeto, fica melhor. Não vai ser no Visio, como quer meu irmão, porque a) eu nunca me entendi com o Visio, b) meu personal tecnológico não instalou tal programa na minha máquina, provavelmente porque sabia que seria espaço perdido no HD. Faço meus projetos no paintbrush (eu sou do tempo em que o 'paint' era chamado assim) e vou muito bem, obrigada.
Portanto, eu vou começar a me virar com um prato, um copo e algumas panelas indispensáveis. Um monte de frutas, pra não precisar cozinhar, depois de hoje. Estou cozinhando tudo, como comentei. Tenho uma pilha de roupa pra passar, e alguma roupa pra terminar de lavar. Basicamente cortinas e a roupa da semana. Quando eu terminar de colocar tudo nas malas, vai sobrar a roupa ‘de bater’: calças sociais e camisas brancas. Ficarão fora das caixas os livros de clínica médica (estou com outra bronca, pra variar), ‘Sob o sol da Toscana (empréstimo da maravilhosa Marta) e ‘As crônicas de Nárnia’ (a coleção de Harry Potter acaba de ser relida pela enésima vez). O que eu sei é que as últimas peças a serem embaladas serão: o computador, o HD externo e o estabilizador. Bem diz o ditado: ‘lar é onde seu coração está’.
quinta-feira, maio 27, 2010
Haja paciência (e lítio)
Então, a minha paciente se foi, em paz. Ainda tenho uns casos graves, mas acho que o pior já passou. O cronograma dos próximos dias é fotografar e medir a casa, chamar o pintor pra fazer o orçamento daqui (e de lá), comprar tintas, trocar o estofado das cadeiras da sala de jantar e do sofá, ver o que falta no banheiro novo, mudar o endereço da correspondência, encontrar um gesseiro. A lista de coisas a comprar está enorme. Quero pintar uma parede da sala de jantar, uma do escritório, etc. Preciso ter uma noção das cores com o estofador, pra saber o que vou usar nas paredes da casa nova. O mais urgente é medir e fotografar a casa nova, pra começar a ter real noção de espaço, além de contratar o pintor pra essa daqui, porque cada idéia que eu tiver DEPOIS da pintura feita, vai me custar mais dinheiro. Ontem, eu deixei um aviso pra dona da casa: se ela ainda não comprou a tinta da pintura externa, eu gostaria que fosse cor de goiaba. Eu sempre quis ter uma casa cor de rosa-chá. Goiaba é o mais próximo. Vai combinar com meus sinos dos ventos. Deve ser por isso que pensei num sofá goiaba.
Pois é, estou aqui, decidindo qual a cor pra cobrir o sofá amarelinho-claro que nem parece que tem 9 anos de uso. Os pufes são marrom-escuro, não há poltronas. ‘Cobre com uma cor contrastante’, sugere minha correspondente. Eu pensei justamente o contrário. Cobrir de chocolate, e jogar mantas claras e almofadas. Também pensei em cobrir com goiaba, porque a tendência é de sofás claros. Posso aceitar um bege, por exemplo, mas goiaba clarinho não ia ficar uma graça? Fica legal com uns pufes marrons. Se o homem não tiver a cor, vai ser chocolate mesmo. E posso fazer uma capa de outra cor, pra ficar mudando o ambiente de vez em quando. Creme, por exemplo. Também pensei num sofá mostarda porque ficaria muito próximo à cor original e não mudaria demais.
De acordo com a cor do sofá, decido a cor da parede da sala. Os móveis da sala de jantar são amarelos, de madeira, como cerejeira. Eu sempre pensei numa parede cor de telha, por causa dos estofados da mesma cor, mas estou repensando a idéia, porque tem um quadro aqui, com uma borboleta multicolorida que ganhei de aniversário e nunca pude pendurar. Também não encontro projetos pra pergolados cobertos pra me orientar. A internet pra pergolados cobertos é, definitivamente, uma negação. O máximo que a gente encontra é 'jardim interno'.
Preciso começar a trazer as caixas e tocar a embalar. Depois de anos fazendo mudança, embalar e etiquetar é fácil. Eu tenho um monte de coisinhas pra fazer e pra me desfazer. Por exemplo, há muitos anos, a TV daqui levou uma queda e rachou a moldura. Eu nunca levo pra consertar e é coisa simples. Vou me desfazer da minha escrivaninha, do carrinho da TV e da mesa do computador. Tudo tem uns dez anos ou mais de uso e nem fui eu quem escolheu tudo. Ou seja, eu vou passar os próximos dias colocando coisa fora, o que vai diminuir o volume em minhas estantes porque o que eu quero mesmo é resolver a história das estantes. Eu tenho certeza que tenho uma revista com o projeto. Vou precisar orientar o gesseiro, providenciar umas coisinhas enquanto a casa não está pronta, pra não ter que quebrar depois. Instalar a parabólica logo, por exemplo. A TV não me faz tanta falta por uns dias. Estou imaginando como transferir a internet. Serão dias e dias, se bem conheço o pessoal da manutenção.
Imagine fazer uma mudança sem um carro, pra transportar o material delicado porque o pior da mudança são as coisas pequenininhas, que você precisa deixar pra última hora porque não confia em mais ninguém transportando sob o risco de danificar: louça, eletrônicos, a roupa lavada e passada, a comida da geladeira, os enfeites, tudo que quebra, as gavetas da cômoda e as plantas. Em mudança, parece que ninguém tem o mínimo respeito ou cuidado com os bens alheios. Bom é fazer isso com carro próprio, mas o jeito vai ser contratar um motorista. Dessa vez, eu tenho uma vantagem. Posso ir tirando as coisas pequenas aos poucos quando a casa nova estiver com pelo menos um quarto OK. Vou levando pra lá e deixo trancado. Meu irmão disse que vem me ajudar, mas eu prefiro que ele venha um fim de semana antes, com a furadeira, pra colocar armários, varões de cortinas, prateleiras, etc. E deixo a mudança grande pra um dia só.
Pelas minhas estimativas, entre multa por quebra de contrato, fiança pra casa nova, mudança, consertos e pintura da casa atual, e benfeitorias na casa nova, lá se vai minha restituição do IR, que eu nem recebi ainda. Ainda bem que eu previ esse gasto no início do ano.
Mas quando eu olho tudo arrumado aqui e imagino o caos das próximas semanas, resolvo que preciso acrescentar mais um item na lista de compras: clonazepam. Muito clonazepam. E garantir o lítio, ou tudo vai pro espaço rapidinho.
Pois é, estou aqui, decidindo qual a cor pra cobrir o sofá amarelinho-claro que nem parece que tem 9 anos de uso. Os pufes são marrom-escuro, não há poltronas. ‘Cobre com uma cor contrastante’, sugere minha correspondente. Eu pensei justamente o contrário. Cobrir de chocolate, e jogar mantas claras e almofadas. Também pensei em cobrir com goiaba, porque a tendência é de sofás claros. Posso aceitar um bege, por exemplo, mas goiaba clarinho não ia ficar uma graça? Fica legal com uns pufes marrons. Se o homem não tiver a cor, vai ser chocolate mesmo. E posso fazer uma capa de outra cor, pra ficar mudando o ambiente de vez em quando. Creme, por exemplo. Também pensei num sofá mostarda porque ficaria muito próximo à cor original e não mudaria demais.
De acordo com a cor do sofá, decido a cor da parede da sala. Os móveis da sala de jantar são amarelos, de madeira, como cerejeira. Eu sempre pensei numa parede cor de telha, por causa dos estofados da mesma cor, mas estou repensando a idéia, porque tem um quadro aqui, com uma borboleta multicolorida que ganhei de aniversário e nunca pude pendurar. Também não encontro projetos pra pergolados cobertos pra me orientar. A internet pra pergolados cobertos é, definitivamente, uma negação. O máximo que a gente encontra é 'jardim interno'.
Preciso começar a trazer as caixas e tocar a embalar. Depois de anos fazendo mudança, embalar e etiquetar é fácil. Eu tenho um monte de coisinhas pra fazer e pra me desfazer. Por exemplo, há muitos anos, a TV daqui levou uma queda e rachou a moldura. Eu nunca levo pra consertar e é coisa simples. Vou me desfazer da minha escrivaninha, do carrinho da TV e da mesa do computador. Tudo tem uns dez anos ou mais de uso e nem fui eu quem escolheu tudo. Ou seja, eu vou passar os próximos dias colocando coisa fora, o que vai diminuir o volume em minhas estantes porque o que eu quero mesmo é resolver a história das estantes. Eu tenho certeza que tenho uma revista com o projeto. Vou precisar orientar o gesseiro, providenciar umas coisinhas enquanto a casa não está pronta, pra não ter que quebrar depois. Instalar a parabólica logo, por exemplo. A TV não me faz tanta falta por uns dias. Estou imaginando como transferir a internet. Serão dias e dias, se bem conheço o pessoal da manutenção.
Imagine fazer uma mudança sem um carro, pra transportar o material delicado porque o pior da mudança são as coisas pequenininhas, que você precisa deixar pra última hora porque não confia em mais ninguém transportando sob o risco de danificar: louça, eletrônicos, a roupa lavada e passada, a comida da geladeira, os enfeites, tudo que quebra, as gavetas da cômoda e as plantas. Em mudança, parece que ninguém tem o mínimo respeito ou cuidado com os bens alheios. Bom é fazer isso com carro próprio, mas o jeito vai ser contratar um motorista. Dessa vez, eu tenho uma vantagem. Posso ir tirando as coisas pequenas aos poucos quando a casa nova estiver com pelo menos um quarto OK. Vou levando pra lá e deixo trancado. Meu irmão disse que vem me ajudar, mas eu prefiro que ele venha um fim de semana antes, com a furadeira, pra colocar armários, varões de cortinas, prateleiras, etc. E deixo a mudança grande pra um dia só.
Pelas minhas estimativas, entre multa por quebra de contrato, fiança pra casa nova, mudança, consertos e pintura da casa atual, e benfeitorias na casa nova, lá se vai minha restituição do IR, que eu nem recebi ainda. Ainda bem que eu previ esse gasto no início do ano.
