Salve Ojuorú :-)
Aha, pela 1a vez acessei seu blog e o que vejo: um link falando do seu irmão, e das pérolas que ele manda.
Então, agora que fui agraciado com estas palavras, envio uma das pérolas de maior sucesso nos últimos tempos.
Espero que goste.
Abraços,
Paulo Xaxá (vulgo Hermanito :-) )
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Após cada vôo, pilotos preenchem um formulário, comunicando aos mecânicos em terra qualquer problema que o avião tenha tido durante o vôo.
Os mecânicos o lêem e corrigem o problema, e, na metade inferior do formulário, descrevem por escrito a solução foi adotada. O piloto revê o relatório antes do vôo seguinte. Que não se diga que o pessoal de terra e os engenheiros não tenham senso de humor...
Aqui estão alguns problemas reais de manutenção submetidos pelos pilotos da Qantas (empresa aérea Australiana) e as soluções registradas pelos engenheiros. A propósito, Qantas é a única grande empresa aérea que nunca registrou acidente aéreo algum ( www.qantas.com.au).
(P = problema acusado pelo piloto)
(S = solução adotada pelo engenheiro em terra)
P: Pneu esquerdo principal interno quase precisando de substituição.
S: Pneu esquerdo principal interno quase substituído.
P: Teste de vôo OK, exceto pelo piloto automático, que pousa mal o avião.
S: Piloto automático não instalado nessa aeronave.
P: Alguma coisa está solta no cockpit.
S: Alguma coisa foi apertada no cockpit.
P: Besouros mortos no para-brisa.
S: Besouros vivos já encomendados.
P: Piloto automático não mantém nível, produzindo de ascensão de 200 pés por minuto.
S: Não pudemos reproduzir o problema no solo.
P: Evidências de vazamento na engrenagem principal de pouso.
S: Evidências removidas.
P: As travas de fricção estão prendendo os controles.
S: É para isso que servem as travas de fricção.
P: IFF inoperante.
S: IFF sempre inoperante quando DESLIGADO.
P: Suspeitamos de trinca no para-brisa.
S: Suspeitamos de que vocês estejam certos.
P: Turbina número 3 perdida.
S: Após breve busca, turbina número 3 localizada na asa direita.
P: A aeronave se comporta de modo engraçado.
S: A aeronave foi advertida para se comportar, voar direito e ficar séria.
P: O radar faz ruído fora de tom.
S: Radar reprogramado para executar líricos.
P: Rato no cockpit.
S: Gato prontamente instalado.
sexta-feira, setembro 22, 2006
quinta-feira, agosto 31, 2006
29 de Setembro de 2005
Agente Juliane X
12:28 AM
Relatório:
E agora, José?
- Por que o senhor veio aqui hoje, está sentindo o quê?
- Eu tenho uma dor na perna há muitos anos.
- E piorou hoje?
- É que eu ouvi Lula dizer na Voz do Brasil que qualquer médico pode dar um papel pro benefício.
Digam-me, Meus Deus, isso é uma EMERGÊNCIA?
12:28 AM
Relatório:
E agora, José?
- Por que o senhor veio aqui hoje, está sentindo o quê?
- Eu tenho uma dor na perna há muitos anos.
- E piorou hoje?
- É que eu ouvi Lula dizer na Voz do Brasil que qualquer médico pode dar um papel pro benefício.
Digam-me, Meus Deus, isso é uma EMERGÊNCIA?
Do antigo blog
Não é pra encher linguiça, mas alguns posts são realmente bons e temo que os atuais leitores não tenham lido.
30 de Setembro de 2005
Agente X
12:07 AM
Relatório:
Como assim, Bial?
Fui informada que a auditora do SUS acha minha letra certinha demais. Tão certinha que pensou que eu não examinava as crianças internadas, que eu levava os prontuários pra casa pra preencher, de tão uniformes que eram as evoluções. Agora sim, depois de anos de caligrafia na minha adultice, de mudar minha letra para 'de fôrma' pra melhorar a compreensão das receitas pelos pacientes, de estabelecer um padrão para evolução rápida e objetiva, me aparecem com essa. Todo mundo reclama de letra de médico feia, agora resolveram reclamar da minha só porque é organizada?
30 de Setembro de 2005
Agente X
12:07 AM
Relatório:
Como assim, Bial?
Fui informada que a auditora do SUS acha minha letra certinha demais. Tão certinha que pensou que eu não examinava as crianças internadas, que eu levava os prontuários pra casa pra preencher, de tão uniformes que eram as evoluções. Agora sim, depois de anos de caligrafia na minha adultice, de mudar minha letra para 'de fôrma' pra melhorar a compreensão das receitas pelos pacientes, de estabelecer um padrão para evolução rápida e objetiva, me aparecem com essa. Todo mundo reclama de letra de médico feia, agora resolveram reclamar da minha só porque é organizada?
Desculpem a ausência
A falta de internet em casa está prejudicando seriamente minha vida social. Prometo que vou voltar, mas primeiro tenho que me recuperar de uma severa crise, que me afastou 15 dias do posto. Acabo de receber a notícia que ainda devo ficar afastada por mais 20 dias, talvez um mês pela psiquiatra. É, médico adoece. Pra que não sabe: eu tenho depressão. Severa. Tomo meus remédios mais religiosamente do que obedeço à religião que professo. Sei lá quando fui à Igreja, mas tomo meus remédios, diariamente. Pode faltar comida, mas não falta remédio.
Depois eu conto a história dessa última vez.
Depois eu conto a história dessa última vez.
domingo, junho 11, 2006
Do Alta Fidelidade
E eu devo ter carimbado meu passaporte pro inferno, já que não só vi, como gostei do filme. Oooops.
Aliás, o filme é beeeeem melhor que o livro. Que tem um argumento sensacional, mas que é pessimamente escrito. Lógico que é um filme convencional, bem estilão Hollywood e bem estilão Ron Howard - mas prende a atenção, e não tem aquele monte de rodeios do livro (e, graças a Deus, o Akiva Goldsman teve o bom senso de tirar aquele romancezinho ridículo entre Langdon e Sophie do roteiro). E, não, não é desrespeitoso à figura de Jesus em momento algum, embora critique de forma veemente a Igreja Católica e, especialmente, a Opus Dei (a cena de auto-flagelação do Paul Bettany é assustadora).
Como o post sobre 'O Código DaVinci' está perfeito, recuso-me a escrever uma crítica. Estou roubando esta, tá bom? Detestei o livro, adorei a história, amei o filme.
Aliás, o filme é beeeeem melhor que o livro. Que tem um argumento sensacional, mas que é pessimamente escrito. Lógico que é um filme convencional, bem estilão Hollywood e bem estilão Ron Howard - mas prende a atenção, e não tem aquele monte de rodeios do livro (e, graças a Deus, o Akiva Goldsman teve o bom senso de tirar aquele romancezinho ridículo entre Langdon e Sophie do roteiro). E, não, não é desrespeitoso à figura de Jesus em momento algum, embora critique de forma veemente a Igreja Católica e, especialmente, a Opus Dei (a cena de auto-flagelação do Paul Bettany é assustadora).
Como o post sobre 'O Código DaVinci' está perfeito, recuso-me a escrever uma crítica. Estou roubando esta, tá bom? Detestei o livro, adorei a história, amei o filme.
Marcadores:
Cinema,
citações,
Literatura,
Vicky
Da Fal
Eu sei que já disse isso aqui, mas nunca é demais repetir:
"Minha cota de malucos tá preenchida até a próxima encarnação.
Por favor, pegue uma senha no balcão cármico e aguarde.
A gerência, compungida, agradece."
"Minha cota de malucos tá preenchida até a próxima encarnação.
Por favor, pegue uma senha no balcão cármico e aguarde.
A gerência, compungida, agradece."
Marcadores:
citações,
Fal Azevedo,
outros blogs
Do Drops da Fal
Bela diz:
Vc PRECISA ver o Tom Hanks de chapinha, amor!
Impagável.
Os caras devem ter feito um contrato milionário com ele...ninguém bota a cara na janela com aquela peruca channel...
se fosse eu, cobrava o dobro só pelo uso da peruquinha...adicional de insalubridade, oras...tá pensando o que?!
Vc PRECISA ver o Tom Hanks de chapinha, amor!
Impagável.
Os caras devem ter feito um contrato milionário com ele...ninguém bota a cara na janela com aquela peruca channel...
se fosse eu, cobrava o dobro só pelo uso da peruquinha...adicional de insalubridade, oras...tá pensando o que?!
Marcadores:
Cinema,
citações,
Fal Azevedo,
outros blogs
domingo, maio 14, 2006
Atualizando
Estou ainda sem internet, pagando pela assinatura em Recife e morando no interior. Prometo notícias em breve!
terça-feira, março 28, 2006
27.03.06
Podre de gripe. Fui me arrastando pro posto. Rezando pra ter pouca gente, e tinha. Depois dos 48 da última sexta, nada mais me surpreenderia. Agora eu tenho motivo pra limitar o número de fichas. As pessoas viram que não dá pra manter aquele número, mas se eu simplesmente dissesse que não dava, ninguém teria aceitado. Eles precisam ver.
Na verdade, o Ministério da Saúde limita 16 atendimentos por turno de 4 horas, o que justifica o limite de 32 fichas por dia.
Atendi 22, encaminhei três crianças pra emergência pra fazerem raio-x e internar, se necessário. À tarde, fui no hospital e só um teve que permanecer.
Uma gestante, vomitando sem parar há vários dias, foi atendida a emergência ontem e reiniciou os vômitos tão logo saiu. Apenas conversando (eu não queria chegar muito perto pra não passar gripe) descobri que ela está com uma infecção urinária, o que tem com freqüência. Isto pode causar abortamento, mas parece que os meus colegas não se importam ou não sabem, uma vez que o clínico de ontem a liberou e o obstetra de hoje nem olhou pra ela. Fui ao hospital expressamente para interná-la, iniciar soro e antibiótico. Faço questão de acompanhá-la durante o internamento. Sabe-se lá se vão mesmo evoluí-la ou apenas escrever a ficha sem olhá-la. Ainda mais depois de sábado.
Mamãe reencontrou todos os irmãos no velório e enterro. Meu avô teve 28 filhos e alguns já morreram, uns cinco. Esse era o único irmão que mamãe tinha por parte de mãe
Podre de gripe. Fui me arrastando pro posto. Rezando pra ter pouca gente, e tinha. Depois dos 48 da última sexta, nada mais me surpreenderia. Agora eu tenho motivo pra limitar o número de fichas. As pessoas viram que não dá pra manter aquele número, mas se eu simplesmente dissesse que não dava, ninguém teria aceitado. Eles precisam ver.
Na verdade, o Ministério da Saúde limita 16 atendimentos por turno de 4 horas, o que justifica o limite de 32 fichas por dia.
Atendi 22, encaminhei três crianças pra emergência pra fazerem raio-x e internar, se necessário. À tarde, fui no hospital e só um teve que permanecer.
Uma gestante, vomitando sem parar há vários dias, foi atendida a emergência ontem e reiniciou os vômitos tão logo saiu. Apenas conversando (eu não queria chegar muito perto pra não passar gripe) descobri que ela está com uma infecção urinária, o que tem com freqüência. Isto pode causar abortamento, mas parece que os meus colegas não se importam ou não sabem, uma vez que o clínico de ontem a liberou e o obstetra de hoje nem olhou pra ela. Fui ao hospital expressamente para interná-la, iniciar soro e antibiótico. Faço questão de acompanhá-la durante o internamento. Sabe-se lá se vão mesmo evoluí-la ou apenas escrever a ficha sem olhá-la. Ainda mais depois de sábado.
Mamãe reencontrou todos os irmãos no velório e enterro. Meu avô teve 28 filhos e alguns já morreram, uns cinco. Esse era o único irmão que mamãe tinha por parte de mãe
26.03.06
Depois de 24 horas sem dormir, ainda fiquei zanzando a manhã inteira em casa sem conseguir dormir. Quando finalmente comecei a cochilar depois do almoço, me telefonam porque um tio meu estava gravíssimo na capital. Não conseguia dirigir de tanto sono. Coloquei mamãe num ônibus e apaguei. A prometida gripe veio com tudo.
Não sei como, mamãe conseguiu ver meu tio fora do horário de visitas. Ele faleceu à noite.
Depois de 24 horas sem dormir, ainda fiquei zanzando a manhã inteira em casa sem conseguir dormir. Quando finalmente comecei a cochilar depois do almoço, me telefonam porque um tio meu estava gravíssimo na capital. Não conseguia dirigir de tanto sono. Coloquei mamãe num ônibus e apaguei. A prometida gripe veio com tudo.
Não sei como, mamãe conseguiu ver meu tio fora do horário de visitas. Ele faleceu à noite.
25.03.06
O primeiro paciente já era uma bronca. Teve uma convulsão e caiu num açude cheio de lama, que foi para os pulmões. Cinco pessoas para contê-lo e três injeções para sossegá-lo e fazer um raio-x. Seguiu direto pra capital, junto com outro que caiu da escada e deslocou o cotovelo.
Um paciente hipertenso controlado, ao ter alta após um internamento por diarréia, parou de falar antes de sair do hospital. Um AVC (derrame). Um velhinho da ala dos crônicos piorou da falta de ar. Internado há mais de um mês com infecção respiratória, só faz piorar. Deixei claro à filha dele que não havia mais o que fazer, ele estava morrendo, poderia ser a qualquer hora.
Avisei que só fizessem fichas de urgência mesmo. Muitas pessoas com gripe forte, suspeita de dengue e diarréia. Uma senhora caiu da escada e fraturou o braço. Como o senhor do AVC não melhorava, ambos foram encaminhados.
Uma moça com pedras na vesícula ficou amarela na sexta e acabou internada. Poderia ser uma infecção ou uma obstrução. Como ela já estava fazendo os exames pré-operatórios, internei-a para investigar e fazer a cirurgia logo.
O velhinho dos crônicos continuava com falta de ar. O município viznho estava sem médico. Suturei o joelho de um rapaz que caiu da bicicleta, o calcanhar de outro que caiu da moto. Uma moça entrou segurando o braço de tanta dor e acabou sendo um tumor no pulmão, provavelmente um abscesso, pois havia sinais de infecção pulmonar: febre, tosse, expectoração. Espero que não seja nada mais.
Uma senhora foi fazer um ultra-som do abdome e a médica percebeu um derrame na pleura (que reveste o pulmão). Havia falta de ar, tosse, sinais de insuficiência cardíca. O raio-x mostrou o coração dilatado. Estabilizei-a e a família conseguiu uma consulta pro cardiologista no mesmo dia numa cidade próxima.
Um senhor chegou cheio de espinhos nas costas e na cebeça. Nunca vi tanto espinho, nem tão grande e pequenos e tão difíceis de remover. Alguns tinhas mais de 1 cm. No final, ele queria pagar a mim e à auxiliar de enfermagem. Recusamos, explicamos o que era o SUS, que a gente já estava sendo paga. Então, ele mandou um lanche pra gente.
A filha de um paciente internado veio pedir que desse uma olhada nele. Desde o internamento não melhorava nada e a família queria uma definição pro caso. Não havia piorado, mas o médico da semana queria que eu explicasse o que ele tinha. Eu não tinha tempo nem pra pensar. Expliquei que não era uma urgência e, se pudesse, iria lá. Quando finalmente tive tempo, a ficha do paciente estava incompleta porque o médico da semana levou uma parte pra casa pra escrever, o que é ilegal, além de, se o paciente piora, ninguém sabe como ele estava. Liguei pro médico, comecei a perguntar como o paciente estava nos últimos dias, por que não se havia feito tal exame pra descartar tal diagnóstico. Ele foi engrossando e acabou desligando o telefone na minha cara. Depois disso, eu tenho sérias dúvidas se esse paciente foi mesmo examinado desde que foi admitido ou se os pacientes são mesmos examinados todo dia. Sem falar que eu não tinha a mínima obrigação de examinar um paciente que não apresentou intercorrência. O médico não queria sair de casa num final de semana pra justificar por que não havia feito nada pelo paciente durante a semana e jogou o serviço pra mim, que não poderia fazer nada sem a ficha completa.
Um paciente com dor de cabeça e uma hérnia foi medicado com buscopam e esqueceu que era alérgico a dipirona, apesar de interrogado por mim e pela enfermeira. Começou a inchar, a ficar rouco e sem ar. O que deveria ser uma permanência de uma hora, virou uma noite inteira e ele só não morreu sabe-se se lá porquê. Fizemos corticóide, adrenalina, oxigênio, enquanto dávamos um monte de carão nele.
Até meia-noite, não parei de trabalhar um instante. Até três da manhã era minha folga, mas uma criança com dor de cabeça há uma semana deu entrada convulsionado e me chamaram pra ajudar a colega. A menina já havia parado de respirar quando cheguei. O coração ainda batia. As pupilas dilatadas, apesar do oxigênio e do ambu indicavam lesão cerebral. Intubei-a, de máscara (havia uma forte suspeita de meningite), fizemos adrenalina, mas ela morreu. Até conter a mãe, que não aceitava que a doença tinha uma semana e não havia dado tempo nem de fazer um exame pra descartar meningite naquela noite (entre a admissão e a morte não se passaram 30 minutos), convencer o pai a fazer o exame em si mesmo, já que estava com febre no momento, fazer um calmante na mãe (que queria bater na equipe) com a ajuda da políca, acabou meu horário de folga.
Uma gripe começou a se anunciar, horrososa.
Gente com dor. Criança vomitando sem parar, e perdendo parar até que desisti e orientei reidratação oral, que deve ter durado umas seis horas ou mais. Um velhinho com asma grave e uma provável infecção respiratória. Um chato com uma crise de hérnia de disco que queria me convencer que o problema não era na coluna vertebral mas na perna onde havia tomado injeção há três dias pra dor nas costas, até que disse que procurasse um orotopedista urgente ou ficaria aleijado. O homem da alergia a dipirona havia voltado ao normal às seis da manhã.
Não preguei o olho.
O primeiro paciente já era uma bronca. Teve uma convulsão e caiu num açude cheio de lama, que foi para os pulmões. Cinco pessoas para contê-lo e três injeções para sossegá-lo e fazer um raio-x. Seguiu direto pra capital, junto com outro que caiu da escada e deslocou o cotovelo.
Um paciente hipertenso controlado, ao ter alta após um internamento por diarréia, parou de falar antes de sair do hospital. Um AVC (derrame). Um velhinho da ala dos crônicos piorou da falta de ar. Internado há mais de um mês com infecção respiratória, só faz piorar. Deixei claro à filha dele que não havia mais o que fazer, ele estava morrendo, poderia ser a qualquer hora.
Avisei que só fizessem fichas de urgência mesmo. Muitas pessoas com gripe forte, suspeita de dengue e diarréia. Uma senhora caiu da escada e fraturou o braço. Como o senhor do AVC não melhorava, ambos foram encaminhados.
Uma moça com pedras na vesícula ficou amarela na sexta e acabou internada. Poderia ser uma infecção ou uma obstrução. Como ela já estava fazendo os exames pré-operatórios, internei-a para investigar e fazer a cirurgia logo.
O velhinho dos crônicos continuava com falta de ar. O município viznho estava sem médico. Suturei o joelho de um rapaz que caiu da bicicleta, o calcanhar de outro que caiu da moto. Uma moça entrou segurando o braço de tanta dor e acabou sendo um tumor no pulmão, provavelmente um abscesso, pois havia sinais de infecção pulmonar: febre, tosse, expectoração. Espero que não seja nada mais.
Uma senhora foi fazer um ultra-som do abdome e a médica percebeu um derrame na pleura (que reveste o pulmão). Havia falta de ar, tosse, sinais de insuficiência cardíca. O raio-x mostrou o coração dilatado. Estabilizei-a e a família conseguiu uma consulta pro cardiologista no mesmo dia numa cidade próxima.
Um senhor chegou cheio de espinhos nas costas e na cebeça. Nunca vi tanto espinho, nem tão grande e pequenos e tão difíceis de remover. Alguns tinhas mais de 1 cm. No final, ele queria pagar a mim e à auxiliar de enfermagem. Recusamos, explicamos o que era o SUS, que a gente já estava sendo paga. Então, ele mandou um lanche pra gente.
A filha de um paciente internado veio pedir que desse uma olhada nele. Desde o internamento não melhorava nada e a família queria uma definição pro caso. Não havia piorado, mas o médico da semana queria que eu explicasse o que ele tinha. Eu não tinha tempo nem pra pensar. Expliquei que não era uma urgência e, se pudesse, iria lá. Quando finalmente tive tempo, a ficha do paciente estava incompleta porque o médico da semana levou uma parte pra casa pra escrever, o que é ilegal, além de, se o paciente piora, ninguém sabe como ele estava. Liguei pro médico, comecei a perguntar como o paciente estava nos últimos dias, por que não se havia feito tal exame pra descartar tal diagnóstico. Ele foi engrossando e acabou desligando o telefone na minha cara. Depois disso, eu tenho sérias dúvidas se esse paciente foi mesmo examinado desde que foi admitido ou se os pacientes são mesmos examinados todo dia. Sem falar que eu não tinha a mínima obrigação de examinar um paciente que não apresentou intercorrência. O médico não queria sair de casa num final de semana pra justificar por que não havia feito nada pelo paciente durante a semana e jogou o serviço pra mim, que não poderia fazer nada sem a ficha completa.
Um paciente com dor de cabeça e uma hérnia foi medicado com buscopam e esqueceu que era alérgico a dipirona, apesar de interrogado por mim e pela enfermeira. Começou a inchar, a ficar rouco e sem ar. O que deveria ser uma permanência de uma hora, virou uma noite inteira e ele só não morreu sabe-se se lá porquê. Fizemos corticóide, adrenalina, oxigênio, enquanto dávamos um monte de carão nele.
