'Por que não há de ser médico a sério? Se escolhe uma profissão é para a exercer com seriedade e ambição, como os outros'
(Os Maias, Eça de Queiroz)
A cada dia, eu penso mais em largar essa pseudo-carreira em Medicina. A questão é o que fazer pra ganhar a vida, uma vez que por aqui não há mercado pra uma técnica em Economia Doméstica. Então, resolvi jogar no Google a expressão 'ex-médico', pra ter alguma direção.
Só aparecem manchetes do tipo 'ex-médico matou e esquartejou...' e por aí vai. Fica difícil acreditar no slogan que o Conselho Federal de Medicina criou, na esperança de aumentar a auto-estima da classe:
3 comentários:
Boa noite! Sei muito bem o que é ser médico do setor público. Já pensei, em apenas 4 anos de formado, de procurar outra carreira, mesmo sendo apaixonado pelo que faço... Em 2011 vou abrir meu consultório. É a única saída que encontro no momento. E parabéns pela postagem, adoro seu blog. Um grande abraço!!!
"As senhoras sobretudo lamentavam que um rapaz (Carlos da Maia) que ia crescendo tão formoso, tão bom cavaleiro, viesse a estragar a vida receitando emplastros, e sujando as mãos no jorro das sangrias". Na primeira vez que li isso, achei muito forte o "estragar a vida". Hoje, não me iludo. A não ser para poucas pessoas que pensam como o neurocirurgião Paulo Niemeyer ("Não é verdade que o médico não tem vida. Se você amar a medicina, ela será a sua vida e você será um médico feliz."!!!!!!!!!), a maioria das especialidades não é nada positiva para a vida pessoal do médico, muitas vezes até impossibilitando-a. As pessoas com vida privada e social normal que fizeram medicina, independentemente de sua capacidade e inteligência, só têm duas saídas: 1)limitam a prática profissional a níveis aceitáveis, quando possível; 2)saem da profissão. Faço uma especialidade considerada tranquila (nenhuma é), mas mesmo assim tenho que trabalhar umas 55 horas por semana para ganhar apenas razoavelmente. Ainda tenho amor pelo que faço, por isso não desisti. Mas concordo cada vez mais com as senhoras do livro do Eça.
Não sei se admito que é bom não estar sozinha nesta situação, ou se lamento por não ser uma exceção.
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