Mas quando eu olho tudo arrumado aqui e imagino o caos das próximas semanas, resolvo que preciso acrescentar mais um item na lista de compras: clonazepam. Muito clonazepam. E garantir o lítio, ou tudo vai pro espaço rapidinho.
quarta-feira, maio 26, 2010
Planejando uma mudança
O início de minhas noites, durante a semana, é quase sempre o mesmo. Eu entro em casa, cumprimento a turma invisível pro resto do mundo, e acesso a internet, na esperança de ainda encontrar minha correspondente habitual online. Como a maioria das mulheres, quando falamos, fazemos um balanço do dia e começamos a ter idéias. Não sei quanto a ela, mas enquanto teclamos, já encontrei soluções impossíveis pra histórias que eu escrevia no momento, conflitos no trabalho e agora é a vez ter idéias pra casa nova.
Pensar na mudança me distrai de uma fase bem pesada no trabalho, onde uma pessoa está partindo aos pouquinhos, consciente, e com o bom humor praticamente intacto. É bom ter algo pra desviar minha atenção. Hoje, são as seasons finales de Bones (segundo a correspondente, ‘de partir o coração’) e CSI (com um serial Killer com habilidades médicas e cirúrgicas, apelidado de Dr Jeckyll).
Enquanto isso, estou me preparando pra hercúlea tarefa de embalar tudo. O problema são aqueles objetos e papéis que você nunca usa, mas sabe que se jogar fora, vai precisar deles. É um desperdício de espaço, isso sim! Percebi isso nesse fim de semana, estudando pros pacientes graves. Estou fortemente inclinada a jogar fora toda a papelada da faculdade e revistas médicas que guardo há dez anos e nunca uso. Percebo que, ao longo dos anos, consultei mais as poucas 'Casa Cláudia' que possuo que as revistas médicas. Pra tudo, eu corro pra internet, pros sites dos laboratórios. É assim que eu nunca leio os livros-texto, onde está a verdadeira ciência. Tem mais informação de manejo de dor grave no meu livro de Clínica Médica do que no último curso que fiz por correspondência! No curso, havia muita ciência, claro, mas pra aliviar a dor do povo, está tudo no livro que tenho há uns 9 anos. Por outro lado, as únicas roupas que eu não uso e continuo guardando, são os vestidos da festa de formatura, mas estou cabendo em quase todos eles!
Eu nunca gostei de juntar coisa. Se meu irmão não encontrar um interessado pelas revistas do Batman, eu vou doar pra biblioteca. Na verdade, eu queria passar pra alguém que desse valor à coleção. Meu irmão pediu uma lista atualizada pra fazer isso, mas cadê tempo? Se desfazer de bens pode parecer desperdício, mas pode ser um ganho de tempo e de dinheiro. Ainda assim, estou controlando cada centavo. A correspondente ainda fez a maldade de me mostrar que a Submarino está vendendo 6 temporadas de CSI por 600 reais, mas ainda não é dessa vez que eu retribuo o bem que aquelas pessoas me fizeram.
Eu ia na casa tirar umas fotos e postar aqui, mas o carregador de pilha cismou de novo comigo. Amanhã, compro umas pilhas alcalinas, seja o que for. Talvez consiga um cabo pra substituir o do carregador. Quero fotografar e medir a casa, planejar a decoração, mas vou contratar logo um pintor. Ele pode começar a pintar a casa onde estou morando por fora, enquanto ainda estou aqui, e terminar quando eu sair.
Aliás, ainda não disse à dona dessa casa aqui que estou saindo. Depois da maneira como fui tratada, sendo repreendida pelo que não fiz, como se não tivesse direito de sair do imóvel desde que pagasse a multa e deixasse tudo como encontrei, entendi que posso esperar mais uns dias pra ter esse aborrecimento extra. Ontem tive uma enxaqueca. Fazia tanto tempo que não tinha, que não reconheci logo o que estava sentindo. Achei que era a história da casa, mas concluí que é preocupação com minha paciente que está partindo. A palavra ‘casa’ agora tornou-se sinônimo de muito trabalho e diversão. Como será que vai minha casa nova?
'Bye, Bye, Baby II', by Jack Vettriano.
Pensar na mudança me distrai de uma fase bem pesada no trabalho, onde uma pessoa está partindo aos pouquinhos, consciente, e com o bom humor praticamente intacto. É bom ter algo pra desviar minha atenção. Hoje, são as seasons finales de Bones (segundo a correspondente, ‘de partir o coração’) e CSI (com um serial Killer com habilidades médicas e cirúrgicas, apelidado de Dr Jeckyll).
Enquanto isso, estou me preparando pra hercúlea tarefa de embalar tudo. O problema são aqueles objetos e papéis que você nunca usa, mas sabe que se jogar fora, vai precisar deles. É um desperdício de espaço, isso sim! Percebi isso nesse fim de semana, estudando pros pacientes graves. Estou fortemente inclinada a jogar fora toda a papelada da faculdade e revistas médicas que guardo há dez anos e nunca uso. Percebo que, ao longo dos anos, consultei mais as poucas 'Casa Cláudia' que possuo que as revistas médicas. Pra tudo, eu corro pra internet, pros sites dos laboratórios. É assim que eu nunca leio os livros-texto, onde está a verdadeira ciência. Tem mais informação de manejo de dor grave no meu livro de Clínica Médica do que no último curso que fiz por correspondência! No curso, havia muita ciência, claro, mas pra aliviar a dor do povo, está tudo no livro que tenho há uns 9 anos. Por outro lado, as únicas roupas que eu não uso e continuo guardando, são os vestidos da festa de formatura, mas estou cabendo em quase todos eles!
Eu nunca gostei de juntar coisa. Se meu irmão não encontrar um interessado pelas revistas do Batman, eu vou doar pra biblioteca. Na verdade, eu queria passar pra alguém que desse valor à coleção. Meu irmão pediu uma lista atualizada pra fazer isso, mas cadê tempo? Se desfazer de bens pode parecer desperdício, mas pode ser um ganho de tempo e de dinheiro. Ainda assim, estou controlando cada centavo. A correspondente ainda fez a maldade de me mostrar que a Submarino está vendendo 6 temporadas de CSI por 600 reais, mas ainda não é dessa vez que eu retribuo o bem que aquelas pessoas me fizeram.
Eu ia na casa tirar umas fotos e postar aqui, mas o carregador de pilha cismou de novo comigo. Amanhã, compro umas pilhas alcalinas, seja o que for. Talvez consiga um cabo pra substituir o do carregador. Quero fotografar e medir a casa, planejar a decoração, mas vou contratar logo um pintor. Ele pode começar a pintar a casa onde estou morando por fora, enquanto ainda estou aqui, e terminar quando eu sair.
Aliás, ainda não disse à dona dessa casa aqui que estou saindo. Depois da maneira como fui tratada, sendo repreendida pelo que não fiz, como se não tivesse direito de sair do imóvel desde que pagasse a multa e deixasse tudo como encontrei, entendi que posso esperar mais uns dias pra ter esse aborrecimento extra. Ontem tive uma enxaqueca. Fazia tanto tempo que não tinha, que não reconheci logo o que estava sentindo. Achei que era a história da casa, mas concluí que é preocupação com minha paciente que está partindo. A palavra ‘casa’ agora tornou-se sinônimo de muito trabalho e diversão. Como será que vai minha casa nova?
'Bye, Bye, Baby II', by Jack Vettriano.
terça-feira, maio 25, 2010
Um dia daqueles
Eu sei, é dia do Orgulho Nerd, mas eu estou morrendo de sono. Tive até enxaqueca hoje. Pacientes complicados, graves mesmo. Bom, hoje foi dia de reunir os telefones dos prestadores de serviço pra começar a empreitada. Como eu não disponho e muito tempo pra ficar em casa na supervisão, sobra o meu dia de folga e o sábado. Será que pintam essa casa em três finais de semana? Preciso rezar pra que não chova.
A lista de itens a providenciar só faz crescer: caixas, fita adesiva, um varão de cortina. Preciso ir à casa em construção pra ver se é necessário um chuveiro elétrico (aqui faz frio de verdade), pensar num armário pro banheiro, encontrar um gesseiro que me garanta que uma estante de gesso pode ser tão resistente quando uma de alvenaria, além de mais barato.
Ainda não fui medir o resto da casa, pra saber se os móveis da cozinha cabem mesmo ou se vou ter que trocá-los. Tenho que escolher as cores das paredes (inicialmente brancas) que quero em cada ambiente, e essa decisão está diretamente ligada ao que o estofador dos sofás e cadeiras dispõe pra renovar móveis de quase dez anos.
Estou descartando móveis que me acompanham há mais de 15 anos, ainda do meu tempo de solteira. Uma boa estante de alvenaria (ou gesso) sempre foi um dos meus sonhos de leitora da Casa Cláudia, mas eu nunca morei num imóvel tempo bastante que valesse o investimento. Preciso medir cada livro, cada filme, pra saber exatamente a largura e comprimento de cada prateleira. preciso ver mais fotos sobre isso, que tenho por aqui, em algum lugar.
Lembrar de comprar alarmes, ou sensores de movimento, e trancas pras portas e janelas. Me chamem de paranóica, mas até hoje nenhum lugar onde morei foi invadido. As pessoas veem uma mulher morando sozinha e acham que é mais fácil assaltar. Eu não facilito.
Pedir a furadeira do meu irmão emprestada desde já. Preciso desmontar os armários, tirar os suportes das prateleiras, e penso se não é melhor trocar logo essa cama onde durmo, que não escolhi e da qual não gosto muito. Já imagino as plantas no pergolado. Preciso plantar pimentão, pimenta e girasóis, providenciar coentro, cebolinha e alface, além de manjericão. O espaço entre a casa e o muro é pequeno, mas dá pra fazer um canteiro de ervas. Se minha mão ruim pra plantas permitir, bem entendido.
Minha casa vive à espera de convidados, que nunca aparecem. Talvez eu mantenha a casa à espera de mim mesma. Gosto de ser bem acolhida quando chego em casa, e quase sempre reprimo a vontade de dizer 'gente, cheguei!', pros personagens que vivem comigo. Eles me perguntaram qual a cor da casa nova, por fora. Eu não sei, mas vou telefonar e saber. Eu sempre quis ter uma casa cor-de-rosa chá. Será que eu consigo?
Enquanto isso, preciso de caixas, muitas caixas. O filho da proprietária, que me encheu a paciência, queria me ensinar a embalar livros. Eu, que passei a vida inteira, desde bebê, a fazer mudanças. Era um 'sabe-tudo', só não sabe lidar com pessoas...
Importante: avisar à proprietária que estou saindo até o mês que vem. Pago a multa, mas não quero aquele filho dela comigo. E se ele vier fazer perguntas pessoais, o tempo vai fechar. O que me anima é que essa história de mudança está me ocupando o bastante pra me desligar das broncas do trabalho. E tem sido cada bronca...