Até meia-noite, não parei de trabalhar um instante. Até três da manhã era minha folga, mas uma criança com dor de cabeça há uma semana deu entrada convulsionado e me chamaram pra ajudar a colega. A menina já havia parado de respirar quando cheguei. O coração ainda batia. As pupilas dilatadas, apesar do oxigênio e do ambu indicavam lesão cerebral. Intubei-a, de máscara (havia uma forte suspeita de meningite), fizemos adrenalina, mas ela morreu. Até conter a mãe, que não aceitava que a doença tinha uma semana e não havia dado tempo nem de fazer um exame pra descartar meningite naquela noite (entre a admissão e a morte não se passaram 30 minutos), convencer o pai a fazer o exame em si mesmo, já que estava com febre no momento, fazer um calmante na mãe (que queria bater na equipe) com a ajuda da políca, acabou meu horário de folga.
Uma gripe começou a se anunciar, horrososa.
Gente com dor. Criança vomitando sem parar, e perdendo parar até que desisti e orientei reidratação oral, que deve ter durado umas seis horas ou mais. Um velhinho com asma grave e uma provável infecção respiratória. Um chato com uma crise de hérnia de disco que queria me convencer que o problema não era na coluna vertebral mas na perna onde havia tomado injeção há três dias pra dor nas costas, até que disse que procurasse um orotopedista urgente ou ficaria aleijado. O homem da alergia a dipirona havia voltado ao normal às seis da manhã.
Não preguei o olho.
22.03.06
As quartas começam mais cedo. Como é dia de visita, quanto mais cedo começo, menos calor. Era dia dos velhinhos. A melhor do dia foi uma senhora de quase 102 anos, fazendo faxina, morando sozinha, que teve peste bubônica e viu um eclipse solar. Parece ter setenta.
Teve o casal de velhinhos, ele quase surdo, ela quase cega, criando cabras, com a casa imunda (acho que as cabras moram dentro da casa) com cocô de cabra até no sofá onde sentei. E a velhinha desbocada que jamais vai largar o cachimbo e teve 19 filhos, a maioria embaixo de árvores, no roçado, na beira do rio. Só teve um na cama. Todos sozinha.
Reunião com a equipe, interrompida pra verificar a pressão do pintor da comunidade e seu ajudante. Um ACS ainda não entregou a lista de hipertensos e diabéticos. O enfermeiro não estava na reunião e o mesmo ACS não veio, de novo, pra reunião.
Almoço no hospital, depois da evolução do berçário e da pediatria. Lavagem de roupa, arranquei mais um tanto do mato do jardim. Depois do jantar, comemoração do aniversário da nutricionista do hospital, com a assistente social, a fonoaudióloga e o fisioterapeuta. Tão bom que deveríamos marcar sempre.
As quartas começam mais cedo. Como é dia de visita, quanto mais cedo começo, menos calor. Era dia dos velhinhos. A melhor do dia foi uma senhora de quase 102 anos, fazendo faxina, morando sozinha, que teve peste bubônica e viu um eclipse solar. Parece ter setenta.
Teve o casal de velhinhos, ele quase surdo, ela quase cega, criando cabras, com a casa imunda (acho que as cabras moram dentro da casa) com cocô de cabra até no sofá onde sentei. E a velhinha desbocada que jamais vai largar o cachimbo e teve 19 filhos, a maioria embaixo de árvores, no roçado, na beira do rio. Só teve um na cama. Todos sozinha.
Reunião com a equipe, interrompida pra verificar a pressão do pintor da comunidade e seu ajudante. Um ACS ainda não entregou a lista de hipertensos e diabéticos. O enfermeiro não estava na reunião e o mesmo ACS não veio, de novo, pra reunião.
Almoço no hospital, depois da evolução do berçário e da pediatria. Lavagem de roupa, arranquei mais um tanto do mato do jardim. Depois do jantar, comemoração do aniversário da nutricionista do hospital, com a assistente social, a fonoaudióloga e o fisioterapeuta. Tão bom que deveríamos marcar sempre.
22.03.06
Ontem foi um dia tão cheio que nem escrevi. Era dia de atendimento de Pediatria, mas o que apareceu de idoso não foi brincadeira. Tive que mandar gente voltar porque havia palestra à tarde e não ia dar tempo mesmo. Quando finalmente acabei, fui fazer a produção. Quantos atendimentos de 1 a 4 anos, de 5 a 9, de 10 a 14, quantos hipertensos e diabéticos, quantos exames solicitados, nome, data de nascimento, peso, altura, cintura, pressão arterial de cada diabético e hipertenso, qual o remédio que toma, quantos comprimidos por dia, se teve derrame, infarto... Era hora do almoço e eu fazendo esse trabalho infeliz, sem ele o município não recebe o dinheiro do Governo. Então uma mãe chega na porta e quer que eu atenda a filha que estava com febre desde a madrugada. Expliquei que era hora de almoço e que eu ainda estava trabalhando, que ia sair em quinze minutos pra palestra e nem tinha comido ainda. “Mas a senhora não está fazendo nada”. “Isso, minha senhora, é trabalho, se a sua filha teve febre desde cedo, por que não veio de manhã? Tem gente do posto me esperando na associação de moradores. Outras crianças tiveram febre esta noite e foram atendidas.” As pessoas acham que papelada não é trabalho, e que estou à disposição a qualquer momento pra atender. SE a febre tivesse começado agora tudo bem, mas foi por comodismo. A menina foi pra emergência. Ou vcs acham justo deixar os velhinhos esperando no sol quente de uma da tarde porque a mãe preferiu arrumar a casa, fazer almoço e ir ao posto na hora em que estava vazio pra não ter que esperar?
A palestra, repeteco da semana passada prum outro público, começou com pouca gente, mas terminou com 40 pessoas. O local é mais ventilado. De fato, a maioria das pressões arteriais elevadas da última reunião foram devido ao calor. Na sexta-feira seguinte àquela palestra todas as pessoas com PA elevada foram ao posto e apenas duas estavam mesmo com a PA elevada.
A pediatra da terça-feira foi pra um congresso e me deixou no lugar dela. Depois da palestra, fui pro hospital. Atendi os pacientes particulares dela e fiquei de sobreaviso pra urgências no SUS até nove da noite. Nada muito anormal. Uma paciente querida chegou com um edema angioneurótico. Tenho uma foto desta crianaça e o inchaço deixou-a irreconhecível. Depois de uma injeção de corticóide, descobrimos que o avô lhe dera um comprimido pra dor de cabeça e ela já é alérgica a aspirina. Resta saber que o comprimido continha.
PS: 'Cibalena' era o nome do comprimido, que contém claro, aspirina. Esse povo é doido ou o quê? Eu dei UMA LISTA das medicações, inclusive explicando que AAS e aspirina são a mesma coisa. OUTRA lista com tudo que é analgésico que a menina pode tomar, etc, etc.
Ontem foi um dia tão cheio que nem escrevi. Era dia de atendimento de Pediatria, mas o que apareceu de idoso não foi brincadeira. Tive que mandar gente voltar porque havia palestra à tarde e não ia dar tempo mesmo. Quando finalmente acabei, fui fazer a produção. Quantos atendimentos de 1 a 4 anos, de 5 a 9, de 10 a 14, quantos hipertensos e diabéticos, quantos exames solicitados, nome, data de nascimento, peso, altura, cintura, pressão arterial de cada diabético e hipertenso, qual o remédio que toma, quantos comprimidos por dia, se teve derrame, infarto... Era hora do almoço e eu fazendo esse trabalho infeliz, sem ele o município não recebe o dinheiro do Governo. Então uma mãe chega na porta e quer que eu atenda a filha que estava com febre desde a madrugada. Expliquei que era hora de almoço e que eu ainda estava trabalhando, que ia sair em quinze minutos pra palestra e nem tinha comido ainda. “Mas a senhora não está fazendo nada”. “Isso, minha senhora, é trabalho, se a sua filha teve febre desde cedo, por que não veio de manhã? Tem gente do posto me esperando na associação de moradores. Outras crianças tiveram febre esta noite e foram atendidas.” As pessoas acham que papelada não é trabalho, e que estou à disposição a qualquer momento pra atender. SE a febre tivesse começado agora tudo bem, mas foi por comodismo. A menina foi pra emergência. Ou vcs acham justo deixar os velhinhos esperando no sol quente de uma da tarde porque a mãe preferiu arrumar a casa, fazer almoço e ir ao posto na hora em que estava vazio pra não ter que esperar?
A palestra, repeteco da semana passada prum outro público, começou com pouca gente, mas terminou com 40 pessoas. O local é mais ventilado. De fato, a maioria das pressões arteriais elevadas da última reunião foram devido ao calor. Na sexta-feira seguinte àquela palestra todas as pessoas com PA elevada foram ao posto e apenas duas estavam mesmo com a PA elevada.
A pediatra da terça-feira foi pra um congresso e me deixou no lugar dela. Depois da palestra, fui pro hospital. Atendi os pacientes particulares dela e fiquei de sobreaviso pra urgências no SUS até nove da noite. Nada muito anormal. Uma paciente querida chegou com um edema angioneurótico. Tenho uma foto desta crianaça e o inchaço deixou-a irreconhecível. Depois de uma injeção de corticóide, descobrimos que o avô lhe dera um comprimido pra dor de cabeça e ela já é alérgica a aspirina. Resta saber que o comprimido continha.
PS: 'Cibalena' era o nome do comprimido, que contém claro, aspirina. Esse povo é doido ou o quê? Eu dei UMA LISTA das medicações, inclusive explicando que AAS e aspirina são a mesma coisa. OUTRA lista com tudo que é analgésico que a menina pode tomar, etc, etc.
segunda-feira, março 20, 2006
20.03.06
Nada ainda da mudança grande. O caminhão foi pra revisão e só estará pronto amanhã. Na sexta, trouxe mamãe e Jolie pra verem como a casa ficou excelente depois de pintada. Claro que Jolie fez xixi na cozinha e quartos, cheirou a casa toda e adorou tanto espaço pra correr. Acho que ela nunca teve tanto espaço.
A louça extra de mamãe veio, mais livros (o resto da biblioteca médica, todos os romances médicos e de autores médicos, “Os reis malditos”, claro). A coleção do Batman já está com meu irmão. A gente coleciona Batman há uns quinze anos e resolvi dar-lhe a coleção de presente de formatura.
Ontem trouxe a TV, o vídeos e alguns filmes. Não sei se tenho mais livros ou filmes. Vou catalogar depois eu digo. Lavei tanta roupa ontem que a corda encheu. Só agora me dou conta da dificuldade que era lavar roupa num apartamento. Num instante a roupa seca aqui.
Comecei a arrancar o mato do jardim. A terra está tão seca que desisti. Molhei os canteiros e vou tentar hoje de novo.
Trouxe parte da louça e os vidros da cozinha. A única coisa que não se substitui eu já quebrei: minha placa de formatura. É a segunda placa que quebra.
Deixa eu ir trabalhar. Tenho que postar isso. Meus parcos leitores devem pensar que morri.
Nada ainda da mudança grande. O caminhão foi pra revisão e só estará pronto amanhã. Na sexta, trouxe mamãe e Jolie pra verem como a casa ficou excelente depois de pintada. Claro que Jolie fez xixi na cozinha e quartos, cheirou a casa toda e adorou tanto espaço pra correr. Acho que ela nunca teve tanto espaço.
A louça extra de mamãe veio, mais livros (o resto da biblioteca médica, todos os romances médicos e de autores médicos, “Os reis malditos”, claro). A coleção do Batman já está com meu irmão. A gente coleciona Batman há uns quinze anos e resolvi dar-lhe a coleção de presente de formatura.
Ontem trouxe a TV, o vídeos e alguns filmes. Não sei se tenho mais livros ou filmes. Vou catalogar depois eu digo. Lavei tanta roupa ontem que a corda encheu. Só agora me dou conta da dificuldade que era lavar roupa num apartamento. Num instante a roupa seca aqui.
Comecei a arrancar o mato do jardim. A terra está tão seca que desisti. Molhei os canteiros e vou tentar hoje de novo.
Trouxe parte da louça e os vidros da cozinha. A única coisa que não se substitui eu já quebrei: minha placa de formatura. É a segunda placa que quebra.
Deixa eu ir trabalhar. Tenho que postar isso. Meus parcos leitores devem pensar que morri.
Marcadores:
Batman,
meu irmão,
meus escritos,
minha família de coração
16.03.06
Uma enxaqueca atrapalhou-me a vida hoje. Pensei seriamente se dava pra trabalhar, mas não gosto de deixar as pessoas esperando e fui-me embora, com as mais horrorosas olheiras que jamais tive. Esqueci a bata e passei o dia de camiseta de malha, sandália rasteira e saia cigana. O pessoal não deve ter entendido nada.
Das crianças com diarréia, só um piorou. Pude dar alta a alguns e suspender o soro de outros. No berçário, dois recém-nascidos tiveram alta e outro saiu da incubadora. Deve ser uma alegria pra mãe ver o filho, que estava com um capacete pra oxigênio, uma sonda pra alimentação, soro e em fototerapia numa incubadora, ir saindo desses aparelhos e finalmente ir pro alojamento conjunto pra mamar no peito.
Por R$ 14,00 tenho água na torneira da cozinha, que eu mesma troquei, claro. Descobri que encher a caixa d’água dá manchas no teto do banheiro e da cozinha. Apareceu outra barata.
Ao falar ao telefone dentro de casa, o som reverbera nas salas e quartos vazios. Sei lá por quê, não me sinto sozinha ou solitária. Deve ser o computador.
Uma enxaqueca atrapalhou-me a vida hoje. Pensei seriamente se dava pra trabalhar, mas não gosto de deixar as pessoas esperando e fui-me embora, com as mais horrorosas olheiras que jamais tive. Esqueci a bata e passei o dia de camiseta de malha, sandália rasteira e saia cigana. O pessoal não deve ter entendido nada.
Das crianças com diarréia, só um piorou. Pude dar alta a alguns e suspender o soro de outros. No berçário, dois recém-nascidos tiveram alta e outro saiu da incubadora. Deve ser uma alegria pra mãe ver o filho, que estava com um capacete pra oxigênio, uma sonda pra alimentação, soro e em fototerapia numa incubadora, ir saindo desses aparelhos e finalmente ir pro alojamento conjunto pra mamar no peito.
Por R$ 14,00 tenho água na torneira da cozinha, que eu mesma troquei, claro. Descobri que encher a caixa d’água dá manchas no teto do banheiro e da cozinha. Apareceu outra barata.
Ao falar ao telefone dentro de casa, o som reverbera nas salas e quartos vazios. Sei lá por quê, não me sinto sozinha ou solitária. Deve ser o computador.
Marcadores:
meus escritos,
PSF,
ser escritora,
ser médica,
solidão
15.03.06
Minha perna parou de doer depois de andar duas horas no sol quente, fazendo visitas domiciliares. Tecnicamente, só deveríamos visitar acamados, mas na prática, qualquer comunitário que não consegue se locomover sozinho até o posto é visto em casa. Geralmente, são hipertensos sequelados de AVC (derrame) e idosos. Hoje vi muitas crianças, vítimas de infecções congênitas como rubéola e paralisia cerebral, prova de partos mal assistidos.
Tivemos reunião com a equipe, orientações pros agentes de saúde e depois fui ver os recém-nascidos e crianças internadas no hospital da cidade.
A enfermaria estava cheia de crianças com diarréia e vômitos, típicos de rotavírus, a diarréia mais comum em crianças. Com a quantidade de moscas que tem havido, não me surpreendo.
Um garotinho de 9 anos, que já havia sido atendido por mim há uns meses, ‘esqueceu’ que era alérgico a paracetamol e ibuprofeno, além de dipirona e teve um edema angioneurótico. Parecia um camarão. O problema é se tiver dor ou febre. Não há nada a fazer, exceto morfina.
Finalmente lavei roupa. Tenho tanto espaço pra estender roupa que fiquei namorando a corda de roupa. Só quem vive em apartamento pode entender a sensação.
Minha perna parou de doer depois de andar duas horas no sol quente, fazendo visitas domiciliares. Tecnicamente, só deveríamos visitar acamados, mas na prática, qualquer comunitário que não consegue se locomover sozinho até o posto é visto em casa. Geralmente, são hipertensos sequelados de AVC (derrame) e idosos. Hoje vi muitas crianças, vítimas de infecções congênitas como rubéola e paralisia cerebral, prova de partos mal assistidos.
Tivemos reunião com a equipe, orientações pros agentes de saúde e depois fui ver os recém-nascidos e crianças internadas no hospital da cidade.
A enfermaria estava cheia de crianças com diarréia e vômitos, típicos de rotavírus, a diarréia mais comum em crianças. Com a quantidade de moscas que tem havido, não me surpreendo.
Um garotinho de 9 anos, que já havia sido atendido por mim há uns meses, ‘esqueceu’ que era alérgico a paracetamol e ibuprofeno, além de dipirona e teve um edema angioneurótico. Parecia um camarão. O problema é se tiver dor ou febre. Não há nada a fazer, exceto morfina.
Finalmente lavei roupa. Tenho tanto espaço pra estender roupa que fiquei namorando a corda de roupa. Só quem vive em apartamento pode entender a sensação.
Marcadores:
meus escritos,
PSF,
ser médica
14.03.06
Minha perna direita ainda dói. Sei lá o que é isso.
Muitos atendimentos de Pediatria, meninos com perebas, asma, gripe, diarréia. Gente grande com vacina atrasada. Desde que vi tétano ao vivo (e vi muito) jurei nunca deixar alguém passar por mim com a vacina atrasada. Pode chiar, nem ligo. Se perceber que vai sair de fininho, faço questão de entregar nas mãos da técnica de enfermagem.
Gente, bastante gente na primeira palestra de hipertensos e diabéticos. Pra variar, numa Igreja. Quando não tem outro lugar, se faz na Igreja e acho que Deus fica muito feliz com o exercício de livre-arbítrio. Quem quiser seguir os conselhos pra viver melhor, segue. Quem não quiser, morre, ou fica em cima de uma cama.
Um calor de matar. Aposto que metade das pressões alteradas eram devido à sacristia onde verifiquei as pressões. Uma verdadeira sauna.
Finalmente quando chego em casa, descubro que o vizinho colocou seu caminhão de 300 metros trancando minha garagem e deixando a dele livre(!). Depois de tocar na campainha, fazer um buzinaço e não encontrar o infeliz, deixei um bilhete no pára-brisa:”é favor não me trancar novamente”.
Meu fisioterapeuta me ensinou pôquer. Ou tentou, e eu é que preciso jogar mais. Cansei de não entender aqueles filmes como Maverick, com gente fazendo ‘ohs’ e ‘ahs’ diante de um Royal Street Flush, ou qualquer coisa que o valha. Por via das dúvidas, continuo jogando paciência no computador.
Deixa eu ir lavar minha bata, a louça e estudar o controle farmacológico da hipertensão.
Minha perna direita ainda dói. Sei lá o que é isso.
Muitos atendimentos de Pediatria, meninos com perebas, asma, gripe, diarréia. Gente grande com vacina atrasada. Desde que vi tétano ao vivo (e vi muito) jurei nunca deixar alguém passar por mim com a vacina atrasada. Pode chiar, nem ligo. Se perceber que vai sair de fininho, faço questão de entregar nas mãos da técnica de enfermagem.
Gente, bastante gente na primeira palestra de hipertensos e diabéticos. Pra variar, numa Igreja. Quando não tem outro lugar, se faz na Igreja e acho que Deus fica muito feliz com o exercício de livre-arbítrio. Quem quiser seguir os conselhos pra viver melhor, segue. Quem não quiser, morre, ou fica em cima de uma cama.
Um calor de matar. Aposto que metade das pressões alteradas eram devido à sacristia onde verifiquei as pressões. Uma verdadeira sauna.
Finalmente quando chego em casa, descubro que o vizinho colocou seu caminhão de 300 metros trancando minha garagem e deixando a dele livre(!). Depois de tocar na campainha, fazer um buzinaço e não encontrar o infeliz, deixei um bilhete no pára-brisa:”é favor não me trancar novamente”.
Meu fisioterapeuta me ensinou pôquer. Ou tentou, e eu é que preciso jogar mais. Cansei de não entender aqueles filmes como Maverick, com gente fazendo ‘ohs’ e ‘ahs’ diante de um Royal Street Flush, ou qualquer coisa que o valha. Por via das dúvidas, continuo jogando paciência no computador.
Deixa eu ir lavar minha bata, a louça e estudar o controle farmacológico da hipertensão.
Marcadores:
meus escritos,
PSF,
ser médica
13.03.06
Por incrível que pareça meus pés estão imundos, andando pela casa que lavei ontem. Lavei mesmo, num raríssimo desperdício de água. Vai entender.
Também não entendo por que minhas pernas doem, se foram meus braços que esfregaram o chão, arrastaram a água e torceram panos de chão. Desaprendi anatomia.
Segundo dia no posto. Trinta atendimentos, livre demanda. Continuo fiel à minha promessa de não deixar passar ninguém com a vacina de tétano atrasada. Aviso ás mães que só atendo a criança na próxima vez com o cartão de vacina. Criança com brotoejas por causa do calor. Fazer o quê se até eu tive brotoeja esse ano? Eu, que nasci em pleno novembro e nunca tinha tido?
Calor. Calor. Os agentes de saúde começaram a entregar as listagens de acamados, hipertensos e diabéticos para eu me planejar. Faltou água no posto e atendi uma porção de gente com escabiose (sarna) e um caso de conjuntivite, sem poder lavar as mãos.
