Espelho, espelho meu. Existe algo mais deprimentemente solitário que passar a noite dos namorados passando roupa e vendo filme não-romântico? Eu não me sinto Bridget Jones por SOU a Bridget Jones. Sem direito ao Colin Firth. Sem direito nem ao Hugh Grant.
Pois, eu passei quase toda a roupa. Continuo defendendo que não tem Paula Fuzeto, nem Martha Stewart que me façam dobrar um lençol com elástico com perfeição. Aliás, passar lençol com elástico já dá tanto trabalho que eu quase – quase – prefiro comprar daqueles tradicionais.
Resolvi que ia lavar a cozinha (incluindo paredes), o banheiro em uso e a área de serviço – o que me obrigaria a fazer o tão adiado declutter da área de serviço. Mas, antes de tudo, havia uns armários pra tirar do meio do caminho. No primeiro armário, tudo desandou. Eu tirei tudo de dentro. TUDO. Até o escorredor de macarrão, que é de plástico e não pesa nada. Coloquei tudo em cima da mesa. Soltei os parafusos gigantes que o prendiam à parede, pelo tamanho da bucha, número 10 ou 12, e... CABUM! Dá pra acreditar que os pés (de plástico) e a última prateleira (de MDF, como quase todo o armário), não suportaram o peso do próprio armário?
Meu ex bem dizia que MDF é feito de cuspe com cera de ouvido. Como pós-mulher dele (coisa de Mário Prata), posso dizer que ele estava certíssimo. É i-na-cre-di-tável. Eu fiquei com um armário ‘na chom’ porque soltei DOIS parafusos. A última prateleira era presa às laterais do armário por parafusos, pivotantes e tachinhas (na parte de trás). Ela está ali, soltinha. Parece um banquinho pra criança.
(Tommy! Sai daí agora mesmo. Eu disse ‘parece’, não disse que pode sentar. Não agüenta nem seu peso. Ai, personagens!)
Deu até medo de mexer no resto sozinha. Deixei pra lavar as paredes outro dia, embora o armário já esteja fora da cozinha. É mais um item agora pra imensa lista de coisas que não posso resolver sozinha, mesmo tendo MDF sobrando em casa (um antigo guarda-roupa virou um monte de prateleiras há anos, mas não tenho mais o serrote que resolveria a situação). Preciso comprar tinta a óleo branco-gelo, fosco. Vou aproveitar o marceneiro e resolver a situação do baú da cama, outro problema causado pela ‘resistência’ do MDF. Gastos, gastos, gastos.
Comecei (quase terminei) o declutter da área de serviço. A técnica é básica. ‘Você precisou das informações técnicas dessa revista científica nos últimos dez anos?’. Foda-se. Fotos de coisas bonitas, reportagens interessantes, fotos dos trigêmeos da Fátima Bernardes ao sair da maternidade (pelamordedeus, o povo já tem uns 15 anos!). Lixo, lixo, lixo. Manual do Curso de Suporte Avançado à Vida: pro pessoal da emergência. Manual de implantação de unidade de saúde da família: pro arquivo do posto. Caderno de caligrafia (eu ainda faço caligrafia): lixo. Quando a letra começar a piorar, eu compro um novo por 2 reais. A coleção ‘O Mundo da Criança’, que fiz tanta questão de trazer da casa materna. Bem, eu usei informações dela nos últimos dois meses, eh, eh. A coleção do Batman... Ponto de discussão. Adiante. Cartas em francês que têm vinte anos, de uma correspondente que nunca mais verei e sem significado sentimental: lixo. O livro de Patologia de Robbins, cujos exemplares guardo (são dois), um porque foi na lombada dele que li minha primeira grande palavra (se ler ‘Patologia’ não provou que eu já sabia ler, nada mais provaria) e outro porque foi minha mãe que me cedeu, mas já era desatualizado quando eu era estudante: a quem interessar possa.
Devagar, a gente vai descobrindo o que realmente importa na vida. O que sobrou da segunda placa de formatura (quebrada numa mudança): lixo. Eu não dou o mínimo valor a isso. Se desse, estaria indo pro encontro de dez anos de formados da turma. Olhando em volta, vou percebendo novamente o que levaria numa mala feita em 15 minutos: um dos computadores, o HD externo, os livros de poesia, ‘A chave do reino interior’. O resto eu encontraria em livrarias e sebos.
Preciso pintar as prateleiras da área de serviço, incluindo os suportes. A ‘caixa de brinquedos’, que foi da minha infância e que prezo bastante, embora só esteja guardando prateleiras excedentes no momento. Retocar as estantes de aço. Coisas a fazer durante a semana. Até quinta-feira, quando irei à capital correndo, ver minha médica e meu irmão. No sábado, o pintor vem, pra começar a cimentar e emassar. Continua o trabalho no domingo.
Como terminaram a pintura da casa nova por dentro (e aquele explorador já era), eu vou dar uma olhadinha como vão as coisas por lá. Aproveito pra medir o banheiro e saber o que é possível fazer. É hora de mudar o endereço das correspondências e avisar à dona desta casa aqui que estou partindo.
Deixa eu ver se os assentos das cadeiras da mesa da cozinha já secaram (estavam implorando uma limpeza) e preciso mesmo lavar o chão da cozinha. A área de serviço eu lavo durante a semana. Parece que tem jogo do Brasil essa semana, né? Eu gostava tanto de futebol. O que houve comigo?
E, não, eu não estou 'bem'. É só rotina. Just in case.
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Ah, Vicky me mandou essa foto, em retribuição pelas flores. Thank you, my dear.
Flores no St James' Park
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