A lista de itens a providenciar só faz crescer: caixas, fita adesiva, um varão de cortina. Preciso ir à casa em construção pra ver se é necessário um chuveiro elétrico (aqui faz frio de verdade), pensar num armário pro banheiro, encontrar um gesseiro que me garanta que uma estante de gesso pode ser tão resistente quando uma de alvenaria, além de mais barato.
Ainda não fui medir o resto da casa, pra saber se os móveis da cozinha cabem mesmo ou se vou ter que trocá-los. Tenho que escolher as cores das paredes (inicialmente brancas) que quero em cada ambiente, e essa decisão está diretamente ligada ao que o estofador dos sofás e cadeiras dispõe pra renovar móveis de quase dez anos.
Estou descartando móveis que me acompanham há mais de 15 anos, ainda do meu tempo de solteira. Uma boa estante de alvenaria (ou gesso) sempre foi um dos meus sonhos de leitora da Casa Cláudia, mas eu nunca morei num imóvel tempo bastante que valesse o investimento. Preciso medir cada livro, cada filme, pra saber exatamente a largura e comprimento de cada prateleira. preciso ver mais fotos sobre isso, que tenho por aqui, em algum lugar.
Lembrar de comprar alarmes, ou sensores de movimento, e trancas pras portas e janelas. Me chamem de paranóica, mas até hoje nenhum lugar onde morei foi invadido. As pessoas veem uma mulher morando sozinha e acham que é mais fácil assaltar. Eu não facilito.
Pedir a furadeira do meu irmão emprestada desde já. Preciso desmontar os armários, tirar os suportes das prateleiras, e penso se não é melhor trocar logo essa cama onde durmo, que não escolhi e da qual não gosto muito. Já imagino as plantas no pergolado. Preciso plantar pimentão, pimenta e girasóis, providenciar coentro, cebolinha e alface, além de manjericão. O espaço entre a casa e o muro é pequeno, mas dá pra fazer um canteiro de ervas. Se minha mão ruim pra plantas permitir, bem entendido.
Minha casa vive à espera de convidados, que nunca aparecem. Talvez eu mantenha a casa à espera de mim mesma. Gosto de ser bem acolhida quando chego em casa, e quase sempre reprimo a vontade de dizer 'gente, cheguei!', pros personagens que vivem comigo. Eles me perguntaram qual a cor da casa nova, por fora. Eu não sei, mas vou telefonar e saber. Eu sempre quis ter uma casa cor-de-rosa chá. Será que eu consigo?
Enquanto isso, preciso de caixas, muitas caixas. O filho da proprietária, que me encheu a paciência, queria me ensinar a embalar livros. Eu, que passei a vida inteira, desde bebê, a fazer mudanças. Era um 'sabe-tudo', só não sabe lidar com pessoas...
Importante: avisar à proprietária que estou saindo até o mês que vem. Pago a multa, mas não quero aquele filho dela comigo. E se ele vier fazer perguntas pessoais, o tempo vai fechar. O que me anima é que essa história de mudança está me ocupando o bastante pra me desligar das broncas do trabalho. E tem sido cada bronca...
segunda-feira, maio 24, 2010
Dia do Orgulho Nerd
Amanhã é um dia de estrela, com certeza. Como ainda não existe um 'dia do orgulho geek', nós comemoramos juntos o fato de sermos amantes do conhecimento. A diferença básica entre nerds e geeks é a sociabilidade, mas existem controvérsias. Por via das dúvidas, vamos aos meus nerds favoritos:
Alguém aí tem dúvida que Bones precisa melhorar sua habilidade em socializar? E Hodges? Cruzes!
E meus imbatíveis geeks:
OK, Grissom podia ser mais sociável, e ele era, no início. Deve ter sido a pressão de ser chefe, vai saber. Mas existe cientista mais fashion que Catherine Willows? E mais cool do que Greg Sandres? No way!
Quem quiser uma boa fonte, diferenciando nerds e geeks, eu indico a Wikipédia.
Alguém aí tem dúvida que Bones precisa melhorar sua habilidade em socializar? E Hodges? Cruzes!
E meus imbatíveis geeks:
OK, Grissom podia ser mais sociável, e ele era, no início. Deve ter sido a pressão de ser chefe, vai saber. Mas existe cientista mais fashion que Catherine Willows? E mais cool do que Greg Sandres? No way!
Quem quiser uma boa fonte, diferenciando nerds e geeks, eu indico a Wikipédia.
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'O que é um pergolado?'
Estava eu teclando com uma não-anônima leitora e falando da minha futura casinha, e disse que havia um pergolado e ela me perguntou o que é. Respondendo à pergunta:
Até hoje, eu só conhecia pergolado de alvenaria mesmo e sempre imaginei que fosse uma área coberta com vigas estreitas de alvenaria que deixam passar luz e chuva, mas procurando fotos pra mostrar, soube que pergolado é uma estrutura apoiada em colunas, feita de elementos paralelos, tipo umas tábuas de madeira, alvenaria, bambu, etc, e pode ser coberto (em ambientes fechados) ou aberto.
A melhor foto que eu encontrei pra você visualizar um pergolado coberto (simplesmente não encontrei uma) é a desse post. A vantagem de um ambiente assim é que você tem plantas dentro de casa, mas elas se sentem como se estivessem do lado de fora, protegidas do sol.
Você pode usar as tábuas ou vigas pra pendurar correntes e colocar samambaias, plantar uma trepadeira pra ela se pendurar lá em cima, etc. Eu morei numa casa com pérgola (ou pergolado) quando era criança e nunca esqueci. É como ter um jardim dentro de casa. Algumas pessoas deixam o chão do pergolado coberto sem cobrir, na própria terra, mas a maioria a terra cobre com pedras. Deixar na terra absorve a água da chuva, mas na minha futura casa, está cimentado e, se não me engano, tem um ralo pra chuva. Vou confirmar isso também e ver se minhas plantas cabem todas por lá.
Conselho: não mexa com quem está quieto
Passei o dia de ontem mordida de raiva. Esqueci de contar que o filho da proprietária perguntou se, na verdade, 'eu não estava me sentindo muito só por aqui e por isso queria me mudar'. Eu disse pra ele que passei a vida querendo morar sozinha, e que moro aqui há anos, isso não era motivo. Disse isso muito calma e tal, mas não gostei. O que tem ele com a minha vida?
Como nem ele, nem a mãe são engenheiros e, embora tenham falado num engenheiro, acabaram indo embora sem dizer se iam mandar (na esperança provável que eu deixe o assunto morrer), eu resolvi que o aborrecimento é maior que o tamanho da multa. Se os móveis da cozinha não couberem todos na outra cozinha, paciência. As chances de encontrar outro imóvel como o que vi sábado são ínfimas. Por aquele preço, quase impossíveis. Voltei à loja onde a proprietária trabalha e fechei com ela.
Provavelmente, me mudo em um mês, talvez até antes. O valor da multa por quebra de contrato já está nas minhas contas, mesmo. Vou começar a embalar a biblioteca e a videoteca. O resto é rapidinho. Nota: comprar lâmpadas, adaptadores (todas as tomadas da casa nova são dessas modernas), cadeados, contratar um pintor.
Obs: rearranjar móveis planejados pra um ambiente em outro é um quebra-cabeça. A cozinha da casa nova é separada da sala de jantar por um balcão. O problema No 1 da cozinha (muito pequena) é que não dava pra colocar fogão e geladeira sem que fossem lado a lado, ou um de frente pro outro. Então, uma das soluções era colocar a geladeira de costas pra sala de jantar, mas ficava feio. Aí eu pensei na parede de gesso. Vou levantar uma parede larga o bastante pra esconder a geladeira, mas deixar o resto do balcão por lá, pra dar claridade à cozinha. Algo assim, mas não tão chique:
É nessas horas que eu adoro ser técnica em Economia Doméstica! A gente teve aulas de orçamento, de decoração, de arquitetura...
Como nem ele, nem a mãe são engenheiros e, embora tenham falado num engenheiro, acabaram indo embora sem dizer se iam mandar (na esperança provável que eu deixe o assunto morrer), eu resolvi que o aborrecimento é maior que o tamanho da multa. Se os móveis da cozinha não couberem todos na outra cozinha, paciência. As chances de encontrar outro imóvel como o que vi sábado são ínfimas. Por aquele preço, quase impossíveis. Voltei à loja onde a proprietária trabalha e fechei com ela.
Provavelmente, me mudo em um mês, talvez até antes. O valor da multa por quebra de contrato já está nas minhas contas, mesmo. Vou começar a embalar a biblioteca e a videoteca. O resto é rapidinho. Nota: comprar lâmpadas, adaptadores (todas as tomadas da casa nova são dessas modernas), cadeados, contratar um pintor.
Obs: rearranjar móveis planejados pra um ambiente em outro é um quebra-cabeça. A cozinha da casa nova é separada da sala de jantar por um balcão. O problema No 1 da cozinha (muito pequena) é que não dava pra colocar fogão e geladeira sem que fossem lado a lado, ou um de frente pro outro. Então, uma das soluções era colocar a geladeira de costas pra sala de jantar, mas ficava feio. Aí eu pensei na parede de gesso. Vou levantar uma parede larga o bastante pra esconder a geladeira, mas deixar o resto do balcão por lá, pra dar claridade à cozinha. Algo assim, mas não tão chique:
É nessas horas que eu adoro ser técnica em Economia Doméstica! A gente teve aulas de orçamento, de decoração, de arquitetura...
Pra quem ainda não sabe
RIO – Pessoas que foram vacinadas contra a gripe A(H1N1) podem ter falsos diagnósticos positivos para aids caso façam o exame de HIV em menos de 30 dias após terem recebido a dose. A constatação levou o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde a encaminhar uma nota técnica aos profissionais de saúde alertando para a necessidade de se fazer contraprova em pacientes nesta situação.
Fonte: Jornal do Commércio.
Fonte: Jornal do Commércio.
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domingo, maio 23, 2010
Então...
...que a dona da casa veio olhar a situação. Trouxe o filho junto. Os dois reconhecem que terão de refazer o balcão da cozinha, tirar a cerâmica da cozinha e da sala, mas o homem insistiu que eu teria que pagar uma multa por quebra de contrato. Ambos, mãe e filho, insistem que a casa foi construída com colunas, alicerces, e uma coisa que chamam de 'radiê'. Dizem que a casa não vai cair, nem o chão vai me tragar. Reconhecem que é desagradável ficar andando com o piso ecoando cada passo da gente, mas o homem insiste no pagamento de uma multa contratual.