Devagar estou me apresentando à casa nova. Falta limpar o jardim, o quintal, os quartos de despejo, o banheiro externo. Há muito tempo que não tinha uma casa tão grande pra limpar, mais de dez anos pra falar a verdade. E estou adorando.
Hoje não deu tempo pra postar. Faço isso amanhã.
Por incrível que pareça meus pés estão imundos, andando pela casa que lavei ontem. Lavei mesmo, num raríssimo desperdício de água. Vai entender.
Também não entendo por que minhas pernas doem, se foram meus braços que esfregaram o chão, arrastaram a água e torceram panos de chão. Desaprendi anatomia.
Segundo dia no posto. Trinta atendimentos, livre demanda. Continuo fiel à minha promessa de não deixar passar ninguém com a vacina de tétano atrasada. Aviso ás mães que só atendo a criança na próxima vez com o cartão de vacina. Criança com brotoejas por causa do calor. Fazer o quê se até eu tive brotoeja esse ano? Eu, que nasci em pleno novembro e nunca tinha tido?
Calor. Calor. Os agentes de saúde começaram a entregar as listagens de acamados, hipertensos e diabéticos para eu me planejar. Faltou água no posto e atendi uma porção de gente com escabiose (sarna) e um caso de conjuntivite, sem poder lavar as mãos.
Devagar estou me apresentando à casa nova. Falta limpar o jardim, o quintal, os quartos de despejo, o banheiro externo. Há muito tempo que não tinha uma casa tão grande pra limpar, mais de dez anos pra falar a verdade. E estou adorando.
Hoje não deu tempo pra postar. Faço isso amanhã.
Marcadores:
PSF,
ser escritora,
ser médica
12.03.06
Hoje foi um misto de ‘Um dia a casa cai’ e ‘Sob o sol da Toscana’. Desde sexta-feira que viajo a Recife e volto com o carro cheio de coisas. Hoje vim para ficar. A mudança mesmo só vem no próximo final de semana, mas não agüento mais ficar incomodando na casa dos outros.
Então hoje vim lavar a casa e tenho o essencial pra me sentir em casa, incluindo o PC, minha caixa de chá e alguns (oito!) livros novos, que comprei no meio da rua, com um homem que Fernanda descobriu lá na Várzea.
Claro que o computador ainda não está num lugar próprio e escrever demais dá dor nas costas. A TV não me faz falta, falta faz o vídeo. Eu amaria assistir ‘O casamento do meu melhor amigo’ agora. Depois de uma overdose de filmes tratando de racismo (‘crash’, ‘duelo de titãs’ e ‘Rosewood’) eu só queria algo leve.
Depois de muitos baldes d’água a casa começa a se fazer sociável. Vou arranjar alguém pra dar uma geral nas janelas e armários antes dos móveis chegarem, eu até faria isso, mas ando sem disposição. Deve ser a idade.
Agora que lavei tudo, vi as teias de aranha nos spots e apareceu uma barata. Já percebeu que barata adora aparecer depois de faxina? Por que será?
Só depois que a gente assina o contrato me se muda é que percebe que a torneira da cozinha não presta, que a porta da sala emperra, que tem um vidro trincado na janela da cozinha. Na verdade, essa é a segunda vez que recebo um imóvel em perfeitas condições de uso. É a primeira vez que recebo em excelentes condições. Tudo pintado, consertado, exceto por esses detalhes pequenos acima. Como eu vi o estado anterior da casa, acho que fizeram até demais.
Hoje foi um misto de ‘Um dia a casa cai’ e ‘Sob o sol da Toscana’. Desde sexta-feira que viajo a Recife e volto com o carro cheio de coisas. Hoje vim para ficar. A mudança mesmo só vem no próximo final de semana, mas não agüento mais ficar incomodando na casa dos outros.
Então hoje vim lavar a casa e tenho o essencial pra me sentir em casa, incluindo o PC, minha caixa de chá e alguns (oito!) livros novos, que comprei no meio da rua, com um homem que Fernanda descobriu lá na Várzea.
Claro que o computador ainda não está num lugar próprio e escrever demais dá dor nas costas. A TV não me faz falta, falta faz o vídeo. Eu amaria assistir ‘O casamento do meu melhor amigo’ agora. Depois de uma overdose de filmes tratando de racismo (‘crash’, ‘duelo de titãs’ e ‘Rosewood’) eu só queria algo leve.
Depois de muitos baldes d’água a casa começa a se fazer sociável. Vou arranjar alguém pra dar uma geral nas janelas e armários antes dos móveis chegarem, eu até faria isso, mas ando sem disposição. Deve ser a idade.
Agora que lavei tudo, vi as teias de aranha nos spots e apareceu uma barata. Já percebeu que barata adora aparecer depois de faxina? Por que será?
Só depois que a gente assina o contrato me se muda é que percebe que a torneira da cozinha não presta, que a porta da sala emperra, que tem um vidro trincado na janela da cozinha. Na verdade, essa é a segunda vez que recebo um imóvel em perfeitas condições de uso. É a primeira vez que recebo em excelentes condições. Tudo pintado, consertado, exceto por esses detalhes pequenos acima. Como eu vi o estado anterior da casa, acho que fizeram até demais.
sábado, março 04, 2006
sexta-feira, março 03, 2006
sábado, fevereiro 25, 2006
Sobre Bono Vox, jovens e a "Atoladinha"
Não sei se todos vocês assistiram o show realizado essa semana pelo grupo Irlandês U2, no Morumbi, transmitido pela Globo e pelo Multishow.Quisera eu estar lá, não só pelo show em si, mas pela qualidade das músicas do U2, sobretudo suas letras, que versam bem a situação da Irlanda na época do surgimento do grupo, mas como também, da situação atual do mundo nos diversos conflitos em andamento no globo.
Mais uma vez U2 deu seu recado de paz a todos. No telão foi mostrada desde a declaração dos direitos humanos até mensagens aos povos em guerra,. Ao sair Bono Vox, inclusive, deixou um terço pendurado ao microfone quando da finalização do show. Sem dúvida alguma um espetáculo à parte, vez que essas mensagens colocadas em um telão no palco, vão de encontro preciso às letras inteligentes das músicas do U2,como Miss Sarajevo, Sunday Bloody Sunday, New Year's Day, Where The Streets Have No Name, etc.
Fui dormir e acordei feliz com o show. De alma lavada. Um grupo dando uma mensagem destas aos nossos jovens é excelente. Mas minha felicidade durou pouco. Em pleno almoço, no self-service que constumo freqüentar, tive a infelicidade de ouvir dois jovens conversando: "Você viu o show do U2 ontem?""Beleza!véio, muito massa!" "Aquele Bono é doido de mais no palco, véi! Você viu? Ele tava usando uma faixa na cabeça com uns símbolos bem doidos!" "Vi! Depois ele saiu andando com a faixa nos olhos..." "Só... Depois ele deixou um terço no microfone... Muito maluco..."
Foi aí que percebi, para minha maior desilusão, que esses dois infelizes não tinham entendido nada das mensagens que foram passadas no Show. Foi quando minha ficha caiu que, deploravelmente, hoje, a maioria dos nossos jovens e até alguns adultos, não tem exercitado o seu raciocínio a tempos e, desta forma, sequer possuem capacidade suficiente para entender as mensagens de Bono e o que aquela "faixa com uns símbolos bem doidos" queria dizer. Afinal, para uma geração que escuta "Poderosa, rainha do Funk", "To ficando atoladinha", "Eguinha Pocotó" e outras músicas do gênero, com letras riquíssimas que exigem um raciocínio acima do comum, não poderiam mesmo entender uma mensagem como a que Bono quis passar. Talvez por falta de raciocínio, talvez até mesmo pela falta de cultura atual de nossa população que não têm conhecimento suficiente para entender os símbolos da faixa do Bono, que eu, na minha adolescência, e acredito que todos da minha geração
conseguiriam entender...
Notei que hoje a qualidade da cultura de nossos jovens, esses só permitem entender as letras de músicas básicas, que falem dos instintos, mas nada de mais apurado. Qualquer coisa que exija raciocínio então, nem pensar! É por isso que hoje as músicas que fazem sucesso são o que são em matéria de ritmo. Letras e harmonia pobres. Bono, em seu show, usou uma faixa na testa com o texto "Coexist" (coexista em inglês), escrito de modo bem peculiar para dar o recado a Palestinos e Judeus: o "C" era a meia-lua presente na bandeira da Palestina enquanto o X era simbolizado pela Estrela de Davi, da bandeira de Israel e o T, era a cruz de Jesus. Interessante que, no telão do show, ainda puderam escrever o texto em português, acrescentando o "A" ao final.
Era uma mensagem aos jovens do mundo para coexistirem sem guerras. Bono inclusive andou "às cegas" pela pista que levava ao palco a fim chamar a atenção para a confiança cega que deve haver entre os povos irmãos. Jonis Joplin, Joan Baez, Bob Dylan, Bob Marley e John Lennon fizeram isso com muita dignidade nos anos 70. Aliás, derrubaram barreiras na Mídia, uma vez que a liberdade era azul... Entretanto essa mensagem, pelo menos à maioria dos jovens brasileiros, nem sequer entrou na cabeça, para poder sair por outro orifício qualquer. Foi, infelizmente, um desperdício, assim como várias outras mensagens que ele passou no show e que devem ter caído na vala comum. Eles estão surdos e perdidos no espaço!
Acredito que nem se ele escrevesse em português claro, alguns ainda não entenderiam, uma vez que a maioria hoje não sabe nem ler e escrever corretamente...E assim que, após assistirem a um show deste naipe, os jovens ainda continuarão, brigando por nada, se matando por nada, se drogando por nada... Para variar, a escalada de violência vai explodir neste Carnaval, apesar da "armação ilimitada" do Governo do Estado.
É triste ver que a nossa juventude, face ao que demonstra o seu raciocínio, sua forma de escrever, seu gosto musical e sua forma de conversar, tende a levar o Brasil para eras de "tenebrosas tentações" em que a inteligência e a lógica de raciocínio vão ser algo muito, muito raros. Deste jeito o futuro de nosso país vai, cada vez mais, ficando "atoladinho"...
Chico Carlos é jornalista/radialista
Fonte: SIMEPE
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Do Vinhos e Livros
Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia."Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência.Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo.
Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poderde definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo?Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se.
Millôr Fernandes, humorista, teatrólogo e jornalista carioca
Sinceramente, perfeito pra hoje, depois do Prefeito de porra nenhuma- que me decidiu me demitir sem nem falar comigo porque ouviu falar que eu gritei com o povo do posto (que gritou comigo, eu não)- não pagou nem os dias que trabalhei no posto nem os plantões do hospital. "Talvez no próximo mês". Agora que não tenho dinheiro pra porra nenhuma, resolvi gritar "foda-se" pro mundo: desisti ser médica. Não volto pra profissão nem fodendo, aliás, prefiro foder por dinheiro que voltar a ser médica.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia."Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência.Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo.
Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poderde definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo?Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se.
Millôr Fernandes, humorista, teatrólogo e jornalista carioca
Sinceramente, perfeito pra hoje, depois do Prefeito de porra nenhuma- que me decidiu me demitir sem nem falar comigo porque ouviu falar que eu gritei com o povo do posto (que gritou comigo, eu não)- não pagou nem os dias que trabalhei no posto nem os plantões do hospital. "Talvez no próximo mês". Agora que não tenho dinheiro pra porra nenhuma, resolvi gritar "foda-se" pro mundo: desisti ser médica. Não volto pra profissão nem fodendo, aliás, prefiro foder por dinheiro que voltar a ser médica.
Marcadores:
citações,
escritores,
outros blogs,
PSF,
ser médica
"Não se pode desistir de uma coisa só porque é difícil" (Roberta Gaspari-Demetras, em 'Música do Coração')
Chorei horrores.
Chorei horrores.
Marcadores:
Cinema,
citações,
PSF,
ser bipolar,
ser médica
A mais profunda verdade
Ando pensando seriamente em me prostituir. É mais digno que continuar nesta profissão. E mais honesto também.
Da Anvisa
Brasília, 22 de fevereiro de 2006 - 11h30
Lote de anti-parasitário é interditado
A Anvisa determinou a interdição cautelar, em todo país, do medicamento genérico Albendazol 400 mg – comprimidos, lote nº 05H091, produzido pelo laboratório EMS/SA, de São Bernardo do Campo- SP.
O medicamento, utilizado como anti-parasitário, apresentou resultado insatisfatório no ensaio de dissolução, elaborado pelo Laboratório Central de Saúde Pública – IPB/Lacen/RS.
* * *
Empresa recolhe lote do produto Clexane
A empresa Sanofi-Aventis decidiu recolher 30 lotes do produto CLEXANE (enoxaparina) 40mg/4ml seringas pré-enchidas, que foram distribuídos mundialmente.
O fabricante detectou a ocorrência de uma concentração superior à especificação do princípio ativo em um número limitado de seringas. O lote que veio para o Brasil foi o de número 598. Segundo informações da empresa, algumas seringas podem apresentar a concentração máxima de 46 mg.
Informação: Assessoria de Imprensa da Anvisa
Lote de anti-parasitário é interditado
A Anvisa determinou a interdição cautelar, em todo país, do medicamento genérico Albendazol 400 mg – comprimidos, lote nº 05H091, produzido pelo laboratório EMS/SA, de São Bernardo do Campo- SP.
O medicamento, utilizado como anti-parasitário, apresentou resultado insatisfatório no ensaio de dissolução, elaborado pelo Laboratório Central de Saúde Pública – IPB/Lacen/RS.
* * *
Empresa recolhe lote do produto Clexane
A empresa Sanofi-Aventis decidiu recolher 30 lotes do produto CLEXANE (enoxaparina) 40mg/4ml seringas pré-enchidas, que foram distribuídos mundialmente.
O fabricante detectou a ocorrência de uma concentração superior à especificação do princípio ativo em um número limitado de seringas. O lote que veio para o Brasil foi o de número 598. Segundo informações da empresa, algumas seringas podem apresentar a concentração máxima de 46 mg.
Informação: Assessoria de Imprensa da Anvisa
Marcadores:
ser médica,
Utilidade Pública
terça-feira, fevereiro 21, 2006
A tal concessionária da FIAT (de novo)
Claaaaro que o ar-condicionado do carro já quebrou, com menos de um mês de uso. E olha que eu nem uso muito porque gasta muito combustível. Voltei na tal concessionária, que me encheu a paciência, garantindo que pode acontecer isso, etc e tal. Não quero nem saber. Se quebrar de novo, aciono minha cunhada, acessora de imprensa. Vão se dar mal.
Do meu irmão
Meu irmão é uma figura. Faz a manutenção dos computadores da Federal e não tem blog, fotolog e mal entra no Orkut. Mas me manda umas pérolas de vez em quando e sempre resolve as broncas do meu PC. De graça, claro.
UPGRADE DE NAMORADO 5.0 PARA MARIDO 1.0
Caro Suporte Técnico,
Ano passado fiz um upgrade do NAMORADO 5.0 para o MARIDO 1.0(ou seja: casei...) notei uma redução significativa de performance, principalmente nos aplicativos FLORES E JÓIAS, que operavam sem falhas no NAMORADO 5.0.
Além disso, o MARIDO 1.0 desinstalou outros programas importantes como ROMANCE 9.5 E ATENÇAO AO QUE EU DIGO 6.5 e instalou aplicativos indesejáveis como CAMPEONATO BRASILEIRO 5.0.
Também não tenho conseguido rodar o programa CONVERSAÇÃO 8.0 e o LIMPANDO A CASA 2.5 pois simplesmente trava o sistema. Tentei rodar o RECLAMANDO 5.3 para corrigir esses bugs e não consegui nada. O que faço?Ass.:Desesperada.
RESPOSTA: SUPORTE TÉCNICO
Cara Desesperada,
Primeiramente, tenha em mente que o NAMORADO 5.0 é um pacote de Entretenimento, enquanto MARIDO 1.0 é um sistema operacional.
Comece fazendo um download de LÁGRIMAS 6.2 e depois digite o comando C:/EU PENSEI QUE VOCE ME AMAVA para instalar o CULPA 3.0. Essa operação, atualiza automaticamente os aplicativos FLORES 3.5 E JÓIAS 2.0. Mas lembre-se que o uso em excesso desses aplicativos no MARIDO 1.0 pode ativar alguns programas indesejáveis como SILÊNCIO TOTAL 6.1, FUTEBOL COM AMIGOS 7.0, que invariavelmente instala o CERVEJA 6.1.
Este último é terrível, pois cria arquivos tipo WAVE da versão RONCANDO ALTO 2.5.
De qualquer forma, NUNCA, instale SOGRA 1.0 ou reinstale qualquer versão de NAMORADO. Estes aplicativos são incompatíveis e vão travar o MARIDO 1.0.
Em resumo, o MARIDO 1.0 é um ótimo sistema, mas ele tem limitações de memória e demora a rodar certos aplicativos. Para o perfeito funcionamento do sistema, sugerimos que a senhora adquira alguns programas adicionais: Recomendamos: o JANTAR ROMÂNTICO 3.0 e o LINGERIE 6.9!!!
Muito cuidado. Algumas clientes instalam o FILHO 1.0 para tentar dar estabilidade ao sistema e muitas vezes isso causa uns efeitos contrários, sendo necessária antes uma verificação total no sistema, para garantir espaço no HD e principalmente ter um SWAP adequado no MONEY 3.0.
Boa Sorte.
Atenciosamente,
Suporte Técnico
Rodando com sistema operacional SOLTEIRO 9.9.
UPGRADE DE NAMORADO 5.0 PARA MARIDO 1.0
Caro Suporte Técnico,
Ano passado fiz um upgrade do NAMORADO 5.0 para o MARIDO 1.0(ou seja: casei...) notei uma redução significativa de performance, principalmente nos aplicativos FLORES E JÓIAS, que operavam sem falhas no NAMORADO 5.0.
Além disso, o MARIDO 1.0 desinstalou outros programas importantes como ROMANCE 9.5 E ATENÇAO AO QUE EU DIGO 6.5 e instalou aplicativos indesejáveis como CAMPEONATO BRASILEIRO 5.0.
Também não tenho conseguido rodar o programa CONVERSAÇÃO 8.0 e o LIMPANDO A CASA 2.5 pois simplesmente trava o sistema. Tentei rodar o RECLAMANDO 5.3 para corrigir esses bugs e não consegui nada. O que faço?Ass.:Desesperada.
RESPOSTA: SUPORTE TÉCNICO
Cara Desesperada,
Primeiramente, tenha em mente que o NAMORADO 5.0 é um pacote de Entretenimento, enquanto MARIDO 1.0 é um sistema operacional.
Comece fazendo um download de LÁGRIMAS 6.2 e depois digite o comando C:/EU PENSEI QUE VOCE ME AMAVA para instalar o CULPA 3.0. Essa operação, atualiza automaticamente os aplicativos FLORES 3.5 E JÓIAS 2.0. Mas lembre-se que o uso em excesso desses aplicativos no MARIDO 1.0 pode ativar alguns programas indesejáveis como SILÊNCIO TOTAL 6.1, FUTEBOL COM AMIGOS 7.0, que invariavelmente instala o CERVEJA 6.1.
Este último é terrível, pois cria arquivos tipo WAVE da versão RONCANDO ALTO 2.5.
De qualquer forma, NUNCA, instale SOGRA 1.0 ou reinstale qualquer versão de NAMORADO. Estes aplicativos são incompatíveis e vão travar o MARIDO 1.0.
Em resumo, o MARIDO 1.0 é um ótimo sistema, mas ele tem limitações de memória e demora a rodar certos aplicativos. Para o perfeito funcionamento do sistema, sugerimos que a senhora adquira alguns programas adicionais: Recomendamos: o JANTAR ROMÂNTICO 3.0 e o LINGERIE 6.9!!!
Muito cuidado. Algumas clientes instalam o FILHO 1.0 para tentar dar estabilidade ao sistema e muitas vezes isso causa uns efeitos contrários, sendo necessária antes uma verificação total no sistema, para garantir espaço no HD e principalmente ter um SWAP adequado no MONEY 3.0.
Boa Sorte.
Atenciosamente,
Suporte Técnico
Rodando com sistema operacional SOLTEIRO 9.9.
Marcadores:
e-mails e MSN,
meu irmão,
minha família de coração
Choramingando
Dois dias de faxina e ainda tem roupa pra lavar. Metade dos panos de prato de molho e sem espaço no varal. Devo ser a única pessoa no mundo que corta o dedo com tesoura sem ponta. Máscara facial azul que fica branca enquanto teclo, ainda bem que não uso a webcam. A geral do banheiro já era depois do corte no dedo. Levava até ponto. Meus dois joelhos estão machucados de pancadas. Preciso de novos óculos.
A máscara endureceu. Tenho que reclamar com a Avon. A máscara anterior saia sem lavar. Lá se foi a unha cheia de florzinhas que fiz há menos de uma semana. Já não há mais espaço pra livros na minha estante, eles agora se espalham pelo quarto. Me sinto na casa de William Forrester.
A máscara endureceu. Tenho que reclamar com a Avon. A máscara anterior saia sem lavar. Lá se foi a unha cheia de florzinhas que fiz há menos de uma semana. Já não há mais espaço pra livros na minha estante, eles agora se espalham pelo quarto. Me sinto na casa de William Forrester.
Segurança
Repassando e-mail:
Algo em torno de 99% de todos nós estaremos expostos a, ou tornar-nos-emos vítimas de um crime violento.
Os três motivos pelos quais as mulheres são alvos fáceis para atos de violência são:
a. Falta de estar consciente. Você TEM que estar consciente de onde você está e do que está acontecendo em volta de você.
