terça-feira, janeiro 10, 2006

Trabalho novo

Um PSF! Quem acompanha a história desde o outro blog, sabe que eu adoro o Programa de Saúde da Família. O problema é que sou uma chata incorrigível, gosto das coisas bem feitas, e o programa é atrelado a política, o que não combina muito comigo. Uma carreira que eu jamais seguiria seria a de diplomata, mesmo porque seria despedida na primeira semana. Claro que a idade me deu alguma maturidade e a experiência de vida mostra que não adianta dar murro em ponta de faca, mas ainda sou esquentada, sim.
Estudei Saúde Pública na cidade-modelo do país na época para o PSF, então já viu. Quanto mais longe da capital, mais o programa é deturpado. Sim, eu sei que cada população tem seu perfil e suas necessidades, mas um programa que promove a saúde através da prevenção (ao invés de ser apenas curativo) não pode funcionar por livre demanda.
Se tudo funcionasse como se deve, a porta de entrada ao sistema de saúde de todo morador do município seria o PSF, exceto em caso de urgência, quando ele procuraria o pronto-socorro.
Adivinhe! Não é assim. Nos municípios pequenos há uma forçada na barra, no sentido de não deixar ninguém voltar do posto sem ser atendido, pro prefeito "ficar bem" com a população. Não se pode esperar pra amanhã pra pedir exames de rotina.Ora, se você quer um atendimento de qualidade, como pode atender 30, 40, 50 pessoas num dia? Como você pode atender direito aquele diabético que toma o remédio quando quer, vai na emergência da cidade quando se sente mal mas não faz o acompanhamento sempre com o mesmo médico? A emergência se transforma num outro ambulatório e, enquanto você está tentando convencer o diabético que açúcar faz mal, que precisa perder peso, etc, tem outro paciente infartando no corredor, esse sim precisando da estrutura da emergência.
Sem falar que a maioria dos colegas médicos não quer ficar oito horas no posto, cinco dias por semana. Pessoalmente, acho que é essa a principal razão do programa não funcionar. Eles espremem os atendimentos necessários em três, quatro dias com turnos de quatro a seis horas. Isso se chama "tocar serviço". Claro que sobram dias sem médico no posto e a população vai pra emergência, óbvio. Mesmo que não seja emergência.
Taí porque a saúde está como está. Independente do Governo, a própria população não faz por onde melhorar.

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