Pra ser bem sincera, eu ia sair da casa no final do ano, porque ela é muito grande e me dá muito trabalho pra manter limpa, apesar de gostar muito do lugar. Mesmo tendo treinamento, preciso reconhecer que uma coisa é planejar, outra é cuidar de uma casa sozinha. Agora, some o aluguel dela, mais a fiança pra outra, mais os custos da mudança, mais os custos de pintar essa daqui por dentro e por fora. Dá pra acrescentar mais um aluguel de multa? Acabo de descobrir que dá. Só o que eu economizaria de transporte se morasse mais perto do centro, é quase o valor do aluguel. Sem falar que os aluguéis daqui estão aumentando absurdamente. Não sei o que tem essa cidade pra ter imóveis tão caros!
Ah, como eu queria que aquela casinha de ontem comportasse os móveis da minha cozinha! Amanhã vou lá medir de novo. Minha vida é medir móveis e ambientes. Quem sabe? Cruza os dedos daí também porque se der certo, é 'tchau, tchau'.
'Baby, bye, bye', by Jack Vettriano
Pra ser bem sincera, eu ia sair da casa no final do ano, porque ela é muito grande e me dá muito trabalho pra manter limpa, apesar de gostar muito do lugar. Mesmo tendo treinamento, preciso reconhecer que uma coisa é planejar, outra é cuidar de uma casa sozinha. Agora, some o aluguel dela, mais a fiança pra outra, mais os custos da mudança, mais os custos de pintar essa daqui por dentro e por fora. Dá pra acrescentar mais um aluguel de multa? Acabo de descobrir que dá. Só o que eu economizaria de transporte se morasse mais perto do centro, é quase o valor do aluguel. Sem falar que os aluguéis daqui estão aumentando absurdamente. Não sei o que tem essa cidade pra ter imóveis tão caros!
Ah, como eu queria que aquela casinha de ontem comportasse os móveis da minha cozinha! Amanhã vou lá medir de novo. Minha vida é medir móveis e ambientes. Quem sabe? Cruza os dedos daí também porque se der certo, é 'tchau, tchau'.
'Baby, bye, bye', by Jack Vettriano
sábado, maio 22, 2010
Tudo que é bom acaba
22.05.10
Então a Oficina de Crônicas acabou. Foi, sem favor algum, o que me segurou nas semanas mais pesadas dos últimos meses. Mas, acabou. Tudo que é bom acaba. A frase lembra um refrão do Roberto: ‘será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?’. Tudo que é bom tem que ter limite, tudo que é gostoso tem que ser controlado, tudo tem que ter um fim. O que importa é o que fica, a lembrança dessa coisa boa, o tempo enquanto durou. Foi assim com a Oficina.
Nos últimos dois meses e meio, a quantidade de trabalho praticamente dobrou em meu serviço, sem nenhuma razão aparente. Ainda assim, eu ia e voltava pensando na crônica da semana, por escrever, e nas crônicas das outras, da semana anterior. Pensando nos comentários das professoras para cada uma das autoras. Antes da Oficina de Crônicas, eu pensava em minhas histórias. Engraçado, desde que isso começou, meus personagens se queixam e exigem de volta o espaço que ocupavam. Agora que não tem mais Oficina, eles não reapareceram pra continuar as histórias. No mínimo, estão aborrecidos comigo, como crianças birrentas. Olha ali, não falei? Acaba de aparecer um, com uma tromba maior que a do elefante, dizendo que não é tão criança assim. Detalhe: ele tem seis anos. Tá bom, quase sete. Satisfeito? Me deixa voltar a escrever, querido. Só mais quinze minutos e eu sou toda sua.
Quem lê isso deve pensar que sou louca. Não sou. Tenho atestado médico e tudo, provando que não sou louca. Só tenho uns parafusos soltos, mas a maioria das pessoas têm, então tudo bem. Enquanto eu souber o que é realidade e o que é fantasia, tudo fica legal. Eu só bato papo com meu inconsciente enquanto estou acordada. A maioria das pessoas faz isso dormindo, através de sonhos. Eu raramente sonho. Pra quê? Sonhos são um modo do inconsciente entrar em contato com nossa consciência. Eu já faço isso durante o dia, a noite me pertence pra dormir. Quer dizer, metade da noite é pra dormir, a outra metade é pra escrever. O interessante é que eu nunca, nunca sonho com meus personagens. Eles ocupam boa parte de minha vida e minha casa, a ponto de eu ter que pensar neles quando vou me mudar.
Mais essa agora. Essa semana, olho pra pia da cozinha e percebo que ela está afastada da parede. O chão também. Conclusão: o chão está afundando e eu tenho que me mudar da casa que adoro. Toca a procurar casa numa cidade onde ninguém coloca placa de ‘aluga-se’. Você tem que conhecer alguém que quer alugar uma casa, ser indicado. Passei a manhã de hoje com a dona de várias casas, que teve a maior boa vontade possível pra me encontrar um lugar, não muito caro, e dentro das minhas exigências. Tem que ser grande porque eu tenho muitos livros e filmes, não pode ser casa conjugada, não quero apartamento, tem que ser num ponto sossegado. Ela conseguiu. Uma gracinha de casa, quase pronta. Estão terminando de colocar a cerâmica e só falta pintar. Exatamente o tempo de embalar tudo e arrumar essa daqui pra devolver.
O problema é espaço. Eu medi, medi, calculei, e concluí que na minúscula cozinha não caberá nem um dos armários, só o fogão e a geladeira. Quem cozinha assim? Sem falar no pessoal todo daqui, que não ocupa espaço físico, mas precisa ficar batendo papo comigo, enquanto lavo louça, faço faxina, e coloco a roupa lavada pra secar. Vão ficar onde? Em cima da geladeira? Tive que dizer ‘não’, com muita pena. Como também é com pena que estou saindo do lugar onde moro, mas tem que ser. Tudo que é bom acaba, e meu tempo nessa casa acabou, como acabou a Oficina, como acabou essa crônica também.
Exit Eden, by Jack Vettriano.
Então a Oficina de Crônicas acabou. Foi, sem favor algum, o que me segurou nas semanas mais pesadas dos últimos meses. Mas, acabou. Tudo que é bom acaba. A frase lembra um refrão do Roberto: ‘será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?’. Tudo que é bom tem que ter limite, tudo que é gostoso tem que ser controlado, tudo tem que ter um fim. O que importa é o que fica, a lembrança dessa coisa boa, o tempo enquanto durou. Foi assim com a Oficina.
Nos últimos dois meses e meio, a quantidade de trabalho praticamente dobrou em meu serviço, sem nenhuma razão aparente. Ainda assim, eu ia e voltava pensando na crônica da semana, por escrever, e nas crônicas das outras, da semana anterior. Pensando nos comentários das professoras para cada uma das autoras. Antes da Oficina de Crônicas, eu pensava em minhas histórias. Engraçado, desde que isso começou, meus personagens se queixam e exigem de volta o espaço que ocupavam. Agora que não tem mais Oficina, eles não reapareceram pra continuar as histórias. No mínimo, estão aborrecidos comigo, como crianças birrentas. Olha ali, não falei? Acaba de aparecer um, com uma tromba maior que a do elefante, dizendo que não é tão criança assim. Detalhe: ele tem seis anos. Tá bom, quase sete. Satisfeito? Me deixa voltar a escrever, querido. Só mais quinze minutos e eu sou toda sua.
Quem lê isso deve pensar que sou louca. Não sou. Tenho atestado médico e tudo, provando que não sou louca. Só tenho uns parafusos soltos, mas a maioria das pessoas têm, então tudo bem. Enquanto eu souber o que é realidade e o que é fantasia, tudo fica legal. Eu só bato papo com meu inconsciente enquanto estou acordada. A maioria das pessoas faz isso dormindo, através de sonhos. Eu raramente sonho. Pra quê? Sonhos são um modo do inconsciente entrar em contato com nossa consciência. Eu já faço isso durante o dia, a noite me pertence pra dormir. Quer dizer, metade da noite é pra dormir, a outra metade é pra escrever. O interessante é que eu nunca, nunca sonho com meus personagens. Eles ocupam boa parte de minha vida e minha casa, a ponto de eu ter que pensar neles quando vou me mudar.
Mais essa agora. Essa semana, olho pra pia da cozinha e percebo que ela está afastada da parede. O chão também. Conclusão: o chão está afundando e eu tenho que me mudar da casa que adoro. Toca a procurar casa numa cidade onde ninguém coloca placa de ‘aluga-se’. Você tem que conhecer alguém que quer alugar uma casa, ser indicado. Passei a manhã de hoje com a dona de várias casas, que teve a maior boa vontade possível pra me encontrar um lugar, não muito caro, e dentro das minhas exigências. Tem que ser grande porque eu tenho muitos livros e filmes, não pode ser casa conjugada, não quero apartamento, tem que ser num ponto sossegado. Ela conseguiu. Uma gracinha de casa, quase pronta. Estão terminando de colocar a cerâmica e só falta pintar. Exatamente o tempo de embalar tudo e arrumar essa daqui pra devolver.
O problema é espaço. Eu medi, medi, calculei, e concluí que na minúscula cozinha não caberá nem um dos armários, só o fogão e a geladeira. Quem cozinha assim? Sem falar no pessoal todo daqui, que não ocupa espaço físico, mas precisa ficar batendo papo comigo, enquanto lavo louça, faço faxina, e coloco a roupa lavada pra secar. Vão ficar onde? Em cima da geladeira? Tive que dizer ‘não’, com muita pena. Como também é com pena que estou saindo do lugar onde moro, mas tem que ser. Tudo que é bom acaba, e meu tempo nessa casa acabou, como acabou a Oficina, como acabou essa crônica também.
Exit Eden, by Jack Vettriano.
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Vettriano
terça-feira, maio 18, 2010
Última crônica da Oficina
‘Eu escrevo porque emagrece’
07.05.10
De vez em quando, alguém me pergunta por que eu escrevo. Uma boa resposta já foi: ‘Eu quero entender o mundo. Eu quero me entender. Pra continuar numa profissão, tive que acrescentar outra de forma permanente em minha vida. Sempre, sempre, sempre que eu atraso o trabalho de escrita, todo o resto se desorganiza de forma pavorosa. Portanto, eu escrevo porque isso me mantém, literalmente, viva’, mas é uma explicação muito longa pra maioria das pessoas. A justificativa mais romântica é: ‘Você já amou alguém sem ser correspondido? E continuou amando mesmo sabendo que o amor era impossível? Pois é: eu amo escrever. Não me importa se alguém um dia vai ler’.