B. Linguagem do corpo. Mantenha sua cabeça erguida, balance seus braços, e permaneça em posição ereta.
C. Lugar errado, hora errada. NÃO ande sozinha em ruas estreitas, nem dirija em bairros mal-afamados à noite.
As mulheres têm a tendência de entrar em seus carros depois de fazerem compras, refeições, ou depois do trabalho, e sentarem-se no carro (fazendo anotações em seus talões de cheques, ou escrevendo alguma lista etc.) NÃO FAÇA ISSO! O bandido estará observando você, e essa é a oportunidade perfeita para ele entrar pelo lado do passageiro, colocar uma arma na sua cabeça, e dizer a você aonde ir.
No momento em que você entrar em seu carro, tranque as portas e vá embora.
Algumas dicas acerca de entrar em seu carro num estacionamento ou numa garagem de estacionamento:
A. Esteja consciente: olhe ao redor, olhe dentro de seu carro, olhe no chão dianteiro e traseiro de seu carro, olhe no chão do lado do passageiro, e no banco de trás.
B. Se você estiver estacionada perto de uma Van grande, entre em seu carro pela porta do passageiro. A maioria dos assassinos que matam em seqüência ataca suas vítimas empurrando-as para dentro das Vans deles na hora em que as mulheres estão tentando entrar nos carros delas.
C. Observe o carro estacionado no lado do motorista de seu veículo, e o carro estacionado ao lado do lado do passageiro de seu veículo.
Se uma pessoa do sexo masculino estiver sentada sozinho no assento do carro dele que fica mais próximo do seu carro, você fará bem em voltar para o shopping, ou para o local de trabalho, e pedir a um guarda ou policial para acompanhar você até seu carro. É SEMPRE MELHOR ESTAR A SALVO DO QUE ESTAR ARREPENDIDO. (E é melhor ser paranóico (a) do que estar morto (a)).
Use SEMPRE o elevador em vez das escadas. (Escadarias são lugares horríveis para se estar só, são o local perfeito para o crime).
Se o bandido estiver armado e você não estiver sob controle dele, SEMPRE CORRA! O bandido só acertará um alvo móvel 4 vezes em 100 tentativas. E, mesmo assim, muito provavelmente NÃO acertará um órgão vital.
COOOOOOooooooooooRRRRRRRRRRRRA!
Como mulheres, estão sempre procurando ser condescendente: PARE COM ISSO!
Essa característica poderá resultar em que você seja estuprada ou assassinada!
(a). Ted Bundy, o assassino seqüencial, era um homem de boa aparência, tinha boa formação acadêmica, e SEMPRE explorava a simpatia e o espírito conciliador e condescendente das mulheres. Ele andava com uma bengala ou mancava, e conseqüentemente pedia "ajuda" dentro de seu carro ou para seu carro, e era então que ele raptava sua próxima vítima.
(b.) Pat Mallone contou-nos a história de sua filha, que saiu de um shopping e estava indo para o carro quando notou duas senhoras de mais idade andando na frente dela. Viu, então, um carro da polícia vir na direção dela, com dois policiais dentro, que a cumprimentaram. Notou, também, que as oito vagas para deficientes no estacionamento estavam vazias. Ao aproximar-se do seu carro, ela viu um homem, umas poucas fileiras além, pedindo ajuda a ela. Ele pedia para que ela fechasse porta do carona do carro dele. Ele estava sentado atrás do assento do motorista, e disse que era deficiente físico. Ele continuou chamando, mas ela decidiu voltar para o shopping, e então ele começou a xingá-la. Nesse ínterim, ela se perguntava por que ele não havia pedido auxílio às duas mulheres mais ve lhas, ou aos policiais, ou por que ele não estava estacionado em nenhuma das vagas para deficientes físicos. Quando ela chegou de volta ao shopping, dois amigos dela, do sexo masculino, estavam de saída, e enquanto ela estava contando a eles a história e apontando para o carro, o homem do assento de trás passou para o assento da frente e o carro saiu em alta velocidade.
Não se deixe apanhar nessa armadilha!
Passe para cada mulher e amigos que possuem mulheres, filhas etc. A quem você tenha acesso.
Nunca baixe a guarda
Algo em torno de 99% de todos nós estaremos expostos a, ou tornar-nos-emos vítimas de um crime violento.
Os três motivos pelos quais as mulheres são alvos fáceis para atos de violência são:
a. Falta de estar consciente. Você TEM que estar consciente de onde você está e do que está acontecendo em volta de você.
B. Linguagem do corpo. Mantenha sua cabeça erguida, balance seus braços, e permaneça em posição ereta.
C. Lugar errado, hora errada. NÃO ande sozinha em ruas estreitas, nem dirija em bairros mal-afamados à noite.
As mulheres têm a tendência de entrar em seus carros depois de fazerem compras, refeições, ou depois do trabalho, e sentarem-se no carro (fazendo anotações em seus talões de cheques, ou escrevendo alguma lista etc.) NÃO FAÇA ISSO! O bandido estará observando você, e essa é a oportunidade perfeita para ele entrar pelo lado do passageiro, colocar uma arma na sua cabeça, e dizer a você aonde ir.
No momento em que você entrar em seu carro, tranque as portas e vá embora.
Algumas dicas acerca de entrar em seu carro num estacionamento ou numa garagem de estacionamento:
A. Esteja consciente: olhe ao redor, olhe dentro de seu carro, olhe no chão dianteiro e traseiro de seu carro, olhe no chão do lado do passageiro, e no banco de trás.
B. Se você estiver estacionada perto de uma Van grande, entre em seu carro pela porta do passageiro. A maioria dos assassinos que matam em seqüência ataca suas vítimas empurrando-as para dentro das Vans deles na hora em que as mulheres estão tentando entrar nos carros delas.
C. Observe o carro estacionado no lado do motorista de seu veículo, e o carro estacionado ao lado do lado do passageiro de seu veículo.
Se uma pessoa do sexo masculino estiver sentada sozinho no assento do carro dele que fica mais próximo do seu carro, você fará bem em voltar para o shopping, ou para o local de trabalho, e pedir a um guarda ou policial para acompanhar você até seu carro. É SEMPRE MELHOR ESTAR A SALVO DO QUE ESTAR ARREPENDIDO. (E é melhor ser paranóico (a) do que estar morto (a)).
Use SEMPRE o elevador em vez das escadas. (Escadarias são lugares horríveis para se estar só, são o local perfeito para o crime).
Se o bandido estiver armado e você não estiver sob controle dele, SEMPRE CORRA! O bandido só acertará um alvo móvel 4 vezes em 100 tentativas. E, mesmo assim, muito provavelmente NÃO acertará um órgão vital.
COOOOOOooooooooooRRRRRRRRRRRRA!
Como mulheres, estão sempre procurando ser condescendente: PARE COM ISSO!
Essa característica poderá resultar em que você seja estuprada ou assassinada!
(a). Ted Bundy, o assassino seqüencial, era um homem de boa aparência, tinha boa formação acadêmica, e SEMPRE explorava a simpatia e o espírito conciliador e condescendente das mulheres. Ele andava com uma bengala ou mancava, e conseqüentemente pedia "ajuda" dentro de seu carro ou para seu carro, e era então que ele raptava sua próxima vítima.
(b.) Pat Mallone contou-nos a história de sua filha, que saiu de um shopping e estava indo para o carro quando notou duas senhoras de mais idade andando na frente dela. Viu, então, um carro da polícia vir na direção dela, com dois policiais dentro, que a cumprimentaram. Notou, também, que as oito vagas para deficientes no estacionamento estavam vazias. Ao aproximar-se do seu carro, ela viu um homem, umas poucas fileiras além, pedindo ajuda a ela. Ele pedia para que ela fechasse porta do carona do carro dele. Ele estava sentado atrás do assento do motorista, e disse que era deficiente físico. Ele continuou chamando, mas ela decidiu voltar para o shopping, e então ele começou a xingá-la. Nesse ínterim, ela se perguntava por que ele não havia pedido auxílio às duas mulheres mais ve lhas, ou aos policiais, ou por que ele não estava estacionado em nenhuma das vagas para deficientes físicos. Quando ela chegou de volta ao shopping, dois amigos dela, do sexo masculino, estavam de saída, e enquanto ela estava contando a eles a história e apontando para o carro, o homem do assento de trás passou para o assento da frente e o carro saiu em alta velocidade.
Não se deixe apanhar nessa armadilha!
Passe para cada mulher e amigos que possuem mulheres, filhas etc. A quem você tenha acesso.
Nunca baixe a guarda
Shows
Enquanto felizes mortais como a minha mãe, babavam diante da TV assistindo Rolling Stones, eu atendia criancinhas com febre e asma.
Claro que, enquanto felizardas como Vicky e Ju assistiam U2 ao vivo, eu fazia a faxina da casa, até uma e meia da manhã.
Bem dizia meu avô: quem nasceu pra burro de cangalha nunca chega a égua de passeio.
* * *
Encantador ouvir astros como Mick Jagger e Bono Vox falando em português, apresentando a banda e cantando a Valsa da Saudade.
Muitíssimo obrigada à Globo, que traduziu as letras do U2. Minha mãe adorou, e se apaixonou pela banda. Queria que tivessem feito o mesmo com os Rolling Stones, porque a digníssima genitora não sabe um "Hi" em inglês e é louca pela banda desde sua criação.
Aliás, minha mãe diz que só sabe dizer, em inglês "Hot dog" e "Hollyood". (Nos últimos tempos, de tanto assistir filmes, ela aprendeu a dizer "son of a bitch" e "mother fucker", esperta ela).
Claro que, enquanto felizardas como Vicky e Ju assistiam U2 ao vivo, eu fazia a faxina da casa, até uma e meia da manhã.
Bem dizia meu avô: quem nasceu pra burro de cangalha nunca chega a égua de passeio.
* * *
Encantador ouvir astros como Mick Jagger e Bono Vox falando em português, apresentando a banda e cantando a Valsa da Saudade.
Muitíssimo obrigada à Globo, que traduziu as letras do U2. Minha mãe adorou, e se apaixonou pela banda. Queria que tivessem feito o mesmo com os Rolling Stones, porque a digníssima genitora não sabe um "Hi" em inglês e é louca pela banda desde sua criação.
Aliás, minha mãe diz que só sabe dizer, em inglês "Hot dog" e "Hollyood". (Nos últimos tempos, de tanto assistir filmes, ela aprendeu a dizer "son of a bitch" e "mother fucker", esperta ela).
Marcadores:
Fé,
minha mãe,
música,
outros blogs,
ser médica,
TV,
Vicky
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Curtas
Depois de 60 minutos assistindo "Syriana", a minha mãe se vira pra mim e pergunta "Cadê o George Clooney?"
Pensei que ia ser expulsa, de tanto que ri.
* * *
48 horas de plantão e cá estou eu fazendo faxina! Isso com sete anos de faculdade e mais cinco de profissão. Imagina quando eu fizer a especialização.
* * *
Essa semana, meu fisioterapeuta tentou me cozinhar. Bom, ele explica que o objetivo não é o calor, mas a energia pulsátil do aparelho, que o calor é efeito colateral. O que eu sei é que já nasci queimadinha, não precisava mais, né?
Pensei que ia ser expulsa, de tanto que ri.
* * *
48 horas de plantão e cá estou eu fazendo faxina! Isso com sete anos de faculdade e mais cinco de profissão. Imagina quando eu fizer a especialização.
* * *
Essa semana, meu fisioterapeuta tentou me cozinhar. Bom, ele explica que o objetivo não é o calor, mas a energia pulsátil do aparelho, que o calor é efeito colateral. O que eu sei é que já nasci queimadinha, não precisava mais, né?
domingo, fevereiro 12, 2006
Do Vinhos e Livros
Vamos lá mulher!
Se você está num momento complicado de sua vida (vida profissional super-ativa, saindo de um longo relacionamento... etc) e não quer um homem ao seu lado 24 horas por dia, nem camisas habitando seu armário (neste momento), mas também não quer (nem deve!) abrir mão da delícia da companhia de um espécime macho, sem ter que beijar uma boca diferente por dia, pense no seguinte:
Aquele homem inteligente, bem humorado, gostoso e interessado em você que pintou na área não deve ser desperdiçado SOMENTE por ser comprometido (com outra, claro!). Neste momento da sua vida ele é o cara ideal!
Sabe por que? Daqui pra frente vamos chamá-lo de HCCO - Homem Comprometido Com Outra, e enumerar os motivos pelos quais esse homem vale a pena:
1 - O HCCO não vai ter moral pra te cobrar fidelidade e, portanto, você será poupada de cenas de ciúme;
2 - O HCCO te dará folga nos fins de semana e feriados;
3 - Nestes mesmos fins de semana e feriados você saberá exatamente onde ele estará ao passo que ele não terá a menor idéia de onde você esteja;
4- Com as duas atuando de forma eficiente na vida dele, o HCCO terá, no máximo, tempo para um terceiro (variável) freela. Número incrivelmente baixo em comparação ao caderninho-preto-safado da maioria dos singles machos.
5 - Vantagem adicional: você conhece sua principal rival.
6 - Seus encontros serão deliciosos e desprovidos de qualquer peso de realidade;
7 - Você não terá que levar em conta a opinião dele naquela promoção de trabalho que implicará em mudança de cidade;
8 - Você poderá circular pela casa de toalha na cabeça e máscara de creme na cara à vontade numa sexta feira à noite;
9 - Suas calcinhas poderão ser penduradas onde você quiser sem ninguém pra reclamar;
10 - Você poderá trabalhar na cama, espalhando a quantidade de papéis que quiser, até a hora que bem entender;
11 - Pode dormir com a TV/som ligados no canal que gostar;
12 - A bancada da pia do banheiro é só sua e vc pode espalhar todas as suas tralhas.
Não é tentador? Eu, pessoalmente, não recomendo mas...
Se você está num momento complicado de sua vida (vida profissional super-ativa, saindo de um longo relacionamento... etc) e não quer um homem ao seu lado 24 horas por dia, nem camisas habitando seu armário (neste momento), mas também não quer (nem deve!) abrir mão da delícia da companhia de um espécime macho, sem ter que beijar uma boca diferente por dia, pense no seguinte:
Aquele homem inteligente, bem humorado, gostoso e interessado em você que pintou na área não deve ser desperdiçado SOMENTE por ser comprometido (com outra, claro!). Neste momento da sua vida ele é o cara ideal!
Sabe por que? Daqui pra frente vamos chamá-lo de HCCO - Homem Comprometido Com Outra, e enumerar os motivos pelos quais esse homem vale a pena:
1 - O HCCO não vai ter moral pra te cobrar fidelidade e, portanto, você será poupada de cenas de ciúme;
2 - O HCCO te dará folga nos fins de semana e feriados;
3 - Nestes mesmos fins de semana e feriados você saberá exatamente onde ele estará ao passo que ele não terá a menor idéia de onde você esteja;
4- Com as duas atuando de forma eficiente na vida dele, o HCCO terá, no máximo, tempo para um terceiro (variável) freela. Número incrivelmente baixo em comparação ao caderninho-preto-safado da maioria dos singles machos.
5 - Vantagem adicional: você conhece sua principal rival.
6 - Seus encontros serão deliciosos e desprovidos de qualquer peso de realidade;
7 - Você não terá que levar em conta a opinião dele naquela promoção de trabalho que implicará em mudança de cidade;
8 - Você poderá circular pela casa de toalha na cabeça e máscara de creme na cara à vontade numa sexta feira à noite;
9 - Suas calcinhas poderão ser penduradas onde você quiser sem ninguém pra reclamar;
10 - Você poderá trabalhar na cama, espalhando a quantidade de papéis que quiser, até a hora que bem entender;
11 - Pode dormir com a TV/som ligados no canal que gostar;
12 - A bancada da pia do banheiro é só sua e vc pode espalhar todas as suas tralhas.
Não é tentador? Eu, pessoalmente, não recomendo mas...
Qualidade de atendimento
Definitivamente, as pessoas precisam entender que prestação de serviço deve ser levada a sério. A moça da TIM na loja, disse que o mesmo aparelho que eu queria comprar lá, só poderia ser parcelado se eu ligasse pelo telefone. Detalhe: pelo teleatendimento é mais barato. o mesmo aparelho. E eu já estava na loja! Sem falar que eu telefonei mais tarde e o rapaz disse que só na segunda-feira. Se eu trabalho num posto onde não pega celular, como eu vou comprar isso no horário comercial? e eu sou cliente deles há seis anos!
Depois de esperar meia hora, na loja do Habib's, por uma pizza pra viagem, a mesma veio sem queijo. Telefonei pra reclamar, e o gerente: "A senhora é nossa cliente?". e eu, "Era".
Agora vá eu tratar alguém mal no hospital...
Depois de esperar meia hora, na loja do Habib's, por uma pizza pra viagem, a mesma veio sem queijo. Telefonei pra reclamar, e o gerente: "A senhora é nossa cliente?". e eu, "Era".
Agora vá eu tratar alguém mal no hospital...
sábado, fevereiro 11, 2006
Vontade de morrer, de tomar um porre, de tomar sorvete, de mandar o mundo pro inferno. Esquece: o mundo é o inferno. Essa porcaria de doença me impede de seguir adiante. Se eu continuar nessa loucura de andar com a mala no carro vou acabar matando alguém, pessoal ou profissionalmente, o que vier primeiro. Nada serve. O vestido mais lindo do mundo me deixou mais gorda e sem busto (e eu tenho um bocado de busto). Camarão anda sem gosto. Enjoei de refrigerante. Todo livro novo que leio é ruim. Nada no cinema me atrai. Devo ter sido muito ruim na última encarnação pra merecer isso.
Andei vinte quilômetros, mas comprei a medicação hoje.
Andei vinte quilômetros, mas comprei a medicação hoje.
Do Alta Fidelidade
Façam um favor a vocês mesmos e esqueçam os rótulos. Brokeback Mountain não é uma história de cowboys gays, nem uma história de cowboys, nem uma história de gays. É uma história de amor e só. É um filme comparável a West Side Story, a Romeu e Julieta, principalmente a Pontes de Madison - impossível não lembrar do desespero de Francesca e Robert ao ver o desenrolar do affair entre Ennis e Jack.
Sei não, mas depois de Brokeback Moutain, parece que não tem mais nada que preste no cinema. Vou ali locar um DVD.
Sei não, mas depois de Brokeback Moutain, parece que não tem mais nada que preste no cinema. Vou ali locar um DVD.
Globalização
Então, eu fui na Siciliano cobrar o sexto volume de "Os reis Malditos", encomendaddo há um mês. A atendente não conhecia a série. Peguei um exemplar e li o nome do volume: "A flor-de-lis e o leão". Ela escreveu lis com "z", eu corrigi. Depois expliquei que era com hífen. Ela escreveu flordelis. não sabia o que era um hífen. Depois disse que não existia o livro e lá na tela escrito "lis e o leão". Eu desisti. Não se pode aceitar uma vendedora de livros que não sabe ler.
Depois eu soube, na Saraiva, que o livro nem foi publicado ainda. Por um vendedor que, claro, já leu os outros cinco volumes e espera ansiosamente o sexto, como eu.
Peraí, se o livro ainda nem existe, como fizeram a encomenda? Disgusting.
Depois eu soube, na Saraiva, que o livro nem foi publicado ainda. Por um vendedor que, claro, já leu os outros cinco volumes e espera ansiosamente o sexto, como eu.
Peraí, se o livro ainda nem existe, como fizeram a encomenda? Disgusting.
Com a graça de Deus, o único ortopedista da cidade voltou das férias. Eu andava com medo de imobilizar as fraturas errado, né? Não sei colar osso, deifinitivamente. Lembra o bebê con a clavívula quebrada? Eu imobilizei sem precisar.
Meus sábados viraram basicamente dia de lavar roupa, limpar o partamento onde não vivo e pagar contas. Vidinha mais ou menos essa.
Meus sábados viraram basicamente dia de lavar roupa, limpar o partamento onde não vivo e pagar contas. Vidinha mais ou menos essa.
Atualidades
Finalmente mamãe foi conhecer ***. Já briguei com o povo do posto e saí de lá, claro. A falta de uma casa tem me feito descompensar, claro, mas com certeza a população daquele local não é fácil. Várias pessoas concordam comigo. Eu sabia que ali não dava certo. Detesto política. não nasci pra ser diplomata, sou peão mesmo.
Resolvi assumir meu lado fresco: minhas unhas estão cheias de florzinhas :)
O carro estanca. Acho que desaprendi a dirigir.
A casa da prefeitura, posta à disposição dos médicos, não tem fogão nem geladeira: adeus dieta.
Ando querendo bater em alguém. TPM.
Resolvi assumir meu lado fresco: minhas unhas estão cheias de florzinhas :)
O carro estanca. Acho que desaprendi a dirigir.
A casa da prefeitura, posta à disposição dos médicos, não tem fogão nem geladeira: adeus dieta.
Ando querendo bater em alguém. TPM.
Revirando o baú
Uma revisada na agenda do último ano pra copiar telefones, e encontrei isto, no início de outubro. Poderia ser de qualquer dia de minha vida, com louváveis exceções, todas do período em que eu estive com ele.
Dor. A dor voltou há duas semanas e agora sei que não vai mais embora. São muitos anos (desde a infância) para que eu me engane. O que me prende aqui são dívidas. Quero deixá-las quitadas. Todas. Minha vida durará o tempo das dívidas. Não tenho outro projeto senão este: deixar tudo impecável e sair deste mundo. Vou encerrar e-mails, pintar o apartamento, arranjar um lugar para Nikita, passar adiante livros, dar o PC para Eduardo, deletar meus arquivos.
Mas ninguém deve saber.
Dor. A dor persiste em saber que eu mesma destruí cada aspecto de minha vida, que não sobrou nada por que continuar.
