'Morre aos 87 anos, o escritor José Saramago'. A recepcionista da minha médica leu isso enquanto eu esperava pra ser atendida, e de repente o dia ficou mais cinza. Fiquei fã de Saramago depois de uma entrevista no Jô, antes mesmo de começar a lê-lo.
Li 'O Evangelho segundo Jesus Cristo' e já ia no meio do livro quando dei por falta da pontuação. Saramago era tão preciso que dispensou a pontuação e se fazia entender. Diferente de 'Macunaíma', que eu não entendo pra onde vai, em parte por causa da pontuação.
No último ano, li 'Ensaio sobre a cegueira', descobri semana passada que tem o filme de Fernando Meireles, mas indico o livro. Meses depois de lê-lo, me toquei que nenhum personagem tem nome, e isso não faz diferença no desenrolar da história.
Saramago sabia contar uma história, uma arte cada dia mais rara. Vivia numa ilha, literalmente, um sonho meu, praticamente inatingível. Teve um blog por muito tempo. Foi um homem que acompanhou a marcha dos anos e não parou de produzir durante toda a vida, mesmo sem ter publicado por vinte anos. Fernando Meireles disse que o mundo ficou "ainda mais burro e ainda mais cego hoje".
João Cabral de Melo Neto, Michael Crichton, Salinger, Saramago... Cada dia o mundo fica mais burro.
Um comentário:
Vamos fugir, amiga? Cada uma pra sua ilha, com tempo pra tudo e sem ninguém escrevendo errado, chegando fora de hora, jogando lixo no chão...
Eu tenho dó do mundo a essa altura. Muito dó!
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