Pra ser sincera, não conheço muita gente que escreve como eu: todo dia. Comecei escrevendo pra colocar pra fora o que me incomoda, como se falasse sozinha, em voz alta, mas hoje é bem mais que isso. O que eu gosto mesmo é de contar histórias pra mim mesma, como faz Stephen King. Leio e releio minhas histórias, curto meus personagens. As pessoas perguntam se eu não me sinto só e eu acho estranho. Como eu posso estar só, cercada de ‘gente’ compartilhando suas vidas comigo? Assim como tenho livros prediletos, tenho minhas histórias prediletas e adoro as aventuras da minha turma. Os bons escritores dizem que a gente deve escrever pra si mesmo, não pro leitor e eu aprendi isso na prática. A gente sempre se censura quando escreve pra alguém. Sou da turma de Salinger, que disse "Amo escrever, mas, só escrevo para mim mesmo e para o meu prazer".
Foi escrevendo que percebi que precisava estudar mais sobre o assunto, mas minha formação não me ajudava a encontrar material sobre o assunto. Exceto livros sobre técnicas de redação, só encontrei um livro que reorganizou minha forma de escrever: 'A chave do reino interior'. Foi quando soube que uso Imaginação Ativa pra escrever. Sempre usei, só não sabia disso. Aparentemente, também uso Imaginação Criativa, mas preciso estudar mais sobre isso pra ter certeza. Preciso conversar com outras pessoas sobre processo de escrita e isso é muito difícil de encontrar. Pra isso, é preciso partilhar o que escrevo e não me senti à vontade com a maioria das reações que tive. As pessoas me viam como alguém muito superior a elas, inteligente demais, culta demais, como se não fossem capazes de fazer o mesmo, por mais que se esforçassem, ou liam meus textos por simples consideração. E, convenhamos: ‘Isso está muito bom’ ou ‘você escreve muito bem’ não acrescenta em nada à minha técnica.
Até que, certo dia, um de meus personagens foi muito direto comigo: 'Odessa, já lhe ocorreu que você está falando com o público errado?'. É, o personagem disse isso e eu comecei a prestar atenção ao que eles dizem. A sugestão de outro foi tentar escrever histórias curtas. Foi assim que eu acabei na Oficina de Crônicas. Quando me inscrevi, calculei quanto valia escrever cada texto. Não é tão barato assim, mas eu não sabia que teria acesso ao trabalho de outras pessoas e isso valeu a pena. Numa crônica sobre vícios, a autora descreveu minha relação com a escrita: eu reconheço o vício de escrever e tento me controlar, mas não posso viver sem. Noutra crônica, outra autora me instigou a continuar. Com ou sem medo, mas continuar. Sempre. Esse texto, e o curso, foram tão importantes pra mim, que comecei a questionar minha eterna resistência em compartilhar meus escritos. Continuo repetindo que o que escrevo ainda não está pronto pro público, ou eu não estou pronta pra ele. Acho que estou certa. Imaginei que no curso eu conseguiria trocar idéias com outras escritoras, mas o diálogo sobre a produção foi mínimo, exceto pelos comentários das coordenadoras. Fiquei sem saber que impressão meus textos dão pras outras leitoras. Nesse ponto, o curso foi uma decepção total.
Ainda assim, é bom escrever sobre um assunto especifico, de vez em quando. Sem dúvida, a lição mais difícil a assimilar foi controlar o tamanho do texto. Como sou prolixa, tive que cortar, cortar e reescrever. Na maioria das vezes, deu mais trabalho editar do que escrever. Além disso, estou revisando o que já escrevi. É virtualmente impossível revisar tudo, porque estou sempre escrevendo mais. No entanto, algumas histórias merecem essa atenção e espero conseguir terminar o que pretendo. Tudo isso vem acontecendo nos dois meses mais difíceis que já tive no meu emprego atual. O trabalho praticamente dobrou, e eu poderia ter desistido das crônicas, mas como eu já disse, é parar de escrever é minha vida fica uma confusão. Entendi que até a faxina pode esperar, a escrita não.
Escrever pra mim tem muitas funções: registrar o que está acontecendo comigo, coordenar o raciocínio, tornar compreensível um ponto de vista, saber o que realmente penso sobre um assunto, extravasar minha frustração e, muito de vez em quando, dissertar sobre algum tema em particular. Escrevia poesia, mas tem uns dois anos que não me vêm nada e eu não sinto falta desse tipo de literatura. Também escrevo sobre algo que tenha chamado minha atenção no dia a dia, mas não sou comentarista profissional. Não sou crítica de cinema, de teatro, de literatura ou jornalismo. Sou uma contadora de histórias, reais ou não. Ainda não encontrei o meu público, nem estou procurando-o. Percebi que quanto mais escrevo, mais guardo minhas opiniões pra mim mesma. Falo menos e penso mais. E o mais interessante: toda vez que eu adio trabalho de escrita, eu engordo.
Portanto, o maior benefício que escrever regularmente me trouxe foi recuperar minha antiga forma. Perdi 33 quilos em pouco mais de dois anos, exatamente quando comecei a escrever sem parar. Se eu imprimir tudo que escrevi nesse período, devem dar os mesmos 33 quilos. Foi por isso que o título ‘Terapia da Palavra’ me atraiu tanto. Escrever pra mim é terapia. Explico isso quando digo aos outros que o curso valeu cada centavo investido, mas no dia a dia, quando alguém me pergunta por que eu escrevo, minha resposta mais simples é ‘Eu escrevo porque emagrece’.
07.05.10
De vez em quando, alguém me pergunta por que eu escrevo. Uma boa resposta já foi: ‘Eu quero entender o mundo. Eu quero me entender. Pra continuar numa profissão, tive que acrescentar outra de forma permanente em minha vida. Sempre, sempre, sempre que eu atraso o trabalho de escrita, todo o resto se desorganiza de forma pavorosa. Portanto, eu escrevo porque isso me mantém, literalmente, viva’, mas é uma explicação muito longa pra maioria das pessoas. A justificativa mais romântica é: ‘Você já amou alguém sem ser correspondido? E continuou amando mesmo sabendo que o amor era impossível? Pois é: eu amo escrever. Não me importa se alguém um dia vai ler’.
Pra ser sincera, não conheço muita gente que escreve como eu: todo dia. Comecei escrevendo pra colocar pra fora o que me incomoda, como se falasse sozinha, em voz alta, mas hoje é bem mais que isso. O que eu gosto mesmo é de contar histórias pra mim mesma, como faz Stephen King. Leio e releio minhas histórias, curto meus personagens. As pessoas perguntam se eu não me sinto só e eu acho estranho. Como eu posso estar só, cercada de ‘gente’ compartilhando suas vidas comigo? Assim como tenho livros prediletos, tenho minhas histórias prediletas e adoro as aventuras da minha turma. Os bons escritores dizem que a gente deve escrever pra si mesmo, não pro leitor e eu aprendi isso na prática. A gente sempre se censura quando escreve pra alguém. Sou da turma de Salinger, que disse "Amo escrever, mas, só escrevo para mim mesmo e para o meu prazer".
Foi escrevendo que percebi que precisava estudar mais sobre o assunto, mas minha formação não me ajudava a encontrar material sobre o assunto. Exceto livros sobre técnicas de redação, só encontrei um livro que reorganizou minha forma de escrever: 'A chave do reino interior'. Foi quando soube que uso Imaginação Ativa pra escrever. Sempre usei, só não sabia disso. Aparentemente, também uso Imaginação Criativa, mas preciso estudar mais sobre isso pra ter certeza. Preciso conversar com outras pessoas sobre processo de escrita e isso é muito difícil de encontrar. Pra isso, é preciso partilhar o que escrevo e não me senti à vontade com a maioria das reações que tive. As pessoas me viam como alguém muito superior a elas, inteligente demais, culta demais, como se não fossem capazes de fazer o mesmo, por mais que se esforçassem, ou liam meus textos por simples consideração. E, convenhamos: ‘Isso está muito bom’ ou ‘você escreve muito bem’ não acrescenta em nada à minha técnica.
Até que, certo dia, um de meus personagens foi muito direto comigo: 'Odessa, já lhe ocorreu que você está falando com o público errado?'. É, o personagem disse isso e eu comecei a prestar atenção ao que eles dizem. A sugestão de outro foi tentar escrever histórias curtas. Foi assim que eu acabei na Oficina de Crônicas. Quando me inscrevi, calculei quanto valia escrever cada texto. Não é tão barato assim, mas eu não sabia que teria acesso ao trabalho de outras pessoas e isso valeu a pena. Numa crônica sobre vícios, a autora descreveu minha relação com a escrita: eu reconheço o vício de escrever e tento me controlar, mas não posso viver sem. Noutra crônica, outra autora me instigou a continuar. Com ou sem medo, mas continuar. Sempre. Esse texto, e o curso, foram tão importantes pra mim, que comecei a questionar minha eterna resistência em compartilhar meus escritos. Continuo repetindo que o que escrevo ainda não está pronto pro público, ou eu não estou pronta pra ele. Acho que estou certa. Imaginei que no curso eu conseguiria trocar idéias com outras escritoras, mas o diálogo sobre a produção foi mínimo, exceto pelos comentários das coordenadoras. Fiquei sem saber que impressão meus textos dão pras outras leitoras. Nesse ponto, o curso foi uma decepção total.
Ainda assim, é bom escrever sobre um assunto especifico, de vez em quando. Sem dúvida, a lição mais difícil a assimilar foi controlar o tamanho do texto. Como sou prolixa, tive que cortar, cortar e reescrever. Na maioria das vezes, deu mais trabalho editar do que escrever. Além disso, estou revisando o que já escrevi. É virtualmente impossível revisar tudo, porque estou sempre escrevendo mais. No entanto, algumas histórias merecem essa atenção e espero conseguir terminar o que pretendo. Tudo isso vem acontecendo nos dois meses mais difíceis que já tive no meu emprego atual. O trabalho praticamente dobrou, e eu poderia ter desistido das crônicas, mas como eu já disse, é parar de escrever é minha vida fica uma confusão. Entendi que até a faxina pode esperar, a escrita não.