Dor. A dor voltou há duas semanas e agora sei que não vai mais embora. São muitos anos (desde a infância) para que eu me engane. O que me prende aqui são dívidas. Quero deixá-las quitadas. Todas. Minha vida durará o tempo das dívidas. Não tenho outro projeto senão este: deixar tudo impecável e sair deste mundo. Vou encerrar e-mails, pintar o apartamento, arranjar um lugar para Nikita, passar adiante livros, dar o PC para Eduardo, deletar meus arquivos.
Mas ninguém deve saber.
Dor. A dor persiste em saber que eu mesma destruí cada aspecto de minha vida, que não sobrou nada por que continuar.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Procurando casa, acertando com a pessoa e doze horas depois a casa estava alugada pra outro. De novo.
"Pride and Prejudice" é uma merda. E eu amo o livro de paixão.
Meu ortopedista querido não atende mais UNIMED. Meu fisioterapeuta e eu somos tão ocupados que não consegui fazer uma sessão esta semana. Preciso aprender a escrever com as duas mãos. Urgente.
Pecado: maçã desidratada.
A minha mãe adora Shakira. Eu realmente não entendo o mundo.
Fui.
"Pride and Prejudice" é uma merda. E eu amo o livro de paixão.
Meu ortopedista querido não atende mais UNIMED. Meu fisioterapeuta e eu somos tão ocupados que não consegui fazer uma sessão esta semana. Preciso aprender a escrever com as duas mãos. Urgente.
Pecado: maçã desidratada.
A minha mãe adora Shakira. Eu realmente não entendo o mundo.
Fui.
Marcadores:
Cinema,
Literatura,
meus escritos
Gorda, eu? Magina...
Adivinha: cheguei de uma semana pauleira de trabalho e não tem comida em casa!
Não me perguntem nada mais. Quarta-feira eu atendi 120 pessoas, por baixo.
Adivinha: cheguei de uma semana pauleira de trabalho e não tem comida em casa!
Não me perguntem nada mais. Quarta-feira eu atendi 120 pessoas, por baixo.
Marcadores:
meus escritos,
ser bipolar,
ser médica
sábado, fevereiro 04, 2006
Brokeback Mountain
A minha mãe, que é minha mãe, adorou. Como ela mesma reconhece, era muito preconceituosa, mas o mundo muda e ela também. Disse que nunca viu um filme tão sensível. E me agradeceu, pois não teria ido assistir sozinha e estaria perdendo um filme maravilhoso.
Muito importante
Operadoras não podem limitar exames com indicação médica
As operadoras de planos de saúde não podem limitar, em função de questões administrativas, o número de exames a serem realizados pelo beneficiário.
"Nos casos em que o médico assistente pede exames com indicação médica precisa e a operadora nega a autorização fica caracterizada a negativa de cobertura, prática que torna a operadora passível de autuação e de multa por parte da Agência Nacional de Saúde Suplementar", afirma o Diretor de Gestão da ANS, Gilson Caleman.
Nesses casos, o beneficiário deve fazer a denúncia pelo Disque-ANS - 0800 701 9656 - ou pelo Fale Conosco em www.ans.gov.br.
Quando há divergência médica e a operadora discorda da indicação clínica, deve ser formada uma junta médica composta pelo médico solicitante, o médico da operadora e um terceiro, escolhido em comum acordo pelos dois primeiros, conforme determina a Resolução Consu nº 8.
Entre os principais avanços trazidos pela Lei 9.656/98, válidos para os planos contratados após 2 de janeiro de 1999, está a ausência de limite para todos os procedimentos, inclusive consultas, dias de internação em CTI, exames, sessões de fisioterapia e outros, com exceção dos transtornos psiquiátricos.
Há um mês foi recusada uma ressonãncia magnética do meu joelho (logo eu, que nunca uso o plano), disseram que eu só tinha direito a tomografia. Uns quinze dias depois o mesmo palno recusou uma solicitação de tomografia para meu irmão, que estava com icterícia e todos os exames não indicavam hepatite, poderia ser até um câncer. Nosso plano é familiar, com a UNIMED. Não entendi: eu posso fazer a tomo e ele não?
As operadoras de planos de saúde não podem limitar, em função de questões administrativas, o número de exames a serem realizados pelo beneficiário.
"Nos casos em que o médico assistente pede exames com indicação médica precisa e a operadora nega a autorização fica caracterizada a negativa de cobertura, prática que torna a operadora passível de autuação e de multa por parte da Agência Nacional de Saúde Suplementar", afirma o Diretor de Gestão da ANS, Gilson Caleman.
Nesses casos, o beneficiário deve fazer a denúncia pelo Disque-ANS - 0800 701 9656 - ou pelo Fale Conosco em www.ans.gov.br.
Quando há divergência médica e a operadora discorda da indicação clínica, deve ser formada uma junta médica composta pelo médico solicitante, o médico da operadora e um terceiro, escolhido em comum acordo pelos dois primeiros, conforme determina a Resolução Consu nº 8.
Entre os principais avanços trazidos pela Lei 9.656/98, válidos para os planos contratados após 2 de janeiro de 1999, está a ausência de limite para todos os procedimentos, inclusive consultas, dias de internação em CTI, exames, sessões de fisioterapia e outros, com exceção dos transtornos psiquiátricos.
Há um mês foi recusada uma ressonãncia magnética do meu joelho (logo eu, que nunca uso o plano), disseram que eu só tinha direito a tomografia. Uns quinze dias depois o mesmo palno recusou uma solicitação de tomografia para meu irmão, que estava com icterícia e todos os exames não indicavam hepatite, poderia ser até um câncer. Nosso plano é familiar, com a UNIMED. Não entendi: eu posso fazer a tomo e ele não?
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
Sacanagem
Não falte com a palavra comigo, você se lasca.
Há duas semanas comprei um carro. Nessa história de ir morar no interior eu preciso de um carro, trabalhar em mais de uma cidade exige isso. Entre comprar um carro usado e um novo, com um ano de garantia, quando vou viver viajando, preferi pagar mais. Fui com minha mãe à concessionária da FIAT (quem quiser me pergunte qual) e escolhi um UNO. Escolhi, não. Informei que queria um UNO. Só depois eu descobri que poderia ter conhecido o carro antes, olhar a pintura, blá, blá, blá. Pedi um ar-condionado de fábrica. Ar-condicionado instalado estraga o rendimento do motor, mesmo se for peça original. Pois não é que os espertinhos pegaram um carro básico (sem acessórios) e instalaram um ar? E sem me informar?
Eu descobri porque a mesma concessionária fez isso com um amigo e porque eu leio os manuais de tudo que compro. No meio dos manuais do carro, estava a nota fiscal do kit. Eu simplesmente voltei e informei à gerente que estava processando a loja por má fé. Claro que eu ainda não havia nem procurando um advogado, mas uma vez na vida botei aquele ar de "doutora".
Pra fugir do processo (não dava pra trocar o carro) eles ofereceram um friso lateral, um protetor de cárter e trava elétrica. Eu retruquei: "Vocês colocam um som?". O que eles economizaram com a tramóia, gastaram comigo.
Encontrei uma casa linda no interior. A dona, sem me conhecer, disse que a Prefeitura queria a casa, mas que ela não queria acordo com eles, mesmo por mais dinheiro. Veio da capital pra fechar comigo, mostrou até como ligar a bomba d'água, os interruptores, etc, etc. Foi à prefeitura "só pra dar um justificativa" e voltou sem a chave. "Não dá pra você esperar até sexta?". Não, eu fiquei sem ter onde dormir, asilada na casa de gente conhecida. Se praga pega (e as minhas pegam) aquela casa não vai ser alugada nem tão cedo, ou então vão ficar devendo, ou vão destruir a casa.
Eu já contei que minha bisavó era cigana?
Há duas semanas comprei um carro. Nessa história de ir morar no interior eu preciso de um carro, trabalhar em mais de uma cidade exige isso. Entre comprar um carro usado e um novo, com um ano de garantia, quando vou viver viajando, preferi pagar mais. Fui com minha mãe à concessionária da FIAT (quem quiser me pergunte qual) e escolhi um UNO. Escolhi, não. Informei que queria um UNO. Só depois eu descobri que poderia ter conhecido o carro antes, olhar a pintura, blá, blá, blá. Pedi um ar-condionado de fábrica. Ar-condicionado instalado estraga o rendimento do motor, mesmo se for peça original. Pois não é que os espertinhos pegaram um carro básico (sem acessórios) e instalaram um ar? E sem me informar?
Eu descobri porque a mesma concessionária fez isso com um amigo e porque eu leio os manuais de tudo que compro. No meio dos manuais do carro, estava a nota fiscal do kit. Eu simplesmente voltei e informei à gerente que estava processando a loja por má fé. Claro que eu ainda não havia nem procurando um advogado, mas uma vez na vida botei aquele ar de "doutora".
Pra fugir do processo (não dava pra trocar o carro) eles ofereceram um friso lateral, um protetor de cárter e trava elétrica. Eu retruquei: "Vocês colocam um som?". O que eles economizaram com a tramóia, gastaram comigo.
Encontrei uma casa linda no interior. A dona, sem me conhecer, disse que a Prefeitura queria a casa, mas que ela não queria acordo com eles, mesmo por mais dinheiro. Veio da capital pra fechar comigo, mostrou até como ligar a bomba d'água, os interruptores, etc, etc. Foi à prefeitura "só pra dar um justificativa" e voltou sem a chave. "Não dá pra você esperar até sexta?". Não, eu fiquei sem ter onde dormir, asilada na casa de gente conhecida. Se praga pega (e as minhas pegam) aquela casa não vai ser alugada nem tão cedo, ou então vão ficar devendo, ou vão destruir a casa.
Eu já contei que minha bisavó era cigana?
Interiologia
Da próxima vez que perguntarem qual a minha especialidade vou responder "Bombril". Ninguém entende quando respondo "interiologia". Ora, se alguém só trabalha em cidades de interior, logo, é interiologista. Pau pra toda obra, um bombril, em suma.
Uma semana dormindo na casa dos outros, procurando casa. Estou me mudando pruma cidade do inteior e trabalhando noutra, vizinha a essa. Infelizmente, ainda não achei uma casa. Aparece cada coisa inacreditável. Ontem, fui ver uma à noite, à luz de vela, porque a antiga inquilina levou não as lâmpadas, mas os bocais. Dá pra acreditar?
Movimento tranquilo no plantão, na clínica. No berçário, um menino nasceu tão grande que quebrou a clavícula ao nascer. Não tinha espaço. Um prematuro parecia estar numa nave espacial: tinha capacete para oxigênio, soro, sonda pra alimentação e banho de luz pra tratar icterícia, e dentro de uma incubadora.
Uma mãe fez uma cesárea, particular, e teve a alta suspensa porque a criança está com sífilis. Queria sair assim mesmo. Eu avisei pra enfermagem que se ela fugisse eu chamava a Polícia e o Conselho Tutelar. Onde já se viu deixar uma criança doente sair? Ela vai ficar duas semanas tratando o filho, ora essa.
Reunião com a equipe do posto novo. Eu já trabalhei em tantos postos do programa que sei o dircurso de cor. Vamos rezar pra dar certo.
Uma semana dormindo na casa dos outros, procurando casa. Estou me mudando pruma cidade do inteior e trabalhando noutra, vizinha a essa. Infelizmente, ainda não achei uma casa. Aparece cada coisa inacreditável. Ontem, fui ver uma à noite, à luz de vela, porque a antiga inquilina levou não as lâmpadas, mas os bocais. Dá pra acreditar?
Movimento tranquilo no plantão, na clínica. No berçário, um menino nasceu tão grande que quebrou a clavícula ao nascer. Não tinha espaço. Um prematuro parecia estar numa nave espacial: tinha capacete para oxigênio, soro, sonda pra alimentação e banho de luz pra tratar icterícia, e dentro de uma incubadora.
Uma mãe fez uma cesárea, particular, e teve a alta suspensa porque a criança está com sífilis. Queria sair assim mesmo. Eu avisei pra enfermagem que se ela fugisse eu chamava a Polícia e o Conselho Tutelar. Onde já se viu deixar uma criança doente sair? Ela vai ficar duas semanas tratando o filho, ora essa.
Reunião com a equipe do posto novo. Eu já trabalhei em tantos postos do programa que sei o dircurso de cor. Vamos rezar pra dar certo.
terça-feira, janeiro 31, 2006
Palavra de honra
Andam aconteendo coisas comigo sobre gente que falta com a palavra. Primeiro meu carro, agora a casa que eu ia alugar. Conto detalhes depois, mas vão logo sabendo. Se eu digo uma coisa, é aquilo e pronto. Nada de ficar enrolando!
Plantão de domingo
Um rapaz deu uma facada no próprio dedo no sábado mas não veio à emergência. Uma senhora facada, atravessando o dedo indicador da mão direita que estava vermelho e inchado. Só se pode suturar uma lesão até seis horas depois do acidente, devido à contaminação. A vacina antitetânica dele estava atrasada, pra variar (homem raramente mantém as vacinas em dia e, quando estão em dia, é porque sofreu algum acidente e o obrigaram a tomar). Seguiu pra cidade vizinha, pra tomar soro antitetânico. Vai tomar antibiótico pra infecção e terá que esperar que o dedo cicatrize sozinho.
Eu deveria dizer “bem feito”, mas não é certo uma médica dizer isso, né? Dane-se, bem feito, quem mandou ficar com medo?
A auxiliar me chamou pra ver uma recém-nascida de 22 dias, internada com diarréia e vômitos, que havia perdido a veia. Nem sinal da mãe. Uma tia estava cuidando da menina, muito desidratada. Depois de muita luta, conseguimos um acesso venoso na cabeça. O peso que constava era o do nascimento. Pesei-a novamente (eles perdem 10% do peso na primeira semana de vida, sem falar na própria diarréia) e calculei a reposição de líquido.
Uma menininha de uns quatro anos cortou o dedo no arame. Ficou danada da vida porque a imobilizamos pra suturá-la. Seu comentário, muito sensato, foi : “eu quero crescer logo, aí não deixo mais fazerem isso”. Eu ri até não poder mais.
Um rapazinho de 9 anos chegou com um espinho no pé. Eu não sei que sorte é essa que tenho: sempre tem um espinho ou dois no meu plantão. Ainda bem que esse era imenso, fácil de tirar. O garoto, além de não dar um pio, fez questão de ver tudo. Deve ser um futuro colega na área.
O rapaz que assinou o termo de irresponsabilidade voltou. Dor de cabeça, vômitos, tontura: um possível TCE com hemorragia subdural. A mãe não sabia que ele havia se mandado na noite anterior, claro. Seguiu pro neurologista na cidade vizinha e ainda deu sorte. Se não houvesse especialista naquele dia, teria ido pra capital. 18 anos e irresponsável.
A recém-nascida voltou a urinar (excelente sinal) mas ainda estava desidratada. Pelo menos não havia mais vomitado. Pedi à tia que oferecesse água com frequência.
Uma senhora com dor ao urinar foi à farmácia e comprou uma medicação que aliviou a dor, mas ela continuava urinando com frequência e alaranjado. Por que as pessoas vão à farmácia e não vão ao médico, ainda mais numa emergência tão tranqüila, é coisa que vou morrer sem entender. Expliquei que era uma infecção urinária. Ela sabia, já tivera uma há alguns anos (PQP, então por que não procurou o médico?). Prescrevi um antibiótico decente, muito líquido e sucos com vitamina C. Dá vontade de bater nesse povo, juro que dá.
Uma das amigdalites do dia anterior voltou. Eu havia explicado pra moça que no começo não dá pra saber se vai haver pus, então é melhor esperar uns dias, tomar analgésico, não usar antiinflamatório, e, se não há melhorar, voltar ao médico. Agora havia pus, então prescrevi antibiótico. Só uma das que eu atendi no sábado voltou no domingo. O resto era de origem viral. Agora imagina se eu saísse fazendo benzetacil em todas as dores de garganta que aparecem!
Dois rapazes que vinham ver o bloco de carnaval caíram da moto antes mesmo de chegar na cidade.Puro azar, nem tinham bebido. Vinham só ver a festa. Escoriações, uma sutura no joelho e a vida segue.
Um bêbado levou uma mordida do cachorro da irmã. Eu adorei. O cachorro deve ter se vingado da chatice dele. Notifiquei o caso e avisei que deveria procurar o posto no dia seguinte pra tomar uma dose de anti-rábica porque a mordida foi na mão. E que não matasse o cachorro pelo amor de Deus, senão teria que tomar um monte de injeções. Não sei se entendeu. Por via das dúvidas, a vigilância sanitária vai procurá-lo.
Um senhor com Doença de Chagas, que encaminhei para a capital há umas duas semanas, retornou, com insuficiência cardíaca descompensada. É um velho conhecido e fiz o que pude pra melhorar seu conforto. Ele toma os remédios corretamente, mas já tem um marcapasso e sabe que vai morrar assim. Não fiz diurético porque sua pressão já estava baixa e continuamos esperando o laudo sobre a contaminação da furosemida que havia no hospital. Como o fornecedor só tem esse lote, estamos sem furosemida injetável na cidade.
Uma mocinha com tontura e vômitos depois de andar em diversos brinquedos do parquinho: labirintite. Permaneceu umas 18 hora em observação até estar reidratada e poder voltar pra casa.
Eu, com cólica menstrual, fui suturar o dedo de uma mulher, cortado numa lata de cerveja. Enquanto isso, me informaram que um rapaz com o braço quebrado esperava. Uma sutura grande e complicada. Quando terminei, pedi um comprimido pra dor e saí da sala pra tomar.
Estava um pandemônio lá fora, um rapaz com varicela (catapora) queria entrar na sala de sutura, o irmão do rapaz com o braço machucado queria ser atendido primeiro. Eu tive que gritar pra ser ouvida. Primeiro eu ia tomar meu remédio, senão não tinha condições de atender ninguém.
O ombro do rapaz havia sido luxado. Fiz um antiinflamatório pra aliviar a dor e pedi que esperasse um pouco, pra dar tempo do músculo relaxar. Atendi o rapaz com varicela, orientei sobre contágio e dispensei-o. Com uma manobra simples, recoloquei o braço do outro no lugar, que ficou impressionado com o súbito desaparecimento da dor.
Finalmente, a festa terminou. Dormi de meia-noite às seis, quando fui acordada pra ver uma senhora com uma lesão no pé, que há meses a incomoda. Desde quando psoríase é emergência?
Eu deveria dizer “bem feito”, mas não é certo uma médica dizer isso, né? Dane-se, bem feito, quem mandou ficar com medo?
A auxiliar me chamou pra ver uma recém-nascida de 22 dias, internada com diarréia e vômitos, que havia perdido a veia. Nem sinal da mãe. Uma tia estava cuidando da menina, muito desidratada. Depois de muita luta, conseguimos um acesso venoso na cabeça. O peso que constava era o do nascimento. Pesei-a novamente (eles perdem 10% do peso na primeira semana de vida, sem falar na própria diarréia) e calculei a reposição de líquido.
Uma menininha de uns quatro anos cortou o dedo no arame. Ficou danada da vida porque a imobilizamos pra suturá-la. Seu comentário, muito sensato, foi : “eu quero crescer logo, aí não deixo mais fazerem isso”. Eu ri até não poder mais.
Um rapazinho de 9 anos chegou com um espinho no pé. Eu não sei que sorte é essa que tenho: sempre tem um espinho ou dois no meu plantão. Ainda bem que esse era imenso, fácil de tirar. O garoto, além de não dar um pio, fez questão de ver tudo. Deve ser um futuro colega na área.
O rapaz que assinou o termo de irresponsabilidade voltou. Dor de cabeça, vômitos, tontura: um possível TCE com hemorragia subdural. A mãe não sabia que ele havia se mandado na noite anterior, claro. Seguiu pro neurologista na cidade vizinha e ainda deu sorte. Se não houvesse especialista naquele dia, teria ido pra capital. 18 anos e irresponsável.
A recém-nascida voltou a urinar (excelente sinal) mas ainda estava desidratada. Pelo menos não havia mais vomitado. Pedi à tia que oferecesse água com frequência.
Uma senhora com dor ao urinar foi à farmácia e comprou uma medicação que aliviou a dor, mas ela continuava urinando com frequência e alaranjado. Por que as pessoas vão à farmácia e não vão ao médico, ainda mais numa emergência tão tranqüila, é coisa que vou morrer sem entender. Expliquei que era uma infecção urinária. Ela sabia, já tivera uma há alguns anos (PQP, então por que não procurou o médico?). Prescrevi um antibiótico decente, muito líquido e sucos com vitamina C. Dá vontade de bater nesse povo, juro que dá.
Uma das amigdalites do dia anterior voltou. Eu havia explicado pra moça que no começo não dá pra saber se vai haver pus, então é melhor esperar uns dias, tomar analgésico, não usar antiinflamatório, e, se não há melhorar, voltar ao médico. Agora havia pus, então prescrevi antibiótico. Só uma das que eu atendi no sábado voltou no domingo. O resto era de origem viral. Agora imagina se eu saísse fazendo benzetacil em todas as dores de garganta que aparecem!
Dois rapazes que vinham ver o bloco de carnaval caíram da moto antes mesmo de chegar na cidade.Puro azar, nem tinham bebido. Vinham só ver a festa. Escoriações, uma sutura no joelho e a vida segue.
Um bêbado levou uma mordida do cachorro da irmã. Eu adorei. O cachorro deve ter se vingado da chatice dele. Notifiquei o caso e avisei que deveria procurar o posto no dia seguinte pra tomar uma dose de anti-rábica porque a mordida foi na mão. E que não matasse o cachorro pelo amor de Deus, senão teria que tomar um monte de injeções. Não sei se entendeu. Por via das dúvidas, a vigilância sanitária vai procurá-lo.
