Enjoada
Não gosto de fazer compras. Não gosto nem de dia de feira.
Detesto gente estranha na minha casa. Detesto gente conhecida que aparece sem avisar. Tenho horror a desconhecidos que batem na porta ou telefonam fora do horário comercial.
Não me agrada que se atrasem quando marcam comigo. Certamente fico aborrecida quando não cumprem o que me prometem e fico furiosa quando esperam me convencer que o errado é o certo.
Desconverso quando dizem como devo levar minha vida. Recuso conselhos que não pedi e adoro sugestões bem intencionadas. Há um abismo entre conselho e sugestão. Não quero que se metam na minha vida ou nas minhas preferências, embora goste de conhecer gente com gostos diferentes dos meus.
Aceito reprimenda, quando devida, escuto mesmo quando for indevida, dependendo do caso, mas não espere que eu permaneça muito próxima depois disso. Dá raiva ser criticada por algo que não fiz. Aliás, pouca gente me viu com raiva. Aborrecida é comum, com raiva uma exceção. Eu com raiva sou uma ameaça pública.
Em suma, eu sou uma pessoa chata e enjoada. Deve ser por isso que não tenho namorado, namorada, ficante, cachorro, gato, papagaio, plantas, muitos amigos ou emprego em que passe muito tempo. Nada que dure mais que dois verões.
Porque só eu me agüento e já é muito.
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