Escrever pra mim tem muitas funções: registrar o que está acontecendo comigo, coordenar o raciocínio, tornar compreensível um ponto de vista, saber o que realmente penso sobre um assunto, extravasar minha frustração e, muito de vez em quando, dissertar sobre algum tema em particular. Escrevia poesia, mas tem uns dois anos que não me vêm nada e eu não sinto falta desse tipo de literatura. Também escrevo sobre algo que tenha chamado minha atenção no dia a dia, mas não sou comentarista profissional. Não sou crítica de cinema, de teatro, de literatura ou jornalismo. Sou uma contadora de histórias, reais ou não. Ainda não encontrei o meu público, nem estou procurando-o. Percebi que quanto mais escrevo, mais guardo minhas opiniões pra mim mesma. Falo menos e penso mais. E o mais interessante: toda vez que eu adio trabalho de escrita, eu engordo.
Portanto, o maior benefício que escrever regularmente me trouxe foi recuperar minha antiga forma. Perdi 33 quilos em pouco mais de dois anos, exatamente quando comecei a escrever sem parar. Se eu imprimir tudo que escrevi nesse período, devem dar os mesmos 33 quilos. Foi por isso que o título ‘Terapia da Palavra’ me atraiu tanto. Escrever pra mim é terapia. Explico isso quando digo aos outros que o curso valeu cada centavo investido, mas no dia a dia, quando alguém me pergunta por que eu escrevo, minha resposta mais simples é ‘Eu escrevo porque emagrece’.
domingo, maio 09, 2010
Quem me dera ser amada assim.
DECÁLOGO DO POETA PARA A MULHER AMADA
Vinícius de Moraes
"1 - Amar a mulher amada sobre todas as coisas.
2 - Não tomar o seu santo nome em vão,
e não brincar em serviço.
3 - Guardar todos os domingos para ela
e fazer-lhes milhões de festas.
4 - Ser um pouco pai dela e ela um pouco a mãe da gente.
5 - Só matá-la de amor, ou por amor.
6 - Pecar o mais possível contra a sua castidade.
7 - Nunca furtar para dar-lhe coisas.
Furtar é um crime vil
e a mulher que ama precisa respeitar o seu homem.
8 - Ser absolutamente discreto em tudo
que se relacione à mulher em geral.
9 - Fazer toda a força possível para não desejar
a mulher do próximo.
O preço do amor é uma eterna vigilância.
10 - Não cobiçar as coisas alheias,
pois à mulher que ama, basta-lhe o amor do ser amado".
***
Acho que toda mulher já desejou ter sido merecedora da atenção de Vinícius. Se existiu um homem capaz de fazer da sensualidade um arte, esse foi o poetinha. Nao estou fala.ndo de lubricidade. Falo de dispor de todos os sentidos pra dar toda a atenção possível à mulher em questão naquele instante em que ele estava com a escolhida. Eu não fujo à regra. Foi assim que saiu a crônica dessa semana:
Vinícius e eu
29.04.10
Preciso confessar: Vinícius é o único relacionamento aberto que eu tive e tenho, e continua valendo a pena. Acho que é ele o tal homem da minha vida. A verdade é que temos um longo caso de amor. Nos conhecemos no ‘Livro de Sonetos’, na minha infância. Não sei como os sonetos me caíram nas mãos, mas eu não era tão criança assim e provavelmente não entendi os poemas mais quentes mesmo. Ficaram-me os sonetos de fidelidade, de separação, de intimidade, de contrição e ficamos flertando por anos, eu lendo e relendo o livro, que pertencia à minha mãe, até que uma ‘antologia poética’ me caiu nas mãos por inteiro acaso, na casa de alguém. Eu tive a antologia em mãos por uma noite apenas, porque o dono estava lendo e ia viajar com o livro. Mal dormi, e valeu cada instante porque Vinícius é um homem que mantém uma mulher acordada, mas ocupada e satisfeita. No dia seguinte, tivemos que nos despedir.
Apenas uma noite. Eu me senti roubada. Eu o queria de volta, pra dias e noites, e a eternidade, mas por alguma razão, nos desencontrávamos. Outros surgiram em minha vida, e me distraíram do meu primeiro amor. Eu soube que Vinícius era especial desde que ele me fez rir com ‘Não comerei da alface a verde pétala’. Independente de qualquer coisa, um homem tem que ser capaz de fazer rir uma mulher.
Aqui e ali, ele reaparecia em minha vida, me oferecendo mais: no repertório do coral da faculdade, numa edição comemorativa da ‘Veja’, nas primeiras palavras que meu primeiro namorado disse ao trocarmos nosso primeiro beijo. Os anos se passaram, eu me apaixonei, me decepcionei, me enganei, e o poeta ali, firme, à minha espera. Foi preciso tempo, mas eu entendi que o que tínhamos era muito especial e eu precisava dar o passo seguinte, conhecê-lo melhor e ele a mim, saber o que nos atraía, o que nos era comum e o que não era.
Quando resolvi dar uma chance, Vinícius não estava mais disponível. Eu não morava mais com minha mãe, e morria de saudades do livro de sonetos. Pedir emprestado não servia, eu o queria inteiramente pra mim porque livro de poesia tem que ser sublinhado, de leve, com lápis grafite, pro próximo dono poder apagar e sublinhar as frases dele. Se possível, a gente até data a poesia, pra saber por que gostou tanto daquilo. Livro de poesia emprestado é como suspirar pelo namorado da amiga: ou você rouba de uma vez, ou fica sofrendo por ele, até ter o seu. Nunca roubei o namorado de ninguém, como poderia roubar Vinícius de outra pessoa?
O interessante, é que nunca comprei um livro de Vinícius. Entendi desde o início que tinha que merecê-lo. A oportunidade veio na forma de uma dor de dente. Acabei na sala de cirurgia, extraindo os quatro dentes do siso de uma vez, e foi quando uma amiga veio me visitar, com outra ‘Antologia Poética’ pra ocupar meu tempo de repouso. Até a dedicatória era a de alguém que sabia o valor daquilo pra mim. Vinícius era finalmente meu!
Mal a amiga saiu, nós nos agarramos. Literalmente. Jantamos juntos e quando o dia seguinte amanheceu, ele continuava em meus braços. Essa antologia não tem ‘Quatro elementos’, um dos meus prediletos, mas afinal, não existe amor sem um defeitinho. Quando matamos as saudades de uma vida inteira, coloquei um marcador na página de ‘Receita de mulher’ e pedi tempo a Vinícius, pra entender o que se passava. Era muito intenso. Ele entendeu. O poetinha passou a dividir a prateleira com Bruna Lombardi, e mais tarde, com Mário Quintana e Fernando Pessoa. Sem ressentimentos. De fato, ele nunca foi possessivo. Me deixa livre pra escolher, e eu sempre volto pra ele, mesmo sabendo que terei que dividi-lo com outras. Ainda assim, é impossível pra mim ler apenas um soneto dele. Eu acabo folheando o livro à procura de outros. No entanto, não fui à procura do resto da obra dele. Seria assumir de vez nossa relação e eu fiquei esperando que ele tomasse uma atitude a esse respeito.
No início da semana, soube que Vinícius está na internet. A reportagem com a notícia nem havia terminado, e eu já estava à procura de uma poesia que li há mais de 25 anos e ainda não reencontrei. Essa é uma boa desculpa pra eu passar horas na frente da tela, lendo Vinícius. É a desculpa perfeita, na verdade. Porque nos últimos anos, um tal de Shakespeare anda se metendo entre nós, e já conseguiu espaço na prateleira. Já existem mais marcadores nos sonetos dele do que na antologia de Vinícius. Pela primeira vez, eu vi o poetinha aborrecido. Ele vem me lembrando que, aconteça o que acontecer, ele será o primeiro em minha vida, o mais fiel e, se eu permitir, estará sempre comigo, não importa quantas vezes eu me encante por mais alguém. Acho que foi por isso que ele resolveu se apresentar em 15 diferentes obras de uma vez, e ainda fez o favor de aparecer na crônica da semana. Está jogando pesado, e com razão.
É hora de reconhecer: nunca seremos simplesmente ‘Vinícius e eu’. Serei sempre uma das mulheres do poeta, me sentindo muito realizada por isso, porque qualquer mulher, qualquer uma, se sente linda e desejável ao ler Vinícius. O homem nos ensina a ser bonita, mesmo se na gente não tem o que se olhar. Ele não apenas cozinha, mas faz da preparação da feijoada uma poesia. Sim, ele bebe e é namorador como ninguém, mas ama a todas sem qualquer distinção. Ele aceita que eu tenha outros amores, e me apóia quando um deles acaba. Tudo que ele pede em troca é minha atenção exclusiva quando estamos juntos, porque ele faz o mesmo por mim. É pra esse instante que vivo, porque quando estou com Vinícius somos somente nós e tudo é possível
Vinícius de Moraes
"1 - Amar a mulher amada sobre todas as coisas.
2 - Não tomar o seu santo nome em vão,
e não brincar em serviço.
3 - Guardar todos os domingos para ela
e fazer-lhes milhões de festas.
4 - Ser um pouco pai dela e ela um pouco a mãe da gente.
5 - Só matá-la de amor, ou por amor.
6 - Pecar o mais possível contra a sua castidade.
7 - Nunca furtar para dar-lhe coisas.
Furtar é um crime vil
e a mulher que ama precisa respeitar o seu homem.
8 - Ser absolutamente discreto em tudo
que se relacione à mulher em geral.
9 - Fazer toda a força possível para não desejar
a mulher do próximo.
O preço do amor é uma eterna vigilância.
10 - Não cobiçar as coisas alheias,
pois à mulher que ama, basta-lhe o amor do ser amado".
***
Acho que toda mulher já desejou ter sido merecedora da atenção de Vinícius. Se existiu um homem capaz de fazer da sensualidade um arte, esse foi o poetinha. Nao estou fala.ndo de lubricidade. Falo de dispor de todos os sentidos pra dar toda a atenção possível à mulher em questão naquele instante em que ele estava com a escolhida. Eu não fujo à regra. Foi assim que saiu a crônica dessa semana:
Vinícius e eu
29.04.10
Preciso confessar: Vinícius é o único relacionamento aberto que eu tive e tenho, e continua valendo a pena. Acho que é ele o tal homem da minha vida. A verdade é que temos um longo caso de amor. Nos conhecemos no ‘Livro de Sonetos’, na minha infância. Não sei como os sonetos me caíram nas mãos, mas eu não era tão criança assim e provavelmente não entendi os poemas mais quentes mesmo. Ficaram-me os sonetos de fidelidade, de separação, de intimidade, de contrição e ficamos flertando por anos, eu lendo e relendo o livro, que pertencia à minha mãe, até que uma ‘antologia poética’ me caiu nas mãos por inteiro acaso, na casa de alguém. Eu tive a antologia em mãos por uma noite apenas, porque o dono estava lendo e ia viajar com o livro. Mal dormi, e valeu cada instante porque Vinícius é um homem que mantém uma mulher acordada, mas ocupada e satisfeita. No dia seguinte, tivemos que nos despedir.