Um senhor com Doença de Chagas, que encaminhei para a capital há umas duas semanas, retornou, com insuficiência cardíaca descompensada. É um velho conhecido e fiz o que pude pra melhorar seu conforto. Ele toma os remédios corretamente, mas já tem um marcapasso e sabe que vai morrar assim. Não fiz diurético porque sua pressão já estava baixa e continuamos esperando o laudo sobre a contaminação da furosemida que havia no hospital. Como o fornecedor só tem esse lote, estamos sem furosemida injetável na cidade.
Uma mocinha com tontura e vômitos depois de andar em diversos brinquedos do parquinho: labirintite. Permaneceu umas 18 hora em observação até estar reidratada e poder voltar pra casa.
Eu, com cólica menstrual, fui suturar o dedo de uma mulher, cortado numa lata de cerveja. Enquanto isso, me informaram que um rapaz com o braço quebrado esperava. Uma sutura grande e complicada. Quando terminei, pedi um comprimido pra dor e saí da sala pra tomar.
Estava um pandemônio lá fora, um rapaz com varicela (catapora) queria entrar na sala de sutura, o irmão do rapaz com o braço machucado queria ser atendido primeiro. Eu tive que gritar pra ser ouvida. Primeiro eu ia tomar meu remédio, senão não tinha condições de atender ninguém.
O ombro do rapaz havia sido luxado. Fiz um antiinflamatório pra aliviar a dor e pedi que esperasse um pouco, pra dar tempo do músculo relaxar. Atendi o rapaz com varicela, orientei sobre contágio e dispensei-o. Com uma manobra simples, recoloquei o braço do outro no lugar, que ficou impressionado com o súbito desaparecimento da dor.
Finalmente, a festa terminou. Dormi de meia-noite às seis, quando fui acordada pra ver uma senhora com uma lesão no pé, que há meses a incomoda. Desde quando psoríase é emergência?
Plantão de sábado
Festa de novo na cidadezinha de 6 mil habitantes. A maior festa do ano, com direito a corrida a pé, festa do padroeiro e bloco de Carnaval, parque de diversões, etc, etc. Fui preparada espiritualmente pra enfrentar 48 horas de plantão, com direito a bêbado, acidente, muitas suturas. Eu não sei por que, mas eu não tenho paciência com bêbado. É direito do “serumano” (como diz a Fal) tomar um porre, mas impor sua presença nesse estado deveria ser proibido por lei. Principalmente porque só que faz isso é bêbado chato.
Logo quando fui pagar a passagem do ônibus, um rapaz disse pro cobrador “Tem festa hoje em ..., né?”. E eu: “Infelizmente pra mim, sim”. Se você é a única médica na cidade, como pode ser felizmente, me diga?
O dono do parque de diversões trouxe o filhinho com uma bronquite, tratada a cada dia por um médico diferente há três semanas, uma vez que ele vive viajando. Pra variar, os habituais pacientes com dor de garganta, gastrite, criança vomitando. Finalmente conheci o diretor do hospital. A gente só se fala por telefone porque ele trabalha durante a semana. Ele me avisou que conseguiu um médico pro sábado (Aleluia!) e acabaram-se as 48 horas seguidas.
Na conversa, o diretor me garantiu que minha eterna paciente que vem diariamente à emergência tomar Diazepam finalmente vai ser consultada por um psiquiatra essa semana. A paciente tem depressão (o diretor segredou-me que ela apanha do marido, que parece tão bonzinho) mas é psicologicamente viciada na medicação. Em geral, a gente faz água destilada e ela melhora. Eu não sabia da agressão doméstica.
Um homem esfaqueou a própria mão. Embora muito pequeno, o corte era profundo, atravessando a palma da mão. Um pontinho resolveu o problema.
Uma senhora com diabetes deixou uma panela de barro cair no pé e esperou oito dias pra procurar um médico. Uma superinfecção e uma glicemia de quase 400. Expliquei que não iria confiar mais nela, medicando-a e mandando pra casa. Sabe-se lá quando ela iria de novo ao médico? Sem falar que mora sozinha. Internei-a. Velhinhos são os mais rebeldes pacientes que existem, excetuando-se os próprios médicos.
Um homem com crise de coluna tomou um comprimido de diclofenaco em casa e não melhorou. Veio tomar uma injeção porque não agüentava mais de dor. Expliquei que tinha o mesmo diclofenaco injetável, numa concentração maior e geralmente resolve. Antes, quis examiná-lo, poderia ser uma crise renal. Qual não foi nossa surpresa, as costas dele estavam vermelhas, o abdome também: alergia ao comprimido. Imagina se eu tivesse feito a injeção sem examiná-lo! Proibi Voltaren, Cataflan, etc, fiz outro antiinflamatório e encaminhei-o ao ortopedista.
Sinceramente, eu esperava que a tal corrida trouxesse um monte de gente com o pé torcido, mas não houve nenhum. Aliás, ninguém caiu e se machucou na corrida. O que movimentou a noite foi a festa.
Um rapaz, com dor de dente há dez dias(!) afinal procurou o serviço. Parecia aqueles desenhos animados: um lado do rosto superinchado.Era um abscesso dentário imenso, não dava pra resolver ali, nem dava pra esperar pra segunda-feira. Fiz um antiinflamatório pra aliviar a dor e encaminhei-o pro hospital da cidade vizinha, que tem um bucomaxilofacial de plantão. Foi a única transferência da noite.
Não se engane, o plantão foi um porre só. Vi o dia amanhecer, literalmente. Vi quando a roda-gigante do parque parou de funcionar. As brigas da festa sobraram todas pra mim. Eu havia pedido mais um auxiliar de enfermagem, o que deu uma folga pra equipe e eles puderam tirar um cochilo, mas eu era a única médica, então já viu. Interessante é que as pessoas não queriam que eu suturasse os cortes. Um rapaz levou uma garrafada na testa, ficou cheio de pequenos cortes e muito mal-educadamente, quis me dizer o que fazer. Como nenhuma das lesões dava pra suturar, deixei que ele se entendesse com a auxiliar de enfermagem.
Um rapaz foi agredido por outros sete (segundo ele). Claro, estava embriagado. Tinha um galo enorme na cabeça, o nariz sangrando e o rosto inchado, e muita manha. Aparentemente não era nada grave, um traumatismo crânio-encefálico (TCE) leve , mas toda pancada na cabeça exige observação e expliquei isso pra ele. Coloquei-o num soro glicosado devido à embriaguez e anotei o exame neurológico inicial. Uma hora depois fui examiná-lo e ele havia assinado um termo de responsabilidade (como alguém desacompanhado e embriagado pode ser responsável por si mesmo é coisa que não entendo).
Enquanto eu atendia esse rapaz, informaram que estava chegando uma facada. Era uma facada no nariz, depois de uma tentativa de assalto. Dava pra ver o osso do nariz, lascado. Pra variar, o homem não queria que suturasse. Fiz com que ele assinasse, com testemunha, o risco de infecção, incluindo uma meningite (devido à vascularização da área).
Dois rapazes, já voltando da festa, sóbrios, tiveram a má sorte de estourar um pneu da moto. Muitas escoriações e uma sutura, se não me engano. A essa altura eu estava dormindo em pé.
Não lembro qual o último paciente do plantão, sinceramente.
Logo quando fui pagar a passagem do ônibus, um rapaz disse pro cobrador “Tem festa hoje em ..., né?”. E eu: “Infelizmente pra mim, sim”. Se você é a única médica na cidade, como pode ser felizmente, me diga?
O dono do parque de diversões trouxe o filhinho com uma bronquite, tratada a cada dia por um médico diferente há três semanas, uma vez que ele vive viajando. Pra variar, os habituais pacientes com dor de garganta, gastrite, criança vomitando. Finalmente conheci o diretor do hospital. A gente só se fala por telefone porque ele trabalha durante a semana. Ele me avisou que conseguiu um médico pro sábado (Aleluia!) e acabaram-se as 48 horas seguidas.
Na conversa, o diretor me garantiu que minha eterna paciente que vem diariamente à emergência tomar Diazepam finalmente vai ser consultada por um psiquiatra essa semana. A paciente tem depressão (o diretor segredou-me que ela apanha do marido, que parece tão bonzinho) mas é psicologicamente viciada na medicação. Em geral, a gente faz água destilada e ela melhora. Eu não sabia da agressão doméstica.
Um homem esfaqueou a própria mão. Embora muito pequeno, o corte era profundo, atravessando a palma da mão. Um pontinho resolveu o problema.
Uma senhora com diabetes deixou uma panela de barro cair no pé e esperou oito dias pra procurar um médico. Uma superinfecção e uma glicemia de quase 400. Expliquei que não iria confiar mais nela, medicando-a e mandando pra casa. Sabe-se lá quando ela iria de novo ao médico? Sem falar que mora sozinha. Internei-a. Velhinhos são os mais rebeldes pacientes que existem, excetuando-se os próprios médicos.
Um homem com crise de coluna tomou um comprimido de diclofenaco em casa e não melhorou. Veio tomar uma injeção porque não agüentava mais de dor. Expliquei que tinha o mesmo diclofenaco injetável, numa concentração maior e geralmente resolve. Antes, quis examiná-lo, poderia ser uma crise renal. Qual não foi nossa surpresa, as costas dele estavam vermelhas, o abdome também: alergia ao comprimido. Imagina se eu tivesse feito a injeção sem examiná-lo! Proibi Voltaren, Cataflan, etc, fiz outro antiinflamatório e encaminhei-o ao ortopedista.
Sinceramente, eu esperava que a tal corrida trouxesse um monte de gente com o pé torcido, mas não houve nenhum. Aliás, ninguém caiu e se machucou na corrida. O que movimentou a noite foi a festa.
Um rapaz, com dor de dente há dez dias(!) afinal procurou o serviço. Parecia aqueles desenhos animados: um lado do rosto superinchado.Era um abscesso dentário imenso, não dava pra resolver ali, nem dava pra esperar pra segunda-feira. Fiz um antiinflamatório pra aliviar a dor e encaminhei-o pro hospital da cidade vizinha, que tem um bucomaxilofacial de plantão. Foi a única transferência da noite.
Não se engane, o plantão foi um porre só. Vi o dia amanhecer, literalmente. Vi quando a roda-gigante do parque parou de funcionar. As brigas da festa sobraram todas pra mim. Eu havia pedido mais um auxiliar de enfermagem, o que deu uma folga pra equipe e eles puderam tirar um cochilo, mas eu era a única médica, então já viu. Interessante é que as pessoas não queriam que eu suturasse os cortes. Um rapaz levou uma garrafada na testa, ficou cheio de pequenos cortes e muito mal-educadamente, quis me dizer o que fazer. Como nenhuma das lesões dava pra suturar, deixei que ele se entendesse com a auxiliar de enfermagem.
Um rapaz foi agredido por outros sete (segundo ele). Claro, estava embriagado. Tinha um galo enorme na cabeça, o nariz sangrando e o rosto inchado, e muita manha. Aparentemente não era nada grave, um traumatismo crânio-encefálico (TCE) leve , mas toda pancada na cabeça exige observação e expliquei isso pra ele. Coloquei-o num soro glicosado devido à embriaguez e anotei o exame neurológico inicial. Uma hora depois fui examiná-lo e ele havia assinado um termo de responsabilidade (como alguém desacompanhado e embriagado pode ser responsável por si mesmo é coisa que não entendo).
Enquanto eu atendia esse rapaz, informaram que estava chegando uma facada. Era uma facada no nariz, depois de uma tentativa de assalto. Dava pra ver o osso do nariz, lascado. Pra variar, o homem não queria que suturasse. Fiz com que ele assinasse, com testemunha, o risco de infecção, incluindo uma meningite (devido à vascularização da área).
Dois rapazes, já voltando da festa, sóbrios, tiveram a má sorte de estourar um pneu da moto. Muitas escoriações e uma sutura, se não me engano. A essa altura eu estava dormindo em pé.
Não lembro qual o último paciente do plantão, sinceramente.
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Diversão da tarde
Com direito a trilha sonora impecável
Mrs. Robinson
And here’s to you, Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
(Wo wo wo)
God bless you, please Mrs. Robinson
Heaven holds a place for those who pray
(Hey hey hey – hey hey hey)
We’d like to know a little bit about you for our files
We’d like to help you learn to help yourself
Look around you, all you see are sympathetic eyes
Stroll around the grounds until you feel at home
And here’ to you, Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
(Wo wo wo)
God bless you, please Mrs. Robinson
Heaven holds a place for those who pray
(Hey hey hey – hey hey hey)
Hide it in a hiding place where no one ever goes
Put it in your pantry with your cupcakes
It’s a little secret, just the Robinson’s affair
Most of all you’ve got to hide it from the kids
Coo coo ca choo, Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
(Wo wo wo)
God bless you, please Mrs. Robinson
Heaven holds a place for those who pray
(Hey hey hey – hey hey hey)
Sitting on a sofa on a Sunday afternoon
Going to the candidates’ depate
Laugh about it, shout about it
When you’ve got to choose
Ev’ry way you look at it you lose
Where have you gone, Joe DiMaggio?
A nation turns its lonely eyes to you
(Woo woo woo)
What’s that you say, Mrs. Robinson
‘Joltin Joe’ has left and gone away?
(Hey hey hey – hey hey hey)
Marcadores:
Cinema,
letras de música,
música
Fé
A cristã acorda às cinco da manhã com medo que o despertador toque e acorde alguém na casa onde ela dorme como convidada e fica cochilando e acordado a cada cinco minutos porque dava pra dormir mais, mas ela pode perder a hora. Sai ainda com o dia amanhecendo, descobre que não nasceu nenhum menino em 12 horas na cidade. Segue pra enfermaria de Pediatria onde sempre tira gente da cama pra examinar, crianças ainda com remela nos olhos, dormindo de olho aberto. Claro que sempre tem umas pimentinhas que nem devem dormir, de tão alertas num horário desumano daquele.
A católica que não pisa na Igreja há meses vai perguntando sobre xixi, cocô, tosse, febre, catarro, etc, etc. Deveria perder a fome, mas quando termina vai tomar café, porque almoço só depois do último paciente, o que pode ser às duas da tarde. Descobre no caminho pro refeitório que um técnico de enfermagem muito querido passou no vestibular e que outros funcionários estão na lista pra serem remanejados. Avisa pra todo munundo rezar, porque ela já esteve numa lista de espera assim pra Medicina e entrou, no segundo remanejamento, na segunda entrada. Pra quem havia estudado seis meses, em Medicina, tá bom demais. No final, o diploma é o mesmo.
Ela atende um atrás do outro, crianças, adultos, velhinhas. As velhinhas e crianças adoram ela. Sei lá por quê.
Então um paciente novo entra e diz que tem AIDS. Já abriu o exame, que fez por conta própria. Dá um aperto no coração alguém ainda tão jovem com a vida comprometida assim. Ela se solidariza e abre o exame. Não reagente. NÃO REAGENTE. Ele não entendeu o que leu, não acredita nela. É difícil acreditar numa boa notícia. Dez anos com uma dúvida que virou certeza nos últimos dias, sem coragem pra mostrar prum médico, pra contar pra companheira há dez anos. É preciso mostrar que o REAGENTE que ele leu é a explicação de valores anormais, que ele entendeu errado, que a médica trabalhou seis anos na enfermaria de infectologia da capital e sabe do que fala. Ele não acredita, ela é muito nova. Ele não quer acreditar, depois não consegue chorar de alívio. O pesadelo acabou.
Hoje ela vai ter mais oração de agradecimento na hora de dormir. A Igreja? Deus entende.
A católica que não pisa na Igreja há meses vai perguntando sobre xixi, cocô, tosse, febre, catarro, etc, etc. Deveria perder a fome, mas quando termina vai tomar café, porque almoço só depois do último paciente, o que pode ser às duas da tarde. Descobre no caminho pro refeitório que um técnico de enfermagem muito querido passou no vestibular e que outros funcionários estão na lista pra serem remanejados. Avisa pra todo munundo rezar, porque ela já esteve numa lista de espera assim pra Medicina e entrou, no segundo remanejamento, na segunda entrada. Pra quem havia estudado seis meses, em Medicina, tá bom demais. No final, o diploma é o mesmo.
Ela atende um atrás do outro, crianças, adultos, velhinhas. As velhinhas e crianças adoram ela. Sei lá por quê.
Então um paciente novo entra e diz que tem AIDS. Já abriu o exame, que fez por conta própria. Dá um aperto no coração alguém ainda tão jovem com a vida comprometida assim. Ela se solidariza e abre o exame. Não reagente. NÃO REAGENTE. Ele não entendeu o que leu, não acredita nela. É difícil acreditar numa boa notícia. Dez anos com uma dúvida que virou certeza nos últimos dias, sem coragem pra mostrar prum médico, pra contar pra companheira há dez anos. É preciso mostrar que o REAGENTE que ele leu é a explicação de valores anormais, que ele entendeu errado, que a médica trabalhou seis anos na enfermaria de infectologia da capital e sabe do que fala. Ele não acredita, ela é muito nova. Ele não quer acreditar, depois não consegue chorar de alívio. O pesadelo acabou.
Hoje ela vai ter mais oração de agradecimento na hora de dormir. A Igreja? Deus entende.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Alguém me explica como se paga pra levar choque?
Pois então, eu estou com uma tendinite no punho esquerdo, que não dá pra imobilizar porque médico não pára nunca de escrever. Então, o remédio é colocar gelo e fazer fisioterapia, que consiste em ultra-som e TENS. Ultra-som é bem parecido com o exame: coloca aquele gel melequento e fica passando aquele transdutor, o que muda é a intensidade das ondas, o aparelho, etc. O TENS (que tem um nome em inglês bonito) não passa de um aparelho chique de dar choques no local pra, pra... esqueci. E o fisioterapeuta explicou bem direitinho, viu? O pior é que ele vai ler isso aqui.
Ah, meia hora de choques a cada sessão. Na verdade, quem paga é a UNIMED, mas eu pago a UNIMED, então...
Ah, meia hora de choques a cada sessão. Na verdade, quem paga é a UNIMED, mas eu pago a UNIMED, então...
terça-feira, janeiro 24, 2006
Plantão de domingo
Maravilhosa madrugada, às cinco da manhã com uma mulher vomitando sem parar, com uma crise de labirintite.
Às três da tarde, um tradicional bloco de carnaval da oposição política começou a tocar. Como a cidade é imensa (4 mil habitantes) dava pra ouvir tudo. Então começaram a chegar os acidentes e gente que não sabe beber. Uma moça sem comer há 24 horas bebeu duas cervejas e estava tonta. Claro, né?
Os imbecis do bloco, não contentes com o barulho, passaram com o trio em frente ao hospital, onde a paciente com labirintite continuava, com náuseas (se o labirinto fica dentro do ouvido e tem um trio elétrico tocando, não tem como melhorar). E ainda tentaram invadir a emergência. Parece que é tradição, todo ano é a mesma coisa. Ainda bem que alguém pensou este ano e colocou cinco seguranças na entrada. Ainda chegou gente que apanhou da briga dos outros. Mais tarde, dois rapazes cheios de escoriações, um deles com o braço machucado, que estavam voltando da festa numa moto e o pneu dianteiro estourou. Podia ser pior.
Às três da tarde, um tradicional bloco de carnaval da oposição política começou a tocar. Como a cidade é imensa (4 mil habitantes) dava pra ouvir tudo. Então começaram a chegar os acidentes e gente que não sabe beber. Uma moça sem comer há 24 horas bebeu duas cervejas e estava tonta. Claro, né?
Os imbecis do bloco, não contentes com o barulho, passaram com o trio em frente ao hospital, onde a paciente com labirintite continuava, com náuseas (se o labirinto fica dentro do ouvido e tem um trio elétrico tocando, não tem como melhorar). E ainda tentaram invadir a emergência. Parece que é tradição, todo ano é a mesma coisa. Ainda bem que alguém pensou este ano e colocou cinco seguranças na entrada. Ainda chegou gente que apanhou da briga dos outros. Mais tarde, dois rapazes cheios de escoriações, um deles com o braço machucado, que estavam voltando da festa numa moto e o pneu dianteiro estourou. Podia ser pior.
segunda-feira, janeiro 23, 2006
Então eu soltei os cachorros com o filho da puta que por acaso é meu irmão (eu tenho dois irmãos, um deles é maravilhoso, o outro...). E tinha prometido telefonar pro meu pai pra dar notícias sobre o tal irmão inútil, que está doente há dias, internado e tudo o mais. Depois de garantir que não pago o enterro dele, disse pro meu pai (com quem mantenho relações tipo, de sobrinha pra tio) que vou mesmo me mudar pro interior, e dane-se especialização, residência médica e outras imbecilidades que inventaram nessa profissão de merda que temos em comum. Cansei de agradar ao mundo.
Deu pra sentir a desilusão na voz do velhinho. Alguém que aprendeu a ler aos 18 e aos 36 tava formado em Medicina, que fez residência, especialização, prova pra título de especialista e acaba de concluir mais uma reciclagem aos 63 anos.
Eu nem devia ter nascido, pra falar a verdade.
Deu pra sentir a desilusão na voz do velhinho. Alguém que aprendeu a ler aos 18 e aos 36 tava formado em Medicina, que fez residência, especialização, prova pra título de especialista e acaba de concluir mais uma reciclagem aos 63 anos.
Eu nem devia ter nascido, pra falar a verdade.
Marcadores:
meu irmão,
meus escritos,
minha família de coração
Tá bom, podem jogar pedras. Eu não conheço Damien Rice. Acabo de procurar alguma coisa no e-mule pra escutar e dizer se gosto. Nunca fui muito ligada em cantor estrangeiro. Pode me chamar de desinformada. Eu vou adorar. Depois de anos querendo saber tudo que acontecia no mundo eu resolvi ser ignorante: é óoooooooooootemo.
Soneca da tarde
Quando vc sonha com o Bonner, vítima de sequestro junto com você, e bichando como tática pra escapar, tá bom de mudar de emprego e dormir melhor.
Marcadores:
meus escritos,
Meus Williams,
William Bonner
Do Drops da Fal
quatro empregos que você já teve:
1. vendedora de pastel (e com isso paguei minha inscrição do vestibular)
2. vendedora de maquiagem (e pagava minha condução com isso)
3. cantora de coral (e paguei a faculdade assim)
4. vendedora de lingerie (pra pagar as contas mesmo)
quem sabe um dia: 5. Cantora de bar
quatro filmes que você poderia assistir infinitamente:
1. O casamento do meu melhor amigo
2. Erin Brockovichy
3. Até o limite da honra
4. 28 dias
(E vamos parando por aqui senão eu não acabo nunca)
quatro lugares em que você morou:
1. Na rua das Algas, 2179 (depois de seis ou sete aniversários, cada um em uma casa diferente. Até parece que o cigano era meu pai)
2. Na rua Conde de Vila Flor (minha mãe insiste que 'o tal conde era viado')
3. Na Barão de Souza Leão
4. Na Conselheiro Aguiar (e nunca ia à praia)
quatro programas de TV que você adora assistir:
1. Jornal Nacional (e não é por causa do Bonner)
2. Programa do Jô
3. Arquivo X (é, ainda)
4. 24 horas
quatro lugares em que você já esteve de férias:
1. Natal
2. Mossoró
3. Maceió
4. Fortaleza
(e daí que é só Nordeste? Preciso conhecer minha casa primiero)
quatro blogs que você visita diariamente:
1. Drops da Fal
2. All things
3. Naked if i want to
4. Alta fidelidade
quatro de suas comidas favoritas:
1. Sopa de aveia, lógico
2. O bolo gelado da minha mãe
3. A farofa de Doda
4. Pizza
quatro lugares em que você preferiria estar agora:
1. minha cama (depois de 48 horas de plantão?)
2. Na casa de praia de Doda, em Santa Rita-RN
3. No meu sofá, reassistindo “o sorriso de Monalisa”
4. Nos braços de um certo homem que não é o ex
quatro discos sem os quais você não pode viver:
1. Qualquer um do Kid Abelha
2. Perfil, da Ana Carolina
3. o programa do e-mule, né?
4. A trilha sonora de “o casamento do meu melhor amigo”
quatro carros que você já teve:
1. um passat verde
2. um Uno Prata
3. um Uno Prata zero (recebo amanhã!)
4. um dia, um doblô, quem sabe...
quatro livros que você relê de vez em quando:
1. A ilha do tesouro, de R. L. Stevenson
2. Qualquer um do Monteiro Lobato
3. Médico de Homens e de Almas
4. A cidadela, de A. J. Cronin
5. O fantasma de Canterville
(tá, eu vivo relendo tudo que já li)
1. vendedora de pastel (e com isso paguei minha inscrição do vestibular)
2. vendedora de maquiagem (e pagava minha condução com isso)
3. cantora de coral (e paguei a faculdade assim)
4. vendedora de lingerie (pra pagar as contas mesmo)
quem sabe um dia: 5. Cantora de bar
quatro filmes que você poderia assistir infinitamente:
1. O casamento do meu melhor amigo
2. Erin Brockovichy
3. Até o limite da honra
4. 28 dias
(E vamos parando por aqui senão eu não acabo nunca)
quatro lugares em que você morou:
1. Na rua das Algas, 2179 (depois de seis ou sete aniversários, cada um em uma casa diferente. Até parece que o cigano era meu pai)
2. Na rua Conde de Vila Flor (minha mãe insiste que 'o tal conde era viado')
3. Na Barão de Souza Leão
4. Na Conselheiro Aguiar (e nunca ia à praia)
quatro programas de TV que você adora assistir:
1. Jornal Nacional (e não é por causa do Bonner)
2. Programa do Jô
3. Arquivo X (é, ainda)
4. 24 horas
quatro lugares em que você já esteve de férias:
1. Natal
2. Mossoró
3. Maceió
4. Fortaleza
(e daí que é só Nordeste? Preciso conhecer minha casa primiero)
quatro blogs que você visita diariamente:
1. Drops da Fal
2. All things
3. Naked if i want to
4. Alta fidelidade
quatro de suas comidas favoritas:
1. Sopa de aveia, lógico
2. O bolo gelado da minha mãe
3. A farofa de Doda
4. Pizza
quatro lugares em que você preferiria estar agora:
1. minha cama (depois de 48 horas de plantão?)
2. Na casa de praia de Doda, em Santa Rita-RN
3. No meu sofá, reassistindo “o sorriso de Monalisa”
4. Nos braços de um certo homem que não é o ex
quatro discos sem os quais você não pode viver:
1. Qualquer um do Kid Abelha
2. Perfil, da Ana Carolina
3. o programa do e-mule, né?
4. A trilha sonora de “o casamento do meu melhor amigo”
quatro carros que você já teve:
1. um passat verde
2. um Uno Prata
3. um Uno Prata zero (recebo amanhã!)
4. um dia, um doblô, quem sabe...
quatro livros que você relê de vez em quando:
1. A ilha do tesouro, de R. L. Stevenson
2. Qualquer um do Monteiro Lobato
3. Médico de Homens e de Almas
4. A cidadela, de A. J. Cronin
5. O fantasma de Canterville
(tá, eu vivo relendo tudo que já li)
Marcadores:
Arquivo X,
Cinema,
citações,
comida,
Fal Azevedo,
Literatura,
médicos escritores,
minha família de coração,
minha mãe,
música,
outros blogs,
TV,
Vicky
Especial de sábado
O atendimento mais interessante do sábado merece um post à parte. Dois pacientes de famílias distintas, acima de 50 anos, que moram próximos, haviam sido atendidos no serviço na sexta-feira, com cirve hiperttensiva, e um deles ainda tinha diarréia.
Retornaram 24 horas depois com confusão mental e agitação. Um deles sequer sabia o próprio nome. Nas fichas do dia anterior, havia algumas medicações em comum: um comprimido e duas injeções. Depois soubemos que uma das injeções não havia sido feita porque estava em falta.
Minha primeira suspeita foi contaminação da medicação, com uma consequente encefalite (uma infecção dentro do cérebro) ou meningite. Fiz um relatório e encaminhei imediatamente ambos à capital pra avaliação de um neurologista. Antes, eu precisei sedar um deles, de tão ruim que estava, tentando até fugir.
Separei a medicação suspeita e enviei pra Vigilância Sanitária do município. Pois dá pra acreditar que a acompanhante de um deles não queria permanecer no hospital da capital porque não tinha uma cama pra ela dormir? E o pai/avô naquele estado?
No domingo, a família estava no serviço exigindo um carro pra buscar os dois porque estavam de alta. Eu duvido que estivessem. Devem ter assinado um termo de responsabilidade, isso sim.
Só se envia um paciente do interior pra capital quando o caso é grave. Ninguém desfalca a equipe (auxiliar, motorista) pra uma viagem de mais de duas horas pra ouvir do outro médico um pitaco apenas. Geralmente a gente sabe o que fazer mas não tem recursos (exames, equipamento), daí a transferência.
O hospital pra onde enviei os dois é o melhor em urgência neurológica do Estado. Quando a madrasta da minha mãe teve um derrame, foi pra lá que eu a levei, embora seja público. E a minha mãe dormia numa cadeira lá. no entanto, em uma hora de atendimento ela estava sendo levada pra uma tomografia. No mesmo ano, meu irmão sofreu um acidente e precisou de uma tomografia de urgência, com suspeita de uma fratura de vértebra, num hospital particular. Precisamos deixar uma caução, pedir autorização pro convêncio, o maior rolo. É preciso saber ceder de vez em quando, pensar no melhor tratamento pro paciente.
Retornaram 24 horas depois com confusão mental e agitação. Um deles sequer sabia o próprio nome. Nas fichas do dia anterior, havia algumas medicações em comum: um comprimido e duas injeções. Depois soubemos que uma das injeções não havia sido feita porque estava em falta.
Minha primeira suspeita foi contaminação da medicação, com uma consequente encefalite (uma infecção dentro do cérebro) ou meningite. Fiz um relatório e encaminhei imediatamente ambos à capital pra avaliação de um neurologista. Antes, eu precisei sedar um deles, de tão ruim que estava, tentando até fugir.
Separei a medicação suspeita e enviei pra Vigilância Sanitária do município. Pois dá pra acreditar que a acompanhante de um deles não queria permanecer no hospital da capital porque não tinha uma cama pra ela dormir? E o pai/avô naquele estado?
No domingo, a família estava no serviço exigindo um carro pra buscar os dois porque estavam de alta. Eu duvido que estivessem. Devem ter assinado um termo de responsabilidade, isso sim.
Só se envia um paciente do interior pra capital quando o caso é grave. Ninguém desfalca a equipe (auxiliar, motorista) pra uma viagem de mais de duas horas pra ouvir do outro médico um pitaco apenas. Geralmente a gente sabe o que fazer mas não tem recursos (exames, equipamento), daí a transferência.
O hospital pra onde enviei os dois é o melhor em urgência neurológica do Estado. Quando a madrasta da minha mãe teve um derrame, foi pra lá que eu a levei, embora seja público. E a minha mãe dormia numa cadeira lá. no entanto, em uma hora de atendimento ela estava sendo levada pra uma tomografia. No mesmo ano, meu irmão sofreu um acidente e precisou de uma tomografia de urgência, com suspeita de uma fratura de vértebra, num hospital particular. Precisamos deixar uma caução, pedir autorização pro convêncio, o maior rolo. É preciso saber ceder de vez em quando, pensar no melhor tratamento pro paciente.
Plantão de Sábado
A boa notícia é que aquela recém-nascida da semana passada teve alta. Sobreviveu, sim, e não deve ter tido infecção ou ainda estaria no hospital. Só não sei quando ao dano cerebral. Tenho consciência de ter feito o que pude. Aliás, eu aprendi a tal manobra que o médico metido criticou por eu não ter feito, mas não fez o favor de ensinar. Crítica sem sugestão é mesmo que nada.
A mãe me traz um filho cheio de feridas (perebas mesmo), que passou a consulta inteira se coçando, coitado. Será que essa mãe é cega, que não vê o filho se coçando? O coitado cheio de sarna, tão machucado que não dava pra colocar remédio local. resultado: uma benzetacil, um anti-histamínico pra aliviar a coceira e a criança poder dormir. tratar a sarna? Só semana que vem, porque ia arder demais.
Uma moça com histórico de tentativa de suicídio há um ano, perdeu a voz de repente. Minha primeira pergunta:" Você teve alguma raiva?". Claro que sim. Histeria dá afonia, senhoras e senhores. Não havia nada de errado na garganta dela. tem gente que grita quando tem raiva, tem gente que cala.
Uma senhora com diabetes se queixando de tontura quando acorda. Toma o remédio (que baixa o açúcar do sangue) mas não come pela manhã. Um custo fazê-la entender que DIABÉTICO TEM QUE COMER NA HORA CERTA, mesmo sem ter fome. Que precisa fazer exame de sangue toda vez que sentir qualquer coisa, e que o exame do mês passado me mostra a situação do mês passado, não serve pra tontura dessa semana, quando a dose do remédio aumentou.
Mais um habitual caso de diarréia, sem uso de soro caseiro. Será que esse povo não assiste televisão? Talvez se colocar a receita na novela...
Uma senhora com uma broncopneumonia, sem tomar bastante líquido. Depois de um litro e meio de soro, nebulização e iniciar antibiótico, a secreção começou a sair. A nebulização só melhorou a falta de ar. E duas doses de antibiótico não curam ninguém.Não se engane: SORO É ÁGUA COM SAL OU COM AÇÚCAR. Faltava era água pra 'afinar' o catarro. TOSSE COM SECREÇÃO MELHORA MESMO É COM BASTANTE LÍQUIDO(lambedor e xarope dão sede, daí porque funcionam), se a secreção está 'fina', sai mais fácil e a criatura pára de tossir.
Mais um paciente com pressão alta que só vai ao médico quando passa mal. Nada de tomar medicação, fazer acompanhamento médico ou dieta. Por favor: se em três verificações de pressão arterial, em ocasiões distintas, dão elevadas, você tem hipertensão e precisa tratar, seja só com dieta e mudanças de hábito de vida (perder peso, fazer exercício) seja com medicação. Procure um médico. MESMO QUE A PRESSÃO SÓ SUBA QUANDO VOCÊ SE EMOCIONA, ISSO É HIPERTENSÃO!
Um bêbado (chato, pra variar) com uma facada na coxa. Deve ter enchido o saco de alguém, e veio encher a minha paciência. Por que bêbado ou é cheio de direito ou é cheio de manha? Parecia que tinha quebrado qualquer coisa de tanto que gemia. Não parava quieto pra eu fazer a anestesia, a limpeza e a sutura. E estava em delírio de megalomania, comum em bêbado. Queria me dar uma vaca de presente (se eu não tenho onde botar um galinha, avalie uma vaca), me prometeu um monte de laranjas-cravo (tangerina ou mexerica) e não tinha dinheiro nem pra voltar pra casa.
A noite fechou que uma daminha de honra linda, parecia a noiva de tão chique, toda de branco, de vestido com calda, todo bordado, de colar, coroa e brincos, com dor de cabeça. Coitada. Deve ter passado horas sem comer depois de arrumada, na cerimônia, com aquelas luzes de filmagem.
A mãe me traz um filho cheio de feridas (perebas mesmo), que passou a consulta inteira se coçando, coitado. Será que essa mãe é cega, que não vê o filho se coçando? O coitado cheio de sarna, tão machucado que não dava pra colocar remédio local. resultado: uma benzetacil, um anti-histamínico pra aliviar a coceira e a criança poder dormir. tratar a sarna? Só semana que vem, porque ia arder demais.
Uma moça com histórico de tentativa de suicídio há um ano, perdeu a voz de repente. Minha primeira pergunta:" Você teve alguma raiva?". Claro que sim. Histeria dá afonia, senhoras e senhores. Não havia nada de errado na garganta dela. tem gente que grita quando tem raiva, tem gente que cala.
Uma senhora com diabetes se queixando de tontura quando acorda. Toma o remédio (que baixa o açúcar do sangue) mas não come pela manhã. Um custo fazê-la entender que DIABÉTICO TEM QUE COMER NA HORA CERTA, mesmo sem ter fome. Que precisa fazer exame de sangue toda vez que sentir qualquer coisa, e que o exame do mês passado me mostra a situação do mês passado, não serve pra tontura dessa semana, quando a dose do remédio aumentou.
Mais um habitual caso de diarréia, sem uso de soro caseiro. Será que esse povo não assiste televisão? Talvez se colocar a receita na novela...
Uma senhora com uma broncopneumonia, sem tomar bastante líquido. Depois de um litro e meio de soro, nebulização e iniciar antibiótico, a secreção começou a sair. A nebulização só melhorou a falta de ar. E duas doses de antibiótico não curam ninguém.Não se engane: SORO É ÁGUA COM SAL OU COM AÇÚCAR. Faltava era água pra 'afinar' o catarro. TOSSE COM SECREÇÃO MELHORA MESMO É COM BASTANTE LÍQUIDO(lambedor e xarope dão sede, daí porque funcionam), se a secreção está 'fina', sai mais fácil e a criatura pára de tossir.
Mais um paciente com pressão alta que só vai ao médico quando passa mal. Nada de tomar medicação, fazer acompanhamento médico ou dieta. Por favor: se em três verificações de pressão arterial, em ocasiões distintas, dão elevadas, você tem hipertensão e precisa tratar, seja só com dieta e mudanças de hábito de vida (perder peso, fazer exercício) seja com medicação. Procure um médico. MESMO QUE A PRESSÃO SÓ SUBA QUANDO VOCÊ SE EMOCIONA, ISSO É HIPERTENSÃO!
Um bêbado (chato, pra variar) com uma facada na coxa. Deve ter enchido o saco de alguém, e veio encher a minha paciência. Por que bêbado ou é cheio de direito ou é cheio de manha? Parecia que tinha quebrado qualquer coisa de tanto que gemia. Não parava quieto pra eu fazer a anestesia, a limpeza e a sutura. E estava em delírio de megalomania, comum em bêbado. Queria me dar uma vaca de presente (se eu não tenho onde botar um galinha, avalie uma vaca), me prometeu um monte de laranjas-cravo (tangerina ou mexerica) e não tinha dinheiro nem pra voltar pra casa.
A noite fechou que uma daminha de honra linda, parecia a noiva de tão chique, toda de branco, de vestido com calda, todo bordado, de colar, coroa e brincos, com dor de cabeça. Coitada. Deve ter passado horas sem comer depois de arrumada, na cerimônia, com aquelas luzes de filmagem.
sábado, janeiro 21, 2006
E a garotinha que voltou na semana seguinte só pra ver a "doutora bonita"? Criança tem cada idéia...
Melhor que isso, só a mãe que trouxe o filho com uns panos brancos, uma anemia leve e com um nome de diretor de cinema. Eu conversei tanto com eles que esqueci de passar o remédio da micose. Sim, gente, médico também esquece das coisas. Lembrei quando cheguei em casa. No dia seguinte, eu telefonei pra mãe, morta de vergonha. Ela aceitou numa boa, pensou que nem precisava de remédio, já que eu não tinha passado nada. Que mico.
E a mãe que me trouxe a criança com dores abdominais, me fez examinar, solicitar exames, etc, me voltou com os resultados e tinha uma anemia bem discreta. Alguma coisa me deu um estalo: "Olha, eu vou pedir mais exames, tem uma doença chamada anemia falciforme...", "Ah, eu tenho, sou acompanhada no HEMOPE". Ela achava que toda anemia era a mesma coisa e que era besteira. E a menina passou uma semana com uma dor fortíssima, digna de tomar um derivado de morfina, soro, ficar internada, porque a mãe não me disse nada. E eu sempre pergunto se tem alguma doença na família, viu?
Melhor que isso, só a mãe que trouxe o filho com uns panos brancos, uma anemia leve e com um nome de diretor de cinema. Eu conversei tanto com eles que esqueci de passar o remédio da micose. Sim, gente, médico também esquece das coisas. Lembrei quando cheguei em casa. No dia seguinte, eu telefonei pra mãe, morta de vergonha. Ela aceitou numa boa, pensou que nem precisava de remédio, já que eu não tinha passado nada. Que mico.
E a mãe que me trouxe a criança com dores abdominais, me fez examinar, solicitar exames, etc, me voltou com os resultados e tinha uma anemia bem discreta. Alguma coisa me deu um estalo: "Olha, eu vou pedir mais exames, tem uma doença chamada anemia falciforme...", "Ah, eu tenho, sou acompanhada no HEMOPE". Ela achava que toda anemia era a mesma coisa e que era besteira. E a menina passou uma semana com uma dor fortíssima, digna de tomar um derivado de morfina, soro, ficar internada, porque a mãe não me disse nada. E eu sempre pergunto se tem alguma doença na família, viu?
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Presente pra médico
Então, a paciente agradecida me trouxe um presente por curar a tosse de um mês, que não era tuberculose, nem nada. O presente tinha sido prometido, mas eu não imaginei que fosse tanto: uma galinha. Viva.
Já ganhei uma galinha antes, mas aquela veio mortinha e limpa. Até temperada estava, mas essa... Essa veio viva, com aquele ar inocente, botando a cabeça pra fora da sacola. Quando a mulher saiu, depois de eu agradecer muito (pois eu me derreto toda com essas gentilezas), eu tive uma crise de riso. O que é que eu ia fazer com uma galinha dentro de um apartamento? As recepcionistas deram a idéia de levar pra cozinha do hospital, que lá as cozinheiras matavam.
Mais tarde, lá vem a cozinheira me dizer que não podia matar a galinha, porque ela estava choca. E comer galinha choca faz cair o cabelo. Pessoalmente, eu não acredito nessas coisas, mas é preciso respeitar a crença alheia quando se é médico.
Então, a cozinheira levou a Cremilda (ela tem mesmo cara de Cremilda, a tal galinha) pra casa, pra botar os ovos e só então matar. Ela que fique com os pintinhos. já pensou? Galinha e pintinhos num apê?
Já ganhei uma galinha antes, mas aquela veio mortinha e limpa. Até temperada estava, mas essa... Essa veio viva, com aquele ar inocente, botando a cabeça pra fora da sacola. Quando a mulher saiu, depois de eu agradecer muito (pois eu me derreto toda com essas gentilezas), eu tive uma crise de riso. O que é que eu ia fazer com uma galinha dentro de um apartamento? As recepcionistas deram a idéia de levar pra cozinha do hospital, que lá as cozinheiras matavam.
Mais tarde, lá vem a cozinheira me dizer que não podia matar a galinha, porque ela estava choca. E comer galinha choca faz cair o cabelo. Pessoalmente, eu não acredito nessas coisas, mas é preciso respeitar a crença alheia quando se é médico.
Então, a cozinheira levou a Cremilda (ela tem mesmo cara de Cremilda, a tal galinha) pra casa, pra botar os ovos e só então matar. Ela que fique com os pintinhos. já pensou? Galinha e pintinhos num apê?