Apenas uma noite. Eu me senti roubada. Eu o queria de volta, pra dias e noites, e a eternidade, mas por alguma razão, nos desencontrávamos. Outros surgiram em minha vida, e me distraíram do meu primeiro amor. Eu soube que Vinícius era especial desde que ele me fez rir com ‘Não comerei da alface a verde pétala’. Independente de qualquer coisa, um homem tem que ser capaz de fazer rir uma mulher.
Aqui e ali, ele reaparecia em minha vida, me oferecendo mais: no repertório do coral da faculdade, numa edição comemorativa da ‘Veja’, nas primeiras palavras que meu primeiro namorado disse ao trocarmos nosso primeiro beijo. Os anos se passaram, eu me apaixonei, me decepcionei, me enganei, e o poeta ali, firme, à minha espera. Foi preciso tempo, mas eu entendi que o que tínhamos era muito especial e eu precisava dar o passo seguinte, conhecê-lo melhor e ele a mim, saber o que nos atraía, o que nos era comum e o que não era.
Quando resolvi dar uma chance, Vinícius não estava mais disponível. Eu não morava mais com minha mãe, e morria de saudades do livro de sonetos. Pedir emprestado não servia, eu o queria inteiramente pra mim porque livro de poesia tem que ser sublinhado, de leve, com lápis grafite, pro próximo dono poder apagar e sublinhar as frases dele. Se possível, a gente até data a poesia, pra saber por que gostou tanto daquilo. Livro de poesia emprestado é como suspirar pelo namorado da amiga: ou você rouba de uma vez, ou fica sofrendo por ele, até ter o seu. Nunca roubei o namorado de ninguém, como poderia roubar Vinícius de outra pessoa?
O interessante, é que nunca comprei um livro de Vinícius. Entendi desde o início que tinha que merecê-lo. A oportunidade veio na forma de uma dor de dente. Acabei na sala de cirurgia, extraindo os quatro dentes do siso de uma vez, e foi quando uma amiga veio me visitar, com outra ‘Antologia Poética’ pra ocupar meu tempo de repouso. Até a dedicatória era a de alguém que sabia o valor daquilo pra mim. Vinícius era finalmente meu!
Mal a amiga saiu, nós nos agarramos. Literalmente. Jantamos juntos e quando o dia seguinte amanheceu, ele continuava em meus braços. Essa antologia não tem ‘Quatro elementos’, um dos meus prediletos, mas afinal, não existe amor sem um defeitinho. Quando matamos as saudades de uma vida inteira, coloquei um marcador na página de ‘Receita de mulher’ e pedi tempo a Vinícius, pra entender o que se passava. Era muito intenso. Ele entendeu. O poetinha passou a dividir a prateleira com Bruna Lombardi, e mais tarde, com Mário Quintana e Fernando Pessoa. Sem ressentimentos. De fato, ele nunca foi possessivo. Me deixa livre pra escolher, e eu sempre volto pra ele, mesmo sabendo que terei que dividi-lo com outras. Ainda assim, é impossível pra mim ler apenas um soneto dele. Eu acabo folheando o livro à procura de outros. No entanto, não fui à procura do resto da obra dele. Seria assumir de vez nossa relação e eu fiquei esperando que ele tomasse uma atitude a esse respeito.
No início da semana, soube que Vinícius está na internet. A reportagem com a notícia nem havia terminado, e eu já estava à procura de uma poesia que li há mais de 25 anos e ainda não reencontrei. Essa é uma boa desculpa pra eu passar horas na frente da tela, lendo Vinícius. É a desculpa perfeita, na verdade. Porque nos últimos anos, um tal de Shakespeare anda se metendo entre nós, e já conseguiu espaço na prateleira. Já existem mais marcadores nos sonetos dele do que na antologia de Vinícius. Pela primeira vez, eu vi o poetinha aborrecido. Ele vem me lembrando que, aconteça o que acontecer, ele será o primeiro em minha vida, o mais fiel e, se eu permitir, estará sempre comigo, não importa quantas vezes eu me encante por mais alguém. Acho que foi por isso que ele resolveu se apresentar em 15 diferentes obras de uma vez, e ainda fez o favor de aparecer na crônica da semana. Está jogando pesado, e com razão.
É hora de reconhecer: nunca seremos simplesmente ‘Vinícius e eu’. Serei sempre uma das mulheres do poeta, me sentindo muito realizada por isso, porque qualquer mulher, qualquer uma, se sente linda e desejável ao ler Vinícius. O homem nos ensina a ser bonita, mesmo se na gente não tem o que se olhar. Ele não apenas cozinha, mas faz da preparação da feijoada uma poesia. Sim, ele bebe e é namorador como ninguém, mas ama a todas sem qualquer distinção. Ele aceita que eu tenha outros amores, e me apóia quando um deles acaba. Tudo que ele pede em troca é minha atenção exclusiva quando estamos juntos, porque ele faz o mesmo por mim. É pra esse instante que vivo, porque quando estou com Vinícius somos somente nós e tudo é possível
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quarta-feira, maio 05, 2010
Definindo o que é o bastante
19.03.10
Há uma máxima do Tao que diz que ‘quando sabemos o que é o bastante, sempre haverá o bastante’. Não importa em que área de sua vida você aplica esse princípio. É sempre importante definir uma meta pra evitar a insatisfação comum à maioria das pessoas. Nem sempre é fácil explicar esse princípio, como nem sempre é fácil explicar muita coisa na vida. A chave está em saber segurar a atenção da outra pessoa seja como for. Conseguir, e manter, a atenção de alguém é um dom.
Alguns textos capturam nossa atenção. Muitas vezes, o tema abordado nem é tão importante, mas o modo como o autor apresenta a idéia nos prende de tal modo que a gente não consegue parar de ler. Aconteceu comigo essa semana, em ‘O que faz valer a pena’, de João Paulo Cuenca, uma crônica sobre os instantes que dão sentido e fazem a vida ser uma experiência válida. Eu não conhecia Cuenca, mas graças ao Google, encontrei o ‘Blog de Anotações’ e li mais textos dele. Não conheço metade ou mais dos exemplos citados por ele como momentos que fazem a vida valer a pena. Não importa. O que ele cita pode ser facilmente substituído pelo que eu ou você consideramos como elementos que dão colorido à história de nossas vidas. O que interessa é o modo como o autor defende cada item na imensa lista que ele descreve. Se eu conhecesse a maioria dos momentos e pessoas citadas, provavelmente concordaria com Cuenca, mas ele me ganhou nas primeiras linhas quando citou ‘o Didi Mocó nos anos 80 vestido de Maria Betânia cantando Teresinha do Chico Buarque.' Embora eu não imagine cena melhor pra descrever o trabalho de Renato Aragão (aquela é uma das cenas que fez minha infância digna de ser vivida), certamente toda pessoa tem alguma cena inesquecível pra colocar como substituto à altura.
A lista torna-se excepcional quando Cuenca começa a falar das mulheres. De repente, a gente acha que está relendo ‘Receita de Mulher’, do Vinícius, ou alguma poesia de Bruna Lombardi. Quando você termina, ou a) a gente se sente o máximo por ser mulher, embora não esteja entre as citadas, ou b) dá vontade de ser homem. Note que o autor não está fazendo uma apologia da mulher, ou defendendo que ser heterossexual é o máximo. Não. Ele reconhece nas mulheres, ou em certas representantes do gênero, um dos motivos pra gente continuar investindo na vida. Lendo outras crônicas de Cuenca, a gente percebe que as mulheres são um tema recorrente nos textos dele, o que confirma o motivo de ocuparem mais ou menos metade da lista (e da crônica).
Ao longo dos anos, meu entusiasmo pela vida cedeu, e muito. Já não me anima tanto a perspectiva de ver um filme novo, e a visão de um livro desconhecido já não me deixa ansiosa pra saber o que está escrito em suas páginas. Em parte, isso se dá porque eu já vivi o bastante pra ter minha própria lista de momentos que valem a pena, e muitas vezes prefiro revivê-los a me arriscar perdendo tempo com uma novidade que pode ou não ter seu mérito. Muitos desses momentos são cenas de filmes (ou filmes inteiros), trechos de livros e poesias, e provavelmente minha lista tem mais livros que músicas, mais filmes que cenas de minha própria vida. O essencial é que cada um desses momentos existiu porque alguém o partilhou comigo. Mesmo o passeio solitário num fim de tarde valeu a pena porque eu me permiti apreciá-lo.
A crônica de Cuenca se destaca porque ele dá seu ponto de vista, mas não tenta me convencer que o que ele diz é o certo. Ele não fica citando a opinião alheia, não se esconde atrás do nome de outro autor pra justificar o fato de gostar de A ou B. Ele gosta de Woody Allen e pronto. Ele não quer saber se você leu Nabokov. Pra ele, o primeiro parágrafo de Lolita é o que é. Ele está se lixando se eu sei quem é Keith Jarrett, se já vi algum filme de Fellini, se estive no Orsay ou no Prado, ou se concordo com minha professora de Literatura do 2º grau, que achava que Roberto Carlos é lugar-comum. Não importa. Ele definiu pra si o que é o bastante, e o único critério é se faz valer a pena. E isso basta.
***
Estou começando a curtir as crônicas, mesmo com o espaço reduzido pra escrever. Quem sabe eu não aprendo a ser menos prolixa?
Há uma máxima do Tao que diz que ‘quando sabemos o que é o bastante, sempre haverá o bastante’. Não importa em que área de sua vida você aplica esse princípio. É sempre importante definir uma meta pra evitar a insatisfação comum à maioria das pessoas. Nem sempre é fácil explicar esse princípio, como nem sempre é fácil explicar muita coisa na vida. A chave está em saber segurar a atenção da outra pessoa seja como for. Conseguir, e manter, a atenção de alguém é um dom.