I want to belive
PROJETO FIXA MÁXIMO DE 12 HORAS PARA PLANTÃO MÉDICO
A Câmara analisa o Projeto de Lei 6172/05, do deputado Marcos Abramo (PP-SP), que proíbe o trabalho ininterrupto de médicos em regime de plantão presencial por mais de 12 horas. A proposta altera a Lei 3999/61, que fixa a jornada diária normal de trabalho dos médicos em no mínimo duas horas e no máximo de quatro horas. Aos médicos que tiverem mais de um empregador, a lei proíbe o trabalho além de seis horas diárias. Mediante acordo escrito ou por motivo de força maior, a lei permite acréscimo de até duas horas suplementares. Não há referência a plantões, que normalmente são de 12 horas, não havendo proibição legal para que se estendam além disso.Marcos Abramo destaca que é freqüente médicos trabalharem por mais de 30 horas seguidas, especialmente nos dias em que acumulam um plantão noturno intercalado entre dois períodos diurnos de trabalho. (Agência Câmara)
A Câmara analisa o Projeto de Lei 6172/05, do deputado Marcos Abramo (PP-SP), que proíbe o trabalho ininterrupto de médicos em regime de plantão presencial por mais de 12 horas. A proposta altera a Lei 3999/61, que fixa a jornada diária normal de trabalho dos médicos em no mínimo duas horas e no máximo de quatro horas. Aos médicos que tiverem mais de um empregador, a lei proíbe o trabalho além de seis horas diárias. Mediante acordo escrito ou por motivo de força maior, a lei permite acréscimo de até duas horas suplementares. Não há referência a plantões, que normalmente são de 12 horas, não havendo proibição legal para que se estendam além disso.Marcos Abramo destaca que é freqüente médicos trabalharem por mais de 30 horas seguidas, especialmente nos dias em que acumulam um plantão noturno intercalado entre dois períodos diurnos de trabalho. (Agência Câmara)
terça-feira, janeiro 17, 2006
Eu sou um gênio!
Tá certo, eu consegui o template num site, mas...e recuperar todos os comentários do template antigo? E ajustar tudo? Sem saber html! Foi uma hora e meia de sufoco. Primeiro não tinha coments, depois não tinha título, nem previous posts, arquivos, e eu consegui. Sozinha!
Mas por alguma misteriosa razão, quando se coloca a caixa de comentários, a acentuação desaparece, por isso, vou manter o layout anterior até descobrir como resolver o problema. É muito chato ficar adivinhando o que deveria estar escrito!
Mas por alguma misteriosa razão, quando se coloca a caixa de comentários, a acentuação desaparece, por isso, vou manter o layout anterior até descobrir como resolver o problema. É muito chato ficar adivinhando o que deveria estar escrito!
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Balanço Gil de Ano-Novo
1) Melhor coisa que fiz para mim
encerrar meu namoro/casamento/carma.
2)Melhor coisa que fiz para alguém
encerrar meu namoro/casamento/carma e voltar a falar com minha mãe
3) Melhor coisa que fizeram para mim
Reconhecer que eu estava mesmo doente e não conseguia trabalhar
3)Pior coisa que fiz para mim
Não assumir logo o PSF em outubro.
5) Pior coisa que fiz para alguém
Adotar uma cachorra
6) Pior coisa que me fizeram
Duvidar da minha responsabilidade profissional
7) O que eu queria ter dito e disse
Vão se danar
8) O que eu queria ter dito e não disse
Larga essa chata e fica comigo! (Não era pro ex, bem entendido)
9) O que eu queria ouvir e me disseram
“Ou você pára de trabalhar agora e vai pra casa ou eu interno você”
10) O que eu queria ouvir e não disseram
"Vamos tentar de novo."
11) O que disse que ia fazer e fiz
Um projeto do escritório, com direito a desmontar o antigo guarda-roupa pra fazer as prateleiras, tudo sozinha!
12) O que disse que ia fazer e não fiz
Emagrecer
13) O que disseram que iam fazer por/para mim e não fizeram
renovar o contrato do aluguel do meu apartamento (perdi o projeto do escritório)
14) Momento mais feliz
E se eu disser que não lembro?
15) Momento mais angustiante
Eduardo saindo de casa.
16) Momento inesquecível
comunicar a uma mãe que sua filha nasceu cega.
17) A música ressuscitada do ano
"Garganta"
18) A música que me guiou durante o ano
“começar de novo“
19) O meu lema foi...
Eu consigo!
20) A nota para este ano
Seis. E tá de bom tamanho.
encerrar meu namoro/casamento/carma.
2)Melhor coisa que fiz para alguém
encerrar meu namoro/casamento/carma e voltar a falar com minha mãe
3) Melhor coisa que fizeram para mim
Reconhecer que eu estava mesmo doente e não conseguia trabalhar
3)Pior coisa que fiz para mim
Não assumir logo o PSF em outubro.
5) Pior coisa que fiz para alguém
Adotar uma cachorra
6) Pior coisa que me fizeram
Duvidar da minha responsabilidade profissional
7) O que eu queria ter dito e disse
Vão se danar
8) O que eu queria ter dito e não disse
Larga essa chata e fica comigo! (Não era pro ex, bem entendido)
9) O que eu queria ouvir e me disseram
“Ou você pára de trabalhar agora e vai pra casa ou eu interno você”
10) O que eu queria ouvir e não disseram
"Vamos tentar de novo."
11) O que disse que ia fazer e fiz
Um projeto do escritório, com direito a desmontar o antigo guarda-roupa pra fazer as prateleiras, tudo sozinha!
12) O que disse que ia fazer e não fiz
Emagrecer
13) O que disseram que iam fazer por/para mim e não fizeram
renovar o contrato do aluguel do meu apartamento (perdi o projeto do escritório)
14) Momento mais feliz
E se eu disser que não lembro?
15) Momento mais angustiante
Eduardo saindo de casa.
16) Momento inesquecível
comunicar a uma mãe que sua filha nasceu cega.
17) A música ressuscitada do ano
"Garganta"
18) A música que me guiou durante o ano
“começar de novo“
19) O meu lema foi...
Eu consigo!
20) A nota para este ano
Seis. E tá de bom tamanho.
Perfeito, perfeito!
É Isso Aí
Ana Carolina
Composição: Ana Carolina
É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
É isso aí
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
Ana Carolina
Composição: Ana Carolina
É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
É isso aí
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
Do Drops da Fal
"..tem de um tudo, mas sejam bons e pacientes comigo, foi uma lenha de dia, entrei em casa nesse segundo, eu preciso duma secretária, dum boy e de uma mãe de santo de plantão."
Só você?
Só você?
Marcadores:
citações,
Fal Azevedo,
outros blogs
Atenção!
Com a última reforma no PC (mouse óptico, gabinete, super woofer, módulo isolador e troca de placa) eu perdi todos os meus favoritos. Como só sei o nome de uns poucos blogs de cor... sem falar nos endereços de sites médicos. PQP.
Agradeço se me enviarem novamente seus endereços. Sei o da Ju (Naked if I want to), da Fal, de Vicky (claro) e da Raquel. Por favor, Gil, Lylian Porto, Beth, Meg, Ana Paula e outras, help!
Agradeço se me enviarem novamente seus endereços. Sei o da Ju (Naked if I want to), da Fal, de Vicky (claro) e da Raquel. Por favor, Gil, Lylian Porto, Beth, Meg, Ana Paula e outras, help!
Plantão de domingo
Começou bem, examinado um RN que havia nascido na noite anterior. Gosto de ver recém-nascidos com a luz do dia, pra avaliar se estão amarelinhos. É um menino lindo, bem gordinho. A mãe estava bem.
Aí pegou fogo. Um senhor enorme, bem forte, chegou dizendo que havia quebrado o braço, na verdade havia deslocado o ombro. Normalmente eu coloco no lugar,mas ele era muito forte e a cadeira não tinha um espaldar alto que permitisse um bom apoio pra manobra. Então, fiz um antiinflamatório pra aliviar a dor e o encaminhei pro hospital regional na cidade vizinha, onde tem ortopedista de plantão.
Pois não é que só fizeram enfaixar o homem pra imobilizar o ombro e o mandaram pro ambulatório? E sem nada pra tomar em casa por causa da dor?! Foi a primeira vez em todos esses anos que não consegui reduzir um ombro sozinha. Fiquei pensando que estava inflingindo dor desnecessariamente porque não tinha força suficiente, mas que havia um especialista tão perto, com colegas que poderiam fazer força junto...
Uma porção de gente com vômitos e/ou diarréia. Adultos e crianças, de diferentes locais. Pedi que notificassem à vigilância sanitária. Sei que é época de rotavírus, mas de hepatite também. Falando em doença contagiosa, mãe e filho com catapora (o garotinho adorou o nome ‘catapora” e ficou repetindo). Em adultos, catapora (ou varicela, ou bexiga, como chamam por aqui) é muito pior, mais agressivo. Orientei pra transmissão, prescrevi medicação anti-séptica pra evitar infecção secundária e um anti-histamínico pra coceira, proibi sair de casa. E notifiquei pra vigilância. catapora pode causar aborto.
Entre as crianças com vômitos, estava uma menina de uns cinco anos que já havia vindo na emergência há uns dois meses e sabia meu nome! Tá, é um sobrenome incomum (ou vcs pensam que eu me chamo valadares?). Memória de criança é fogo. O nome dela é T.
Outro pequenino (M.) caiu e cortou o queixo, a ferida corto-contusa preferida de 9 entre 10 crianças. Eu expliquei tudo que ia fazer, inclusive a injeção de anestésico. O pai só fazia atrapalhar: “não tem injeção, não vai dor, homem não chora”. O garoto foi dez, chorou um pouquinho, mas não se debateu, depois que viu que estava anestesiado, conversou enquanto eu suturava. “Quando você for maior, diz pras meninas que foi um grave acidente e não vai faltar namorada”. Ele saiu de lá rindo com a seringa de injeção na mão. Sem agulha, claro.
Um senhor acidentado de moto. Fratura de tíbia e ossos do antebraço. Pedi que não o retirasse do carro onde estava porque não dava pra resolver ali, além de poder piorar a fratura movendo-o pra ambulância, já que eu não tinha uma tala. O motorista entendeu que não era má vontade (graças a Deus, porque tem gente que acha que não quero ceder a ambulância, que está lá pra isso mesmo). Fiz um analgésico e ele seguiu pro hospital regional.
A moça da urticária voltou, toda inchada, em uso de anti-histamínico e comendo uns salgadinhos numa festa de aniversário! Chocolate e corantes raramente causam alergia, eles exacerbam o problema. Nova dose de corticóide, nova bronca.
Uma mãe trouxe o filho com febre, mas antes de sair de casa deu dipirona. Eu não podia medicar de novo. O jeito foi embrulhar o menino num lençol molhado e esperar o efeito da dipirona que a mãe havia dado em casa!
Pra coroar, um rapaz de 18 anos, às cinco da manhã com uma cólica nefrética. Ele já expeliu diversos cálculos renais, faz uma dieta com restrição severa de cálcio, mas sempre forma mais pedras. Ainda bem que ele já sabe com o que melhora, e a dor passou logo. Tem paciente que faz todos os analgésicos do hospital até a gente acertar.
Ainda bem que só faltam dois plantões de 48 horas este mês!
Aí pegou fogo. Um senhor enorme, bem forte, chegou dizendo que havia quebrado o braço, na verdade havia deslocado o ombro. Normalmente eu coloco no lugar,mas ele era muito forte e a cadeira não tinha um espaldar alto que permitisse um bom apoio pra manobra. Então, fiz um antiinflamatório pra aliviar a dor e o encaminhei pro hospital regional na cidade vizinha, onde tem ortopedista de plantão.
Pois não é que só fizeram enfaixar o homem pra imobilizar o ombro e o mandaram pro ambulatório? E sem nada pra tomar em casa por causa da dor?! Foi a primeira vez em todos esses anos que não consegui reduzir um ombro sozinha. Fiquei pensando que estava inflingindo dor desnecessariamente porque não tinha força suficiente, mas que havia um especialista tão perto, com colegas que poderiam fazer força junto...
Uma porção de gente com vômitos e/ou diarréia. Adultos e crianças, de diferentes locais. Pedi que notificassem à vigilância sanitária. Sei que é época de rotavírus, mas de hepatite também. Falando em doença contagiosa, mãe e filho com catapora (o garotinho adorou o nome ‘catapora” e ficou repetindo). Em adultos, catapora (ou varicela, ou bexiga, como chamam por aqui) é muito pior, mais agressivo. Orientei pra transmissão, prescrevi medicação anti-séptica pra evitar infecção secundária e um anti-histamínico pra coceira, proibi sair de casa. E notifiquei pra vigilância. catapora pode causar aborto.
Entre as crianças com vômitos, estava uma menina de uns cinco anos que já havia vindo na emergência há uns dois meses e sabia meu nome! Tá, é um sobrenome incomum (ou vcs pensam que eu me chamo valadares?). Memória de criança é fogo. O nome dela é T.
Outro pequenino (M.) caiu e cortou o queixo, a ferida corto-contusa preferida de 9 entre 10 crianças. Eu expliquei tudo que ia fazer, inclusive a injeção de anestésico. O pai só fazia atrapalhar: “não tem injeção, não vai dor, homem não chora”. O garoto foi dez, chorou um pouquinho, mas não se debateu, depois que viu que estava anestesiado, conversou enquanto eu suturava. “Quando você for maior, diz pras meninas que foi um grave acidente e não vai faltar namorada”. Ele saiu de lá rindo com a seringa de injeção na mão. Sem agulha, claro.
Um senhor acidentado de moto. Fratura de tíbia e ossos do antebraço. Pedi que não o retirasse do carro onde estava porque não dava pra resolver ali, além de poder piorar a fratura movendo-o pra ambulância, já que eu não tinha uma tala. O motorista entendeu que não era má vontade (graças a Deus, porque tem gente que acha que não quero ceder a ambulância, que está lá pra isso mesmo). Fiz um analgésico e ele seguiu pro hospital regional.
A moça da urticária voltou, toda inchada, em uso de anti-histamínico e comendo uns salgadinhos numa festa de aniversário! Chocolate e corantes raramente causam alergia, eles exacerbam o problema. Nova dose de corticóide, nova bronca.
Uma mãe trouxe o filho com febre, mas antes de sair de casa deu dipirona. Eu não podia medicar de novo. O jeito foi embrulhar o menino num lençol molhado e esperar o efeito da dipirona que a mãe havia dado em casa!
Pra coroar, um rapaz de 18 anos, às cinco da manhã com uma cólica nefrética. Ele já expeliu diversos cálculos renais, faz uma dieta com restrição severa de cálcio, mas sempre forma mais pedras. Ainda bem que ele já sabe com o que melhora, e a dor passou logo. Tem paciente que faz todos os analgésicos do hospital até a gente acertar.
Ainda bem que só faltam dois plantões de 48 horas este mês!
Plantão de sábado
Claro que um sábado tão especial não deixaria de ter outras emergências.
Por volta das onze, chegou uma velhinha com diabetes, hipertensa, se queixando de falta de ar e tosse com expectoração amarela. Justo neste dia, eu não tinha um técnico de radiologia. Pelo exame físico, me convenci que ela estava com pneumonia e uma provável insuficiência cardíaca. Fiz o internamento, solicitei um parecer cardiológico, raio X, etc. Ela nem estava muito a fim de ficar, mas expliquei que podia piorar. Uma dificuldade pra pegar uma veia. “É melhor ter um acesso pro caso dela piorar, imagina pegar uma veia tão difícil no meio de uma emergência”.
Expliquei pro filho dela que aquele soro devia ser bem lento, só pra manter a veia permeável, pra fazer as medicações (pacientes cardíacos não podem recebem muito volume porque o coração não agüenta bombear, mas as pessoas ficam impacientes com a lentidão das gotas e abrem o soro, podendo matar a pessoa). Quinze pra meio-dia me chamaram, já na enfermaria, a paciente estava morrendo. Não adiantou medicação, massagem. A pressão havia subido, piorado o trabalho do coração e o pulmão se encheu de líquido. Morreu afogada no seco.
Logo a seguir, outro paciente internado vomitou escuro, em borra de café. Já é um conhecido meu. Tem esofagite e um aspecto de doente grave. Parece anêmico, mas o hemograma é normal. Nada me convence que seja só a esofagite. Pedi uma ultrassonografia. Mas naquele momento, o vômito indicava sangramento. Como ele estava estável, não tem anemia, o vômito foi pouco, resolvi observar. Se o sangramento se repetisse, eu o transferiria. Não se repetiu. Registrei no prontuário, claro.
Uma moça, 24 horas depois de começar a inchar e ter placas vermelhas pelo corpo, resolveu aparecer. Uma urticária séria, provavelmente por medicação. Enquanto fazíamos a medicação, a garganta dela começou a fechar e a opção foi fazer adrenalina. Um sufoco. Essa foi antes do parto pélvico.
Enquanto isso, chegou uma mulher que havia bebido (pouco) com uma acompanhante que havia bebido também (bastante). Você não sabia quem socorrer. Mas a paciente havia desmaiado. Tinha tido uma briga com o marido e começou a beber de estômago vazio: hipoglicemia e histeria. Quando essa estava melhorando, chegou o parto pélvico. Corre pra tirar a moça da maca, eu carregando a mulher e precisando socorrer a parturiente. Ninguém vinha me ajudar a carregar a mulher, que, ainda embriagada e dopada de tranqüilizante não andava sozinha. A filha dela veio ajudar. E acabei conseguindo entrar no carro onde a outra havia dado à luz pela metade. E segui pra cidade vizinha.
Enfim, noite. Outro banho, depois do parto. Pedi que lavassem minha bata (uma mistura de secreção de parto, sangue, fezes e graxa da maca, onde eu sentei a cavaleiro). Então chegou um rapaz com uma queimadura. A churrasqueira caíra por cima dele. Costuma beber, mas dessa vez estava sóbrio. A família negou veementemente epilepsia (depois eu soube que ele costuma ter uns desmaios). Queimaduras de 2º e 3º graus, o rapaz nem sentia dor, porque os terminais nervosos haviam sido destruídos. Peito, pescoço, parte das costas e couro cabeludo. E ainda tinha gente querendo me convencer que dava pra resolver ali, sem nem uma pomada pra queimadura! Instalei um soro em cada braço (queimado desidrata num minuto), pedi pra técnica em enfermagem levar uns dez tubos de soro (500 ml cada) pra colocar à medida que fossem secando e o mandei pra cidade vizinha, que tem um hospital regional. Ele acabou seguindo pra capital e ainda está lá.
Por volta das onze, chegou uma velhinha com diabetes, hipertensa, se queixando de falta de ar e tosse com expectoração amarela. Justo neste dia, eu não tinha um técnico de radiologia. Pelo exame físico, me convenci que ela estava com pneumonia e uma provável insuficiência cardíaca. Fiz o internamento, solicitei um parecer cardiológico, raio X, etc. Ela nem estava muito a fim de ficar, mas expliquei que podia piorar. Uma dificuldade pra pegar uma veia. “É melhor ter um acesso pro caso dela piorar, imagina pegar uma veia tão difícil no meio de uma emergência”.
Expliquei pro filho dela que aquele soro devia ser bem lento, só pra manter a veia permeável, pra fazer as medicações (pacientes cardíacos não podem recebem muito volume porque o coração não agüenta bombear, mas as pessoas ficam impacientes com a lentidão das gotas e abrem o soro, podendo matar a pessoa). Quinze pra meio-dia me chamaram, já na enfermaria, a paciente estava morrendo. Não adiantou medicação, massagem. A pressão havia subido, piorado o trabalho do coração e o pulmão se encheu de líquido. Morreu afogada no seco.
Logo a seguir, outro paciente internado vomitou escuro, em borra de café. Já é um conhecido meu. Tem esofagite e um aspecto de doente grave. Parece anêmico, mas o hemograma é normal. Nada me convence que seja só a esofagite. Pedi uma ultrassonografia. Mas naquele momento, o vômito indicava sangramento. Como ele estava estável, não tem anemia, o vômito foi pouco, resolvi observar. Se o sangramento se repetisse, eu o transferiria. Não se repetiu. Registrei no prontuário, claro.
Uma moça, 24 horas depois de começar a inchar e ter placas vermelhas pelo corpo, resolveu aparecer. Uma urticária séria, provavelmente por medicação. Enquanto fazíamos a medicação, a garganta dela começou a fechar e a opção foi fazer adrenalina. Um sufoco. Essa foi antes do parto pélvico.
Enquanto isso, chegou uma mulher que havia bebido (pouco) com uma acompanhante que havia bebido também (bastante). Você não sabia quem socorrer. Mas a paciente havia desmaiado. Tinha tido uma briga com o marido e começou a beber de estômago vazio: hipoglicemia e histeria. Quando essa estava melhorando, chegou o parto pélvico. Corre pra tirar a moça da maca, eu carregando a mulher e precisando socorrer a parturiente. Ninguém vinha me ajudar a carregar a mulher, que, ainda embriagada e dopada de tranqüilizante não andava sozinha. A filha dela veio ajudar. E acabei conseguindo entrar no carro onde a outra havia dado à luz pela metade. E segui pra cidade vizinha.
Enfim, noite. Outro banho, depois do parto. Pedi que lavassem minha bata (uma mistura de secreção de parto, sangue, fezes e graxa da maca, onde eu sentei a cavaleiro). Então chegou um rapaz com uma queimadura. A churrasqueira caíra por cima dele. Costuma beber, mas dessa vez estava sóbrio. A família negou veementemente epilepsia (depois eu soube que ele costuma ter uns desmaios). Queimaduras de 2º e 3º graus, o rapaz nem sentia dor, porque os terminais nervosos haviam sido destruídos. Peito, pescoço, parte das costas e couro cabeludo. E ainda tinha gente querendo me convencer que dava pra resolver ali, sem nem uma pomada pra queimadura! Instalei um soro em cada braço (queimado desidrata num minuto), pedi pra técnica em enfermagem levar uns dez tubos de soro (500 ml cada) pra colocar à medida que fossem secando e o mandei pra cidade vizinha, que tem um hospital regional. Ele acabou seguindo pra capital e ainda está lá.
Assinar:
Postagens (Atom)