Alguns textos capturam nossa atenção. Muitas vezes, o tema abordado nem é tão importante, mas o modo como o autor apresenta a idéia nos prende de tal modo que a gente não consegue parar de ler. Aconteceu comigo essa semana, em ‘O que faz valer a pena’, de João Paulo Cuenca, uma crônica sobre os instantes que dão sentido e fazem a vida ser uma experiência válida. Eu não conhecia Cuenca, mas graças ao Google, encontrei o ‘Blog de Anotações’ e li mais textos dele. Não conheço metade ou mais dos exemplos citados por ele como momentos que fazem a vida valer a pena. Não importa. O que ele cita pode ser facilmente substituído pelo que eu ou você consideramos como elementos que dão colorido à história de nossas vidas. O que interessa é o modo como o autor defende cada item na imensa lista que ele descreve. Se eu conhecesse a maioria dos momentos e pessoas citadas, provavelmente concordaria com Cuenca, mas ele me ganhou nas primeiras linhas quando citou ‘o Didi Mocó nos anos 80 vestido de Maria Betânia cantando Teresinha do Chico Buarque.' Embora eu não imagine cena melhor pra descrever o trabalho de Renato Aragão (aquela é uma das cenas que fez minha infância digna de ser vivida), certamente toda pessoa tem alguma cena inesquecível pra colocar como substituto à altura.
A lista torna-se excepcional quando Cuenca começa a falar das mulheres. De repente, a gente acha que está relendo ‘Receita de Mulher’, do Vinícius, ou alguma poesia de Bruna Lombardi. Quando você termina, ou a) a gente se sente o máximo por ser mulher, embora não esteja entre as citadas, ou b) dá vontade de ser homem. Note que o autor não está fazendo uma apologia da mulher, ou defendendo que ser heterossexual é o máximo. Não. Ele reconhece nas mulheres, ou em certas representantes do gênero, um dos motivos pra gente continuar investindo na vida. Lendo outras crônicas de Cuenca, a gente percebe que as mulheres são um tema recorrente nos textos dele, o que confirma o motivo de ocuparem mais ou menos metade da lista (e da crônica).
Ao longo dos anos, meu entusiasmo pela vida cedeu, e muito. Já não me anima tanto a perspectiva de ver um filme novo, e a visão de um livro desconhecido já não me deixa ansiosa pra saber o que está escrito em suas páginas. Em parte, isso se dá porque eu já vivi o bastante pra ter minha própria lista de momentos que valem a pena, e muitas vezes prefiro revivê-los a me arriscar perdendo tempo com uma novidade que pode ou não ter seu mérito. Muitos desses momentos são cenas de filmes (ou filmes inteiros), trechos de livros e poesias, e provavelmente minha lista tem mais livros que músicas, mais filmes que cenas de minha própria vida. O essencial é que cada um desses momentos existiu porque alguém o partilhou comigo. Mesmo o passeio solitário num fim de tarde valeu a pena porque eu me permiti apreciá-lo.
A crônica de Cuenca se destaca porque ele dá seu ponto de vista, mas não tenta me convencer que o que ele diz é o certo. Ele não fica citando a opinião alheia, não se esconde atrás do nome de outro autor pra justificar o fato de gostar de A ou B. Ele gosta de Woody Allen e pronto. Ele não quer saber se você leu Nabokov. Pra ele, o primeiro parágrafo de Lolita é o que é. Ele está se lixando se eu sei quem é Keith Jarrett, se já vi algum filme de Fellini, se estive no Orsay ou no Prado, ou se concordo com minha professora de Literatura do 2º grau, que achava que Roberto Carlos é lugar-comum. Não importa. Ele definiu pra si o que é o bastante, e o único critério é se faz valer a pena. E isso basta.
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Estou começando a curtir as crônicas, mesmo com o espaço reduzido pra escrever. Quem sabe eu não aprendo a ser menos prolixa?
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Arte não se entende, se sente
O que é arte? O que é um artista? Sempre me pergunto onde as pessoas encontram inspiração quando assisto a filmes com roteiros e interpretações memoráveis, ou o que leva um autor a escrever sobre isto e não aquilo, por que certos pintores escolhem determinados temas ou escultores modelam formas tão estranhas que só eles entendem.
Nos meus inexperientes 15 anos, uma tela chamada ‘no escurinho do cinema’ me iniciou no conceito de ‘arte moderna’. Ainda posso ver o quadro, no alto da escada que levava ao primeiro andar do prédio da exposição. Foi o único trabalho que entendi ali: escuro, grande, com múltiplos pontos brancos, amarelos e alguns vermelhos e azuis, aqui e ali, exatamente como eu entendo o ‘escuro’ do cinema. Dez anos depois, outro quadro prendeu minha atenção. Dessa vez, eu conhecia a artista e o quadro não tinha nome. Minha tia, com o talento tardiamente descoberto, explicou: ‘Isso é uma enxaqueca’. Tive a real dimensão do significado daquele vermelho, do porquê da breve vertigem ao olhá-lo e a razão de tudo parecer tão impreciso, quando comecei a sofrer das enxaquecas da família. No auge das crises, me lembrei do quadro.
Foi quando entendi que arte não se entende, se sente. Se não é assim, por que os quadros de um parecem fotografias e outro não segue proporções e tendências, mas o primeiro não faz sucesso e o segundo sim? Por que uma dezena de atores lê o mesmo script e um único faz do personagem insuportável um anti-herói maravilhoso, um mesmo livro é adaptado pro cinema em diferentes épocas e só uma das versões é imortalizada, um escritor consegue falar ao nosso coração e outro não, ambos discorrendo sobre o mesmíssimo tema? O que faz de alguém um artista?
Minha resposta é sempre a mesma: é a capacidade de evocar sensações que torna alguém um verdadeiro artista. Um artista nos remete a outra dimensão, além da simples realidade. Em parte, essa capacidade pode ser aprendida. É o que se chama ‘técnica’. É importante, mas não fundamental. Estudantes de artes plásticas estudam técnica por anos, nem todos são bons pintores ou escultores. Tantas pessoas estudam letras e por melhor que seja sua gramática, seus textos são insípidos. ‘O verdadeiro artista tem talento’, você pode dizer. Talento, técnica, dedicação, instinto comercial, tudo ajuda um artista a ser um sucesso, nenhuma dessas respostas explica totalmente o que torna aquela pessoa genial. É a inspiração que faz de um trabalho uma obra de arte? Pode ser o ponto de partida.
O trabalho de um artista pra mim é válido quando me acompanha, mesmo quando não o tenho por perto. Vejo um filme ou leio um livro, e os lugares e pessoas continuam em mim. Arte pra mim é arte quando vale o tempo que gasto pensando na mensagem, no que senti ao vivenciar aquilo. É arte quando me dou ao trabalho de aprender uma música porque gostei dela, quando um trabalho da pessoa serve de referência pra me convencer a ver o seguinte, ou os anos se passam e continuo sentindo algo, mesmo que tenha visto aquilo apenas uma vez. Não me importa quanto vale, se vendeu milhões de cópias, quantos prêmios proclamem seu valor. A verdadeira arte não precisa de justificação. Você gosta e pronto.
É na verdadeira arte que penso ao me lembrar de uma história onde FHC teve o gabinete da presidência redecorado, e o autor do quadro escolhido pra parede principal exibiu uma tela toda verde, num único tom. O então presidente virou-se pro pintor e disse: ‘Agora explica, se é que tem explicação’.
***
A Oficina de Crônicas termina essa semana, e me rendeu o texto acima e outros mais. Preciso arranjar outro desafio literário. Alguma sugestão, anônimo leitor?
Nos meus inexperientes 15 anos, uma tela chamada ‘no escurinho do cinema’ me iniciou no conceito de ‘arte moderna’. Ainda posso ver o quadro, no alto da escada que levava ao primeiro andar do prédio da exposição. Foi o único trabalho que entendi ali: escuro, grande, com múltiplos pontos brancos, amarelos e alguns vermelhos e azuis, aqui e ali, exatamente como eu entendo o ‘escuro’ do cinema. Dez anos depois, outro quadro prendeu minha atenção. Dessa vez, eu conhecia a artista e o quadro não tinha nome. Minha tia, com o talento tardiamente descoberto, explicou: ‘Isso é uma enxaqueca’. Tive a real dimensão do significado daquele vermelho, do porquê da breve vertigem ao olhá-lo e a razão de tudo parecer tão impreciso, quando comecei a sofrer das enxaquecas da família. No auge das crises, me lembrei do quadro.
Foi quando entendi que arte não se entende, se sente. Se não é assim, por que os quadros de um parecem fotografias e outro não segue proporções e tendências, mas o primeiro não faz sucesso e o segundo sim? Por que uma dezena de atores lê o mesmo script e um único faz do personagem insuportável um anti-herói maravilhoso, um mesmo livro é adaptado pro cinema em diferentes épocas e só uma das versões é imortalizada, um escritor consegue falar ao nosso coração e outro não, ambos discorrendo sobre o mesmíssimo tema? O que faz de alguém um artista?
Minha resposta é sempre a mesma: é a capacidade de evocar sensações que torna alguém um verdadeiro artista. Um artista nos remete a outra dimensão, além da simples realidade. Em parte, essa capacidade pode ser aprendida. É o que se chama ‘técnica’. É importante, mas não fundamental. Estudantes de artes plásticas estudam técnica por anos, nem todos são bons pintores ou escultores. Tantas pessoas estudam letras e por melhor que seja sua gramática, seus textos são insípidos. ‘O verdadeiro artista tem talento’, você pode dizer. Talento, técnica, dedicação, instinto comercial, tudo ajuda um artista a ser um sucesso, nenhuma dessas respostas explica totalmente o que torna aquela pessoa genial. É a inspiração que faz de um trabalho uma obra de arte? Pode ser o ponto de partida.
O trabalho de um artista pra mim é válido quando me acompanha, mesmo quando não o tenho por perto. Vejo um filme ou leio um livro, e os lugares e pessoas continuam em mim. Arte pra mim é arte quando vale o tempo que gasto pensando na mensagem, no que senti ao vivenciar aquilo. É arte quando me dou ao trabalho de aprender uma música porque gostei dela, quando um trabalho da pessoa serve de referência pra me convencer a ver o seguinte, ou os anos se passam e continuo sentindo algo, mesmo que tenha visto aquilo apenas uma vez. Não me importa quanto vale, se vendeu milhões de cópias, quantos prêmios proclamem seu valor. A verdadeira arte não precisa de justificação. Você gosta e pronto.
É na verdadeira arte que penso ao me lembrar de uma história onde FHC teve o gabinete da presidência redecorado, e o autor do quadro escolhido pra parede principal exibiu uma tela toda verde, num único tom. O então presidente virou-se pro pintor e disse: ‘Agora explica, se é que tem explicação’.
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A Oficina de Crônicas termina essa semana, e me rendeu o texto acima e outros mais. Preciso arranjar outro desafio literário. Alguma sugestão, anônimo leitor?
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